" Voar? Uma estrutura deste tamanho ? Eu não sei se acho incrível ou assustador. "

Todos foram levados pelos seus Assistentes até uma arena ao topo da grande aeronave. Por ser uma estrutura pesada, se movia lentamente em relação a um avião ou naves em filmes. Ao subirem as escadas de vidro, que evidenciavam toda a magnitude da embarcação aérea, os rapazes se viram pela primeira vez em uma arena Pokémon de verdade. Lá todos os treinadores estavam com seus Pokémon a amostra. As pequenas criaturas ansiavam uma verdadeira luta, e fora a primeira coisa que Seiryu pensou, "uma batalha exibicional, onde todos daremos o melhor de nós para ganhar pontos e continuar até a terceira fase."

Peter não imaginou o que poderia ser então simplesmente perguntou a Bia. — Ei, Bia. O que está acontecendo?

Bia sorriu enquanto tentava achar uma resposta para a pergunta de Peter, subindo os últimos degraus. — Bem... Não fui informada de nada, porém... Devem falar sobre a instalação e tudo que nela foi investido, fofinho.

Peter se convenceu rapidamente, mas Seiryu enxergou algo mais no olhar de Bia, pensou o rapaz que algo ruim estava para acontecer. Yuri apenas olhava para baixo, como se a altura realmente o incomodasse.

Logo o chão, que até então era transparente com linhas que delimitavam retângulos grandes, se transformou em um painel completamente branco, era como se todos estivessem sobre um enorme copo de leite. E esse foi o comentário que Peter fez para si mesmo bem baixinho. Em seguida, uma tela grande surge acima de todos, em formato diagonal. E o local que até então era tampado, se reconfigura para um céu estrelado. Isso demonstra que eles estavam todos em uma espécie de globo digital, onde o chão, as paredes e o teto eram um enorme monitor manipulado por computadores. Do fragmento que se assemelhava a um monitor acima de todos surgiu um rosto mascarado com a face de um Giratina. E era evidente o traje, era o homem de Sobretudo amarelo.

— Boa Noite Treinadores. Meu nome é T. e estou em busca de um certo alguém que se esconde nesta embarcação. Como podem ver, eu estou no controle de tudo e quero encontrar o que busco, um garoto que aparenta ter metade da idade mínima para estar neste programa. Quero que colaborem pacientemente comigo para que coisas como esta não aconteçam mais.

Após terminar suas falas, T abre um monitor auxiliar ao lado do seu onde transmitia um quarto que parecia haver um corpo caído, e sobre ele havia uma identidade manchada de sangue.

— Aquele é.... Ophiel? — Disse Seiryu em meio ao silêncio de todos. — Eu conheci ele ontem na comemoração... Ele era tão tímido. Ele só queria ter amigos que o entendessem! — Gritou o rapaz.

— Ótimo, não precisarei explicar quem é e o fato de estar andando sozinho pelos corredores em plena madrugada... Enquanto chorava. Bom, as portas estão sendo todas trancadas agora. Verificando aqui, as ondas de calor estão todas concentradas nesta sala. Estou utilizando um veneno comum de Gloom com misturas de Seviper e Venusauro pelos quartos e corredores adjacentes a esta sala para que, caso alguém esteja se escondendo... Apareça antes que morra. — Disse o homem de mascara pelo monitor.

Logo em seguida as assistentes tentaram entrar em contato com as bases próximas, mas todas faziam gestos de falha e insucesso. Bia tentou contatar diretamente o professor Carvalho mas também não houve sucesso. As portas foram trancadas e quem estava ali não podia sair. Em poucos segundos, vários pesquisadores e professores surgiram pelas vidraças que cercavam o lugar, estavam todas infectadas pelo veneno. Se debatiam e pediam socorro.

— Não há como ajudar? Mesmo? — Disse Yuri com um tom de pânico, enquanto tentava socorrer uma senhora do outro lado.

— Isso não pode estar acontecendo. — Disse Bia enquanto se abaixava e punha-se a chorar.

— Não é possível, quem é ele, por que isso tudo agora? — Peter diz ainda sem entender, enquanto assiste a vários treinadores e seus Pokémon atingirem as paredes com força para socorrer os que estão inalando o veneno.

