Amor Contratado escrita por Julia


Capítulo 9
Conhecendo a família - Final


Notas iniciais do capítulo

Trailer da fic: https://www.youtube.com/watch?v=OUF_8-4G6Ww

Alo alo pessoas lindas do meu coração!
Eu sei que vocês devem estar imaginando várias e criativas formas de me matar, mas devo dizer aos que não desistiram pela demora desse capítulo que realmente agradeço muito. Vocês são os melhores leitores que alguém poderia ter, sério.

Eu simplesmente vou dizer o que aconteceu comigo nesse tempo. Tive um bloqueio criativo horrivel e além da minha famosa preguiça que muitos aqui ja conhecem, desanimei muito para escrever qualquer coisa. O estresse com as minhas notas na escola não ajudaram, mas pensei muito na carudagem que seria se eu abandonasse a fic por pura preguiça E EU ME RECUSO A COLOCAR UMA HISTÓRIA EM HIATUS!

Por fim, depois de receber uma MP maravilhosa da Foster [aka intimação] e outros incentivos lindos pelo twitter [aka ameaças] me animei o suficiente para voltar a escrever. Por favor, não se sintam timidos em me ameaçar por mensagem privada, eu adoro! Hahaha

E adivinhem só? MINHA GIRAFA, CHUCHU, AMORZAU FEZ UM TRAILER PARA A FANFIC! AHHHHHHH TA MARAVILHOSO! [e quem disser o contrário eu vou até a casa de noite pra puxar o pé viu]

Aproveitem, então! [e me perdoem tanto pela demora, quanto pelo capitulo. Prometo que a história vai melhorar já que eles vão para a faculdade e vão acontecer algumas surpresinhas]



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Tudo se tornou o caos dentro da minha mente.

Não foi um apagão completo de susto e emoção como contam nos livros, em que você esquece do mundo a sua volta e tudo vira purpurina com unicórnios multicoloridos.

Foi o armagedom em menor escala, com direito a sirenes de alerta ecoando, hormônios indo ao grau de perigo, órgãos internos se contorcendo em ansiedade e o coração -aquele maldito- dançando contra o peito e ameaçando gritar para o mundo que eu estava ferrada a partir do momento em que Finnigan me beijou.

Como se eu já não soubesse daquilo, o que me fez perceber toda a situação em que me encontrava foram os gritos de incentivo dos tios de Kyle, que pareciam bem felizes, erguendo as garrafas de cerveja em comemoração. O arquejo de surpresa de Pam e Matthew também ajudou em alguma coisa.

Pelo menos eu tinha esquecido dos palavrões.

Da minha parte, eu estava bem em me afastar naquele momento, obrigada. Já havia tido vergonha para todas as gerações futuras e só queria fugir para algum lugar escuro o bastante em que ninguém visse a vermelhidão no meu rosto. No entanto, Finnigan não pareceu concordar comigo.

Ao invés de me afastar com um terror absoluto na face e murmurar mil desculpas envergonhadas, como era esperado; na hora em que sentiu minhas mãos prontas para empurra-lo para longe -foi preciso um pouco de esforço para fazer isso, eu admito- Kyle separou nossos lábios e seus olhos encontraram os meus, fazendo uma pergunta silenciosa sobre o porquê de eu estar tentando parar aquele beijo.

Para minha surpresa, agarrando meus punhos com toda a facilidade e agilidade do mundo, ele me puxou ainda mais para perto e me apertou contra seu peito.

__Você fica aqui, Heed – Sua voz rouca e autoritária, de hálito quente, bateu contra meu rosto.

Ao ver meus olhos arregalados em choque, abriu um sorriso e uma mão se espalmou contra minha bochecha, descendo para a nuca.

Bem, eu deveria estar enganada, porque vi algo em seus olhos que beiravam a diversão com minha expressão perdida.

E aqui vai um adendo para a posterioridade: Foi Kyle Finnigan quem quis continuar.

Quem sou eu para negar isso? Simplesmente acompanhei o teatro que ele deveria estar fazendo para mostrar a família que não era nem um pouco gay. Se me permite dizer, com aquela pegada, iria com ele até o inferno de bom grado.

Então, não me culpe se a primeira coisa que senti quando sai daquela nuvem de torpor, foi o cheiro de baunilha e almíscar de seu corpo. Eu sei, nada convencional, mas acredite quando eu digo que era uma das melhores coisas que tinha sentido durante a vida.

Já a segunda coisa foram os seus lábios quentes esmagando os meus. Bem, tudo estava mais quente que meu corpo naquele momento, mas podia apostar com todas as forças que aquele beijo possessivo sempre seria daquele jeito.

