" Não sei o que menos fazia sentido. Yuri querer enfrentar um oponente com sua Ekans sem nenhuma capacidade de lutar ou aquela criatura majestosa que nos avistava de longe. "

— Pode me soltar, Seiryu. — Afirmou Yuri, após se acalmar. — Meu irmão é aquele que veste o Sobretudo amarelo. Não é irmão de sangue, mas criado por meus pais. Ele já foi um bom treinador, mas algo aconteceu na Victory Road a caminho da Elite dos 4 em Hoenn. — Continuou o rapaz.

— Não vamos avançar, busquemos ajuda.  — Seiryu logo disse, nervoso com tudo aquilo.

Os rapazes deixaram a fresta escura e encontraram Bia, que sorria de 'orelha a orelha' enquanto detalhava a fase inicial do ULTRA com suas colegas de trabalho. Ela parecia realmente feliz.

— Bia, vem com a gente! — Seiryu, puxando Beatriz pelo braço, a chamou e levou até o local.

Bia olhou para cima e para baixo, sorriu e disse; — A lua está magnifica, não acham rapazes? — Seu sorriso simpático só evidenciava que Bia não sabia de nada e nem mesmo viu alguma coisa.

— Mas Bia, olha... Ué?! — Seiryu se assusta quando, no mesmo lugar, se encontra na situação de Bia. Era como se nada tivesse acontecido. — Obrigado Bia, era sobre a lua mesmo! — Continuou o rapaz, evitando criar polêmica. — Yuri, quero que me conte isso em detalhes, mais tarde.

— Ok.

O desenrolar da noite se resumia em Peter e seus novos amigos e amigas. Rodeado de pessoas, refrigerante e aperitivos de diversas regiões do globo, estava em casa. Seiryu tentou se aproximar de um rapaz que, aparentemente, não falava com ninguém, seu nome era Ophiel, um nome exótico para uma pessoa exótica. Ophiel tinha cabelos curtos, completamente verdes e olhos com um tom castanho, quase amarelos, usando uma camiseta, a blusa amarrada na cintura e um broche da grande equipe de Caçadores de Recompensas, Hellhound, era evidenciado por Seiryu.

Yuri, após o ocorrido, preferiu se aproximar da fonte que jorrava água de uma estátua de Piplup, de aproximadamente três metros. Ele via seu reflexo retorcido pela água em movimento, sua mente viajava em um lugar sombrio. Yuri via os olhos de Giratina mais uma vez, olhando de cima, julgando suas escolhas e sua vida medíocre ante uma existência que domina dimensões. Cruzou os braços, sentindo um leve calafrio subindo-lhe a espinha. Em seguida ouvia o som que Giratina fazia enquanto flutuava pelo limbo, onde apenas feixes de luzes avermelhadas eram vistos aos arredores do sombrio mundo da mente dele. Ali ficou até o fim das festividades.

— Ahhh! Enfim minha caminha! — Disse Seiryu, ao se jogar em sua cama que ficava de frente para a porta.

— Quatro horas de muita farra, não é ? — Yuri diz a Seiryu, ainda mareando suas memórias.

— Yuri, quero te dizer uma coisa. E quero que ouça bem o que vou lhe dizer. — Yuri prendeu a atenção em Seiryu por um momento, até que as palavras começaram a sair, e cada vez Yuri se sentia mais pressionado. — Amigo, quero que conte comigo e com Peter para o necessário. Quero que faça de seus problemas, nossos problemas. Mas não todos, pois há sombras que nós mesmos temos de vetar. — A essa altura, Yuri já possuía uma forte vontade de continuar ouvindo. — Quero que guarde essa sombra, mas também que saiba que tem a arma para faze-la desaparecer a qualquer instante. Você não vai fazer isso, por que ela vai te tornar mais forte, a tortura pode ser um ato vil e covarde, mas quando feita por nossa mente, podemos controla-la. Aprenda a manipular seus problemas mais obscuros, faça-os seus objetivos, faça-os suas metas. Não sei o que aquele Giratina significava para ti, nem a rasão de seu irmão estar aqui. Mas quero que aproveite a noite de sono por dois motivos. Você não merece sofrer por algo que pode matar a qualquer momento, e... O Peter vai chegar a qualquer hora, e eu não quero estar acordado para ouvir como foi emocionante jogar RPG¹ com os novos amigos dele.

— Seiryu.... Obrigado. — Yuri abaixou a cabeça, e uma única lágrima pode ser vista cair de seus olhos, em seguida, de cabeça erguida, ele sorri olhando para a Pokebola onde Ekans estava.

— Amanhã é um novo dia, mentira, por que já passou da meia-noite. Mas vamos dormir, Solosis tem um dia longo amanhã. A Fase 2 vai começar! — Afirma Seiryu, olhando para o teto do quarto, enquanto ajeita seu travesseiro.

Ambos pegaram no sono bem rápido. A cama de Yuri era próxima ao guarda-roupas. Ele dormiu enquanto olhava firmemente para uma das portas que estava aberta, sem medo, e apenas via os olhos misteriosos e afiados de Giratina.

As três da manhã Peter entra no quarto, fazendo barulho, os rapazes que estavam dormindo começam a se mover. Peter faz um gesto de silêncio e tenta chegar até sua cama. Se deita e então, com a mesma posição em que se deitou, permaneceu até adormecer.

Na manhã seguinte, o Treinador Especial do segundo dia fez o mesmo do dia anterior. Acordou todos que pertenciam ao seu setor, e com isso Seiryu, Yuri e Peter estavam acordados... Ou quase.

— Eu sonhei com a Enfermeira Joy. — Disse Seiryu.

— Eu sonhei com uma mesa farta de doces, eu e o Magikarp nos esbanjamos! Eu disse pra ele 'confiar na call!' — Pedro toma a palavra.

— Eu sonhei com um... Um búfalo que entrou no quarto essa noite derrubando tudo e todos que estavam pela frente. — Yuri, com um tom sarcástico que nunca havia usado, resolve participar da conversa.

— Vejo que estão muito bem, rapazes. — Bia chega por trás, assustando os três. Que por sua vez, demonstram estarem indispostos por terem acabado de acordar.

Quando Seiryu avança alguns passos repara que uma revoada² de Wingull sobrevoava exatamente ao seu lado. Um vento forte bateu em seu rosto. Logo ele olha para os lados e percebe que não vê a plataforma. Nem mesmo os vastos campos verdes que cercavam a Arena ULTRA. O ambiente que antes era quente, se torna fresco e com leves brisas por todos os lados.

— Es... Estamos VOANDO?!