Em Busca do Passado escrita por Franflan


Capítulo 11
Capitulo 10


Notas iniciais do capítulo

Primeiramente gostaria de desejar um Feliz natal para vcs meus queridos leitores, espero que gostem deste capitulo que saiu um pouco mais tarde do que o normal...
Bos leitura meus amores...
Bjs



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O silencio era predominante por toda a extensão, todos estavam tristes por perder um de seus tripulantes, o navio já havia zarpado e eles só teriam mais três dias com a única mulher que já navegara naquele navio.

Salácia por sua vez estava sentada da beirada da popa, observando o horizonte, esperando ver sua terra, mas ainda lhe restava dois dias de viajem, mas ela já podia sentir a falta do cheiro do oceano, sentir sua brisa e o sol batendo em sua pele. Seus olhos perderam o brilho que antes o dominavam.

–Se você quiser pode fugir!

–Já fugi demais!

–Vai mesmo desistir da sua mãe?

Salácia apenas suspirou.

–Não estou desistindo dela, apenas deixando sua lembrança onde deve no passado!

–Uma hora esse passado vira para lhe assombrar!

–Estarei pronta quando isso acontecer!

–Nunca estamos prontos quando isso acontece!

–O seu passado já voltou?

Salácia pela primeira olhou para o capitão com um pequeno brilho no olhar.

–Na forma do meu pior demônio!

Salácia não se aguentou e sorriu.

–Voltou na forma de uma mulher então!

Kallel simplesmente deu de ombros.

–Fazer o que, cada um com seus fantasmas!

–Você esta certo, mas não irei mudar de ideia e fugir novamente!

–Você ira se matar dessa forma!

–Uma morte lenta e torturante, eu sei, mas irei enfrenta-la da melhor forma possível!

–Você é louca!

Salácia simplesmente deu de ombros.

–Já me chamaram de coisas piores!

Os dois se voltaram a olhar para o horizonte em silencio. Os últimos dois dias de viajem fora passado em silencio, ninguém falava nada, ninguém estava com humor para a cantoria, ninguém se interessava em beber, todos estavam em luto pela perda da única mulher do navio.

Ao atracarem no porto, como um navio normal de pesca, Salácia desceu calmamente, mas quem lhe olhasse atentamente veria que por dentro ela estava devastada, não se permitiria chorar naquele momento. Saiu de cabeça erguida, deu um olhada para seus companheiros e por fim subiu em uma carruagem, sendo seguida por Nathan, que possuía um sorriso triunfante.

Mal havia se sentado e já podia sentir seu coração se partir ao olhar o horizonte e ver o oceano lhe chamar, a primeira lagrima caiu, sendo seguida por muitas outras depois, sentia que seu corpo era partido no meio, queria voltar para o mar, mas tinha que voltar para casa. Nathan não a olhava, seus olhos estavam fixos nas arvores, na terra, finalmente se sentia em casa.

–Você vai ver princesa tudo vai dar certo, finalmente você estará em casa!

Anny não o olhou, simplesmente fechou os olhos e deixou sua dor lhe tomar.

–Eu não tenho casa!

–Claro que tem, o palácio de Rawdor é sua casa!

–Não, ele é a casa de uma mentira, de uma pessoa que não existe além da imaginação das pessoas que ali habitam!

–Não diga isso!

–Digo você sabe, eu não sou uma princesa, sou um peixe preso em um aquário de luxo!

–Pare com isso Anny!

–Parar com o que?

–Pare com essa ideia que você pertence ao mar, você é uma princesa, é uma herdeira, nunca deveria sair de seu reino!

–Eu não sou nada disso, não consigo ser uma boneca de porcelana preciosa que deve ser guardada em uma redoma de vidro, não consigo ser uma mera marionete, não fu feita para ter um matrimonio, não suporto que mandem em mim, não suporto ficar presa em terra eu almejo o mar!

–Desejamos sempre o que não podemos ter você, mais do que ninguém deveria saber disso!

–Não, nós não desejamos o que não podemos ter, nós desejamos o que queremos e se não conseguimos é por conta de nosso próprio fracasso, um dia eu irei retornar o mar, pode não ser em vida, mas irei retornar para o lar que me foi negado!

–Fracasso?

–Sim, nós temos a mania de culpar os outros por nosso fracasso, se não alcançamos o que desejamos é simples dizer que aquilo não era para ser nosso, que era algo que jamais alcançaríamos!

–Você... deve estar certa!

Anny voltou-se para dentro de si mesma, ignorando tudo a sua volta, ignorando o retorno a sua antiga vida. Horas se passaram com eles imersos no silencio de seus pensamentos, até que a carruagem parou em um solavanco.

–Chegamos alteza!

Anny apenas encarou o palácio que se erguia a sua frente e um suspiro infeliz lhe escapou dos lábios.

