A testemunha- HIATUS escrita por Zia Jackson


Capítulo 35
Turn Down for What


Notas iniciais do capítulo

DUDA, A ÚNICA A COMENTAR NO CAP PASSADO.

Estou triste, só digo isso, a gente escreve com amor e carinho e recebe somente um review em troca.


Então,obrigada Duda, por não desistir da fic, dedico este cap para você *-*.



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Eu sabia que algo havia acontecido. Algo relacionado com o crime que testemunhei o crime quem e prendeu aqui, nesse condomínio.

– Senhorita Lisa, creio que já tenha decorado o que são adjuntos adnominais e adverbiais, já que parece estar viajando em outro planeta. – O professor disse.

– Eu já decorei, aliás, isso é matéria do ensino fundamental dois. - Rebati.

– Creio que esteja tentando ouvir a conversa de seus pais, mas considerando a distância entre a sala de estar e a cozinha, não ouvirá mais do que sussurros.

Afundei-me na cadeira. Eu só queria que meus pais me contassem o que estava acontecendo, estavam tão tensos nesses últimos dias.

– Agora vamos, faça o exercício do livro.

* * *

Assim que a aula acabou, subi para meu quarto. Havia recebido alguns livros, resultado das economias que meus pais faziam com o dinheiro que recebiam do governo. Abri um deles, minha leitura atual, e comecei a ler.

“Uma grande tristeza traz liberdade”, dizia a frase que mais gostei no capítulo inteiro, anotei-a no meu bloco de notas de frases bonitas. Queria que fosse verdade, que de alguma forma tudo o que passei me trouxesse liberdade.

Infelizmente, nada disso estava acontecendo. Após ser testemunha, fui jogada em um lugar estranho, após ser vítima, perdi a liberdade da mente, a paz de dormir uma noite inteira sem acordar berrando.

– Lisa? – Chamou Ian. Ele havia sumido por um longo tempo, sempre inventando desculpas para ficar pouco tempo comigo e com sua irmã. Tinha a sensação de que ele não queria ficar perto de mim, como se o que eu passei pudesse ser transmitido para mim. Mal sabia ele que tudo o que eu precisava era de apoio, pessoas amigas para me mostrarem que tudo está bem, que estou salva. – Posso entrar?

Fechei meu livro, colocando-o sobre a cama. Ele entrou no quarto, deixando a porta aberta. Carregava um livro em suas mãos, parecia ser de matemática.

– O que faz aqui? – Indaguei – Lembrou que eu existo?

– Desculpa, Liz. Eu estava muito ocupado por esses dias, você sabe.

– Sei, fazendo amizades com pessoas normais e saudáveis mentalmente. – Rebati.

– Liz, por favor... Não foi isso. Mas você não ficou sozinha, tinha seus pais, Clara.

– Igor. – Falei. E era verdade, o garoto vinha me ajudando bastante, embora quase sempre estivesse tomando conta de Dafne.

– Claro, não posso esquecer-me dele.

– Como vai a Bárbara? – Perguntei.

– Bem, realmente bem. Ela queria te ver, conversar com você. Até hoje sequer falarem oi uma para a outra.

– Deve ser porque eu nem saio de casa, e ela não sai da sua casa. Fica difícil conversar desse jeito.

– Então por que perguntou dela?

– Por nada, Clara pediu que eu perguntasse, disse que faria com que eu parecesse educada e benevolente.

– Minha irmã estava certa.

– É. Mas ela sequer demonstra respeito pela outra garota, portanto não acho que seja uma fonte de bom exemplo.

– Não entendo porque, Bárbara é tão boa e legal com ela.

Revirei os olhos.

– Ela me parece ser uma santinha do pau oco, se quer saber. – Falei.

Ele pareceu se zangar, mas apenas colocou o livro sobre a escrivaninha, ao lado de diversas pomadas e remédios que eu usava para me recuperar da época em cativeiro.

– Bom, quem te enviou esse livro foi Bárbara, então ela não é uma santa do pau oco.

– Continua parecendo se uma.

Ele bufou, como a mãe que discute com seu filho criança e acaba desistindo para não se estressar.

– Espero que faça bom uso do livro, o professor disse que seria bem útil.

– Que seja. – Falei.

Ele puxou a cadeira da escrivaninha e se sentou.

– Como você está, Liz?

– Um pouco melhor, eu acho. – Falei. – Mas acho que nunca serei como era antes, sabe, como eu era quando vivia do lado de fora desse lugar. Estou tão nostálgica, sabe? O tempo todo lembrando do passado, chorando e me irritando.

– Vai passar, é uma fase.

– Não é uma fase. Fase é a adolescência, a infância. Isso foi um evento histórico, algo que mudou-me e deixou marcas inapagáveis.

Ele pegou uma pomada na escrivaninha, rodando-a nas mãos.

– A vida é como uma embalagem de pomada, ás vezes é preciso carregar cicatrizes por fora e ter a cura por dentro.

– Isso foi uma tentativa de metáfora?

– Foi.

– Bom, deu errado.

Ele sorriu.

– Metáforas nunca foram meu ponto forte. Na verdade, acho que não tenho um ponto forte.

– Você tem muitos pontos fortes, só não os enxerga. É como um macarrão.

– Depois você reclama das minhas metáforas... – Sorriu. - Ambos devemos fazer um curso de metáforas com o Diego. Ele sabe filosofar.

– Não sabe não – Falei. - Ele é pior que eu.

– Nesse caso, estamos ferrados.

– Sem dúvidas.

Ele guardou a pomada.

– Mas leve a sério a coisa da pomada, um dia vai ser útil.

– Quem sabe em um stand-up de comédia...

Ele olhou no relógio, se assustou.

– Ai meu Deus, estou atrasado...

– Atrasado para o que? – Perguntei.

– Para uma coisa que prometi fazer.

– Nossa, esclareceu muito.

Ele se levantou da cadeira em um pulo, foi até a cama e me deu um abraço de leve.

– Se cuide. – Falou.

E então, partiu, deixando-me sozinha no quarto.

Ian.

Caramba, você não tem relógio. – Reclamou Bárbara. Estava vestindo uma saia rodada e sapatilhas beges. – Atrasou meia hora.

– Desculpe, estava na casa da Lisa.

– E como ela está? – Perguntou, preocupada.

– Do mesmo jeito, parece normal, mas não está.

– Coitada. – Lamentou ela.

– Ela vai superar, peço isso todos os dias. “Derrota após derrota até a vitória final”

Shakespeare? – Ela perguntou, referindo-se a quem tinha dito a frase que eu citei.

– Não. Che Guevara. Shakespeare diria isso com mais sentimentos, palavras belas.

Ela murchou o sorriso que carregava.

– Odeio quando erro.

– Errar é humano. – Disse eu.

– Errar na frente de um garoto é muito chato. Faz com que ele perca o interesse.

– Talvez sim,talvez não. Dependo do garoto.

– Você perdeu o interesse?

– Eu nunca estive interessado, Bárbara. Não sei aonde você quer chegar com esse assunto.

Ela me encarou, brava. Mas eu somente disse a verdade.


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Notas finais do capítulo

As duas frases em itálico esse cap foram tiradas de Livros ou personalidades famosas.




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