Jogos Vorazes (Hunger Games) - Recomeço escrita por MSBica


Capítulo 16
Festa,Discurso e Protestos/ Fraternidade, Sangue e Desobediência


Notas iniciais do capítulo

Oi, amores...quanto tempo né? Seguinte...essa nota é para avisar que este é um combo de dois capítulos.
Não entendeu? Seguinte: A querida aqui tinha certeza de ter postado o capítulo 17, fiz tudo direitinho: copiei e colei do Word, etc e depois verifiquei e constava como postado aqui, então continuei a história e postei o capítulo 18 também. A Prismatic Queen me avisou no comentário dela (Obrigada,amore) que estava faltando um dos capítulos. Achei estranho e fui olhar e ela estava certa. Tentei postar o capítulo faltante sem comprometer o último, uma vez que já tinha recebido comentários nele, mas não foi possível, então a solução que eu encontrei foi esta...Caso alguém saiba como postar um capítulo "no meio" de outros ficarei feliz com a ajuda ;)
Sei que vocês entendem, sou meio maluquete mesmo hahahaha
Bjoss



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Há razões pelas quais vale a pena morrer. Por alguém que você ama. Por uma causa nobre. Eu sei disso. Peeta sabe disso. Joahnna sabe disso. Cinna e Haymitch sabiam disso. Enquanto as câmeras afundam nos olhos cinzentos do meu filho percebo que esta é uma destas boas razões. Morrer para salvá-los. Por que eu sei que se Peeta e eu formos para a arena pela terceira vez não haverá nem a mais insignificante das chances a nosso favor. Se Debra permitir que sejamos tributos será para que morramos. Ela com certeza dará esta ordem.

"Mas...mas...isso é impossível" gagueja Caesar

"Não, não é" diz Klaus com firmeza "Não vamos para aquela arena. Nossos pais sim. Vão morrer por nós."

"Não sei o que dizer" diz Caesar sob sua respiração

A campainha toca. Fim do Show.

Klaus dá um aceno triste para a platéia e se senta. Antes que o hino comece me viro para Peeta.

"Foi sua idéia?" pergunto

"Não" responde "Ele criou isso sozinho"

"Por que?"

Mas não há tempo para que ele responda. Um assobio se ergue atrás de nós. Indubitavelmente um assobio de quatro notas.

"O mockingjay vive!" grita alguém

"Viva a revolução!" grita outra voz

"Parem os Jogos!" gritam várias pessoas

Frases de efeito começam a quicar por todos os lados. Acusações de barbárie, crueldade e injustiça giram em meus ouvidos. Finalmente, quando a coisa sai do controle, a despeito dos melhores esforços de Caesar eles não tem opção senão finalizar o programa com o hino dobrado tão alto que vibra em meus ossos. Como se isso escondesse alguma coisa.

Sinto uma unha tocar meu cotovelo. Me viro e dou de cara com Effie, e ela parece prestes a chorar.

"Vamos" diz, com a voz pastosa "Temos uma festa para ir"

Ela nos guia até um carro preto e me sento ao seu lado no banco de trás. Posso ver o brilho perolado de algumas lágrimas em seu rosto. Toco seu ombro, tentando confortá-la.

"Isso é tudo culpa minha" diz

"Não, não é" digo "E porque você acha isso?"

"Porque eu sorteei seus filhos!" diz ela, enxugando uma lágrima

"Effie já dissemos que provavelmente a Colheita foi alterada para que nossos filhos fossem escolhidos" diz Peeta do banco da frente "Não é sua culpa"

Aceno, para indicar que concordo com ele.

"Você...você sabe" diz ela soluçando e se dirigindo a mim "Você sabe que eu não queria que seus filhos fossem para os Jogos. São crianças adoráveis."

Ela faz uma pausa, respirando fundo e se acalma o suficiente para terminar.

"São crianças adoráveis, só de vez em quando abomináveis. Como você Katniss."

Peeta solta uma risada, mas não há tempo para qualquer reação de minha parte. Chegamos a Mansão Presidencial.

Não sei bem o que esperar desta festa Pré-Games porque nunca estive em nada do tipo antes. Mas decido aproveitar ao menos a comida.

Como na festa do Tour da Vitória esta é no Salão de Baile da Mansão do Presidente. Como na festa do Tour da Vitória esta tem mais comida do que posso suportar. Como na festa do Tour da Vitória esta tem aqueles cálices com a bebida para vomitar.

Como as delícias que posso carregar no estômago e depois danço com Peeta. Algumas pessoas querem conversar conosco sobre os Games, mas eu as evito.

Depois de um quarto de hora Effie avisa que temos que escutar o discurso da Presidente. Oh, sim, porque eu realmente interessada no que a adorável Debra tem a dizer.

"Bem vindos!" diz Debra da sacada "Amanhã é um grande dia! O retorno dos Jogos Vorazes!"

Aplausos enormes.