E a terceira coisa – que, juro, estava me fazendo esquecer meu próprio nome - eram suas mãos em minha cintura. Ele podia quebra-la em segundos com aquelas mãos enormes (ok, talvez não) porém, seus dedos apenas afundavam de leve em minha pele, tentando controlar o aperto.

Quando puxei seu cabelo, perto da nuca na intenção de aprofundar o beijo, senti um rosnado rouco e primitivo sair da garganta de Kyle e todo o seu peitoral sem camisa ser prensado sobre o meu corpo com mais força.

Para um cara inocente, Finnigan sabia como beijar uma garota.

Um pigarro sem graça ao nosso lado aparentemente nos acordou daquele momento estranho - e maravilhoso- em que estávamos e nos separamos ofegantes, as bochechas dele coradas como eu nunca tinha visto.

Já seus olhos estavam bem diferentes. Com um brilho quase animalesco. Predador.

__Bem... Isso foi... Quero dizer... - Pam limpou a garganta constrangida e tive a vontade absurda de enfiar minha cabeça em um buraco qualquer - Kate querida, fico feliz que esteja... hã, bem. Desculpe por Matthew, de verdade. Achei que ele estivesse gostando de você.

Abri um sorriso sem graça e murmurei um "não tem problema" para o nada. Kyle estava tenso e imóvel ao meu lado, seus olhos congelados não me olhando por um segundo sequer.

Ótimo, eu tinha estragado tudo. Todo o progresso que estávamos tendo tinha sido destruído e Finnigan voltado a ser o cara envergonhado que sempre foi.

Eu sabia que tinha que fazer alguma coisa e a única saída agora era força-lo a ser o bad boy que ele devia ser diante da família.

Respirei fundo, tentando tirar da mente a incrível sensação dos seus lábios sobre os meus e suas mãos possessivas sobre a minha cintura. Abri um falso sorriso envergonhado, exalando toda a meiguice que possuía pelos poros. Comportada. Sem palavrões. Delicada. Feminina.

Ok, você consegue Kate.

__Desculpe por isso Pam. Quando eu fico um pouco nervosa com alguma coisa, como foi o caso da brincadeira de Matthew, Kyle costuma me acalmar, não é amor?

Aquela era, provavelmente, a pior desculpa do século. Mas estava difícil pensar em alguma coisa quando sua mente está se recuperando de um beijo como o de minutos atrás.

Meus braços se enroscaram em sua cintura e todo o corpo do meu falso namorado retesou, me fazendo temer pela sua reação. No fim, Finnigan passou um braço pelos meus ombros e sorriu, tentando não parecer tão envergonhado quanto estava no momento.

__É claro amor. Desculpe mãe, não queríamos fazer isso hã... aqui, mas Kate fica realmente nervosa com essas coisas e esse é o único jeito de acalma-la.

Se Kyle não trabalhasse naquela advocacia sem graça, eu poderia jurar que ele seria ator. Qualquer um que olhasse de fora, veria claramente o oposto da verdade. O namorado forte e protetor acolhia a namorada, que estava tímida pelo “flagra” e se aconchegava delicadamente sobre o peito dele em busca de um esconderijo.

Eca. Eu vomitaria.

__Ah, não se preocupe! – Ela fez um gesto com a mão, o sorriso estampado no rosto apesar de suas bochechas ainda estarem um pouco vermelhas – Eu não me importo, apenas fiquei um pouco surpresa. Já faz tempo que Kyle demonstra algum afeto com as suas namoradas em público.

Senti o homem ao meu lado soltar um resmungo com a declaração da mãe.

__Bem, vocês devem estar com fome depois dessa confusão toda. Sim, sim, vamos lá para dentro. Vou mandar prepararem um banho para você querida.

Ela me deu tapinhas confortadores no ombro molhado e nos guiou em direção ao interior da casa, como se nada tivesse acontecido. Ainda podíamos ouvir algumas risadas dos tios de Kyle as nossas costas.

__Eu disse que o garoto era hétero! – Um dos homens falou enquanto entravamos na luxuosa sala novamente.

__Pare de mentir George, você sempre disse que ele ia acabar trazendo um cara para apresentar a família.

George tossiu e se ajeitou na cadeira parecendo sem graça.

__Bem, sabemos agora que isso não é verdade, certo?

Olhei para Kyle, que ostentava um sorriso tímido em um dos cantos dos lábios. Estávamos aos poucos conseguindo melhorar sua reputação, mesmo que sem perceber.

Falem sério, eu era demais.

[...]

Depois que Pam nos deixou na sala de estar alegando que procuraria Matthew pela casa e daria um belo sermão nele, saindo corredor afora com as mãos na cintura e sua melhor expressão raivosa, Finnigan olhou para mim e avermelhou fortemente outra vez.