–Prisão, doce prisão quantas saudades senti de você, só que não!

Nathan encarou a garota de forma repreensiva, fazendo-a lembrar-se de seu professor de etiqueta, pena que aquele olhar nunca funcionara com ela.

–Não fale assim da sua casa!

–Já discutimos esse assunto Nathaniel e eu já estou cansada dele!

Sem esperar por uma resposta ela seguiu adiante, seguindo caminho para dentro do palácio sem olhar uma segunda vez para seu velho amigo, sem conferir se ele lhe seguia, não estava interessada em saber. Anny seguiu direto para o salão real onde sabia que iria encontrar o pai.

O salão continuava o mesmo, sem nenhum outro móvel além das duas poltronas enormes em seu centro e os guardas espalhados em pontos estratégicos da sala. O homem sentado na poltrona continuava o mesmo também, mas não estava totalmente igual, sua expressão agora era de uma pessoa exausta, Anny nunca vira o pai assim.

–A filha prodiga retorna!

O homem arregalou os olhos e um brilho que a instantes não estava ali, mas que Anny conhecia bem voltara para os olhos do pai.

–Anny?

–Não, é o monstro o lago Rocalucci!

Os olhos do rei se encheram de lagrimas e ele correu para abraçar a filha.

–Você voltou!

–Pai, eu nem passei tanto tempo fora assim!

–Quase um mês já é o suficiente para quase matar o seu velho pai do coração, pequena!

Anny apenas revirou os olhos como uma boa adolescente rebelde.

–E quais são as novidades do reino?

–Sua noiva noivou no dia em que você fugiu!

Anny cruzou os braços e encarou o pai com um ar entediado, sem deixar transparecer seu coração partido.

–Fiquei sabendo!

–Mas o noivo sumiu depois de ir correndo atrás de você!

–Nathan já esta de volta, foi ele que me trouxe pra casa!

–Então poderemos dar inicio aos preparativos do casamento!

–Sim!

–O que foi querida!

Anny suspirou e olhou ao redor.

–É que é estranho voltar para casa e ver que nada mudou!

–Você ira se acostumar novamente com essa normalidade!

–Sim, eu vou!

–Seu quarto continua a mesma coisa se quiser pode ir se deitar deve estar cansada!

–Sim, eu irei!

–E Anny, daqui dois dias iremos fazer um baile para comemorar o seu retorno!

–Sim, pai!

Anny se virou e caminhou tranquilamente pelos corredores, indo em direção ao seu quarto, porem no meio do caminhou topou com uma pessoa indesejada, que a olhou de cima a baixo, desaprovando sua vestimenta e provavelmente sua presença.

–Vejo que retornou!

–Sim, milady!

A mulher mantinha uma expressão severa e cruzou os braços em frente ao peito.

–Esta mais educada!

–Só não vejo mais razão em lutar contra o inevitável, você ganhou a guerra majestade eu me rendo!

–Então mandar o Nathan atrás de você realmente foi uma boa decisão!

Anny olhou para o chão e suspirou.

–Sim, foi uma boa estratégia!

–A partir de hoje ira me obedecer?

–sim, majestade!

–Ótimo, agora vá para o seu quarto e troque esses farrapos por roupas apresentáveis!

–Sim, senhora, com a sua licença!

Anny não levantou o olhar e por isso não viu o brilho triunfante que surgiu nos olhos da mulher, e partiu em direção ao seu quarto.

O quarto realmente continuava igual, sem se trocar ela jogara-se em sua cama e observava as estrelas pintadas em seu teto, sentia falta de poder olhar as verdadeiras estrelas em um céu verdadeiro. Lentamente ela se levantou pegou um vestido celta bege com detalhes em um rosa queimado e se dirigiu ao banheiro ou tomara um longo banho e retirou toda a sujeira que acumulara em seu corpo. Novamente seu cabelo estava limpo, suas unhas não possuía mais sujeira abaixo e seu corpo novamente possuía um leve perfume de rosas. O vestido lhe cairá perfeitamente e ela prendera seu cabelo em uma trança de lado.

Seguiu então para a janela, onde ao longe podia ver o azul do oceano, a dor da saudade da agua do mar já lhe doía ate os ossos, sua mão se fechou em punho enquanto ela fechava os olhos e respirava fundo para não deixar que as lagrimas que enchiam seus olhos caíssem.

Um barulho chamou sua atenção e se virou a tempo de ver Nathan, já com sua farda de soldado abrir uma fresta da porta.

–Esta apresentável?

–Sim, pode entrar!

–Seu pai esta lhe chamando para o jantar!

Anny suspirou e se afastou da janela.

–Então não vamos deixar o rei esperando!

