Vida em Erebor escrita por Vindalf


Capítulo 51
Finalmente, juntos


Notas iniciais do capítulo

Reencontro em Bag End



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Finalmente, juntos

Reencontro em Bag End

Anna abraçou Kíli, emocionada, e depois Dwalin. Darin reclamou muito por atenção até Anna pegá-lo no colo. Ela levou o menino para junto do pai, dizendo:

— Viu quem está aqui, Darin? É o papai, filhinho. Viu o papai?

Darin olhou Anna e repetiu:

Adad!

— Pela minha barba...! — fez Dwalin. — O menino fala Khuzdul...!

Anna explicou:

— Eu ensinei para ele. Essa é a única palavra que ele fala corretamente, seja em Khuzdul ou não.

Kíli comentou:

— Ele está tão grande! Da última vez que o vi, ele era um bebê que nem engatinhava!...

Dwalin admirava-o com um sorriso nos olhos:

— E já é um guerreiro. Mestre Baggins nos contou como ele protegeu a mãe mais de uma vez!

Anna enrubesceu e beijou o filho:

— Ele é meu protetor feroz.

Thorin observou:

— Acho que ele não me reconhece...

— Isso é natural — observou Anna —, pois ele era muito pequeno quando o viu pela última vez. Mas ele logo vai saber quem é o papai dele.

Darin sorriu e chamou:

— Adad!

Thorin pegou a mãozinha do filho e a beijou. Darin riu alto e os olhos de Thorin brilharam. O coração de Anna parecia prestes a explodir de tanto amor.

Bilbo estava sorrindo muito, comentando:

— Espero que me contem tudo sobre a montanha enquanto termino o jantar. Anna me deixou a par das novidades, mas vocês devem ter notícias mais frescas.

Anna disse:

— Thorin, vou ajudar Bilbo a pôr a mesa. Pode me ajudar com Darin, por favor?

— Claro.

Kíli se ofereceu:

— Depois ajudaremos com a louça, Bilbo.

O hobbit lembrou:

— Aceito, mas desta vez sem malabarismos ou cantorias!

Aquilo arrancou uma gargalhada tão alta de Dwalin que Darin se admirou e gritou junto. Foi diversão para todos.

Como uma grande família, eles jantaram juntos, conversando animadamente sobre Erebor e a companhia, e todas as novidades. Após o jantar, Anna foi dar banho em Darin e colocá-lo para dormir, enquanto Bilbo convidava os homens para fumar no jardim e apreciar a noite.

Foi quando aconteceu.

Bilbo arrumava cadeiras para todos no pequeno jardim de Bag End quando notou algumas pessoas se aproximando. Era um grupo pequeno, mas hobbits não costumam sair à noite, então Bilbo estranhou a visita. Quando chegaram mais perto, reconheceu quem estava à frente.

— Thain! Gordy! Linda noite, não?

O Velho Took trazia um rosto fechado.

— Bilbo, meu rapaz, lamento, mas essa não é uma visita social.

— O que houve?

— É o que viemos descobrir. Seus hóspedes estão lá dentro?

— O que têm eles?

— Precisamos falar com eles. Lá dentro.

Bilbo sentiu o clima pesado e disse, com um suspiro:

— Está bem. Mas se pretendem gritar alto, é melhor ficar aqui mesmo, porque Anna está tentando fazer o pequeno dormir.

Thorin e Kíli saíram nesse momento, e Bilbo apresentou:

— Ah, vocês estão aí. Deixe-me fazer as apresentações: Thorin, este é o Thain do Shire, Gerontius Took. Este é Thorin Oakenshield, marido de Anna e antigo rei de Erebor.

Thorin corrigiu:

— Na verdade, sou tio do rei Fíli, irmão de Kíli, príncipe de Erebor.

O referido sobrinho fez uma mesura, dizendo:

— A seu serviço.

O Thain os encarou, dizendo de maneira grave:

— Há um assunto de grande importância que precisamos discutir com os senhores.

