O silêncio tomou conta do instante que sucedeu aquele ato, apenas o som das ondas batendo nos pilares da ponte Arcelor se fazia presente. Nem Fayers, nem Rozers esparavam por aquilo, talvez Reinal esperasse. Do alto dos seus 60 anos, os seus curtos cabelos brancos e a expresão cansada mostravam que ele já vivera o bastante. Ele sentiu seu sangue escorrer pelo abdômem, era quente como o sol que batia em seu rosto nos fins de tarde. Aquele calor era aconchegante tanto quanto um abraço amigo, mais aconchegante ainda eram as boas lembranças vindas em sua mente naquele momento. A lâmina ainda estava em seu peito, fincada no meio do coração. Ele teve tempo de olhar pela última vez para Yzzer antes que Saton a retirasse com violência. Suas pernas fraquejaram, seus joelhos dobraram contra a vontade e finamente seus olhos se fecharam.

O Corpo de Reinal desabou como um tronco de árvore cortado ao meio. O estrondo feito pela queda quebrou o silêncio que reinava absoluto. Saton gritou para todos.

– Esse é o seu Rei? Um ser fraco e sem resitência não serve para ser um rei. Eu serei vosso rei apartir de agora!

O forte Fayer, um enorme muralha de blocos de rocha negra que se estende por mais de 12 km de costa. Os blocos de rocha com mais de cinco metros de profundidade, e 80 torres de vigia tornam o lugar intransponível e extremamente vantajoso em batalha. Embora a classe guerreira não seja a espacialidade da raça Fayer, seu contigente é o dobro dos exímios Rozers. Mais de quinhentos guerreiros esperam silencionamente do lado de dentro. Aqueles espalhados pelos corredores e torres do forte berram insandecidos pelo que seu rei acabara de fazer. Bradam o nome de Saton, entoam seus cânticos e batem suas armas no chão. Uma enorme ponte liga o forte ao território nêutro da Floresta Vermelha, uma construção feita em um único arco de pedra cinzenta, sustentada apenas por três colunas, que parecem flutuar sobre o mar. A ponte carrega o nome de seu contrutor Mitt Arcelor.

Yzzer, filho de Reinal, ficou estático na entrada da ponte, não acreditava no que acabara de ver. O homem que lutou pela paz a vida toda, o homem que acreditava que as pessoas poderiam se entender apenas conversando, o seu pai, se fora. Seus longos cabelos vermelhos balançavam conforme a vontade do vento. Tudo estava parado, mudo e seus grandes olhos encarnados focalizavam apenas um alvo, Saton. O corpo magro, porém atlético devido ao intenso treinamento junto com os guardas reais, tremia, de medo, de raiva, de tudo. O rosto pequeno, as feições joviais e belas não escondiam o turbilhão de sentimentos que se formava em seu peito.

Red Cerberus observou tudo de longe. Comandande das tropas vermelhas, guarda costas e braço direito de Reinal. Cerberus mais parece um gigante das montanhas Fusics do que um guerreiro Rozer classe–A. Seu corpo extrememente musculoso nunca o impediu de ser rápido e ágil e se tornar um dos melhores do território vermelho. Forá encumbido na noite anterior de proteger Yzzer a qualquer custo, mesmo que isso custasse sua vida. Uma ordem direta de seu Rei e amigo, Reinal. Ele caminha em meio as tropas para mante-los alinhados e prontos quando sente a pressão sombria que o ambiente toma. Os soldados visivelmente abalados e sem rumo começam a murmurar e discutir entre si sobre o que devem fazer, pois agora seu líder está morto. Red Cerberus logo entra em ação para manter a ordem entre os soldados, mas acaba esquecendo da sua missão principal. Quando ele olha para a entrada da ponte, Yzzer não está mais lá.

Um impulso explosivo move o jovem príncipe, agora sua mente apenas pensa em vingança. Saton se gaba e discursa no centro da ponte, ainda com o corpo de Reinal ao seus pés, quando um vulto passa subitamente ao seu lado. Em seguida o som do impacto entre lâminas se discipa pelo ar. Ele se vira e ve Almotrip bloquear com seu cajado a espada Redmarine de Yzzer.

Lágrimas de dor e raiva caem dos olhos vermelhos do garoto, ele olha fixamente para Almotrip que mantém uma expressão de deboche. O príncipe Rozer fará de tudo para cortar a cabeça de Saton, e não medirá esforços ou adversários. O garoto recua, o Feitiçeiro baixa sua guarda por um instante, Yzzer percebe a abertura e se inclina para frente tomando um impulso. A meio metro de distância do Fayer, ele gira sua espada em meia lua na horizontal e atravessa seu abdômem. Redmarine passa reto pelo corpo de Amotrip que cai em risos, o garoto Rozer olha para a lâmina cheia de cinzas e não entende o que aconteceu.

– Seu moleque estúpido! Achou mesmo que eu ia dar uma abertura daquelas?