Os seguiram em silencio até o salao onde seria feito a refeição. Anny sentou-se ao lado esquerdo do pai, bem em frente a sua madrasta e ao seu lado sentou-se Nathan.

–Onde esta Suzana?

–Ela não esta se sentindo bem querido, ira comer no quarto!

Nathan suspirou e encarou o próprio, Anny não abriu sua boca e comeu o pouco que lhe pareceu ser educado, afinal era melhor do que se recusar a comer.

–Não esta se sentindo bem querida?

–Acho que estou meio enjoada papai!

–Deve ser o cansaço da longa viajem!

–Deve ser!

O rei voltou a comer e Anny sentiu-se ser observada pela madrasta, porem não levantara seus olhos e a enfrentou, continuou apenas em uma forma humilde de submissão.

–Se já terminou Anny, pode se retirar!

–Obrigado majestade!

Anny se levantou e fez uma mesura antes de se retirar do local, a principio queria voltar para seus aposentos, porem seus pés lhe levaram para o pátio do castelo e de la para a antiga floresta da bruxa. Em meio a arvores o alivio lhe abateu, ficar, mesmo que pouco, do castelo lhe tirava um peso das costas.

–O que faz em minha floresta criança?

–Perdoe-me se invadi apenas me distrai no caminho de volta para o meu quarto!

–Então você não mora na cidade?

Anny encarou a mulher a sua frente, era uma senhora já de idade, com o corpo rechonchudo e meio curvado, seus cabelos eram de um cinza pálido e os olhos de um azul desbotado.

–Moro no palácio!

A mulher deu um sorriso cheio de maldade.

–Entao é uma das filhas do rei!

Os dentes da mulher estavam podres e Anny podia sentir o mau hálito da mulher de onde estava, mas isso não a intimidou apenas a tornou mais curiosa.

–Sim e você é a bruxa da floresta!

–Málena, querida, meu nome é Málena, mas o que veio fazer aqui?

Anny olhou para as folhas das copas das arvores em busca da resposta.

–Não tenho certeza!

–Não minta para mim criança, não sou burra!

Um suspiro saiu pelos lábios da jovem.

–Acho que vim em busca de alivio, me sinto sufocada no palácio!

–Sufocada?

Anny sorriu de canto, um sorriso afetado, quase melancólico.

–Sim sufocada, deslocada, perdida, sentindo que algo não se encaixa, sentindo que não pertenço a aquele lugar!

–Estranho. Princesas normalmente gostam de seus luxos!

–Eu gosto de todo o luxo e mordomia que o palácio pode me oferecer, porem sinto que aquilo não é meu, sinto que nada daquilo me pertence, sinto-me uma intrusa!

–Sei como se sente!

–Queria ter sido criada por minha mãe, não por aquele projeto mal acabado de rainha!

A mulher soltou uma risada sufocada, mas logo se deixou levar pelo riso.

–Projeto mal acabado de rainha? Essa foi boa garota, muito boa, aquela víbora realmente precisa aprender algumas lições!

–Acho melhor voltar!

–Sim, logo seu guarda pessoas ira sair da mesa e ir ao seu quarto, se não correr, não chegara antes dele!

–Obrigado Málena, assim que eu conseguir eu irei vir visita-la novamente!

–Sim criança e tomaremos um chá de ervas!

Anny sorriu e saiu em disparada, correu por corredores, pulou alguns degraus e por fim chegara ofegante, ao seu quarto, jogara-se em sua cama e ficou a olhara para o teto. Sua respiração acabara de se estabilizar quando Nathan entrou.

–Precisamos conversar!

–Diga!

–Melhor mudar sua atitude ou seu pai ira desconfiar de que esta aqui por obrigação!

–Além de ter que voltar para o inferno terei de fingir que gosto de ficar entre demônios? Irei me esforçar!

–Aqui não é o inferno e as pessoas não são demônios!

–Não é para você que gosta de dar sorrisinhos falsos para todos aqueles bajuladores, fingir que aquelas pessoas não passam de interesseiros que fingem ser boas pessoas, não sou boa mentirosa e não gosto de fingir, mas me esforçarei ao máximo para colocar minha opiniões abaixo da terra!

–Nem todos são assim!

–Claro, alguns são piores!

Nesse momento Anny encarou o velho amigo, mas Nathan não encontrou a garotinha que conhecera, só pode ver magoa e muita dor.

–Eu nunca fingi princesa!

–Não, você fez pior, iludiu, deu falsas esperanças, mas já aprendi minha lição, agora você poderia fazer o favor de se retirar, eu gostaria de dormir agora!

Anny não deu tempo para que ele lhe respondesse ela apenas se ajeitou na cama e fechou os olhos. Nathan se encontrava chocado com as palavras da garota, no fundo sentia-se magoado, pensava que nunca fizera nada para merecer aquele tratamento, então furioso ele saiu do quarto.


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