Dwalin saiu da casa, e Gordy encolheu-se atrás do Velho Took, tremendo.

— Aquele é Dwalin — apresentou Bilbo. — Vovô, do que se trata?

O Thain manteve os olhos em Dwalin ao dizer:

— Gostaríamos de saber quais são suas intenções com relação a Dona Anna.

Dwalin imediatamente começou a querer rosnar, e Bilbo tentou prevenir um desastre antes que acontecesse:

— Talvez possamos discutir isso melhor com uma boa rodada de Old Toby e brandy. Kíli, Gordy, ajudem a trazer mais cadeiras aqui para acomodar todos.

Gorby quis saber:

— Por que não podemos nos acomodar lá dentro?

Bilbo respondeu:

— Dona Anna não gosta que fumemos dentro de casa por causa do pequeno. Sabem como ela é cuidadosa com crianças.

Thorin observou que todos respeitaram a vontade de sua mulher, até o anfitrião. Mais cadeiras vieram, e só depois que estavam todos bem instalados, com seus cachimbos acesos, Thorin indagou, irônico:

— Muito bem, agora me digam por que querem saber sobre minhas intenções com a minha esposa, mãe de meu primogênito.

O Thain não se deixou intimidar:

— Dona Anna pode estar aqui há poucas semanas, mas tornou-se parte ativa e importante de nossa comunidade. Como líder do Shire, é meu dever saber se pretendem levá-la daqui.

Gordy protestou:

— Não podem!

O Thain ralhou:

— Gorbadoc, é claro que eles podem. Ele é o marido dela. Mas ela me disse pessoalmente que não desejava voltar a seu reino. Vai respeitar os desejos dela?

Thorin sorriu internamente, antes de dizer:

— Agora que não tenho mais compromissos e responsabilidades que me prendam a Erebor, minhas intenções são de viver com minha família onde minha mulher quiser.

— Então não vai obrigá-la a voltar para Erebor?

Thorin garantiu:

— Não tenho hábito de obrigar Anna a fazer o que ela não deseja.

Bilbo lembrou:

— Aliás, que Eru se apiede dos que tentarem. Todos aqui sabem que Anna não responde muito bem a esse tipo de coisa.

Houve um murmúrio entre os presentes, que concordaram. Falco Chubb-Baggins quis confirmar:

— Então não querem levá-la para longe?

— Se ela não quiser ir, não — garantiu Thorin. — Mas eu preferia ter uma chance de discutir isso com minha mulher primeiro.

— É claro, é claro — concordou o Velho Took. — Bem, é melhor ir agora antes que fique tarde para a ceia. Mas agradeço pelo fumo, Bilbo, meu rapaz.

— Não tem problema, vovô.

Os demais também se ergueram, e o Thain acrescentou a Bilbo:

— Mande lembranças a Dona Anna. Vou falar com Adamanta. Devemos fazer uma reunião para seus convidados e discutirmos melhor os seus planos. Talvez um jantar.

Thorin não entendeu direito o que aquilo queria dizer, mas aquiesceu, feliz apenas que o mal-entendido tinha sido desfeito. O grupo foi embora, pois afinal de contas aquilo não era hora de hobbits respeitáveis estarem fora de casa.

Depois que estavam longe, Kíli comentou:

— Seu povo parece muito protetor de minha tia, Bilbo.

O hobbit explicou:

— Tivemos uma epidemia de gripe muito severa quando a nevasca piorou. Os talentos de Anna como curadora foram fundamentais para que todos sobrevivessem. Não perdemos ninguém em Hobbiton!

Dwalin observou:

— Ela ajudava Óin na enfermaria em Erebor. Foi incansável em tratar os feridos quando a caldeira explodiu.

Bilbo explicou:

— Anna salvou a mulher e a filhinha de Gordy. Meu primo se afeiçoou muito a ela, e muitos outros hobbits também. Anna se tornou muito querida aqui. Dava para ver que estavam apavorados que você fosse levá-la daqui.

