Uma história de amor um pouco diferente escrita por Weslley Fillipe


Capítulo 11
Capítulo Dez - Coração de Adolescente.




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As lágrimas do orgulho é a pior dor que alguém pode sentir.

Eu e Amber estávamos sentados na varanda de casa, Gabriel e Megan no meu quarto e Yuri fingindo que estava lendo, quando na verdade estava nos bisbilhotando.
– O seu cheiro... É tão bom. - Amber
– O seu... Hum carvalho fresco, delicioso! - Digo enquanto cheiro seu pescoço
– Você tem bom gosto pra perfumes, que ótimo!

Amber era incrível. Eu estava profundamente encantado com a forma que ela lidava com a doença, uma forma tão corajosa que eu ficaria com inveja se ela não fosse minha na..amiga.
– A cozinha está livre? - Ela pergunta
– Sim, por quê?
– Venha, vou ti ensinar a fazer cookies cremosos - Diz puxando meu braço
Já na cozinha, ela pega vários ingredientes e põe sobre a mesa :
– Primeiro você quebra três ovos dentro dessa bacia.
– Ta mas... Como se quebra ovo ?
– Sério que você não sabe quebrar ovo?
– Sério.
– Tudo bem - Ela sorri, e que sorriso perfeito... - Você bate ele de leve sobre a mesa e depois o força ao meio dentro da panela
– Ta... Assim? Ops - Acho que apertei de mais, pois o ovo me lambuza todo
– Seu bobo - Ela segura uma risadinha - Você tem que fazer com cuidado olha :
[ Ela vem por trás, encosta em mim e passa seus dois braços nos meus dois braços, segurando minha mão e mostrando como se quebra a droga do ovo.]
– Ah, assim é fácil
– Aham sei! Agora coloque duas xícaras de leite junto, isso você sabe fazer né ?
– Não, poderia me mostrar de novo ?
– Uma outra hora talvez
– Estou ansioso. - Esparramo todo o leite sobre os ovos
– Farinha
– Oi?
– Coloque três copos de farinha
– Ah sim, farinha é aquele amarelo certo ?
– Aquilo é o fubá.
– Certo, fubá.. Am achei! Farinha. E agora?
– Misture tudo por quinze minutos.

Enquanto eu misturava, Amber foi me contando como descobriu e como vem lutando contra o câncer e eu fui contando como descobri a leucemia e venho lutando contra ela. Ela ficou impressionada pelo fato de eu ter dado um nome pra ela. '' Oi Jully, como vai ? '' - Ela diz olhando para as veias do meu braço. '' Matando esse nerd aqui '' - Falo baixinho com voz de criança, ela me encanta novamente com aquele sorriso angelical.
– Dói
– An?
– Meu braço, ta doendo
– Ah, me desculpe acabei esquecendo, já pode parar de mexer.
– Ufa... - Digo soltando a colher - E agora?
– Coloque no forno
– ..... Pronto, e agora?
– Espere ué
– Quanto tempo?
– Trinta minutos
– E o que vamos ficar fazendo durante esse tempo ?
– Podíamos conversar, ler, sei lá.
– Vamos na sala então, a cozinha está fria.
Eu sento no sofá menor, ela senta do meu lado apoiando-se em mim, eu a abraço e encosto minha cabeça sobre a sua.
– Você é muito fofo sabia?
– Pessoas ficam fofas quando estão morrendo.
– Privilégios do câncer talvez ?
– Privilégios da Jully, eu diria
– Bom trabalho Jully! Continue deixando-o lindo todos os dias.
Eu me senti mal quando ela disse aquilo. Não pelo fato de estar falando da minha doença nem nada do tipo, eu estava me sentindo sem valor. Três semanas atrás eu havia transado com o meu amigo, e na outra estou abraçado com uma menina linda no sofá da minha casa, Gabriel e Megan trancados no quarto fazendo sei lá o que, minha irmã dormindo e minha mãe trabalhando. Yuri estava sozinho, e eu não gostava de deixá-lo daquele jeito, então decido chamá-lo :
– Yuri eu sei que você está atrás da cortina, sente-se aqui com a gente pra contar histórias
Ele sai de trás da cortina envergonhado e diz : - Desculpa, não quero estragar o clima dos dois
– Clima?
– É, clima. - Ele vai em direção á varanda.
– Acho que ele não gostou de mim. - Amber diz
– Não se preocupe
– Acho que é melhor eu .. - Ela ia dizendo levantando do sofá quando puxo seu braço :
– É sério, não se preocupe. Ele pira ás vezes mas é normal, fica aqui comigo tá?
– Tá. - Ela volta e senta do meu lado.
PI... PI... PI...
– Bem, os cookies já estão prontos.
– Vamos recheá-los então
– Eu não sei fazer isso
– Eu ensino. - Ela puxa meu braço

Colocou vários ingredientes outra vez em cima da mesa :
– Pegue quatro colheres de achocolatado, duas colheres de açúcar, uma colher de manteiga e três colheres de leite condensado e...
– E eu como?
– Mistura.
Vou misturando, misturando, misturando e pronto, aquilo era fácil de se fazer.
Ela esparrama sobre os biscoitos e desenha rostinhos felizes em todos. Oferecemos para Gabriel e Megan mas eles nem responderam, Yuri me ignorou, então comi um, ela outro e guardamos o resto.
Alguns minutos depois já estava escurecendo, então fui levá-la embora.
Na porta da sua casa seu pai a esperava.
– Boa noite - Digo
– Boa noite Harry, Boa noite Jully
Dou um beijo no seu rosto, mas especificamente no canto da sua boca. Ela fica vermelha e eu com medo, o pai dela era grande. Mas ele não se importa, sorriu e disse baixinho '' obrigado por cuidar da minha bebezinha '' eu sorrio e volto embora.

