A testemunha- HIATUS escrita por Zia Jackson


Capítulo 3
A noticia


Notas iniciais do capítulo

Obrigada pelos reviews *-*



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Olho no relógio são oito e vinte da manhã.

Fecho o livro (do qual já li duzentas páginas das trezentas que tem) e vou para o banheiro de casa.

Ligo o chuveiro e me ensaboo, deixando a água fluir por meu corpo. As imagens de ontem ainda estão presas na memória, acho que nunca esquecerei. Ouço um barulho de passos, alguém gira a maçaneta da porta.

– Mãe! - Grito

– Sou eu - ela responde, do outro lado da porta

Respiro, aliviada

– Já acordou? - Eu pergunto

– Escutei o chuveiro ligado. Vim ver se está tudo bem

– Sim , está

Ela com certeza fez uma cara desconfiada

– Mesmo? - pergunta

– Sim.

– Certo. Vai querer um pão com ovo?

– Não estou com fome

Ela suspira e escuto passos, provavelmente de saída.

Passo o shampoo e o condicionador nos cabelos e depois os enxáguo.

Desligo o chuveiro, me seco e coloco o roupão.

– Bom dia filha. - Meu pai fala,passando por mim

– Bom dia

Entro no quarto e visto minha roupa : Calça jeans escuro, coturnos e moletom azul com capuz.

Penteio os cabelos e coloco o capuz. Saio do quarto e desço as escadas.

– O que é isso? - Minha mãe pergunta quando chego na cozinha, obviamente falando sobre o capuz.

– Segurança - respondo

– Ainda dá pra ver seu rosto - Ela fala - Então é inútil

Meu pai passa atrás de mim e abaixa o capuz, deixando a mostra o cabelo.

– Você fica ridícula com essas californianas azuis - Diego comenta

Meu pai lança um olhar reprovador para ele

– Sua irmã passou por muita coisa ontem. Deixe-a em paz - Ele diz

Meu irmão revira os olhos e morde seu pão.

Minutos depois, todos já estamos prontos para ir até a delegacia.

– Primeiro as girafas - Diego fala quando estamos na porta do carro

– Você é mais alto que eu, idiota.

– Mas eu sou divo

Dou uma risada falsa e entro no carro, colocando o cinto. O carro da policia vai atrás de nós.

Paramos em frente à delegacia. Um prédio cinzento e velho de três andares. Meu pai desliga o carro e descemos dele.

– Por aqui - Um policial nos indica

O seguimos delegacia adentro. Paramos no segundo andar, em uma porta que se lê : Delegado

– Bom dia , sou o delegado Roberto- Um homem diz, se levantando da cadeira. Ele é negro e tem cabelos pretos. Deve ter uns dois metros de altura ( sério) e anda como se tivesse uma arma incomodando no bumbum (talvez ele tenha). - Sente-se aqui, Lisa

Me espanto na parte que ele me chama pelo nome , mas ando até a cadeira preta de couro. Sento-me, ou melhor, me jogo nela.

– Tenha modos - Minha mãe sussurra em meu ouvido

Qual é o problema de ficar com as pernas abertas e com as costas quase no assento?

Me endireito

– Senhorita Lisa Palmer - ele faz uma pausa - Você viu muita coisa ontem, mas preciso que me conte tudo o que viu. O mínimo detalhe faz toda a diferença, certo?

– Certo - respondo

– Vou precisar de privacidade com a Srta. Palmer - ele diz - Podem nos dar licença?

Minha mãe balança a cabeça e sai da sala, meu irmão a segue e um dos policiais o acompanha.

– O senhor também - O delegado diz para meu pai

– Tá bom - ele sai da sala pisando forte

Eu teria rido da cena, se não estivesse apavorada.

– Parece nervosa - Roberto comenta

– Não costumo falar com delegados todos os dias. - falo

– Pense que eu sou o diretor da sua escola

– Nunca fui a diretoria por minha culpa

– Mas o crime não foi sua culpa.

