A testemunha- HIATUS escrita por Zia Jackson


Capítulo 37
Uma má notícia


Notas iniciais do capítulo

Oi. ~le desviando de facas, tiros e tomates podres~ Ok, dessa vez não tem como me defender :(.
Eu demorei, eu sei, e não posso colocar a culpa nos estudos ou na falta de tempo, afinal desde Maio existiram feriados normais, prolongados e até mesmo férias.
A questão aqui era o temido bloqueio criativo.
Em 17/08, a fic faz um ano e ao ver isso, eu meio que "saí" do bloqueio. Não que agora eu esteja criativa, mas isso me deu um safanão. Reli os reviews, senti na pele o que é pensar que uma fic está abandonada e não achei justo abandoná-la apenas por "luxo". Desse modo, voltei com um capítulo e a promessa de que NUNCA MAIS demorarei meses para postar.
Me perdoem :(



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A campainha soou pela casa. A pessoa que a tocava certamente deveria estar desesperada ,pois o barulho era constante e agitado. Diego, que estava passando pano no corredor (insistência de mamãe, é claro), largou o rodinho abruptamente e desceu até a porta de entrada. Mil coisas se passaram em minha cabeça, e nenhuma delas era positiva. Teriam os comparsas do chefe descoberto onde moro? Iriam me matar? Raptar alguém da minha família?

Estremecendo de medo, engatinhei até a ponta da escada para pode ter uma visão melhor do que estava acontecendo.

— Clara? — Ouvi a voz de meu irmão. — O que faz aqui?

— A Lisa está? — Indagou, colocando a cabeça para dentro de casa. — É caso de vida ou morte.

— Quebrou uma unha? — Zombou ele.

Mesmo de longe, percebi a urgência em seu olhar.

— Não é hora de brincadeiras, Diego. Alguém precisa muito de ajuda. — Disse minha amiga, exaltada.

— Entre, ela está no quarto dela.

Corri para meu quarto, tentando fingir que não ouvira a pergunta. Antes que pudesse arrumar uma posição mais natural, uma Clara ofegante entrou no cômodo.

— Oi, Clara. O que foi? — Indaguei calmamente.

— É a Daphne. — Ela disse, agarrando-me pelos ombros. — Venha comigo.

Se eu quisesse recusar sua proposta, sequer teria chance, já que minha amiga praticamente me arrastou escadas abaixo. Quando saímos de casa, ela agarrou meu pulso e não diminui o ritmo, me fazendo tropeçar e quase cair de cara no chão diversas vezes.

— Pode pelo menos me contar por que corremos tanto? — Indaguei.

— Certas imagens valem mais do que mil palavras.

Ainda sem entender nada, avistei a casa de Igor e sua irmã. Havia uma ambulância ao lado de fora, mas os funcionários estavam do lado de fora. Somente quando chegamos perto o suficiente eu entendi a gravidade da situação. Igor, o rapaz que me resgatara das torturas de seu pai, estava sentado no meio fio, com a cabeça entre as mãos.

— Igor. — Chamei-o. — O que houve?

Agachei-me ao seu lado, juntamente de Clara. Ele então afastou as mãos de sua cabeça, respirou profundamente e me encarou com os olhos vermelhos e cheios d’agua antes de dizer.

— É Daphne. — Disse, como se o nome queimasse sua boca. — Ela se foi.

Fiquei atônita. Igor continuava a chorar, soluçando baixinho e enterrando a cabeça no meio de suas pernas dobradas. Tinha a plena consciência de que Clara lamentava atrás de mim, mas era como se estivesse em um transe. Há alguns dias, Daphne era a garota que precisava de cuidados, que sofria com uma severa depressão. Mas agora, ela se foi, deixando um garoto devastado e que, além de ter que lidar com um pai criminoso, tem de lidar com a morte de sua irmã. Minha mente, curiosa como era, queria perguntar as causas da morte ou, mas algo dentro de mim me calou, permitindo-me de fazer a única coisa que não causaria ainda mais dor. E essa coisa era igual em todos os países, todos os idiomas e em todos os séculos desse antigo planeta. Essa coisa, meus amigos, era o abraço.

