O Meio Termo Não é Possível. escrita por Loh Rosa


Capítulo 4
Monopolizando sádicos cretinos.


Notas iniciais do capítulo

Então, este é o fim! Foi breve, mas foi muito divertido de escrever.
Eu gosto desse casal, então talvez eu resolva escrever alguns contos sobre eles em algum momento, se isso acontecer, então eu posto aqui no nyah.



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Eu sempre me perguntei o porquê das pessoas precisarem tanto formar casais. Era a minha mãe que resolvera se casar de novo. Não que eu achasse de fato ruim, só sentia um mal estar devido a um trauma antigo. Casamentos eram complicados, o caso dos pais do Max provava isso, o caso do meu pai esfregava isso em minha cara. Phill era um cara legal e tratava a minha mãe muito bem, mas eu ainda tinha medo, medo de que a machucassem. Mas ela merecia ser feliz e eu não lhe falei sobre as minhas inseguranças.

E com a chegada o casamento, meus familiares começavam a reparar em um fato que eu não queria que prestassem atenção... Eu nunca apresentara uma namorada. Eles também nunca ouviram sobre qualquer garota que eu estivesse saindo e começaram a se preocupar.

Certa vez ouvi de relance meus tios sussurrando entre si.

–E se ele for gay? Afinal, ele só anda grudado naquele moleque esquisito desde o colegial.

–Há, mas o amigo só vive com uma namorada nova a cada semana...

E continuaram debatendo sobre a minha sexualidade e isso me incomodava cada vez mais. Eu já tinha 24 anos, deveria ter o direito de decidir por quem me atraio sexualmente! Tudo bem que não é exatamente uma escolha, afinal eu já havia decidido desistir do Max a mais de um ano, mas progresso que é bom, nada.

E sobre essa mania de formar casais que as pessoas têm, não basta apenas arranjarem alguém, elas simplesmente não conseguem ver ninguém sozinho. Meus tios tentaram de todas as formas me juntar com uma Alina não sei o quê. Ela logo reparou que não tínhamos nada a ver, mas para o meu azar, encontrou muito em comum com o meu Max. E essa mania de formar casais tornou-se o meu carma e eles estão juntos à quase um ano.

Com o casamento da minha mãe se aproximando senti a necessidade de me mudar. Já deveria ter feito isso à algum tempo, porém não queria deixá-la sozinha. Agora não teria esse problema e eu já era um homem crescido afinal!

O problema é que eu, uma casa e mais ninguém morando nela seria um desastre. Eu não sabia cozinhar e se dependesse de mim viveria em um chiqueiro. Por isso quando disse ao Max que iria sair de casa ele quase teve um treco, foi decidido então que dividiríamos o seu apartamento por tempo indeterminado.

Você deve imaginar como eu estava me sentindo, não é? Eu iria morar com o cara que eu amava! Era como se eu tivesse em minhas mãos toda a felicidade do mundo materializada, mas é claro que alegria de pobre dura pouco, pois uma semana após a minha mudança eu tive que me deparar com uma coisinha magricela desfilando seminua pela casa.

Fiquei com a cara fechada o resto do dia e o cretino do meu amigo, amigo já havia se tornado uma palavra amarga, ainda teve a ousadia de ficar bravo com a minha frieza. Ele sim era muito cruel! Ele sabia o que eu sentia e ainda fazia isso comigo. Sei que fingi ter esquecido e ele fingiu que não tinha acontecido, mas ambos sabíamos o que acontecera naquela noite em que eu estava bêbado demais para fechar a boca.

Estávamos brigados durante a cerimônia de casamento da minha mãe e foi muito difícil pra eu forçar um sorriso.

Durante a festa Alina veio falar comigo e eu a olhei com todo o ódio que eu possuía. Ela estremeceu e limpando a garganta disse.

–Não sei o que você tem contra mim, mas eu queria que você soubesse que eu gosto muito do seu amigo. Eu jamais teria feito algo que fosse machucá-lo como o que você insiste em fazer com ele. Não tem o direito de monopolizá-lo! Ele merece conhecer mais pessoas, fazer outros amigos e ter uma família. Se você encrencar com toda garota que se aproximar dele só por querê-lo apenas para si mesmo. Você apenas o fará sofrer!

Ela deu meia volta e me deixou ali. Atordoado e em choque.

