Red Like Blood escrita por Scream Queen


Capítulo 5
Capítulo 4 – Perdão.


Notas iniciais do capítulo

So... Surto de inspiração! ^^



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Acordei com um leve balançar. Estava de ponta cabeça, novamente. O cheiro dele impregnava o meu nariz. Minha cabeça latejava. O balançar constante fazia isso piorar. Suspirei, observando suas pernadas de jeans e coturnos. O som de passos mais leves chamou minha atenção, embora eu não pudesse ver. Mas eu também podia sentir o cheiro. Adocicado de maneira estranha, um perfume incomum. Magia. Era cheiro de magia. Eu havia aprendido a reconhecer com o tempo. Mas para mim significava outra coisa. Soana. Era o cheiro dela. E embora eu estivesse intoxicada com sangue, pelos e hortelã, ainda sentia fracamente. Gemi, suspirando em seguida.
– Hunter, pare de andar, está me nauseando. – Murmurei contra sua camiseta. “Não diga esse nome”, ouvi o primeiro manifesto de R. Ela parecia emburrada, e eu quase podia vê-la fazendo biquinho e cruzando os braços como uma garotinha mimada. Hunter pareceu dar um jeito de sacolejar ainda mais. Inspirei profundamente, tentando fazer minha cabeça parar de vibrar e acalmar o estômago. “Hunter. Hunter. Hunter. Ele é o herdeiro do seu Hunter, não é mesmo? Que coincidência, antigas paixões atormentando o coração que você não tem, muito adorável, mas a cabeça é minha, e antes que ela exploda...”...

Hunter! – Continuei em voz alta, e ele parou bruscamente. Senti seu tórax inflar e o reverso em seguida, ouvindo seu bufar. Ele me largou no chão com brutalidade.

– Qual, é, o, seu, problema?! Podia ter me colocado de pé, bastardo! – Soltei, de quatro no chão, arfando um pouco. Eu me sentia estranhamente fraca. “Você é fraca”, “Cale a boca, Problema Peludo”. Ele não me respondeu, mas mãos delicadas me ajudaram.

– Kass, você está bem? – Soana perguntou. Eu gemi, encarando-a.
– Eu tenho cara de quem está bem? – Perguntei rudemente. Por algum motivo, eu tinha a sensação de que já passara tempo o suficiente com ela para que ambos os choques – de revê-la, e de matá-la - se fossem. Ela sorriu.

– Nem um pouco. – Disse. Eu toquei sua cicatriz com os dedos, meio indiferente. “Muito bonita, não acha? Uma obra de arte”, R disse, encantada. Revirei os olhos. Ela devia repensar o conceito de beleza algumas milhões de vezes. Virei-me para Hunter e toda a sua pose de garotinho mal-humorado. Ele encarou-me venenosamente.

– Perdeu alguma coisa? – Perguntou, e eu ri de escárnio.

– Frase clichê, não acha? – Falei, e Soana suspirou.

– Parem os dois. – Ela disse, e teve sucesso em ser completamente ignorada.

– Vou mostrar um clichê nas suas costelas. – Ele disse, ameaçadoramente dando um passo para mais perto com os punhos cerrados. Dei outro passo e fiquei cara a cara com ele.

– É? Do mesmo jeito que não sabe rasgar uma garganta, Vira-Lata? – Provoquei e pude ouvir seu rosnado, vi os olhos passando do belo azul-cobalto para flashes de vermelho vivo.

– Já chega, os dois... – Soana tentou, e obteve sucesso duplo.

– Sabe com quem está falando, pirralha? Eu sou L. Hunter VI, O Herdeiro, O Alpha dos Alphas, Líder da Busca, e aquele que mais avançou nela, ousa me chamar de “Vira-Lata”, cadelinha impotente? – Ele disse, e eu estremeci quando seus olhos se tornaram vermelhos de vez, mas suas palavras fizeram meu sangue ferver, e as palavras saltaram para fora de minha boca. Em minha mente, R parecia ainda mais irada do que antes.

– Ouso. Vai fazer o que, Vira-Lata? – Ele rosnou abertamente, e seus caninos gigantes ficaram a mostra. Fiz o mesmo, ele já não me intimidava mais. Saltou batendo em meu peito, e caímos rolando, entre mordidas, arranhões, rosnados e sangue. Soana falava inutilmente sozinha.

– Parem! Ah por favor, foram 10min de conversa direta! Parem! Estou, mandando, parar! – Ela gritou em fúria, e quando espiei por cima do ombro de Hunter, seus cabelos flutuavam no ar ao redor de sua cabeça, e uma aura vermelha a rodeava. Ela gritou de novo:

– O meu, o teu, o nosso respeito! Ou entendem, ou queimem! – Eu não entendi palavra alguma, mas algo apitou em minha cabeça, e R ganiu, o som e a pressão eram insuportáveis, e eu tapei os ouvidos, rolando para longe de Hunter, que fazia exatamente o mesmo que eu, minha visão ficou turva, e tudo se apagou.

