Versos de Orgulho escrita por Lab Girl


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Aqui está o segundo capítulo! Muito obrigada pelos comentários elogiosos e pela calorosa recepção a mais um texto de minha autoria. Esta fic não será muito longa e eu espero alcançar meus objetivos dentro dos poucos capítulos que planejei: amadurecer e fortalecer a relação de Megavi. Espero também que vocês que estão acompanhando gostem até o fim. Boa leitura ;)



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Outra música tinha começado a tocar naquele clima ensurdecedor ao qual Davi não estava acostumado. Uma coisa eram os sambas na Gambiarra, outra era esse tipo de som alto demais em lugares fechados e cheios demais.

Ele não conseguia entender como tanta gente gostava daquilo. Entre elas, Megan. Seus olhos varriam freneticamente a multidão, tentando identificar a figura que procurava.

Não fazia nem dez minutos que estava ali dentro e já queria por tudo sair. Só mesmo Megan para fazê-lo passar por tal sacrifício. Bufando, ele foi empurrando o corpo entre o mar de gente, abrindo passagem, já que pedir licença ali era inútil - como as pessoas conversavam num lugar assim? Mas, olhando em redor, ele percebeu a besteira do pensamento. As pessoas não conversavam. Elas dançavam. Bebiam. Se agarravam. Como o casal que estava no início da pista de dança.

Davi já desviava o olhar do par quando algo o atingiu. Ele focou bem e precisou piscar algumas vezes antes de ter certeza.

Sentindo um empurrão de alguém passando ao lado, ele ignorou, andando com determinação para a pista. O coração batia num ritmo quase tão agitado quanto a batida eletrônica que vibrava em seus ouvidos.

“Já disse: no! Me solta!” a voz de Megan se fez ouvir acima da música assim que Davi parou a menos de dois passos de onde ela e um sujeito loiro estavam.

Apesar do protesto dela, o cara ainda a prendia pela cintura, as mãos cravadas possessivamente na carne feminina.

Pela primeira vez, Davi sentiu-se dominar por algo primitivo. Queimando por dentro, ele deu os últimos passos. E, sem prévio aviso, puxou com toda força um dos braços do sujeito.

O loiro virou-se, surpreendido. E o encarou por apenas dois segundos antes de ser atingido no maxilar.

“Davi?!” Megan gritou, completamente surpresa por vê-lo ali - muito mais do que pelo soco que tinha acabado de desferir no acompanhante dela.

“Vamo embora” ele disse apenas isso antes de tomá-la pela mão e arrastá-la para fora da pista enquanto algumas pessoas começavam a perceber que o sujeito caído no chão tinha acabado de levar um soco.

Davi queria sair dali o mais rápido possível, especialmente antes que algum segurança viesse tirar satisfações sobre o ocorrido. Sua raiva pelo que o sujeito estava fazendo com Megan antes que chegasse ainda era tão grande que sublimou até mesmo sua indignação com ela.

Hey, stop! Pare!”

Ele escutou a loira protestar, travando o passo no meio do caminho e puxando a mão para fora da sua.

“O que pensa que está fazendo, Megan?”

“O que você pensa que está fazendo?”

Ela o encarou em tom desafiador. As sobrancelhas franzidas, a expressão séria e nada contente.

Davi respirou fundo antes de responder. “Tô levando você pra casa.”

“E quem disse que eu quero ir?”

Davi fez uma expressão de fingido arrependimento. “Ah, me desculpe. Eu atrapalhei a sua diversão com o cara na pista?”

Megan apertou o maxilar antes de responder. “Eu estava me divertindo até vocês dois chegarem, you know?”

“Chama isso de se divertir? Você tá com a cabeça quente e ainda por cima bebeu. Nem louco vou deixar você aqui. Vambora” ele tentou pegá-la pela mão novamente, mas ela se esquivou, deixando-o frustrado.

“Eu não quero ir embora. Vai você porque eu fico.”

Ah, era assim? Ela fugia dele, fazia besteira e agora ainda queria dar as ordens?

Sentindo a paciência esvair-se, Davi fez algo que nunca pensou que faria antes. Ele pegou Megan pela cintura e a suspendeu, jogando a garota por cima do ombro.