Respiro

– Posso começar?

– Claro

– Então - ele começa, ligando um gravador de voz - conte-me tudo o que viu ontem

– Eu saí da casa da minha amiga e vi um grupo de jovens. Achei que fossem perigosos, e decidi virar no beco. O home discutia com a mulher e ... - Continuo contando cada detalhe, o homem fica cada vez mais preocupado.

– Só isso? - ele pergunta, depois que eu termino

– Sim.

– Não se lembra da aparência do criminoso?

– Não muito. Ele estava quase todo coberto

– Vou chamar o homem que faz os retratos falados, aguarde um minuto.

– O.K

Ele pega o telefone e chama um tal de Xavier , que minutos depois aparece na porta da sala com um lápis e um bloco de papéis.

– Conte -me como ele era - Xavier fala. O homem é careca e tem olhos cinzentos.

– Magro, mas musculoso. Não vi o cabelo, pois ele usava uma touca. Cerca de um metro e setenta e pele branca. Uma voz grave e olhos... - paro e tento me lembrar - Escuros, não lembro muito bem.

– Tatuagens, pierciengs?

– Não vi

Xavier faz uma cara de desapontado

– Mais ou menos assim? - ele pergunta, mostrando o desenho

– é. Exatamente assim

Ele olha para o delegado e eles tem uma conversa mental. Ambos franzem a sobrancelha.

–Cof cof - Tusso para chamar a atenção deles.

– Senhorita, chame seus pais.

Saio da sala e dou de cara com minha família

– Ele quer falar com vocês

Eles entram na sala, o delegado parece alarmado.

– Recebemos isso hoje de manhã. - Ele entrega um papel

Ele mostra meu perfil do facebook. Em grandes letras de computador, diz claramente.

– Toc toc. Estamos atrás da garota - Leio em voz alta

Minha Mãe desaba em lágrimas, meu pai tenta segurar mas fracassa. Até mesmo Diego abaixa a cabeça.

– Esses caras são perigosos - Roberto fala - Sabem tudo sobre ela. Cada foto postada, cada lugar que frequenta, cada amizade. - Ele faz uma pausa - Tudo o que faz parte da rotina.

Minha Mãe continua chorando

– Teresa, se acalme. - Meu pai fala, tentando parecer forte

– Não dá, Julio. Eles estão atras dela, da nossa menina - a voz dela soa fraca

Continuo calada, alarmada demais para falar qualquer coisa.

– O ideal - O delegado começa - Seria mudar toda a vida. Ir para um programa de proteção a testemunha. Só assim ela poderá viver em paz.

Meus pais se entreolham

– é totalmente seguro? - Pergunto, pela primeira vez

– Muito mais do que sua casa

Penso em toda minha vida. Não era das melhores, mas eu amava cada pedacinho. Mudar para esse lugar seria como apagar tudo da minha vida. Cada amigo, cada professor, cada vizinho.

– Não é uma opção, é o necessário - Roberto fala

Meu pai se aproxima dele

– Aceitamos

Eu poderia protestar, mas não vejo porquê. Se era para minha segurança, eu deveria ir.

Roberto faz uma cara animada

– Partirão essa noite.

– Já? - Diego pergunta

– Sim. Ou isso, ou sua irmã morre. - O delegado olha para mim - E vai ter que se disfarçar. Comece pintando seu cabelo, ficando mais neutra

– Certo- Falo, com certa raiva.

Deixamos a delegacia minutos depois.

– Temos muita coisa para empacotar - Minha mãe fala , deve ser sobre a mudança

Coloco os fones de ouvido e me distancio da realidade. Até ontem, eu era só Lisa Palmer, a menina adotada do cabelo pintado. Hoje, sou a testemunha de um crime, uma presa do assassino.

Quem sabe eu não sou a próxima vitima?


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Notas finais do capítulo

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