Um Verdadeiro Conto escrita por katnissberry


Capítulo 3
Capítulo 3




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Já era hora de vestir sua capa e embarcar na caminhada matinal de Anabelle. Quem diria que já tinham se passado cinco anos desde a morte de seus pais? Na verdade, ninguém. Acontece, que a rainha vinha de uma linhagem de bruxas que tinham contanto com forças maiores, e com seus poderes do lado escuro da força, ela disse algumas palavras e pronto. A história de Cinderella e Anabelle tinha sido esquecida. Filhas do mago Rumpletiltskin, e de uma bruxa desconhecida, as três herdeiras da bruxaria são Gale, Grimhilde e Tremaine, e juntas elas tinham poder suficiente para dominar o mundo, mas devido a uma briga, cada uma foi para um canto diferente. Tremaine, rainha do reino do Norte, Grimhilde, rainha do reino do Oeste, e Gale, que vivia nas profundezas. Acontece que esses eram sobrenomes falsos, que elas inventaram para não serem reconhecidas no mundo, mas seus primeiros nomes eram verdadeiros, já que era um erro terrível falsificar seu primeiro nome, aquele que lhe foi dado com honra e orgulho. Seus nomes eram pouco citados, com exceção de Gale, pelo qual todos conheciam como Úrsula.

Cinderella vivia na torre mais alta do castelo do reino do Norte, onde trabalhava como empregada e era totalmente agradecida a rainha, achando que ela havia lhe salvado de um acidente onde tinha batido a cabeça e esquecido tudo. Já Anabelle, vivia na casa de um antigo inventor, considerado louco, chamado Maurice. Apesar de ser “maluco”, ele amava sua filha adotiva com todas as forças, e sempre lhe contou que ela tinha sofrido um acidente, e foi achada numa noite chuvosa, sem memória na porta de sua casa, com um cordão escrito seu nome. Ela vivia no interior do reino do Norte junto à classe social mais pobre, onde caminhava com uma cesta na mão, indo buscar maçãs pela floresta.

Certa manhã, ela fechou a capa e partiu.

—Bom dia! –falou um morador.

—Bom dia!-respondeu Anabelle.

—Bom dia, Belle! –disse o bibliotecário, a esperando do lado de fora.

Ele segurava um livro de capa azul bem grosso.

—Novo livro? –perguntou Belle animada.

—Novo não. Mas algo que você ainda não leu. Acho que o único. Achei no fundo de uma prateleira.

—Obrigada! Lhe pago na volta. –ela falou pegando o livro.

Seus cachos castanhos pulavam dentro do capuz. Apesar de seu capuz ser branco originalmente, ela mandou tingir para vermelho, já que seu novo pai tinha o lavado sem lhe perguntar, e ela preferia como ele era antes. Ela caminhou até uma floresta bonita, de árvores altas e verdes, e colheu todas as maças que precisava. Então, pegou seu livro novo, e foi lendo, sem perceber aonde ia. Sem notar que as folhas das árvores claras iam escurecendo, ela foi se aproximando da chamada Floresta Tenebrosa. Anabelle sempre teve o hábito de ler em voz alta, já que independente do que estivesse fazendo, seu padrasto amava lhe ouvir falar. Sua voz doce e entonação correta se espalhava cada vez mais pela floresta vazia. Foi então, que sem olhar pra frente, Belle escorregou em uma pedra. Seu livro voou, e seu joelho ralou levemente. Ainda sem prestar atenção aonde estava, Belle se levantou e tirou a sujeira do machucado, logo depois pegou o livro do chão e o fechou, pondo na cesta com as maçãs.

—Por favor, continue lendo, gosto da sua voz.

—Quem disse isso? –ela perguntou olhando em volta.

—Não lembra de mim? Faz tempo, realmente, mas preciso lhe confessar de que tudo o que viu há cinco anos não passou de uma defesa. Não fiz de propósito. E por sinal, você está diferente, bonita. Cresceu bem.

Belle finalmente viu a sombra de quem estava falando no chão, em frente a uma caverna. O ser ainda não tinha aparecido, mas pela sobra, Anabelle já foi fazendo perguntas.

—Por que o seu nariz é tão grande?

—Pra te cheirar melhor.

—Por que o seus olhos são tão grandes?

—Pra te ver melhor.

—Por que as suas orelhas são tão grandes?

—Para te ouvir melhor.

—Por que a sua boca é tão grande?

—Para poder falar com pessoas inteligentes e compreensivas como você. Eu só lhe peço uma coisa: assim que me ver, tente não se assustar.

Anabelle continuou quieta, olhando para sombra, até um nariz grande aparecer, seguido pela cabeça e o corpo do animal, e logo depois seu enorme rabo.

—Ah Meu Deus! Uma fera! Um lobo! –ela gritou.

—Sei que está assustada, mas... –ele tentou argumentar.

Sem ouvir mais nada, Anabelle correu pelas árvores, deixando para trás sua cesta. Ela estava apavorada.

...