— Yuri, por favor. QUEM É ELE? — Seiryu pergunta a Yuri aos gritos.

Yuri não consegue olhar diretamente para o monitor, o medo o congelou totalmente, e quando viu a senhora a sua frente ofegar cada vez mais rápido, mergulhou no submundo de sua mente caótica.

— Quem quer um pedaço de bolo? Yuri? Lucas? — Uma voz feminina ecoava pela cabeça do rapaz e um rosto familiar a ele estava sendo fantasiado por sua mente.

— Ah Mãe, por que o pedaço maior sempre é o do Yuri? — Uma voz masculina é ouvida, mas ao olhar para a pessoa que estava falando, Yuri apenas vê um borrão em seu rosto.

— O que foi meu filho? Se machucou ? — Ainda vivenciando memorias de sua mente, Yuri vê alguém... Sua mãe, tentando ajuda-lo com um curativo enquanto criança.

— Dário, pegue o Yuri, não deixe que nada aconteça a ele. Por favor. — Em um momento Yuri vê essa mulher ser engolida por chamas ferozes enquanto um forte Poliwhiril o carrega para fora de uma casa totalmente destruída. A mulher tem seus cabelos totalmente envolvidos pelo fogo, seus gritos de dor se tornam cada vez mais distantes enquanto o jovem garoto é carregado para longe dali. Ao aparentemente inalar a fumaça, o rapaz tende a desmaiar, mas antes que todo o sonho acabe, ele vê um glorioso Giratina sobrevoando o local, e sobre ele... Seu irmão, Lucas.

— Sou o Terror, Yuri. Essa mulher não merecia viver. Sua mente era fraca e ideias simplórias me enojavam. Venha comigo, prometo lhe... — Antes de concluir sua frase, Poliwhiril corria enquanto chorava... Entrou e estado de evolução. As luzes cegaram Lucas por um momento, e fora o suficiente para Dário carregar Yuri para longe.

Mais uma vez, mergulhado em suas memórias, Yuri viu as mãos de um garotinho banhadas em sangue, um Poliwrath ao chão com parte do seu corpo completamente perdida. Olhou para cima e viu o Giratina sendo oprimido por uma forte Luz, seguida de uma frase. — Grande Alpha, não pare, iremos tentar encontrar sobreviventes.

Ele via seu Poliwrath com os olhos se forçando a estarem abertos, em seguida um poderoso Jato D'água fora desferido para cima. — Encontramos, é um garoto... E... Um herói ao seu lado.

Em memorias embaralhadas, Yuri via Dário ter sua respiração cada vez mais ofegante, os intervalos estavam cada vez menores, homens de capa branca tentaram ajuda-lo, ligando aparelhos a ele enquanto Giratina era repelido por poderosos ataques aos céus. Yuri via sangue, via muito sangue, a sua boca se abriu e seus olhos não paravam de lacrimejar. Não conseguia dizer uma única palavra. Apenas via Dário lutando para sobreviver... Até que... — Ele se foi. Peguem a criança e vamos sair daqui. — Uma voz forte e de semblante profissional disse que o Poli... O herói havia perdido a vida.

De volta ao presente Yuri é acordado por um soco de Seiryu. O mesmo não entende o que está acontecendo com Yuri mas nas situações atuais não poderia respeitar o espaço dele. Yuri teve seu espirito banhado de raiva e se levantou com fúria. Caminhou até o centro da Arena e gritou em tom forte; — Terror, É A MIM QUE VOCÊ QUER, DEIXE TODOS E VOCÊ PODERÁ ME MATAR.

T pôs-se a rir enquanto via Yuri em pose de coragem pronto para aceitar seu destino. — Tolo, eu não vim por você, vim pelo Mew que se esconde na pele de um garoto, o Mew que eu quero para mim, quero para meus fins.

Yuri ficara perplexo, pensava que por todo esse tempo seu irmão o caçava, mas na verdade eram apenas planos fúteis e direcionados aos seus objetivos pessoais. De repente um golpe devastador atinge a parte superior da aeronave e de lá... O glorioso Giratina surge, e sobre ele estava T, apenas acompanhado por uma câmera flutuante. Dele se ouviam gargalhadas psicopatas.