Eu deveria calar a boca e esquecer o assunto pois o homem a minha frente poderia explodir a qualquer momento de pura vergonha e pressiona-lo não ajudaria em nada. Mas eu era Katherine Heed e infelizmente, pensamentos sensatos não estavam na minha lista de prioridades.

Tossi sem graça e ele pareceu se encolher, já prevendo que eu falaria alguma coisa.

__Você.... Por que não parou quando eu tentei te empurrar?

Kyle me fitou intensamente, provavelmente desejando que eu tivesse sofrido uma amnésia repentina.

__Eu não sei, tudo bem? Simplesmente não parecia...

Parou de falar de repente, se repreendendo por qualquer coisa que sairia de sua boca. Dei um passo em sua direção com a sobrancelha arqueada, o incentivando a continuar.

__Não parecia o que?

Ele revirou os olhos e me encarou irritado por obriga-lo a fazer aquilo.

__Simplesmente não parecia certo parar, Katherine.

O lugar ficou em silêncio. Kyle parecia um garotinho emburrado, como se a culpa por ele estar com o rosto vermelho de vergonha outra vez fosse minha.

Bem, talvez fosse mesmo.

Eu iria dizer alguma coisa irônica. Ou debochada. Ou até mesmo consoladora, no entanto, não pude falar nada antes de soltar um espirro alto e acabar com o clima. Totalmente.

Droga de pegadinha.

Kyle deu um passo em minha direção, porém ouvimos um grito familiar e ambos olhamos assustados para o corredor, de onde o barulho tinha vindo.

Cada vez mais perto, uma sombra pequenininha tomava forma e de lá saiu correndo em nossa direção um anãozinho esbaforido, de olhos arregalados e sorriso sacana no rosto. Ouvi um rosnado esquisito de Kyle ao meu lado e no momento em que o capetinha passava por nossas pernas indo buscar abrigo dos sermões de Pam, Finnigan o parou.

Bem, parou foi um termo delicado já que ele agarrou a gola do menor como se estivesse segurando uma boneca de pano e o levantou até a altura de seu rosto.

Fiquei preocupada por um momento que estivesse o sufocando, mas percebi que de alguma forma ele conseguia não machuca-lo.

__Me solta droga! - Matthew balançou os pezinhos em busca de liberdade, mas tudo o que recebeu foi um olhar estreito do irmão.

__O que mamãe disse sobre palavrões Matt?

A criança bufou inconformada com a força de Hulk do mais velho e desistiu de lutar, cruzando os braços em uma pose que -acho- era para ser intimidante.

__Que eram uma coisa feia de se falar - Rolou os olhos e recebeu mais um olhar mortal - Você sabe que ela vai me matar se me achar Kyle! Por que 'ta me prendendo aqui?

Uma risada irônica saiu dos lábios dele em resposta.

__Ah, e você ainda pergunta Matthew Finnigan?! - Até mesmo eu me encolhi com aquele tom de voz reprovador e másculo que reverberou pela sala - O que me diz do fato de jogar um balde de água gelada na cabeça da minha namorada? Alguma lembrança sobre isso?

Os olhos do pequenino avaliaram o irmão, curiosos e surpresos antes que ele respondesse.

__Bem, acho que eu lembro um pouco disso. - Ele deu aquela risada de criança travessa - Foi engraçado, fala sério Kyle. A cara que a chiclete fez foi demais!

O olhei indignada. Simplesmente odiava piadinhas sobre meu cabelo e chama-lo de chiclete eram uma das mais frequentes.

__Chiclete? Sério?

Matthew me mandou um falso olhar de surpresa, como se só tivesse notado minha presença naquele momento, antes de dar de ombros pouco preocupado com meu rosto furioso.

__Seu cabelo é da cor de um chiclete mastigado, então...

Senti vontade de matar o garoto por um segundo. Eu estava tremendo dos pés à cabeça por causa daquele balde de água gelada e Kyle nem ousava olhar nos meus olhos direito pelo que tinha acontecido depois daquilo – o que era realmente uma droga.

__Matt já chega - Finnigan o colocou no chão e o pequeno ajeitou a roupa, cheio de marra.

__Fica esperto pirralho. Isso vai ter volta - Apontei dois dedos para meus olhos e depois em sua direção em um sinal de ameaça e ele torceu o nariz em resposta, mas pude ver aquele sorriso de canto brincando em seus lábios.

__Estou esperando pra ver baixinha - Matthew saiu correndo antes que eu pudesse protestar e meu grito indignado ficou preso na garganta enquanto Kyle ria da minha cara.

__Baixinha?! Do que ele está falando? Ele é muito menor que eu!

Finnigan deu uma risada e colocou a mão sobre minha cabeça, se aproximando e me fazendo encarar seu peito. Bufei inconformada com a altura daquele brutamontes.