"Mas..." continua Debra e sua voz está mais sombria agora "Na entrevistas realizadas hoje mais cedo um tributo fez uma declaração um tanto...curiosa."

A multidão silencia e Debra olha diretamente para mim. Sei que ela está falando sobre Klaus.

"A declaração, para aqueles que não estão lembrados, dizia respeito aos vitoriosos Katniss Everdeen e Peeta Mellark"

Como se alguém não tivesse acompanhado ou não lembrasse. Onde ela vai com isso afinal?

"O tributo em questão é filho destes vitoriosos e alegou que seus pais haviam, voluntariamente, tomado a decisão de substituir os filhos na arena. Algo sem precedentes." diz Debra

Murmúrios tomam conta do salão, mas nossa presidente ainda não terminou.

"Sabendo da situação em que os tributos do Distrito Doze se encontram, uma vez que são filhos de seus mentores o governo decidiu dar a Katniss e Peeta uma oportunidade."

Oportunidade? Minha cabeça zune e a multidão silencia novamente, se segurando em cada palavra de nossa presidente.

"Deixaremos que Katniss e Peeta substituam seus filhos desde que os demais vitoriosos sobreviventes, ou seja: Johanna Mason, Annie Cresta, Beetee Latier e Enobaria Johnson também substituam seus tributos. Não haverá mento..."

"Sua vadia!" grita uma voz atrás de mim, parece que Johanna também foi convidada para a festa "Sua vadia! Você deveria cair desta sacada como uma presidente que eu conheço! Katniss, acerta ela! Acabe com isso!"

Sinto todos os olhos em mim. Me viro e vejo Joahnna sendo levada pelos braços por dois pacificadores. Ela tenta chutá-los e mordê-los mas eles são mais fortes que ela.

Um pacificador aponta a arma para minhas costas.

"Hey estou desarmada" digo

Ele demora alguns segundos me examinando, como que para ter certeza que não tenho um arco e flechas escondido debaixo da saia, mas depois alivia a arma.

Debra pigarreia para continuar seu discurso. Ainda há mais para dizer?

"Acho que depois desta amostra de rebeldia devemos ler o Tratado da Traição"

Olho para sacada, descrente. Isso é sério? É apenas isso que ela vai fazer depois do que Joahnna disse? Acho pouco provável.

"Como punição pela revolta..." começa Debra, mas não escuto o que ela diz, estou focada na cortina presa ao batente atrás dela. Atrás da presidente, com o rosto oculto pela cortina está o Gamemaker Chefe. O reconheço pelo robe roxo de pêlo curto.

Ele parece pressentir que o estou observando e some.

"Agora chega!" grito e saio correndo para dentro da mansão. Pacificadores tentam me impedir, mas sou mais rápida. Em dado momento os saltos me atrapalham e os arranco dos pés e jogo longe. Parece que acerto alguém, mas o que importa?

Corro como a criatura selvagem e ferida que sou, lembrando do caminho porque passei um tempo aqui depois da morte de Prim. As lágrimas por estas lembranças amargas fazem minha visão embaçar, mas continuo correndo, como se minha vida dependesse disso, e de certo modo depende.

Paro na frente da estufa de Snow. Não para admirar as rosas, mas porque vejo o robe roxo de pêlo curto semioculto pelas rosas. Entro na estufa, prendendo a respiração.

"Então, lindinha, ainda não cansou de bancar a heroína?" diz a voz rascante oculta pelas flores. Ela me é familiar, mas não lembro de onde.

Não tenho tempo para responder. Um pacificador chega por trás e me acerta na cabeça. Perco a consciência.

