Segunda-feira, 07:30 da manhã, primeiro dia de aula, e a pessoa tem aula de física, prazer, esse sou eu. Eu dormi durante metade das aulas, o que não é surpresa, Caio me acordou na hora do intervalo e nós quatro fomos para a quadra de esportes e sentamos na arquibancada.

– O que você ia falar no início da aula Gregg? – Pedro lembrou.

– Ah, bom... – não tinha certeza se devia mesmo contar – não é nada, bobagem.

– Tem certeza? – perguntou Lisa.

Para falar a verdade eu não tinha certeza de nada, mas resolvi falar para eles. Depois que contei tudo, Caio ficou sem palavras, Pedro apenas ficou me encarando, o que me deixou muito sem graça, enquanto Lisa ria histericamente.

– Para de rir, eu não estou brincando galera. – eu protestei – Alguma coisa aconteceu na minha casa ontem à noite e eu vou descobrir o que foi.

O assunto morreu ali, e Caio começou a fazer as velhas e boas piadinhas sobre a altura de Lisa. No fim do dia convidei eles para minha casa, mas Caio e Lisa já tinha compromissos, apenas Pedro aceitou, e eu sinceramente preferia que nesse caso ele NÃO tivesse aceito. Enquanto caminhávamos nem eu, nem ele, dizia uma só palavra, era um silêncio constrangedor.

– Eu sei que você falou sério naquela hora, lá na quadra – ele quebrou o silêncio.

Eu não sabia o que responder. Pedro, logo ele acreditou em mim?

– Você acredita mesmo em mim? Porque não estou afim de mais piadinhas – eu quis saber.

– Nós somos amigos, não somos? Porque não acreditaria? – ele me respondeu com aquele sorriso encantador- E também, vi que você estava falando sério.

– Tem alguma coisa errada, sei disso – eu disse por fim.

– E eu vou te ajudar a descobrir – Pedro disse.

Então, fomos até minha casa, e passamos o resto do dia juntos, jogando videogame e conversando sobre o que poderia ter acontecido na minha casa, se realmente alguém havia roubado nossa comida, e como conseguiu fazer isso, ou se foi algo da minha imaginação. Em alguns momentos de silêncio eu pensava em abrir meu coração, falar para ele tudo que eu sinto, e tirar essa angústia do meu peito, mas não podia fazer isso, ele é meu amigo, e vai ser assim, pra sempre.

Depois que Pedro foi embora eu decidi andar um pouco ao redor de casa, para tentar achar algo que me ajudasse a entender o que havia acontecido na noite anterior, mesmo sem acreditar muito que eu encontraria alguma coisa. Mas por incrível que pareça, eu encontrei algo, um pingente, uma espécie de plaquinha de metal, e nele tinha escrito um nome, “Gustaf”.