Kíli indagou:

— E ela toma conta de crianças? Como assim?

— Oh, isso foi uma bênção, deixe-me dizer — garantiu Bilbo. — As crianças adoram Anna tanto que os pais as deixam sob seus cuidados durante as tardes. Isso ajudou Anna muito durante o tempo que estavam separados. Eu temia que ela pudesse cair em depressão. E houve aquelas semanas de nevasca, com toda aquela gente doente... Ficamos presos em casa, o pobre Darin queria muito sair. Acho que se ele fosse maior, teria tentado escapulir para fora.

Thorin comentou:

— Ele e a mãe precisam muito de sol. Ele tinha poucas semanas e Anna sempre o levava para fora. Ele até mudava de humor.

Bilbo assegurou:

— Isso não mudou. Quando chove e as crianças são obrigadas a ficar em casa, ele fica mais irritado.

Nesse ponto da conversa, Anna veio para fora, dizendo:

— Darin estava muito animado e custou a dormir. O que eu perdi?

Thorin pôs uma cadeira vazia seu lado, pedindo:

— Sente-se comigo, ghivasha.

— O Velho Took esteve aqui — disse Bilbo. — Mandou lembranças.

Anna sorriu, de mãos dadas com Thorin, e indagou:

— Eles nem disfarçaram a curiosidade com os recém-chegados, não é? Pela manhã, vocês três serão a fofoca de toda Hobbiton.

— Eu não me importo — disse Thorin. — É um preço pequeno a pagar por poder estar com minha mizimel.

Kíli ainda estava abismado:

— Ninguém vai acreditar que está viva. Fizeram estátuas em sua homenagem. Houve tributos e memoriais de homens e elfos! Imagine se soubessem.

Anna garantiu, emocionada:

— Os elfos sabem. E sabem também que eu nunca tive intenção de enganar ninguém além das pessoas que nos queriam mal. Sinto falta de meus amigos. De Dís, da Companhia. E Hila... — Anna sentiu os olhos se encherem de água. — Eu não queria que ninguém morresse por minha causa.

Thorin informou:

— Madame Hila foi enterrada fundo, num lugar de honra na montanha. Se ela tivesse família, teriam sido homenageados.

— Sinto saudade de minha amiga — confessou Anna.

Dwalin garantiu:

— Mandos a recebeu com as mais altas honras pelos serviços prestados à linhagem de Durin, pequena.

— Ela merece — disse Anna.

Kíli sorriu:

— Minha mãe vai ficar satisfeita quando souber que você está viva e ao lado de Thorin.

— E onde mais eu estaria?

Thorin esclareceu:

— Dís jurava que eu havia enlouquecido de dor e via fantasmas. Não acreditaram que você estava viva. Julgavam-me louco. Na verdade, era como eu me sentia. Foram meses... difíceis.

Anna acariciou sua barba, penalizada:

— Oh, meu amor. Lamento tanto.

Bilbo sorriu, dispersando o clima triste:

— Estou tão feliz que tudo tenha se resolvido! E devo dizer que chegaram bem na hora. Anna já estava se preparando para ir a Erebor.

— Ir a Erebor? — indagou Dwalin. — Como?

Anna respondeu:

— Ora, disfarçada, é claro. Mas ainda não tínhamos decidido como.

— Teria sido um desastre se vocês chegassem quando tivéssemos partido — comentou Bilbo. — Um grande desencontro.

— Felizmente tudo deu certo — disse Anna, bocejando. — Desculpe o sono, gente. O baixinho acorda cedo.

Bilbo concordou:

— Sim, deveríamos pensar em descansar. Mas ter vocês aqui é tão animado!...

Anna chamou:

— Amanhã teremos tempo para conversar mais. Venha, Bilbo, eu o ajudo a arrumar as camas.

Palavras em Khuzdul

adad = pai, papai

ghivasha = tesouro

mizimel = joia de todas as joias


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