___Disso eu não posso discordar, Heed. Desculpe. Seus 1,50 tornam isso impossível para mim.

Afastei sua mão com um tapa, meus olhos cerrados em raiva e ele riu novamente.

___Muito engraçado Finnigan. Nossa, meu estômago até está doendo de tanto rir, verdade. Agora sai da minha frente.

Comecei a marchar até meu quarto o mais rápido possível, tentando controlar o som que meus dentes faziam ao bater um no outro pelo frio. No entanto, antes que eu sumisse da vista de Kyle, senti um puxão em meu cotovelo e meu corpo virou automaticamente na direção oposta da que eu queria.

___Aonde pensa que vai? – Conseguia ver sua expressão confusa no rosto bonito.

Arqueei a sobrancelha, irônica.

__Por quê? Quer ir junto?

Ele afrouxou o aperto parecendo abalado, provavelmente se lembrando da cena de um tempo atrás, de sua atitude diante do beijo. Seus lábios se tornaram uma linha fina de irritação com a minha infantilidade.

___Você está tremendo feito uma louca Heed, tem que tomar um banho antes que fique doente.

Sua voz preocupada me deixou surpresa por um momento.

__Nossa, realmente, você deve ter sido um gênio para notar isso. Fico emocionada Finnigan. Obrigada.

__Se já sabe disso, por que está indo pelo lado errado?

Minhas bochechas esquentaram quando percebi que iria pelo corredor errado e Kyle riu do meu rosto vermelho.

__Olha, não sei por que está irritada comigo, mas... – Ele franziu a testa e engoliu em seco – Na verdade, acho que sei sim. Eu não deveria tê-la beijado tão de repente. Deve ter sido bastante constrangedor para você encarar minha mãe. Desculpe por aquilo, de verdade.

Ah, como eu odiava isso! Ali estava um ser maravilhoso, se desculpando por algo que não necessitava de desculpas, tentando me confortar e achando que tinha me ofendido ou alguma merda assim.

Ri indignada com a inocência daquele homem. Como alguém tinha a coragem de dar as costas para um cara como ele?

Mackenzie era uma otária de marca maior.

__Não, está tudo bem – Suspirei conformada de que nunca conseguiria sentir raiva de Kyle por muito tempo – Você não me insultou nem nada do tipo. Eu também tenho uma parcela de culpa nessa coisa toda.

Ele – finalmente- ergueu aqueles olhos castanhos derretidos na minha direção, surpresos com o meu tom de voz manso e quase cansado. Sua expressão se tornou séria quando levou uma das mãos até minha testa checando minha temperatura.

__Você realmente precisa de um banho Katherine. Vai ficar doente molhada desse jeito.

__Eu 'to legal. Depois de tanto tempo já nem adianta mais– Sorri sem graça e apontei para minhas roupas, que já estavam quase secas.

Ele bufou inconformado.

__Pode parar de ser teimosa por um minuto Heed? Está se desculpando comigo e isso não é normal – Olhou para minhas mãos que tremiam de forma involuntária e sorriu um pouco – Não precisa ser durona sempre, sabia disso?

Apertei os lábios em resposta e ele rolou os olhos.

__Nunca faz o que eu digo –Deu um passo em minha direção, com aquele sorriso perigoso nascendo em seu rosto – Sempre irritante.

__K-Kyle, o que você está fazendo? – Enquanto ele se aproximava, minhas mãos se ergueram e eu me afastava cada vez mais, olhando para os lados em busca de uma fuga mesmo não sabendo porque precisaria de uma.

Seu sorriso se alargou ainda mais e eu sabia que estava diante daquele Kyle Finnigan com atitude novamente. Urgh! Que droga!

Em um impulso e com a mentalidade de uma criança de cinco anos, sai correndo por um dos corredores em busca de refúgio e ouvi a gargalhada do meu falso namorado atrás de mim. Eu estava correndo por sobrevivência e sanidade caso queiram saber; lidar com aquela parte desconhecida de Kyle era como tentar desarmar uma bomba relógio.

Correr deixava meu corpo mais frio do que já estava. Apesar disso, parei de ligar para esse fato assim que percebi que quanto mais eu corria, mais meu sorriso se alargava sem saber o porquê de estar fugindo de um cara com quase o dobro do meu tamanho e 27 anos na cara.

Infelizmente, no meio do caminho, meu tornozelo se enroscou em alguma coisa e cai como um saco de batatas no chão.

__Puta merda! – Tentei me levantar novamente, segurando o cotovelo ralado no processo e mãozinhas pequenas me puxaram para o lado, me fazendo cair sentada novamente atrás de uma prateleira que não tinha notado antes – Mas que drog...

