Todos Gostam Dela escrita por Codinome K


Capítulo 14
Hospital




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LUCY

 

— Eu não sabia que você era tão medroso assim, Natsu. - comento achando graça.

Estávamos sentados no banco de trás do táxi e Natsu parecia estar muito enjoado, como se sua pressão tivesse despencado.

— Não... gosto...de...hospitais... - murmura ele, como se fosse falecer ali a qualquer momento.

Solto uma risadinha e dou um tapinha em seu ombro.

— Não vai ser nada demais, certo? - digo, tentando tranquilizá-lo.

Natsu me olha com seu olho bom por longos segundos, a boca machucada cheia de sangue seco levemente franzida.

— Você não entenderia. - diz ele de repente, no tom mais suave que já ouvi sair de sua boca.

E mais triste também.

Ergo as sobrancelha surpresa, abro a boca para perguntar.

Não.

Se ele quiser contar, um dia contará.

— A Barulhenta que invade a casa dos outros e rouba as roupas vai aguentar a curiosidade? - pergunta ele, forçando um sorriso no semblante triste.

Sorrio de canto.

— Vou respeitar seus demônios. - digo, dando de ombros e olhando para minhas próprias mãos.

Pela visão periférica, vejo ele me encarar intensamente, e então olhar pela janela.

— Me desculpe por tudo aquilo que eu disse. - diz ele baixinho. - Não sei se você sabe, mas ás vezes eu digo um monte de merda sem motivo. - ele solta uma risada amarga.

— Notei. - digo. - Mas tudo bem, não é a primeira nem última vez que vão me ofender dessa forma. - olho-o. - Pelo menos você está arrependido.

Natsu franze tanto as sobrancelhas que dou risada.

— Não estou arrependido. - começa ele. - Eu realmente não acredito em nada do que falei. Na verdade, nem sei porque falei tudo aquilo.

Olho-o com uma sobrancelha arqueada e um sorrisinho ameaçando aparecer.

— Ciúme, é? - arrisquei, prestando atenção em qualquer mínima reação que me indicasse o que ele pensava.

Natsu solta o ar com força e me olha horrorizado.

— O-o quê? - gagueja ele.

Murcho um pouco.

— Nada, só estava brincando. - digo, sem entender porque estava tão decepcionada.

Ninguém que gosta fica horrorizado desse jeito, não é?

 

 

NATSU

Mas que por-

Quem contou?

Por que ela me perguntou isso de repente?

Oh, cara. Eu fiquei assustado.

Acho que qualquer pessoa daquele grupo já notou que eu não estou normal.

E eu definitivamente não estou nada normal.

Mas ela não precisa saber disso, não é?

Não, mas é claro que não.

Respiro fundo e a olho de lado.

— Achou que era isso? - arrisco, observando as reações dela.

Lucy me lança um sorriso forçado, havia uma leve sombra em seus olhos.

— Claro que não. - diz ela rapidamente. - Só achei que podia te distrair com seja lá o que você tenha contra hospitais. - completou.

E distraiu.

Como distraiu.

Forço uma risada, o clima havia ficado muito estranho agora.

— Oh, entendi. - digo sem graça. - Foi gentil da sua parte fazer isso.

Cara, por que eu sou assim?

"Foi gentil da sua parte fazer isso."? Sério, Natsu Dragneel? Isso é o melhor que consegue pensar?

Patético.

Afasto meus olhos da loira e noto que o motorista me olhava com um sorriso engraçado, como se já tivesse entendido tudo que estava acontecendo ali. 

Eu cheguei no fundo do poço mesmo.

Parabéns, Natsu Dragneel, palmas para você.

Idiota.

— Huh? Acho que chegamos. - diz Lucy, quebrando meus devaneios.

Noto a entrada do hospital, conhecia aquele lugar com a palma da mão.

E desmaio.

 

 

LUCY

— NATSU? - grito, segurando a cabeça dele com todo o cuidado quando pendeu para cima de mim. - Senhor, chame um enfermeiro!

Vejo o motorista assentir e correr para dentro do local.

Felizmente uma cidade pequena.

Motorista logo voltava com uma mulher idosa e o que parecia sua equipe, que já abriam a porta do lado de Natsu e pegavam-no com todo o cuidado, colocando numa das macas que ficava ao lado das ambulâncias.

— O que ele tem?! - exclamo, olhando para a idosa que fazia os primeiros-socorros.

— Natsu entrou em estado de choque, Senhorita. - diz ela, pronunciando o nome dele com doçura.

Peraí.

— A Senhora conhece ele? - perguntei, sem entender, inconscientemente estava segurando uma das mãos dele.

A idosa me olha com um sorriso triste.

