Extinção escrita por Jess


Capítulo 11
Dor


Notas iniciais do capítulo

Olá, esse é o penultimo capítulo.



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O corvo estava prestes a sucumbir á dor,
seus ossos quebrados sob a pele que já não era tão firme,
a visão de sua plumagem sendo levada pelo vento quase sem cor,

Seus ossos soltos estralavam pelo seu corpo,
a força que teve como predador já não existia, em seu lugar garras quebradas manchadas com seu próprio sangue... Ele era a presa

Seu predador não queria apenas alimentar-se de sua dor,
a ância não era só de carne, a sede não era só de sangue...
Era mais que uma punição, era um suposto amor.
Amor de quem faz morrer para ensinar a viver,
de quem isola para mostrar o que é estar perto, o que é certo...
Um amor cruel, que se diz justo.

Como um ultimo sopro de resistência, o corvo rastejou-se,
sentiu a terra colar no sangue que lhe cobria
dificultando ainda mais os movimentos, tão lentos...
Uma asa se abria lenta e ferida.

“Desejo mil vezes que ela tivesse partido, a me ver em pedaços.
Ver minha fraqueza é o pior dos castigos, tê-la aqui é a pior tortura.
Nem mesmo as fraturas, meu corpo mutilado,
minhas asas que não voltariam ao normal...
Nada era pior do que tê-la naquele momento, do que ser fraco naquele momento,
Preferia não tê-la.

Que ela não fosse minha,
se não fosse, nunca a perderia.
Necessitar não é pior que perder...”

Os olhos do corvo queimaram,
sentia os pegando fogo, tentou fecha-los mas não conseguiu.
Os olhos em brasas crepitavam,
logo tornaram-se brasas.

O som dos ossos sendo quebrados em muitos pedaços ainda era audível,
sua pele esticava-se como um tecido, até o ponto de estar prestes a rasgar,
os ossos foram se espalhando pelo corpo já sem consciência;
perfurando órgãos, rasgando, tomando forma.


Sem uma guerra não há mudanças, para criar é preciso destruir?

“Maldito seja o dia em que o maldito pássaro negro apareceu”, sussurrava a alma.
Os gritos da menina não foram ouvidos, a morte da mulher foi lamentada...
Mas e o pássaro? E o corvo?
Onde está a alma?
Onde foi parar a menina tão doce? E a mulher tão pequena?

O ar se tornou frio, as sombras desapareceram, tudo se calou...
Todos pareciam estar imersos num nada, nada...
Num estalar de dedos tudo se cala,
tudo se acalma tão repentinamente como se nada houvesse acontecido,
como se um corvo não tivesse caído,
como se a alma nunca tivesse lamentado,
como se nunca a menina nunca tivesse ali estado...

O silencio se estende e é preciso gritar, bradar até que não haja voz...
Um sacrifício sem sentido.


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Notas finais do capítulo

Comentem.



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