Vencedores de Panem escrita por Daniel Vitor
Estou usando o vestido da colheita, vermelho com uma fita branca na cintura. Olho em volta e estou em uma praia enorme, a direita areia branca e a esquerda águas claras. Ando metros e metros e a paisagem não muda, a longe avisto algo, um borrão que está vindo em minha direção.
Corro para poder verificar o que é, Finnick está com nove anos, está usando uma camisa social branca e uma calça preta, a sua roupa da colheita. “Finnick o que aconteceu com você?” pergunto.
“Nada” responde, “Seu tamanho, idade” digo.
“Eu sou cinco centímetros mais alto do que você e um ano mais velho” corro até em direção ao mar, tomo o máximo de cuida para a água não me tocar, olho meu reflexo e me vejo com oito anos de idade.
“A Capital precisou de mim esse fim de semana” diz, me concentro no que disse, “Essa é a terceira vez que não conseguimos nos encontrar no fim de semana” digo.
“Você sabe o motivo” abaixa a cabeça, “Eu sei bem o motivo Finnick Odair” digo brava. “Você acha que eu não quero nadar com você, ficar com você” diz. Sai de parto da água e deito na areia.
“Acho, quando você não está lá você está na Mags” digo, coloco a mão na frente do meu rosto para tampar o sol. “Ela precisa de mim, depois de Luis e Gabriel morreram ela não tem mais ninguém” explica, depois que Finnick venceu os Jogos Mags se apegou muito a ele, ela tinha acabado de perder o filho de 13 anos e Finnick era muito semelhante a ele.
“Eu também preciso de ajuda, não estou bem” grito. Ele se aproxima de mim e estende a mão, “Vem”, a pego e ele me guia até a água. Fico paralisada, “Não, não” digo, começo a tentar escapar de suas mãos, consigo me livrar dele e caio no chão.
“Não posso ir, não consigo, isso me faz lembrar” digo, ele agacha na minha frente e estende suas duas mãos, “Eu estou tentando te ajudar” ficamos alguns segundos encarando um ao outro. Balanço a cabeça e nos levantamos.
Quando meu pé rela na água todo meu corpo arrepia, ele me força para frente e deixo meu corpo ir, fecho meus olhos, mas várias imagens vêm a minha cabeça e abro-os de novo. A água já está na cintura, “No três nos mergulhamos” ele diz, concordo com a cabeça.
“1, 2... 3” eu mergulho e tudo vem a mente, todos os 23 mortos... Trent. Não consigo mais sentir as mãos de Finnick, quando abro os olhos e ele não está lá começo a desesperar. Tento subir para a superfície, mas não consigo e solto todo meu oxigênio, vejo as bolhas de ar subindo e tento respirar e acabo com água entrando pelo meu nariz.
Coloco a mão no meu pescoço e consigo respirar normalmente, estou suando, abro os olhos e vejo o teto de madeira, retiro meu cobertor e levanto da cama. Vou para o banheiro e lavo meu rosto, o enxugo e sento no chão, abraço minhas pernas e começo a chorar.
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