— Você também é igualzinha a sua mãe. - é tudo o que ela diz, e manda sua equipe levar Natsu para um quarto de descanso.

Acompanho tudo de perto. Quando colocaram Natsu na cama do quarto; quando injetaram algum remédio em suas veias; quando trataram cada um de seus machucados...

Mas o que a enfermeira idosa havia dito ainda estava me deixando intrigada. Ela não havia dito apenas que eu era parecida com minha mãe, mas que eu também era parecida com ela.

Isso quer dizer que Natsu também era parecido com a mãe dele?

Me distraio de meus pensamentos quando percebo que não apenas a idosa, mas toda a equipe do hospital agia como se conhecesse Natsu. Franzo as sobrancelhas.

— Vocês conhecem ele? - pergunto para qualquer enfermeiro disposto a responder.

Uma mulher que estava averiguando a dosagem nas veias de Natsu me olha.

— Sim. - responde ela, suspirando e olhando o rosado adormecido. - Foram muitos meses de sofrimento, mesmo. Garoto de ouro.

Todos da equipe assentiram em concordância, todos os semblantes tristes.

— Meses? - pergunto. - Do que?

A mulher me olha.

— Norma tinha câncer. - me revela ela. - Aquele tipo de câncer que era quase 100% terminal, mas que uma mínima chance de sucesso fez aquela mulher passar meses sofrendo com a doença.

— Quem é Norma? Me desculpe, não estou acompanhando. - digo, tocada com todo aquele sofrimento.

— Norma Dragneel, garota. - diz um dos enfermeiros, que tratava um paciente da cama ao lado. - A mãe de Natsu.

— Sim, é isso mesmo. - continuou a mulher, concordando. - Natsu era apenas uma criança, o pai dele já trabalhava muito, e começou a viajar mais ainda quando a esposa adoeceu, como se estivesse fugindo de toda a dor. Natsu suportou tudo sozinho.

Olhei para o Natsu desmaiado e cheio de machucados, seu rosto estava sereno debaixo daquele enorme olho roxo. Lágrimas escapam de meus olhos.

— Ele não quer pena, Senhorita. - disse a Idosa, que havia voltado. - Chorar pela dor dele demonstra que você tem um belo coração, então apenas cuide muito bem dele, certo? Este menino já sofreu demais.

Assinto fervorosamente.

— Eu prometo fazer tudo que puder. - digo, e a senhora ri.

— Sagaz prometer algo que pode cumprir, huh? - diz ela, me dando um lenço. - Limpe essas lágrimas, ele não vai querer ver a Senhorita chorando.

Concordo com a cabeça, limpando o rosto com o lenço macio.

 

NATSU

Mas que merda de dor de cabeça...

— O que aconteceu? - gemo, sentindo finalmente a dor dos machucados.

— Obrigada! - vejo Lucy exclamar, olhando para o céu, antes de voltar seus lindos olhos castanhos para mim. - Você desmaiou quando chegamos, Natsu.

Abro a boca soltando um leve 'A' de ar e tento me levantar, Lucy instantaneamente surge ao meu lado para me ajudar. 

Cara, ela cheira a morangos.

— Como você está? - pergunta ela, os olhos correndo por todo meu rosto com preocupação.

— Dolorido. - digo, sorrindo de leve. - Você não precisava ter ficado.

Ela faz cara feia.

— Que tipo de pessoa você acha que eu sou, ein? - resmunga ela. - Por incrível que pareça eu tenho um coração, certo?

Rio alto, e dói no ponto que bati no chão quando Gray me derrubou.

— Oh, Luxy, não me faça rir. Dói tudo. - digo com uma careta.

Ela cruza os braços e ergue uma sobrancelha.

— Luxy? — enfatiza ela, puxando o x como eu.

Dou de ombros.

— Não posso fazer nada se seu nome é impronunciável. - digo defendendo-me.

— Todos pronunciam direitinho. - diz ela com uma careta. - Mas tudo bem, Luxy é fofo.

Olho-a horrorizado.

— Fofo?

— É. - concorda ela com um sorrisinho.

— Você é linda... - penso distraído.

— Hã? - reage ela com as bochechas vermelhas.

— Hã o que? - pergunto sem entender.

— Você me elogiou? - pergunta ela, desviando o olhar com uma careta que nunca vi.

Puta merda, Natsu.

Você é burro mesmo.

— Érr... - engasgo com a própria saliva, sem saber o que dizer.

— Deve ter batido a cabeça quando desmaiou, não é? - diz ela, rindo nervosamente.

Olho-a com um meio sorriso, ignorando a dor dos pontos no lábio.

Mulher mais linda que já vi em toda a minha vida.

 

CONTINUA...


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