Se você visse a cara do porteiro quando chegamos...

– Que eu me lembro, convidei apenas os pais de vocês, irmãos Vieira.

– Pai e madrasta – Corrigiu Clara

Na porta da casa do porteiro, eu podia escutar a música clássica tocando sem parar.

– Eles não puderam vir,então aqui estamos. – Ian fala

– Essa menina – ele diz, apontando para Clara – Vai causar problemas.

– Eu mudei – ela fala, obviamente mentindo.

O homem revira os olhos e faz sinal para que entremos. A música clássica acaba e dá lugar para uma agitada do Bruno Mars, imediatamente me lembro de Marisa. Clara deixa a maionese nas mãos do homem.

O ambiente está lotado, mal consigo ver o branco das paredes. Uma grande mesa está lotada de comidas, ao seu lado, jovens, crianças, adultos e até uns idosos despejam comida nos pratos.

– Está abafado aqui – Comento

– Você não viu nada. – Clara fala

Um barulho ocorre no topo da escada, imediatamente olho e me espanto ao ver um garoto caído.

– AI MEU DEUS!- Grito

Quando estou prestes a correr, Ian segura meus ombros.

– É só o filho do porteiro. O garoto é meio dramático, vive fazendo isso.- Ele fala

Solto o ar que nem havia percebido que prendia. O garoto agora está em pé, rindo ao lado de outro. Sua pele cor de chocolate, seus cabelos pretos e o tipo atlético me fazem lembrar de um ex-namorado de Marisa.

– Olhando assim, nem parece que ele viu a namorada morrer. – Clara comenta, com tristeza.

Ninguém responde, mas fico pensando na dor que ele deve ter sentido. Como se nos notasse, o rapaz corre até nós.

– CLARA SUA DOIDA!

– Vejam se não é a Beyoncé. – Ela responde

O rapaz cai na gargalhada.

– Oi Ian- ele diz, acenando para Ian.

– Oi Lucas.

– Arrumou uma doida pra te namorar? – O tal Lucas pergunta

– Hm? – Pergunto

– Ela é uma amiga. – Ian responde – Testemunha de um crime, não é Lisa?

– Sim

– Nesse caso, bem-vinda – Lucas responde. Uma garota entra na casa e ele vai cumprimenta-la.

– Você chamou ele de Beyonce? – Indago

– Uma vez ele dançou Single Ladies – Ela diz, como se fosse uma explicação completa.

O resto da noite passou rápido. Nós três pegamos os pratos de comida e nos sentamos na grama da frente da casa do porteiro, ficamos conversando durante um tempão sobre tudo. Contamos experiências de vida, piadas e tudo o que você imaginar. Diversas vezes Ian passava os braços por meu pescoço, mas eu sempre dava um jeito de tira-la delicadamente.

Quando percebi, já estava na hora de voltar para casa.

– Ei, que tal passar em casa para ver um filme de terror? – Ian sugere

– Hoje? – indago

– Sim.

– Tá, nos encontramos lá em dez minutos.

Entro em casa, tomo banho e troco de roupa.

– Onde a senhora vai? – Minha mãe pergunta

– Na casa dos Viera.

– De novo? Você só fica em casa para comer!

Ela começa um sermão sobre o quanto eu não me importo com a família e bla bla bla. Imploro para ela deixar-me ir , ela acaba deixando.

Quando chego na casa dos irmãos, Ian coloca o filme “O exorcista” para nós vermos, ele se senta ao meu lado no enorme colchão de ar que está jogado na sala, Clara se senta do outro lado.

O filme mal começou e á estou com medo, esse filme vai ser muito longo...