__Fica quieta chiclete! – Olhei para a pessoa ao meu lado, encolhida e observando algum movimento suspeito a frente.

__Matthew?

__Não, Beyonce. Ei, seu cabelo ainda está pingando. – Ele me olhou curioso e franziu as sobrancelhas do mesmo jeito que o irmão fazia – Porque está correndo como uma retardada pelo corredor?

Pisquei algumas vez antes de dar um peteleco em sua testa e receber um olhar feio como resposta.

__Retardada é a sua tia garoto. E meu cabelo é culpa sua, se não percebeu – Ele ignorou o que eu estava dizendo e me olhou esperando que eu respondesse a pergunta - Não te interessa pirralho. Eu estava correndo porque quis.

__Aham. Claro.

Me enviou um olhar atravessado de quem não acreditava em uma palavra e se virou novamente para frente.

__Mas e ai? Já sabe qual sua próxima pegadinha comigo? – Juntei os joelhos sobre o tronco e encarei o que quer que seja que ele estivesse vigiando.

Ouvi uma risada irônica.

__Como se eu fosse te falar.

__Eu poderia te ajudar se você me dissesse.

__Você tem problemas sérios garota.

__Obrigada. Mas estou falando a verdade! Se a sua pegadinha for boa o suficiente, eu posso ajudar a pratica-la.

Ele me olhou descrente.

__Praticar em você mesma? Até parece!

__É claro que não em mim, gênio! – Revirei os olhos e sorri – Vamos fazer isso com Kyle.

Seus olhos castanhos se arregalaram e depois me analisaram desconfiados, um sorriso quase amigo surgindo em seu rosto.

__E por que faria isso com seu namorado?

__Ah, fala sério! Já viu como Finnigan fica quando está irritado? É hilário!

Vi Matthew se preparar para dizer alguma coisa, mas quando olhou para trás, seus olhos se arregalaram minimamente e fiquei tentada a perguntar qual era o problema antes de sentir um sopro na nuca, seguido de uma voz rouca e provocativa.

__Achei você.

Jesus. Um arrepio passou pela minha coluna no mesmo instante.

Com o susto que levei fui impedida de gritar e senti mãos fortes segurarem minha cintura, jogando meu corpo com facilidade em cima de um ombro largo.

Grunhi irritada e comecei a me contorcer nos braços do meu sequestrador (a.k.a falso namorado).

__KYLE FINNIGAN! A MENOS QUE VOCÊ NÃO QUEIRA MAIS TER FILHOS, ACHO BOM VOCÊ ME POR NO CHÃO AGORA!

Eu me debatia cada vez mais e dava socos em suas costas, mas tudo o que aquele Hulk branco maldito fazia era gargalhar da minha sofridão.

__Desculpe por isso Matthew – Ele disse, ignorando totalmente meus berros - Vou ter que pega-la emprestado por um momento. Essa garota teimosa quer ficar doente, pelo que me parece.

__Você está falando sério?! – Rugi furiosa, tentando erguer minha cabeça e falhando miseravelmente – EU NÃO TENHO MAIS CINCO ANOS!

Tudo bem, a atitude de correr de Kyle como se ele fosse um monstro do pântano não foi a coisa mais madura que eu já tinha feito. Mas vamos ignorar isso.

__Sem problemas. Estava atrapalhando. Tire ela daqui antes que a mamãe ouça os gritos escandalosos.

Abri a boca chocada com aquela declaração.

Kyle gargalhou e se virou, me carregando até o corredor oposto enquanto eu berrava ofendida e apontava acusadoramente para Matthew.

__Seu traidor! Seu sem sentimentos! Vai ter volta pivete! EU VOU ME VINGAR!

Ele me deu um tchauzinho enquanto sorria.

__FINNIGAN! ANTES VOCÊ NÃO QUERIA NEM OLHAR NA MINHA CARA E AGORA JÁ ESTÁ OLHANDO PARA A MINHA BUNDA?! ME SOLTA PORRA!

__Fique quieta Heed – Ele apertou mais o braço ao redor da minha cintura, chacoalhando todo o meu corpo e resolvi calar a boca, soltando um resmungo irritado e cruzando os braços.

Alguns fios de cabelo na boca depois e minhas cordas vocais irritadas, Kyle me largou na cama do “nosso” quarto sem nenhuma delicadeza.

É, acho ele ficou bravo com meus chutes.

__Katherine, vá. Não me faça te jogar na água fria.

__Uau, dá para ver como você se preocupa com a minha saúde.

Ele fechou os olhos, tentando controlar a raiva e percebi era hora de me levantar, procurar toalha e roupas limpas antes que o homem a minha frente virasse um Hulk de verdade.

__Tudo bem. Entendi. Não se preocupe, já estou indo, não precisa dar um piti Kylezinho do meu coração.

Com um olhar ameaçador em minha direção, fechei a porta ostentando um sorriso irônico nos lábios.