HEY!” Ela protestou, batendo os punhos nas suas costas. “Me solte. NOW!

Davi nem se deu ao trabalho de responder. Ele só a colocou no chão quando pisaram no caminho da saída.

Megan ficou de pé, meio cambaleante, tirando o cabelo todo emaranhado do rosto vermelho.

“Eu não acredito…” ela recomeçou a protestar.

“Nem eu” ele disse, fazendo sinal com as mãos. “Cadê a comanda?”

Emburrada, Megan retirou o papel da bolsa a tiracolo e estregou a ele. Antes que ela pudesse pegar a carteira, Davi já estava passando ao caixa o dinheiro das bebidas que ela havia consumido.

Sem dizer nada, ele a puxou pela mão e foi andando para fora da boate. Para seu imenso alívio, a brisa noturna tocou seu rosto, amenizando um pouco do calor e diminuindo a sensação ensurdecedora causada pelo pouco tempo dentro do antro barulhento.

De repente, Megan travou o passo como antes. Davi soltou a mão dela, virando-se para encará-la.

A loirinha ergueu o queixo atrevido. “Eu não vou com você.”

“Pois é bom a senhorita saber que não tem outra opção.”

“Eu vim com o meu carro.”

“E está bêbada. Não vai dirigir.”

“Ah, qual é? Vai dar lição de moral agora? Fuck you!” ela cuspiu as palavras com uma raiva que ele não tinha visto nela até então.

Parecia outra a Megan que estava diante de seus olhos. O cabelo desalinhado, o rosto afogueado, nos olhos um brilho de desafio. E, ainda assim, absolutamente linda.

“Megan, vamos pra casa” ele tornou a dizer, pegando o braço dela.

“Me solta!” ela se afastou.

Davi a encarou com a mesma expressão - os dois se desafiavam agora. Nenhum deles querendo ceder um milímetro.

Ele foi o primeiro a falar.

“Cê tem noção do que tá fazendo? Não, nenhuma, né? Agindo como uma verdadeira patricinha mimada que é o que você é.”

“E quem é você pra dizer se eu tenho noção de alguma coisa ou não? Quem é você pra dizer que eu sou mimada? Quando você já sabia que o meu dad tinha um caso com a jornalista e me escondeu isso? E, pior, ainda ficou defendendo ela quando eu disse que ela é uma interesseira.”

“Eu defendi o caráter da Verônica porque ela é uma pessoa que eu conheço há anos. E não disse nada sobre ela e o seu pai porque isso não me competia. O Vicente me contou como um desabafo de irmão.”

“Ah, então todo mundo é mais importante pra você do que eu. Importa tudo o que todo mundo sente, menos o que eu sinto. É isso mesmo, right, Davi?”

“O que é isso, Megan? Eu nunca disse…”

“Mas agiu assim” ela lançou um dedo acusador na sua direção. E os olhos que o perfuravam estavam cheios de água. Davi sentiu a convicção de que estava certo na história vacilar por um instante.

“Megan, não inverte as coisas. Você sabe que eu jamais faria alguma coisa pra te machucar de propósito. Eu tive as minhas razões pra não dizer.”

Mas ela parecia não escutar a prudência por trás do que ele dizia, os olhos brilhando com mágoa e fúria.

“Eu nunca pensei, Davi, que de todas as pessoas em quem eu podia confiar, que justo você fosse capaz de me enganar.”

“Peraí, eu não te enganei!” ele tentou se defender.

Mas ela não lhe deu mais chance de falar, saiu batendo os saltos no concreto, os cabelos balançando nas costas. Davi correu atrás dela, tentou segurá-la, mas, com um safanão, Megan se afastou.

Leave me alone!” o grito dela ecoou na noite.

Ele sentiu como se tivesse acabado de levar um tapa na cara. Olhando para ela, retesou a mandíbula. Inspirou, tentando afastar a ardência dos olhos.

“Quer saber? Talvez eu deva deixar você em paz mesmo.”

Essa pareceu a deixa que ela esperava para retomar o passo decidido para longe dele.

Davi ficou parado ali, na calçada, observando a crina loira se afastar enquanto o vento roçava seu rosto, fazendo-o perceber com desespero que era real, não um pesadelo.


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