–- Espera um segundo. O que é que está acontecendo aqui? E que papo de morte é esse? – Perguntei calmamente.

Todos estavam chocados, inclusive eu. Sasha estava completamente descontrolada chorando e gritando. Bianca olhava assustada para suas próprias mãos e lagrimas caiam de seus olhos, isso não me deixou muito feliz. E ninguém respondeu minha pergunta.

–- Eu não... eu não... – A voz de Bianca falhava, e ela saiu correndo em direção seu quarto.

Eu, Karen e Anthony nos entreolhamos e algum tipo de entendimento mental ocorreu. Ninguém precisou falar mais nada, Anthony tentava explicar para os professores e os alunos presentes em volta o ocorrido, Karen tentava acalmar a garota vampira e eu, é claro, fui atrás de Bianca. Corri até o quarto dela ainda tentando acreditar naquela conversa de morte. A porta estava trancada.

–- Bianca... – Não insisti para ela abrir a porta, apenas fiquei com a testa encostada na porta – Eu não sei o que aconteceu, ou porque ela reagiu daquele jeito, mas eu vou estar aqui do lado de fora... quando você quiser abrir a porta. Porem, você já sabe que eu não vou sair daqui até você a abrir não é?

Não teve nenhuma resposta por cerca de uns vinte minutos, eu como prometido não sai da porta dela, eu nem ao menos tinha certeza se ela estava lá. Escutei passos no corredor, nesse momento eu já estava sentado no chão à frente da porta dela com as pernas esticadas e olhando para o chão. Levantei a cabeça e dei de cara com Karen, ela se sentou ao meu lado exatamente do mesmo jeito que eu estava.

–- E então, como a vampi... Sasha está?

–- Nada bem... Mas ela já está se acalmando. E a bonitona?

–- Bonitona? – Eu não consegui segurar a minha surpresa.

Ela sorriu, esse sorriso ainda mexia comigo apesar de tudo.

–- Karen. O irmão dela...

–- Sim. Sasha tinha um irmão, eu não fiquei sabendo dos detalhes, mas parece que ele morreu depois de perder muito sangue e estava cheios de cortes no corpo. As evidencias todas apontaram para a sua ex-namorada. Como ela sofria de uma grave transtorno de personalidade e tem a família rica acabou saindo ilesa do caso. Eu só não poderia imaginar que ela estaria aqui, nessa escola, e que ela é a pessoa de quem você gosta.

–- Como você...

–- Você é fácil de ler Nash – Ela me cortou – Mas depois do que aconteceu com o irmão da Sasha, acho que você devia se afastar dela.

–- Não consigo – Respondi simplesmente, minha cabeça ainda voltada para o chão e ainda tentando absorver tudo aquilo que estava acontecendo.

Sasha se virou para mim, seu rosto estava sério e ameaçador como costumava ser, mas ela então soltou um suspiro.

–- Bem, você conhece os riscos não posso fazer nada já que você quer assim – Ela se levantou, sua expressão ainda continuava a mesma – Vou ver se tudo já se acalmou. Nash. Tome conta dela.

Ela saiu caminhando pelos corredores. Eu ainda não conseguia entender como Karen aprovara isso, havia muitas coisas que eu não conseguia entender, isso já estava me deixando depressivo.

Com a minha cabeça a mil por hora comecei, do nada, me lembrar de tudo o que havia acontecido desde quando eu comecei a estudar aqui. Essa não era a hora para lembranças, mas se projetavam em minha cabeça o dia em que conheci Bianca, como ela me ameaçou com o intuito de me manter longe dela, o que não funcionou, que me fez pensar que manter a porta do seu quarto trancada também não funcionaria.

Me levantei novamente, dessa vez estava mais determinado a um pouquinho mais confuso.

–- Bianca...

–- Daivid, por favor, vá embora... – Sua voz soava do outro lado da porta, como se ela tivesse implorando para que eu fosse.

–-... Abra a porta – Minha voz soou mais autoritária do que eu queria – Eu não vou sair daqui até que você a abra.

Passou alguns segundos quando eu escutei o barulho da chave destrancando a porta, que se abriu vagarosamente. Bianca estava chorando, eu achava que ela não ligasse para o sentimento dos outros, talvez ela esteja mesmo mudando.

–- Porque... porque você insiste tanto Daivid? – Disse em meio ao choro.

Eu a abracei, sem dizer nada. Ela se assustou no inicio, mas depois de algum tempo seus braços também me envolveram em um abraço e suas lagrimas caiam em meus ombros.

–- Eu posso não saber o que aconteceu no seu passado. Mas eu sei o presente, e no presente enquanto eu estiver aqui, respirando, você pode sempre contar comigo, para qualquer coisa, eu quero ajudar você.

–- Mas...

–- Ver você chorando é novo para mim.

Ela me apertou com mais força, eu abri um sorriso.

–- Sabe, acho que agora eu me apaixonei por uma assassina... – Disse por fim – Mas falando serio agora, acho que você não deve ficar muito presa ao passado, mesmo que seja um passado assim tão sombrio. Agora eu sei que foi por causa disso que você afastou todos ao seu redor não é, e também foi um dos motivos para sua família ter agido do jeito que agiram...

–- Talvez...

–- Bem, na minha opinião. Isso não vai acontecer novamente, digo, se você não quiser que aconteca novamente não vai acontecer novamente, e eu falei a palavra “novamente varias vezes nessa frase.

–- Daivid, você não entende...

–- Sim, eu posso não entender como é. Mas eu sei que você pode fazer isso, afinal olha como estamos agora. Eu estou no seu quarto e você está me abraçando com força... Já chegou a imaginar que algo assim um dia poderia acontecer depois daquilo? – Respirei fundo – Mesmo se acha que não vai conseguir, pelo menos me prometa que vai tentar, e se alguém tiver que sair ferido disso, eu vou sempre cumprir esse papel. Só me prometa isso.

–- Eu não posso prometer algo em que você pode se machucar no fim.

–- Bianca. Você se lembra de quando eu te conheci, você machucou minha cabeça, e ainda disse que não se importava com os sentimentos dos outros. Então, você não precisa se preocupar tanto com meu corpo sendo ferido. Ok?

Ela respirou fundo antes de relutantemente concordar com a cabeça, então eu soltei um sorriso. Alguns minutos depois eu já estava novamente no pátio indo ao encontro de Karen no portão. Ela já estava com seu skate em mãos e sozinha.

–- Com tudo isso que aconteceu no fim eu não consegui falar com você – Disse ela assim que eu cheguei.

Fiz que sim com a cabeça

–- Então, e a garota?

–- O pai dela veio e a levou embora.

–- E você já está indo? -- Ela fez somente um aceno com cabeça, eu suspirei – Então, vamos, eu levo você para casa, e no caminho você pode falar o que tanto queria me falar...