As lágrimas de Igor manchavam minha camiseta e, após um tempo, o peso de sua cabeça em meus ombros parecia me desequilibrar. Mas, se querem saber de uma coisa, esse era o menor dos problemas, essas eram coisas temporárias que não me afetavam em nada. Muito diferente da morte de alguém querido, de um irmão. Em questão de segundos, metade do condomínio tentava descobrir o que acontecera na casa enquanto a outra metade se aglomerava em frente à residência. Nenhuma daquelas pessoas fez algo útil, nenhuma foi desejar os pêsames para o garoto ou rezar por seu conforto. Estavam ocupadas demais cuidando da vida do outro, sendo curiosos ou fofocando teorias mentirosas.

Voltei para casa pouco depois de um policial chamar Igor para ter uma conversa “amistosa”, provavelmente tentaria achar algo que pudesse incriminar o garoto pela morte de sua irmã. Do fundo do meu coração, desejei que algo pudesse confortá-lo pelo menos um pouquinho.

A morte era malvada, pensei comigo mesma, e não sabia escolher as horas mais oportunas para exercer seu serviço sujo.

* * *

— Que coisa horrível. — Minha mãe disse se apoiando no balcão da pia. —O garoto não precisava de algo assim.

— Lucas, o filho do porteiro, me disse que ouviu dizerem por aí que foi suicídio. — Diego disse, fitando o chão. — Outros dizem que ele a envenenou para receber a herança de seu pai sozinho. Acredito mais na primeira.

— Ele tem nojo do que seu pai revelou ser, jamais desejaria o dinheiro. — Concluí, arrepiando-me com a lembrança de ser torturada por seu pai. — E jamais mataria ninguém, muito menos sua irmã.

— A garota era depressiva e, como você mesma me contou, já tentara se matar algumas vezes. — Meu pai disse, afagando minha cabeça. — De qualquer forma, esse garoto precisará ter muita força para superar e seguir a vida.

Todos os membros de minha família menearam a cabeça em concordância, ainda não acreditando na morte da garota.

— Acho que vou novamente até a casa. — Falei, levantando-me da cadeira. — Preciso ajudar e...

Meu pai colocou a mão sobre meu ombro, impedindo-me.

— Acredite em mim, querida, o que Igor menos precisa é de gente ao seu redor. Visite-o quando as coisas acalmarem.

— Mas não posso ficar aqui de braços cruzados!

— Pode, sim. Se quiser ajuda-lo, espere a poeira abaixar.

— Papai está certo. — Diego concordou.

Olhei para a janela da cozinha, mas o pôr do sol não me animara muito. Os últimos dias foram uma loucura: A fuga do assassino da prisão, o bilhete que dizia claramente saber de minha vida aqui no programa de proteção para testemunhas, a morte de Daphne... Tudo isso era muita informação, muita pressão para uma só cabeça.

Ainda pela janela, avistei Ian andando sozinho pela rua.

—Não irei fazer nada, só preciso conversar com uma pessoa.

—Desde que não seja Igor... — Minha mãe disse.

— Não é.

Disparei até a porta de entrada, a tempo de alcançar Ian.

— Lisa. — Cumprimentou ele. — Creio que também esteja em choque.

— Sim. — Disse eu. — Daphne era tão real aqui e, de repente, não é mais.

Ele meneou a cabeça.

— Igor estava arrasado quando fui à casa dele. — Ele disse. — Mas o entendo, afinal, se Clara morresse eu... Bom, não saberia agir.

—Digo o mesmo sobre Diego.

Naquele dia, não conversamos muito, mas foi o essencial. Antes de dormir, imagens de Daphne rodaram por minha mente.

Não parecia real.


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Notas finais do capítulo

Podem desabafar nos comentários, sobre qualquer coisa. Meu atraso, se o cap ficou ruim, se me desejam uma morte lenta e torturante pela demora... Enfim, pode falar tudo.
Bjus.



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