Um Verdadeiro Conto escrita por katnissberry


Capítulo 11
Capítulo 11




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Anabelle abriu as cortinas de veludo do salão da mansão da fera, onde estava morando durante as últimas semanas. A manhã indicava que o dia seria incrível, mas ela sabia exatamente o que aquilo significava: livros. Sim, Ana sempre amou ler, e adorava aquela biblioteca do castelo, mas ela não queria passar um dia tão ensolarado como aquele trancada dentro de casa. Levantou cedo, e ajudou a servir o café da manha. Por mais que Adam soubesse que Ana tinha um bom coração e adorava ajudar, ele sabia que naquela ocasião em especial ela queria algo.

–Bom dia! –ela falou com um sorriso no rosto.

–Bom dia, Belle. –ele disse se sentando.

–Fiz sanduiches de presunto com o queijo que você gosta.

–Algum motivo em especial?

–Sim. –ela falou sem conseguir mentir. –Por favor, me deixe ir. Já se passou uma semana, e eu fiz tudo como planejado.

A fera se levantou e andou pelo salão pensativo.

–Você não entende que eu não vou fazer nada? Eu não vou contar nada a ninguém se você não quiser. –disse Belle chegando perto.

–Eu não tenho medo que você conte para alguém.

–Então qual é o seu medo?

–Que você não volte. –disse Adam bem próximo.

–Por favor. Se você realmente gosta de mim, não vai me prender aqui. Não vai deixar esses portões trancados por toda a eternidade. –ela falou o encarando.

–Belle...

–Por uma vez na eternidade, abra os portões.

–Tudo bem. –ele disse baixo.

–O que? –ela perguntou sorridente.

–Pode ir! –ele repetiu.

Ela pulando de felicidade deu um beijo nele. Ela não sabia se tinha sido algo do momento ou não, mas sabia que tinha significado mais que um simples beijo. Aquele fora o primeiro beijo dos dois. Ela sorriu e fingiu não dar muita atenção. Ela pegou suas coisas, e andando pela floresta a caminho da vila onde morava, tropeçou em um galho e bateu de testa no chão. Aquela floresta, conhecida como tenebrosa, estava vazia, portanto, ela ficou um tempo desmaiada, mas quando acordou se sentia totalmente diferente. Como um flash, ela se lembrou de tudo: da irmã, dos pais, de tudo. Ela não via a hora de contar para seu pai adotivo. Ela correu o mais rápido possível até chegar a sua casa, e mesmo a cena sendo deprimente, com seu pai muito mal deitado na cama, ela continuava alegre por ter se lembrado.

–Que bom, querida. –ele falou tossindo. –Vá atrás da sua irmã.

–Não, papai. Só quando o senhor melhorar.

–Que isso, querida. Pode ir.

–Não. Vou ficar pela vizinhança. Vou ali na padaria comprar pão pra fazer um sanduiche pro senhor. Prometo que vou voltar rápido. –ela falou o beijando na testa.

Sorridente, Ana caminhou pela rua até chegar na padaria.

–Meia dúzia de pão francês, senhor Pierre.

–Um momento, Belle. –ele falou indo pegar os pães.

Belle se sentou na bancada aguardando, até perceber o menino ao seu lado.

–Bom dia. –ele falou sorridente.

–Bom dia. –ela afirmou feliz.

–Você é nova aqui? –ele perguntou a encarando.

–Não, mas fiquei um tempo fora.

–É claro. Se não já teria notado uma beleza tão incrível como a sua. –falou o rapaz. –Prazer, Gaston.

–Prazer, Anabelle.

–Ana. Lindo nome. –ele falou beijando a sua mão.

–Aqui está. –disse o padeiro entregando os pães.

–Desculpe Gaston, tenho que ir.

–Eu também. Preciso passar na livraria ainda hoje, quero reler “Um romance da floresta”.

–Eu não acredito! É a primeira pessoa que conheço que gosta desse livro! –disse Ana animada.

–Como não gostar? É um romance simples, gostoso...

–Perfeito. –completou Ana.

–Exatamente. Tirou as palavras da minha boca. –disse Gaston.

–Talvez possamos no encontrar mais tarde, depois do almoço.

–Quer almoçar comigo? –convidou o rapaz. –Vou fazer o meu prato preferido: lasanha.

–Eu amo lasanha! –ela disse animada.

–E de sobremesa, a melhor coisa do mundo!