No alto da torre do castelo, cantavam pássaros avisando sobre o nascer do sol. E Cinderella odiava isso. Ela jogou o travesseiro com toda a força em um que se atreveu a entrar em seu quarto. Ela era uma menina pura e agradável, e por mais que gostasse da rainha e tivesse perdido a memória, não tinha perdido a ambição de conseguir se casar com o príncipe, além do mais, aquilo que antes era apenas uma maneira de morar num quarto da família real, ao contrário do seu de doméstica, tinha se tornado em um tipo de amor. Ela se levantou e botou a roupa, indo até a janela e finalmente seu roso estampou um sorriso de orelha a orelha. As carruagens e a cavalaria real tinham chegado com o príncipe e a princesa que retornavam de sua viagem de seis meses. Cinderella correu pelas escadas até a sala principal. A rainha a esperava com uma cara brava. Ela parecia não ter envelhecido naqueles cinco anos. Seu cabelo rubro, agora com uma cor mais forte ainda.

—O que falei sobre atrasos e correria?

—Perdão, majestade.

—Não é porque você está aqui há cinco anos e não tem família ou lugar para ir que não posso te mandar para o olho da rua, entendeu?

—Sim, majestade.

Depois de pouco tempo, os portões se abriram, e os lindos olhos verdes do príncipe Encantado eram a única coisa que Cinderella enxergava. Até a princesa Anastácia aparecer lhe dando um beijo. Mesmo assim, o príncipe não tirava os olhos da loira de olhos azuis. Ela estava apaixonada.

—Majestade. –falou o príncipe beijando a mão da rainha.

—Logo logo serei eu me curvando. –ela falou para o príncipe. –Só precisa se casar.

—Acho que isso não demorará muito. –ele falou olhando para Anastácia.

—Que bom saber. –falou a rainha.

—Eles são irmãos. –disse Cinderella no ouvido de outra criada.

—Não de sangue. –ela respondeu.

—Margarida! –disse o príncipe cumprimentando uma empregada. –Fernanda. –ele disse olhando para outra. –Joana.

Finalmente, seus olhos se voltaram para aqueles azuis magníficos.

—Cinderella.

—Meu príncipe.

—Somos mais que príncipe e empregada. Você sabe disso. –ele falou sorrindo. –Já disse que pode me chamar de Encantado.

—Desculpe, Encantado.

Ele riu.

—Senti saudades. –ele disse.

—Igualmente. –ela falou, quando ele finalmente mudou de doméstica.

O príncipe falou com mais algumas e foi até seu escritório, enquanto Anastácia e sua mãe se trancaram no quarto da princesa.

—O que foi aquilo? –perguntou a rainha para a filha.

—Consegui fazer o príncipe ficar comigo, mãe! Ele vai me pedir em casamento!

—Não isso, a outra coisa. A Cinderella é apaixonada por ele! E ele gosta dela! Sabe quanto poder tem o amor verdadeiro?

—Mais que você?

—Sim, minha filha. É muito poderoso. Temos que fazer ela desistir dele.

—Como?

As duas ficaram quietas.

—Acho que eu já sei. –disse a rainha rindo de leve. –Chame a Cinderella.

—Mas...

—Não vou repetir, Anastácia.

...

Enquanto isso, nas profundezas do mar que contornava os vastos campos do reino, uma vida um tanto desconhecida, se escondia nos cantos das pedras rochosas, apenas para ouvir a voz das pessoas que caminhavam pela praia.

—Ouça, Linguado! Estão falando sobre o por do sol visto pelo monte mais alto do reino! Deve ser lindo!

—Ariel... –sussurrou o peixe em seus ouvidos.

Aquela menina sonhadora e inocente, de cabelo rubro como o sangue, pele clara como a neve e olhos verdes como esmeralda, nunca cansava de ouvir as vozes dos homens e das mulher com pernas. Apesar de ser reconhecida como a mais bela dos sete mares, Ariel sempre sonhou em ter pernas, e não escamas verdes como tinha. Sempre sonhou em correr pelos campos verdes, e agora, em ver o por do sol sobre o monte mais alto do reino.

—Linguado, promete guardar um segredo?

—É claro, Ariel. Sabe que você é minha melhor amiga.

—Então... É que se meu pai souber, ele pode não aceitar muito bem.

—Fala logo, Ariel!

—É que ontem eu sonhei com uma fera. Uma fera grande que tinha devorado um cavalheiro. Ela estava triste, muito triste, ela não queria ter feito aquilo. Mas eu também tive um outro sonho, semana passada, de uma mulher transformando uma criancinha naquela fera. Ela estava muito triste. Se sentido sozinha. E é horrível se sentir daquele jeito. Longe de tudo. É como eu me sinto, Linguado, longe de tudo, e não posso deixar aquela criancinha se sentir assim.

—Mas você nem sabe se isso é mesmo verdade!

—Eu sei que é! Eu sinto! E foram tantos anos sentada naquelas pedras no meio do oceano e nadando por aqui... Eu quero conhecer o mundo deles, o mundo lá fora! Eu quero ter pernas!

—Como Ariel?

—Eu vou falar com a Úrsula! Eu farei de tudo para impedir que alguém sofra. Viajarei o mundo inteiro atrás do menino e mostrarei a ele que ele não está sozinho.

—Isso é loucura! Jamais permitirão.

—Mas ninguém irá saber, não é Linguado?

—Eu não sei se é uma boa ideia.

—Se você ficar quieto será! –ela falou se afastando.


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