Eu estava me cansando de desmaiar. Soana me sacudia, com a expressão culpada. Gemi e olhei para o lado. Mais ou menos a 3m de mim, Hunter jazia semiconsciente.

– Okay, okay. Eu estou bem, já pode parar de me chacoalhar feito paçoca. – Murmurei, revirando os olhos, e ela suspirou aliviada, passando para Hunter, que recobrou os sentidos assim que foi tocado.

– Sony, tem que controlar essa coisa, quase me deixou surdo. E a julgar pelo nível dela, quase deve ter explodido o cérebro dela. – Ele disse, suspirando e se sentando. Sentei-me meio zonza.

– O que quer dizer com nível? E por tudo que é mais sagrado, o que foi aquilo? – Perguntei semicerrando os olhos. Soana não deixou de encarar o chão, e Hunter me olhou incrédulo.

– Isso é sério? Ela ao menos sabe o que você é? O que ela é? – Perguntou, e ela apenas fez que não com a cabeça. Revirei os olhos.

– Será que alguma alma boa poderia me explicar o que supostamente eu deveria saber? Aliás, quero saber de muita coisa, porque diabos você anda com essa coisa irritante? E por onde esteve? O que é A Busca? Por que esse babaca levou o Seb? – Soltei o turbilhão de perguntas que rodavam em minha mente desde... Desde aquela manhã? Eu tinha a impressão de que se passara mais tempo. – Há quanto tempo estou desmaiada? – Perguntei franzindo o cenho.

– Duas semanas. Vamos explicar tudo, mas antes temos que buscar a gasolina, deixamos a moto e o trou... Sebastian para trás. Se não quiser que ele morra de fome, é melhor voltarmos logo. – Ela disse, e eu arregalei os olhos.

– Duas semanas? Vocês são doidos ou o que? Largaram um ser humano comum, num saco, sem comida ou água? Ele já deve estar morto! – Exclamei preocupada, já em pé. Eles me acompanharam.

– Sorte a sua que ela não deixou, se dependesse de mim, tinhamos deixado você e trazido ele, pelo menos ele é útil. E não é um ser humano comum, pirralha. Ele é um bruxo. Como a sua irmã. E como você. – Hunter disse, bufando e limpando a poeira das roupas. Fiquei parada, esperando ele rir ou algo assim.

– Isso é piada né? Isso aqui não é Harry Potter, “Hagrid”. Não pode olhar para minha cara e dizer: “Hey, você é uma bruxa!” e esperar que eu acredite né? Bruxos não existem. – Eu falei, revirando os olhos e sorrindo descrente. Ele me encarou.

– Ah não? Bom, acredite o que quiser, Pirralha Potter. Você viu a sua irmã. Você conhece a história de sua inquilina. E é uma Loba. Pode mesmo decidir o que é real ou não? – Ele disse, começando a caminhar e me deixando ali parada. Soana deu de ombros.

– É verdade. – Disse simplesmente e o seguiu. Parei por alguns segundos, e depois os segui. “R? Isso é sério?”, pensei. “Com absoluta certeza. Magia cigana, eu contei aquela história tantas vezes para você não saber? Que desperdício de tempo!”, ela respondeu, e eu comecei a pensar na história. Dizia que o livro havia ido parar na família de descendentes da mãe de chapeuzinho. Portanto, a magia também corria em suas veias, porém esquecida. Fazia sentido. Soana despertara a magia, mas como?...

– Soana, como você descobriu? – Perguntei, encarando seus olhos azuis-cristalinos. Ela sorriu.

– Quando eu tinha oito anos, e você tinha 2 anos, eu estava brava com nossos pais por terem outra filha. Então, à noite, eu estava pensando comigo mesma, que queria que você não existisse, ou que algo te acontecesse, e então o seu berço pegou fogo. É claro, eu entrei em desespero, no fundo, no fundo, eu não queria mal para ti, mas eu era uma criança. Nossos pais te socorreram, o fogo não se alastrou, e mamãe me deu meu primeiro grimório. De doze à quatorze anos, os poderes despertam, mas até lá, acidentes ocorrem. Eu também levei uma boa bronca sobre ter cuidado com os desejos. – Ela respondeu, e eu me vi fascinada. Continuei em silêncio. “Então, é como se você fosse minha tataratataratataratataratataratataratatara Tia? Já que sou descendente do segundo filho da sua mãe?”, perguntei a R. Senti sua raiva. “Não ouse me chamar de Tia velha”, ela respondeu. Sorri. Tinha algo de bom nisso. Eu sabia para que servia aquela vassoura agora.


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Notas finais do capítulo

Isso é tudo, pessoal. ;)



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