*********************************************************

O branco ofuscante oprime minhas pálpebras mesmo que elas estejam fechadas. Eu luto contra a inconsciência como o fogo luta com a chuva. Uma voz irritada me ajuda a despertar.
"Hey" diz a voz " não acha que já teve sono suficiente, belezinha? Acho melhor acordar se quiser manter seus filhos vivos."
A menção aos meus filhos me faz despertar inteiramente. Estou olhando para um teto branco com lâmpadas da mesma cor. Na verdade, percebo ao mover os olhos para as paredes, a sala mais parece uma enorme caixa branca. Sinto um aperto no peito ao pensar que posso estar no subsolo.
"Onde estou?" pergunto com a voz fraca. Eu odeio o subterrâneo.
"Onde acha?" rosna meu acompanhante "Com certeza não num lugar feliz."
Me sento devagar, levando as mãos à cabeça instintivamente. Parece estar bem, só um pequeno inchaço no local da batida. Nada grave. Procuro a voz irônica que me acordou. Encontro em um par de segundos. Johanna.
"O que você está fazendo aqui?" pergunto piscando loucamente,tentando me acostumar com a luz.
"O mesmo que você" diz Joahnna,ironicamente "Punida por mau comportamento, sua desmio..."
Nessa hora Debra entra com um sorriso melado nos lábios,seu vestido laranja contrastando berrantemente com a brancura doentia da cela.
Antes que perceba o que estou fazendo levanto de um àtimo,sinto meus punhos se fecharem e pulo em direção a presidente.Estou pronta para socá-la.
"Não!"diz Joahnna agarrando meu pulso.
Por um instante a cena congela,enquanto sustento meu olhar incrédulo para Joahnna e Debra permanece com seu sorriso melado nos lábios. Joahnna dá um sorriso irônico e quebra o silêncio.
"Deixe-me fazer as honras" diz com escárnio.
Sem que eu responda e num piscar de olhos ela solta o meu pulso,fecha os punhos e acerta um soco forte e certeiro em Debra,que a deixa desacordada. O nariz de nossa presidente se contorce em um ângulo estranho,cuspindo um grande e contínuo fluxo de sangue no piso branco.
"Oh,bem"diz Johanna num tom visivelmente descontraído,dando um chute leve na cabeça de Debra e limpando o sangue das mãos "Isso foi divertido,vamos?"
Antes que eu tenha entendido o que ela disse Joahnna me agarra pelo pulso e fugimos da cela.
"Onde está Peeta?" pergunto sob minha respiração.
"Você é uma desmiolada mesmo...Como vou saber?" diz Joahnna apertando meu pulso com tanta força que tranca a circulação " Estava presa antes de você chegar...a propósito...qual foi o seu mau comportamento? Já sei que não atirou em Debra,mas devia...ela merece"
As penas da minha saia balançam enquanto avançamos por corredores cada vez mais estreitos. Penso em uma resposta para dar,mas nada vem à mim. Finalmente dou uma resposta evasiva.
"Esquece" digo "Não precisa de razão...Debra me odeia..."
"Pela primeira vez você está certa,desmiolada" ri Joahnna e continuamos correndo.
Estou descalça e o chão de mármore suga todo o calor do meu corpo, mas minha mente é um turbilhão de pensamentos e nem sequer percebo. Minha minha mente trabalha freneticamente em milhares de preocupações. Quem é o Gamemaker Chefe? Porque parece tão disposto a esconder sua identidade? Onde está Peeta? E as crianças? Qualquer que seja a resposta tenho que chegar no Centro de Comando. Sou uma mentora nos Games. Não faço ideia de como se chega lá. Sou inútil. Tudo que faço apenas causa mais destruição e sofrimento. Continuamos correndo e lágrimas invadem o meu rosto. Não vou salvar ninguém. Corremos incessantemente,mas ninguém nos persegue. Joahnna conhece o caminho como se houvesse um mapa impresso à sua frente. O fato de não sermos perseguidas, apesar de ser um alívio me deixa preocupada. Onde estão os pacificadores afinal? Então percebo.Claro. Hoje é a estréia dos Games. Os pacificadores foram reposicionados para o Centro de Comando e outros lugares com grande concentração de pessoas. Não há ninguém aqui. Estamos sozinhas. E corremos como se houvesse alguém em nosso encalço.
Não paramos até chegarmos a uma porta preta simples.
"Saia por aí" diz Johanna.
"Mas e você?" pergunto.
"Vou queimar alguns quintais,pode vir comigo,se quiser,soube que é boa com chamas." diz Joahnna,rindo.
Minha risada sai pela metade porque Joahnna bate em minhas costas e me empurra para a porta.
Lá dentro sinto dois braços me agarrarem. Grito e tento me soltar,mas uma mão é colocada sobre a minha boca,abafando o som.
"Depois" sussura a voz em meu ouvido. Ela é estranhamente familiar.
Sou guiada por um corredor e levada para outra porta. Há pouca luz ,mas consigo ver os olhos de meu guia, cinzentos,como se a cor tivesse sido sugada deles. Não vejo a cor do cabelo, pois está coberto por um capacete de pacificador,mas faço a associação. Só vi essa cor de olhos uma vez.
"Impossível,impossível você não pode estar viva!" grito por entre os dedos que cobrem minha boca "Eu te matei! Eu!"
"Shhh,Cale a boca,ou nos descobrem" diz a voz "Juro que explico o que puder depois, mas por favor cale a boca!"
Não devia estar obedecendo,mas calo imediatamente. Porque estou fazendo isso afinal? Para onde estou sendo levada? Minha cabeça lateja.
Meu guia abre a porta e saímos para a luz do dia. Estamos perto da loja de Trigis.
"Olá, desculpe pela maneira rude mas foi o único jeito de te tirar dali" diz meu guia " Sou Andrea"
Ela estende a mão e eu aperto.
"Desculpe pelo escândalo" digo " pensei que fosse outra pessoa...Alma...Coin"
"Oh,Sim..."diz Andrea,tirando o capacete e revelando uma cascata de fios loiros e lisos. Perfeitamente lisos, como uma peruca. " Fiquei sabendo que você conheceu minha irmã."


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