— Onde está o.... — Seiryu fala para si mesmo, mas antes de completar a frase avista um garoto encolhido em meio a multidão agitada, corre até ele e o garoto rapidamente fita seus olhos ao centro da alma de Seiryu, era como se ele conversasse com o rapaz apenas com o olhar. Seiryu viu, em um segundo, cenas de tortura onde Mew tinha seu poder extraído e com ele haviam vários outros Pokémon, como um enorme Gyarados vermelho, sem um dos olhos e parte da cauda. Seiryu abominou a cena, mas ao olhar para trás, para encarar T, ele se surpreende....

Giratina usa uma Força das Sombras, uma habilidade poderosa que atinge parte dos treinadores e Pokémon dentro da Arena. Alguns tentavam desesperadamente voar com seus Pidgeys e Spearow mas sem sucesso, pois quando atingiam altura suficiente para sair, Giratina usava seu Feitiço, que os derrubava envolvendo-os em chamas negras.

— O que eu posso fazer, o que eu devo fazer? — Disse Seiryu, olhando atentamente para Mew esperando uma resposta. O pequeno garotinho tem a iris do seus olhos envolvida por uma luz rosada que leva Seiryu a ver uma saída. — Isso pode ser perigoso, não acho que devamos arriscar tal...

Antes de terminar sua frase, Seiryu assiste Beatriz ser atacada por um dos ataques de Giratina, uma sombra espreita a Assistente que em seguida para atrás dela, Yuri e Peter assistem a cena e os três gritam juntos; — BIA! — Mas já era tarde para fazer qualquer coisa, Bia foi atingida e caiu desacordada no chão, ninguém sabia se estava viva ou morta.

Seiryu sorri, um sorriso macabro e obscuro. Um sorriso que assustara até mesmo Peter quando o viu. — Mew, faça agora.

Mew se levanta, transformando seu corpo em sua verdadeira forma, chamou a atenção de T, que logo faz Giratina direcionar seu olhar de julgamento a ele.

— Seu oponente serei EU, T... — Diz Seiryu enquanto sorria com os olhos a lacrimejar. — Seu oponente serei eu.

Mew faz uma grande luz envolver Seiryu, que grita varias vezes o nome de alguém, o som se torna cada vez mais forte até que todos os treinadores, inclusive T, ouvem como se fosse dentro de suas cabeças. — Ginza! Ginza! Ginza!

O mesmo não parava de gritar este nome até que uma sombra fora percebida por T, Giratina se assustou e deixou de usar seu olhar de julgamento por um momento aos treinadores, a sombra vinha voando em direção a aeronave, quase que automaticamente Giratina dispara um laser em direção a mesma que desvia com um impulso extraordinário, passa por eles e vai até a mão de Seiryu, tomando a forma de uma Pokebola.

— Amigo, prometi que você seria livre, mas preciso de você desesperadamente hoje. Faça por favor com que suas sombras sejam uma, comigo. Apenas hoje.

T não perde tempo e dispara vários golpes contra o rapaz, mas Mew intercede todos com suas habilidades de reflexão e absorção de dano. — Saia da minha frente, pulga! — Disse o treinador de Giratina.

Mas já era tarde para tentar parar. Seiryu estava a levantar uma Pokebola diferente, metalizada, parecia ornamentada com um pequeno painel. A mesma fora liberada e dela um poderoso raio negro saiu, dele... Um Darkrai havia sido invocado.

— Não tema as trevas, uma vez você fez com que em mim houvesse Luz, Seiryu, hoje farei com que em você hajam trevas, as mesmas que pulverizarão seus inimigos. — Disse Darkrai a Seiryu e a todos no ambiente com um tom sombrio e calmo.

Giratina ferveu-se e se banhou de chamas negras ao ver que tudo se resumia a um Darkrai. T não deixou de manter-se sério e com certeza se sentiu provocado.

— Ginza, faça daquele Giratina as cinzas que carregarei em meu pecado. Mate-o. — Disse Seiryu enquanto sorria, mantinha seus olhos bem abertos e olhava para o corpo caído de Bia.