O Feitiçeiro ergue seu cajado acima da cabeça e o movimenta em círculos. - Sphaera – Ele grita. Correntes de ar são absorvidas pelo movimento, formando uma enorme esfera giratória de ar. A grande rotação e o descontrole dos ventos em torno da técnica fazem a ponte tremer e o mar se agitar furiosamente.

– Ignis – O Feitiçeiro grita novamente. O ar inflama violentamente se transformando em uma enorme esfera de fogo rodopiante. Os blocos de rocha da ponte ao redor da técnica começam a derreter, o calor é atormentador. Yzzer segura firme Redmarine e mantem sua posição de guarda.

– Não posso fugir agora, isso é pelo meu pai. Grita o garoto encarando as correntes de ar quente.

Amontoados no Forte, os soldados e feiticeiros Fayers gritam e incentivam Almotrip. Já do outro lado da ponte os guerreiros Rozers assistem calados o que pode ser o fim do príncipe vermelho.

– Isso é por seu pai? Morrer é a única coisa que você pode fazer por ele. Então vá e chorem juntos no inferos!

Almotrip aponta seu cajado para Yzzer, e rapidamente a enorme esfera de fogo se desloca em sua direção. A rotação da Sphaera Ignis a faz ganhar velocidade. O garoto não consiguirá desviar a tempo. O ataque vem por cima, prestes a engoli-lo em um turbilhão de ar flamejante. Yzzer levanta sua espada acima da cabeça em posição de ataque, e grita.

– Expansive Chákra – A lâmina de Redmarine ascende como fogo em madeira seca e brilha no vermelho mais intenso que seus olhos já viram.

Não há mais tempo para nada, a esfera de fogo atinge Yzzer em cheio, o impacto cria uma onda sônica que faz todo o local extremecer. Os fayers gritam enlouquecidos, bradam a vitória. Almotrip esboça uma expressão de satisfação, mas a contem quando percebe que sua Sphaera Ignis foi bloquada pelo garoto. A energia vita de Yzzer flui como chamas vermelhas consumindo seu corpo, ele a potencializa com Redmarine e utiliza a técnica Expansive Chákra para fazer uma barreira. A esfera de ar flamenjante é contida pelo véu vermelho de energia vita, mas não se desfaz e continua pressionando o garoto Rozer.

– Estou impressionado com a sua incompetência Almotrip, você não é capaz de acabar com um pirralho de merda. Diz Saton enraivecido e caminhando ao encontro do feiticeiro.

O feiticeiro de estatura alta e de longos cabelos negros baixou sua cabeça para esconder a expressão de desprezo. - Não por muito tempo. Meu rei - Disse em tom brando, mas forçado. Almotrip ergue novamente seu cajado para cima e começa à gira-lo com as duas mãos.

– Maximum Nent – Ele grita. A Sphaera Ignis aumenta estrondosamente seu giro, transformando-se em um tornado flamejante. A densum da técnica de Almotrip é maior, e a coluna flamejante começa a destruir a barreira de Yzzer. As rochas da ponte começam a derreter e trincar, o calor se torna insuportável até para quem está longe. O príncipe Rozer não desiste e continua empunhando sua espada, está decidido a morrer como um guerreiro.

– Pai! Desculpe-me, no final eu não consegui. Grita Yzzer admitindo a derrota. O calor ultrapassa a barreira e começa a queimar suas roupas e dedos, o cabo de Redmarine arde como uma brasa. O príncipe vermelho está prestes a ser engolido pelo fogo quando sente algo agarrar seu braço.

– Que isso moleque! Cedo de mais para palavras póstumas, não acha? Diz Red Cerberus com uma expressão serena e um sorriso.

– Saia daqui Comandante Cerberus, eu falhei em tudo. Meu destino é a morte, você deve cuidar de Rozer apartir de agora.

– Cale a boca seu insolente, o que você sabe sobre destino? Seu caminho é você quem faz, a escolha é sua. Cerberus olha sério nos olhos vermelhos arregalados do príncipe. – Seu pai acreditava em você, e eu também acredito. Da próxima vez que topar com esse desgraçado chuta ele, por seu pai, e por mim.

– O que!?

Quando Yzzer tentou entender, Cerberus o segurou mais firme pelo braço e o arremessou para cima dos soldados que esperavam ansiosos para aparar seu príncipe.

– Meu Rei, cumpri a missão que me destes. Até logo meu amigo. Sem a barreira de Yzzer o tornado flamejante investe para cima de Cerberus, mas antes de ser engolido ele grita. – Explosão do Coração Valente! – Uma esfera de energia vita emerge no peito do guerreiro e se expande consumindo tudo em uma imensa explosão. Saton foge a tempo, mas Almotrip é pego pelo estrondo que destrói completamente a ponte e deixa uma cratera que posteriormente é engolida pelo mar.

Yzzer quase sem forças ordena a retirada dos soldados Rozers, não queria perder mais ninguém. – Sua hora chegará em breve filho de Reinal – Grita Saton do alto do forte Fayer, do outro lado do canal. O príncipe apenas olha de canto e segue seu caminho junto com seus soldados. Ele sabe que os sacrifícios que aconteceram ali não serão em vão.