Eu sei, eu sei. Era perigoso brincar com esse Kyle cheio de marra e testosterona, mas... fazer o que?

Eu adorava vê-lo irritado!

[...]

Depois daquele beijo, ficou insuportável para nós dois continuarmos mais uma semana naquela casa sem que cada membro da família nos perguntasse a cada segundo sobre o namoro e qual seria a data do casamento. Assim, decidimos encurtar a viagem alegando que teríamos que voltar mais cedo por conta do início das aulas na faculdade. Não era exatamente uma mentira já que elas começariam dali a duas semanas, então conseguimos não nos sentir tão culpados ao ver o rosto triste de Pam com a notícia.

Pelo menos era oficial: A família Finnigan me adorava.

Quero dizer, boa parte dela pelo menos. Não era para eu ter ficado tão entusiasmada com esse fato mas, é, eu fiquei. A tia gorda e Matthew não estavam incluídos, mas fora isso todos pareciam felizes pela minha presença ali – vamos combinar, achavam que ele traria um cara para aquela casa- e sua prima maluca tinha resolvido que seriamos melhores amigas para sempre.

No entanto, era difícil para mim ter melhores amigas que pareciam patricinhas ricas e suspeitosamente atiradas sobre primos alheios.

Ok, sei o que você pensou agora, mas não é verdade. Eu não estava irritada com a relação incrível dos dois e de como eles ficavam bem juntos. Muito menos pelo fato de que Kyle parecia tão a vontade perto dela sem ter que esconder quem realmente é.

É sério! Não estava!

__Kate, não acredito que vocês vão embora amanhã! – A garota se pendurou em mim e fez uma cara triste – Você é a única namorada de Kyle que eu já gostei.

Tentei dar um sorriso genuíno e afastar seus braços do meu pescoço ao mesmo tempo.

__Obrigada Ashley, fico feliz em ouvir isso.

__Cuide bem dele ok? – Ela olhou em meus olhos e assumiu uma expressão um tanto mais séria – Meu primo não é alguém com quem você possa brincar. Ele se apega muito fácil as pessoas que conhece e eu não vou deixar ninguém magoa-lo.

Olhei para ela sem saber o que dizer, abrindo a boca várias vezes em busca de uma resposta. Naquele mesmo instante vi Finnigan tentando escapar do círculo que seus tios tinham feito ao seu redor, curiosos por informações sobre nosso namoro.

Seus olhos castanhos encontraram os meus e ele fez uma careta exagerada de socorro. Eu ri e respondi com outra do tipo “não posso fazer nada, desculpe”. Ele abriu um sorriso maravilhoso e pôs a mão no peito com uma expressão fingida de traição.

Rolei os olhos, sorrindo com a idiotice.

__Bem, - Levei um susto com a voz ao meu lado e vi que Ashley tinha uma expressão feliz no rosto – acho que não preciso me preocupar muito com meu primo. Parece que ele está em boas mãos dessa vez.

Fiz uma cara confusa e ela riu.

__Sabe Kate, acho que nunca vi Kyle ser tão ele mesmo como quando está com você.

Espera.

Hã?

__Engraçado. Eu iria dizer a mesma coisa para você.

Ela entortou a cabeça com a minha confissão e logo depois começou a gargalhar.

Meu rosto com certeza ficou vermelho de vergonha. Não sabia quando eu tinha ficado tão idiota, mas aquelas palavras simplesmente saíram da minha boca. Oras, eu não podia acreditar que ela estava falando sobre Finnigan ser ele mesmo perto de mim. Eu o fazia fingir que era um bad boy cheio de atitude e essa não era sua verdadeira natureza.

Eu era só uma falsa namorada, afinal.

Mesmo que tenha sido Kyle quem havia pedido por aquilo, não conseguia entender o que Ashley estava dizendo.

__É por isso que eu adoro você Katherine Heed. Acha mesmo que meu primo está totalmente feliz com a gente? Nossa família tem muitos defeitos e mesmo que ele diga que aceita o fato de todos ficarem julgando seu caráter ingênuo pelas costas, eu sei que isso machuca. É sua personalidade, sabe? Se importar mais com os outros do que com ele mesmo.

Ela suspirou e fiquei desconfortável com o clima que a conversa tinha criado. No entanto, resolvi continuar, já que a garota parecia estar desabafando um segredo terrível.

__Nem todos aqui são assim Ashley. Você é um exemplo disso.

Bem, olhe, não me pergunte por que eu estava consolando alguém. O fato é que eu sou uma droga com sentimentos – caso ainda não tenham notado – e aquilo estava vindo de algum lugar em meu interior que eu não conhecia.