— Seiryu? — Disse Yuri bem baixo ao se aproximar bem de Peter.

— Eu não sei, amigo... Mas confia 'na call'. — Pedro responde com um tom de suspense, visto que não sabia se seu amigo era capaz de vencer T ou até mesmo de voltar ao normal após essa repentina mudança de personalidade.

— Ginza, Pulso Negro. — Seiryu dizia enquanto uma gargalhada seguia ao fim do comando.

T e Giratina se afastaram da Aeronave enquanto fixavam seus olhos em Darkrai.

Darkrai desapareceu como se nunca estivesse ali, Seiryu também havia desaparecido. Em poucos instantes Darkrai surge atrás de Giratina, flutuando e com um pequeno globo negro em mãos, que explodiu com Darkrai, destruindo completamente a parte superior da Aeronave e com isso fazendo com que Giratina colidisse com uma das superfícies do local. Seiryu surgiu em seguida, atrás de Darkrai, em queda livre, até cair sobre Giratina.

— Que bonita a visão daqui de cima. — Disse Seiryu ao estar cara-a-cara com T. Sem mesmo esperar que sua frase fosse entendida pelo assassino, Seiryu o soca fazendo-o cair de Giratina. — Ginza, acabe com ele, por favor. — Foram suas ordens antes de pular do Giratina e ficar novamente face-a-face com T.

T se via em uma complicada situação. Após Giratina cair sobre a aeronave, danificou a parede que isolava treinadores dos outros setores da embarcação, liberando os corredores com veneno as saídas. Em poucos segundos se viu rodeado de treinadores com vários tipos de Pokémon, todos furiosos com o que acontecia. Nenhum deles hesitaria em atacar para matar.

Darkrai levitou o corpo de Giratina e firmou-o no ar. Como um ato de cavaleiro honroso. Em seguida, Darkrai criou um enorme buraco negro, que engoliu Giratina em um instante, trazendo-o para a realidade neste mesmo instante, mas Giratina havia adormecido. Ainda levitando Giratina, Darkrai levantou seus braços fixou o olhar para ele e os céus mudaram de cor. O vasto azul se tornou um profundo negro e todas as cores passaram a se transfigurar. Darkrai havia parado o tempo? Não. Invadiu os sonhos de Giratina, enquanto fervia sua pele por fora, dilacerava sua mente por dentro. Giratina se movia e se debatia no ar como se estivesse passando por um tratamento de choque. Darkrai não parava, a cena era de assustar qualquer um que a presenciasse.

Seiryu olhou para cima e não parava de rir, enquanto os treinadores encurralavam T. Yuri e Peter, juntamente de outros treinadores, tentavam acordar treinadores afetados pelos ataques mais fracos de Giratina. Muitos Pokémon machucados, muitos Treinadores imóveis e... Bia, que não movia um músculo e não parecia nem mesmo respirar.

Darkrai havia terminado com Giratina. O mesmo, vagarosamente, colocou o corpo falecido de Giratina sobre a aeronave enquanto descia em direção a Seiryu.

T estava ao chão, sem sua mascara e descalço. Mas não sem uma carta na manga. — Eu tenho uma bomba, e posso matar todos vocês, não me subestimem.

Mew, que estava novamente em forma de humano, se aproximou dele, soprando uma poderosa ventania que arrancara toda a roupa do assassino, restando apenas suas roupas intimas. Mew não podia falar, mas com um movimento de mãos fez com que T se curvasse diante de todos ali. O mesmo sorriu e olhou para Mew, usando sua força, com uma das mãos foi até seu bolso e pegou um apito. Logo que Mew percebeu, quebrou o braço de T, mas já era tarde. Ele levou o apito até a boca e soprou com toda a força, se jogou ao chão e, mesmo estando todo sujo e quase imóvel, sorria.

Darkrai e Seiryu olharam para ele, e Seiryu teve seu sorriso roubado, roupado pela horda de Giratinas que surgiram de portais dimensionais em volta da aeronave. Sobre eles estavam treinadores de Sobretudo amarelo, muitas mascaras diferentes. Por fim, a mascara de T se quebra por completo e o rosto que Yuri viu, não era o de seu irmão.