–Chocolate! –os dois disseram juntos.

–Estamos sincronizados. –ela falou rindo.

–Acho que somos um par perfeito. –ele falou, fazendo ela se calar. –E então? Quer almoçar?

–Eu adoraria, mas meu pai... Preciso cuidar dele.

–Eu moro aqui do lado, e podemos levar um pouco para o seu pai depois.

–Eu moro aqui perto, acho que não tem problema. –ela falou sorrindo.

–Meio dia?

–Meio dia. –ela disse contente.

...

Assim que as doze badaladas do relógio de Ana ecoaram pela sala, lá estava ela, toda arrumada para seu encontro.

–Pai, o senhor tem certeza que eu posso ir? –ela perguntou dando um beijo na testa do doente.

–Sim, querida. Divirta-se. –ele murmurou no meio das cobertas.

Ana saiu de casa cantando cheia de empolgação. A rua onde morava era bem movimentada, porém pequena e aconchegante. Todos conheciam todo mundo, e assim que Ana perguntou o endereço de Gaston para o primeiro florista que apareceu, ele já sabia apontar o caminho. Em cinco minutos Ana estava tocando a campainha, e Gaston, arrumado veio atender.

–Ana! Que bom que veio! Seja bem vinda. –ele falou abrindo a porta de sua casa.

–Obrigada. –ela falou entrando.

Era uma casa muito bonita. Os móveis refinados, e cada peça da decoração parecia custar os olhos da cara.

–Não sei se é muito intrometimento da minha parte, mas... No que você trabalha?

–Negócios. –ele respondeu de maneira curta e grossa.

–Que tipo de negócios?- ela insistiu.

–Eu sou arquiteto.

–E está trabalhando no que agora? –ela perguntou vendo os objetos.

–Eu quero construir uma grande loja na vila, mas... Vamos mudar de assunto?

–Claro! –ela falou, voltando a encará-lo.

–Vamos jantar? –ele perguntou alegre.

–Claro! –ela disse com um sorriso de orelha a orelha.

Então, ficaram até as oito horas da noite conversando. De lanche, como ele não tinha preparado nada, os dois fizeram um bolo, e se divertiram muito, se sujando de glacê. Eles estavam pensando igual, as vezes um completava a frase do outro antes mesmo do outro completar. A cada segundo Ana estava mais certa de que ele era a sua alma gêmea e aos poucos ia esquecendo a fera. Afinal, ela tinha a trancado em um castelo. Aquilo não era amor, era?

–E então? –ele perguntou sentando no sofá ao seu lado, enquanto ela se limpava com uma toalha tirando o glacê branco do rosto. –Tem irmãos?

–Sim. Tenho uma irmã. Mas... Nós esquecemos uma da outra por anos, e minha memória simplesmente voltou agora. Fomos separadas quando eu tinha dez e ela treze anos.

–Qual o nome dela?

–Cinderela.

–Cinderela? A menina que morava no castelo? De olhos claros e cabelo loiro?

–Você a conhece? –perguntou Ana surpresa.

–Sim, na verdade, todos a conhecem. –ele falou surpreso por ela não saber.

–Como assim?

–Você não soube que a Cinderela conseguiu poderes? A chamam de aberração, e dizem que ela solta gelo pelas mãos. Ela fugiu para a mais alta das montanhas.

–Meu Deus! Tadinha! Eu preciso ir atrás dela... Mas, meu pai...

–Eu posso cuidar dele. –disse Gaston.

–Eu não sei se é uma boa ideia. Afinal é loucura! -E você gosta de loucura?

–Eu amo loucura. –disse Ana.

–Então posso dizer uma coisa louca? Casa comigo?

–Poso dizer uma coisa mais louca ainda? Sim!

–Então vá querida, e assim que você voltar nós nos casamos.

–Estou tão feliz! Vou pra casa avisar meu pai. E se puder cuidar dele, eu agradeceria. Eu vou o mais rápido possível pra lá, quero voltar logo. Não vejo a hora de me casar! –ela falou dando um beijo em sua bochecha.

–Você vai amanha?

–Sim, vou sim. –ela falou contente.

–Acho melhor... Me entregar a cópia das chaves da sua casa.

–Ah, claro! –ela disse lhe entregando.

Os dois se despediram, e no dia seguinte, Anabelle estava pronta para subir naquela montanha, e dar o abraço na irmã que não via há cinco anos.


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