O que esse Hulk estava fazendo comigo?

__Fico feliz que ache isso, mas não é verdade – Ela sorriu fraco – eu tento não julga-lo e no final acabo sendo como todos os outros. Não é fácil aceitar o jeito de uma pessoa, ainda mais de alguém como Kyle.

Eu entendia aquilo sem que ninguém me explicasse. Aquela família tinha moldado padrões, se deixando levar pela aparência e o que Finnigan deveria ser não era exatamente igual ao que era agora. Parecia absurdo, mas era uma realidade.

Ela me olhou com aqueles olhos azuis brilhantes.

__Já você, não esconde nada. Fala tudo o que precisa ser dito de frente e meu primo sabe disso Kate. Acho que Kyle está cansado de pessoas que falam pelas costas e eu entendo perfeitamente agora o porquê dele gostar tanto de você.

Antes que eu pudesse dizer algo e sair da sensação –incrivelmente boa- que aquelas palavras tinham me causado, senti braços rodeando minha cintura e um queixo encostando sobre a minha cabeça.

__Ash, pare de constranger minha namorada. Vi Kate atingir uns cinco tons de vermelho durante a conversa de vocês. Esse papel é meu não é mesmo, amor?

Ele riu perto do meu ouvido e beijou meu pescoço.

Não que eu pretendesse falar alguma coisa com Kyle me abraçando de um jeito possessivo e protetor. No entanto, eu não poderia fazer isso depois que senti aquele beijo quente sendo deixado em meu pescoço.

Na droga do meu pescoço.

Ah, não poderia mesmo.

Arregalei os olhos surpresa e afastei minha cabeça rapidamente, apenas não podendo fugir por causa de seus braços de aço sobre a minha cintura. Ele sorriu com a minha reação incomum e me puxou mais ainda para perto de seu peito.

__Desculpe priminho – Ela riu, bem consciente da cena que se desenrolava a sua frente – Conversas de mulher, sabe como é.

Kyle riu outra vez, parecendo ignorar meu corpo estático em seus braços.

__Sinceramente, eu preferiria ouvir essas conversas a ter que aguentar o tio George fazer mais uma de suas piadinhas sobre o meu namoro.

Ele bufou irritado e seu hálito quente bateu forte em minha nuca, me fazendo estremecer involuntariamente.

E é claro que Finnigan tinha que perceber e soltar uma risadinha sacana, apoiando seu queixo em minha cabeça novamente.

De verdade, eu já estava ficando inconformada com as sensações que aquele idiota ingenuamente carinhoso estavam me provocando e em um rompante consegui me livrar de seus braços, assustando os primos no processo.

__Eu...preciso cagar!

...

Ah sim, eu disse mesmo aquilo.

Kyle e Ashley arregalaram os olhos com a minha declaração e antes que alguém dissesse alguma coisa, sai da sala em passos rápidos indo para um corredor qualquer e evitando olhar para algo que não fossem meus sapatos.

Que se dane a garota meiga! Eu tinha problemas maiores para resolver.

Andei afobada, procurando o lugar mais afastado dali – provavelmente não adiantaria de nada já que Finnigan conhecia cada canto do lugar – e me deparei com uma pequena escada que levava para um dos vários quartos da casa. O espaço era aconchegante e encoberto pelo escuro; parecia perfeito para descansar e pensar no que fazer com todas as informações que eu havia recebido até agora.

Me sentei exausta em um degrau e fechei os olhos, refletindo sobre a conversa com Ashley. Kyle Finnigan estava melhor comigo? Era engraçado pensar nisso. Sempre fui a que acabava com relacionamentos e amizades.

Bem, não poderiam me culpar por ter essa personalidade tão... adorável.

__Ouvi sua conversa com a Ash.

Estava tão perdida nas palavras da loira que me assustei com a voz que surgiu as minhas costas e nem precisei me virar, pois o garotinho já estava se sentando ao meu lado.

__Matthew? O que você...?

Eu estava pronta para perguntar se ele estava me seguindo ou brotado dos confins, até processar o que ele tinha dito e engasgar com a saliva.

__Q-Quanto você ouviu?

__Tudo. Eu estava indo preparar as coisas para uma outra pegadinha com você e ouvi ela falando sobre o meu irmão.

Ele não me olhava nos olhos, tinha uma espécie de caneta nas mãos e mexia naquilo tentando não ficar sem graça com a conversa. Soltei um suspiro cansado e me recostei na madeira. O que eu falaria agora?

__Sobre o que a Ash disse... Sabe, sobre Kyle não gostar de ficar nessa casa...

Ao ouvir sua voz hesitante, abri os olhos outra vez e me deparei com uma criança de seis anos assustada. Rolei os olhos e baguncei seu cabelo, sorrindo de canto.