Eu tinha tomado uma decisão.

Depois da festa, voltei para o apartamento no carro do Max. Eu não sabia dirigir, nunca gostei muito de carros então não era um grande problema.

Estava difícil decidir o que iria dar como desculpa ao meu amigo para a minha escolha, além do mais, fazia quase um mês que mal nos falávamos e eu não tinha a menor idéia de como começaria esse diálogo.

Monopolizar! Foi o que a garota havia dito. Eu jamais tivera o Max só pra mim e era por isso que eu sofria tanto. Muito pelo contrário, ele que sempre me possuiu. Desde sempre eu já fora dele por completo, ele sabia disso. Sabia que era o único com quem eu queria estar. Não havia outros amigos pra mim, não havia garotas para desfilarem seminuas com uma camisa minha pela sala. Era só ele e eu sofria por isso!

Eu precisava me afastar dele de fato. Não queria, mas essa era a única saída possível e quando eu disse que iria embora ele me segurou pelo braço.

–Não... Você não pode!

Isso me irritou um pouco.

–Eu tenho 24 anos. Se eu disse que vou então eu irei embora.

Tentei me desvencilhar de seus braços, mas não fora tão fácil quanto eu imaginava. Ao invés de me soltar, ele me puxou e me abraçou enterrando o rosto na curvatura de meu pescoço.

–Não vai. Eu não vou soltar você.

Eu estava corado. Aquilo parecia a ultima cena romântica de um filme bem clichê.

Ele era cruel! Um filho da puta cruel e mesquinho. Egoísta, sádico e extremamente sexy. Mas ele me abraçava apenas por que lhe era conveniente e não se importava com os efeitos que causava em mim.

–Eu só morei aqui por um mês, não é como se fosse fazer muita diferença se eu for... Me solta Max!

–Então por que eu tenho a sensação de que você não está indo embora apenas da minha casa Abe!

Senti lágrimas quentes e inconvenientes escorrendo dos meus olhos. Max me soltou e sentou no sofá, do bolso da sua calça pegou um maço de cigarros , acendeu um e levando-o aos lábios deu uma tragada.

–Você não vai embora da minha vida Abe. Eu não vou deixar. – Disse após soprar a fumaça.

–Eu não quero monopolizar você! – respondi com uma dose bem grande de veneno saindo dos meus lábios.

Ele arqueou a sobrancelha e deu um sorriso de lado.

–Claro que não quer... – Ironizou – Mas infelizmente, para o seu azar, eu quero monopolizar você.

Travei. O que ele queria dizer com isso? Ele me queria?

–Você não tem esse direito seu idiota...

–É claro que tenho. – me interrompeu e veio caminhando em minha direção – você vem todo charmoso pra cima de mim com esse lance de não saber beijar. Sabia o quanto confuso me deixou? Mas eu sou um péssimo homem para se ter como amante, sou egoísta demais pra isso. Você merece alguém melhor.

Eu travei quando ele me segurou suavemente pela cintura e me puxou em sua direção.

–Eu não gosto de relacionamentos sérios. Alina durou um pouco mais do que os outros apenas porque eu queria manter as minhas mãos longes de você. Mas você não ajuda colocando essa cara brava de ciúmes sempre que vê a garota. – ele beijou meu pescoço enquanto suas mãos atrevidas subiam de leve a minha camisa. Foi extremamente constrangedor quando um ruído estranho saiu sem querer dos meus lábios.

Ele me soltou e enquanto sorria loucamente, sentou-se no sofá. Fiquei puto! Como ousava me provocar e então rir de mim.

–Não fica bravo. – disse com um sorriso de lado e a mão estendida. – vem cá. Eu sei que você ainda não beijou ninguém nesses dois últimos anos. Eu tenho muito a te ensinar ainda.

–Beijei sim! Muitas vezes. – Era mentira. Eu sabia, ele sabia e agora meu caro leitor, você também sabe.

E mesmo com a cara emburrada e vermelha, eu me vi caminhando em direção àquele sofá, eu me vi sentando no colo daquele magricelo maldito, eu vi meus lábios sendo tomados por ele.

Agora eu sabia o que me irritava naquele maluco que sorria tanto e se à 9 anos atrás eu soubesse disso, teria chutado a aquela cadeira com mais força.


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