__Por que esse drama pirralho? Até parece que você não conhece o Finnigan. Eu realmente não entendo já que você é um chato malcriado mas, ele nunca iria deixar de ficar com você ou não gostar de te ter por perto só por causa dessas idiotices.

Matthew me olhou de canto.

__Você é bem diferente das garotas que eu já conheci.

__Obrigada.

__Não foi um elogio.

Fiz uma careta indignada e ele riu. Suas mãozinhas estenderam a caneta que segurava até agora, em minha direção.

__O que é isso? – Perguntei enquanto a examinava de vários ângulos.

Suas bochechas coraram e seu olhar se fixou no chão. Arqueei a sobrancelha e o empurrei de leve com o ombro, o incentivando a falar.

__É uma caneta permanente. Eu iria desenhar no seu rosto enquanto você dormia.

Soltei uma gargalhada e ele ficou ainda mais vermelho.

__É bem simples, mas um bom plano pirralho. Porque está me contando isso?

__Você disse que... que queria fazer com Kyle.

Pisquei algumas vezes, baguncei seu cabelo outra vez e passei meu braço pelo seu pescoço, abrindo um sorriso enorme.

__Então quer dizer que está do meu lado agora?

Ele me empurrou para longe, mas estava sorrindo também.

__Vai sonhando chiclete. Ainda não gosto de você.

Ouvimos passos na escada e ambos viramos, nos deparando com Kyle olhando curioso para nossos sorrisos.

__O que vocês estão fazendo ai? – Franziu as sobrancelhas e me olhou confuso, pedindo uma resposta.

__Nada não Finnigan – Me levantei, tirando a poeira da calça – Apenas conversando.

Ele estreitou os olhos e deu um sorriso desconfiado. Limpei a garganta e pensei em uma forma de colocar o pano em pratica.

__Você não está com sono amor? – Subi alguns degraus e me segurei em seu braço, sorrindo meigamente. Kyle me olhou, tentando definir qual era o meu problema mental.

__Sim, eu... estou com um pouco de sono, para falar a verdade.

__Acho melhor ir dormir logo, então. Mamãe não vai dar sossego pra vocês amanhã – Matthew subiu os mesmos degraus, ficando ao meu lado.

__Vocês estão me assustando. Sério. Tem certeza de que está tudo bem?

Soltei uma risada.

__É claro. Acho que o capetin... Matthew, está começando a gostar de mim. Até pediu para ajudar no dever de casa – Ergui a caneta bem na sua frente e senti o garoto segurar o riso.

__Jura? – Arregalou os olhos e sorri delicada outra vez. Oh, tão ingênuo! Que fofura – Isso é ótimo! Bem, eu vou indo primeiro ok?

Ele então, fez uma coisa que eu não esperava. Pôs as mãos uma em cada lado do meu rosto e me puxou para dar um beijo cálido em minha testa.

Enquanto eu ficava paralisada de surpresa, com os olhos arregalados, seu corpo forte já tinha sumido pelo corredor.

__Como eu odeio ver isso – Ouvi Matthew resmungar e acordei do meu transe, olhando com curiosidade para seu rosto entediado – Ele é diferente com você. Kyle nunca tinha muito interesse em defender as namoradas de qualquer pegadinha antes, mas hoje ele estava furioso comigo por causa do balde de água. Além de que, meu irmão não gosta de beijar ou abraçar em público. Bem, não gostava.

Tossi constrangida. Eu já tinha ouvido tantas vezes que Finnigan estava diferente naquele dia que quase acreditava ser por minha causa e não um fingimento para a família.

__E, hã... por que você odeia ver isso?

Ele resmungou outra vez e começou a subir as escadas, sem olhar para trás.

__Porque significa que eu não tenho outra escolha.

Comecei a segui-lo, indo em direção ao seu quarto para podermos armar a pegadinha e fazer um bigode no rosto perfeito do meu falso namorado.

Matthew olhou para a caneta que eu segurava, depois para meu rosto confuso e rolou os olhos, sorrindo feliz e verdadeiramente pela primeira vez.

__Vou ter que te aceitar na família, afinal.


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Notas finais do capítulo

GOSTARAM? ODIARAM? DEIXEM REVIEWS! [podem me esculachar também, eu deixo]

Sim, Matthew é o oficializador de namoros. Beijo para as recalcadas.

Esse cap não ficou um dos melhores, mas eu realmente estava na bad das escritoras (?)porém, estou muito animada pra escrever os próximos capitulos já que vai ter uma surpresinha! aushaushuash

Beijinhos!

PS:. Alguém viu o trailer? Socorrinho! Sempre sonhei em ter um e ta aí! auhsudhasdgha OBRIGADA GIRAFA! TE AMO VIU?