Quando cheguei em casa Yuri estava sentado no escuro ....
– Economizando energia ?
– Não gosto de claridade.
– Entendo. - Digo sentando do seu lado e pegando na sua mão, estava fria.
– Por favor Yuri, me conte o que você tem.
– Não é nada.
– Yuri...
– Desilusão amorosa, nada de mais.
– Me desculpe por isso...
– Você não tem culpa por eu ter me apaixonado por você cara, não se preocupe.
– Posso me sentar do seu lado ?
– A casa é sua.
Sento do lado dele e ele coloca a cabeça no meu peito, começo a massagear seu cabelo olhando para o teto. Afinal eu não poderia fazer mais nada.

Depois disso fomos dormir, ele no meu quarto, eu na sala, Megan no quarto da minha irmã e Gabriel na sala comigo. Eu e ele ainda estávamos acordados.
– Você não vai me estuprar igual fez com o Yuri né ?
– Só se você quiser. - Digo brincando, claro.
– Não, valeu. Nessa hora minha prima o chama pra ir dormir com ela.
– A Alice é muito pequena pra ver sacanagem. - Digo
– Ela não está no quarto dela, está no quarto de visitas...
– Vou ficar sozinho enquanto vocês transam, justo.
– Chame o Yuri ué
– Ele está bravo comigo...
– Amber?
– Não vou transar com uma garota que conheci há três semanas.
– Masturbação ?
– Sai daqui.
– Certo, venha garanhão. - Chamando Gabriel.
Fiquei com ciúmes, transar com mulheres devia ser bom...

Acordei no outro dia antes de todo mundo. Liguei pra Amber.
– São sete horas da manhã. - Ela diz.
– Desculpe, estava com saudades.
– Sem problema, eu já ia ti ligar daqui a pouco mesmo.
– Dormiu bem ?
– Feito um anjo, e você ?
– Feito um leucêmico
– Justo
– Injusto
– Bobo
– Poderemos nos ver hoje ?
– Humm, deixa eu ver minha agenda e sim podemos
– Que horas posso passar dai ?
– Agora seria uma boa hora?
Não respondo, desligo o celular e pego as chaves da minha mãe, chego na casa dela cinco minutos depois ( ela morava bem longe ).
– Bom dia Harry - Amber diz quando chego
– Bom dia Amber - Eu digo quando chego
Fomos até a pracinha perto da casa dela, ela deitou no meu colo e eu fiquei acariciando suas mãos.
– Você é linda sabia?
– Você é lindo sabia?
– Não
– Sim
– Talvez ?
– Talvez.
Ela levanta a cabeça e beija meu pescoço. eu devolvo um beijo na ponta do seu nariz. Aquela manhã estava perfeita, aquela praça estava perfeita, aquela menina estava perfeita. Ela coloca a mão na barriga.
– Está tudo bem ?
– Está, não se preocupe.

Meus pensamentos estavam confusos. O amor na adolescência é muito complicado, eu era complicado, Jully era complicada. Eu sei que faz apenas três semanas que a conheço, mas eu precisava dizer aquilo pra ela.
– Amber
– Harry
– Preciso lhe dizer algo
– Pois diga
– Eu acho que .... Acho bem, acho que estou .. - Mas paro de falar quando ela fecha os olhos.
– Amber? - Ela não responde. - Amber tudo bem ? - Ela começa a ficar gelada.
Levanto-a do meu colo e a ponho deitada, três segundos depois ela grita. Ela grita tão alto que todos os pássaros saíram do lugar, ela começou a chorar, saía sangue de seu nariz e seu peito estava ficando preto. Era o câncer.
Coloco-a em meus braços e corro em direção a sua casa, seu pai estava na porta. Provavelmente também ouvira o grito. Ele coloca Amber no banco de trás e eu vou junto pra segurar sua mão.
– Está queimando, papai está queimando... - Ela dizia
– Eu sei querida mas acalme-se estamos chegando. - Seu pai disse.
Literalmente, o hospital era logo na esquina. Eles se mudaram pra perto do hospital quando Amber foi diagnosticada.
Quando chegamos lá, Amber foi levada pra sala de emergência, eu fiquei sentado na sala de espera e seu pai ia saindo do hospital quando digo :
– O senhor não vai ficar?
– A mãe dela também está doente, preciso cuidar dela. E ela está segura aqui com você. Obrigado por tudo que está fazendo pela minha filha garoto.
Ele dizia como se aquilo fosse rotina. Acordar, levar a filha pra UTI e voltar pra cuidar da esposa doente.

Fico impaciente, mexendo e mordendo minhas unhas o tempo todo, até a doutora Maria Ester aparecer.
– Hoje não é você pelo visto
– Como ela está ?
– Vai ficar bem
– Ela tem câncer doutora.
– Vai ficar brevemente bem. E você ?
– Vou bem e a senhora ?
– AH, esqueci. E a Jully ?
Cochicho uma pergunta nas minhas veias e respondo : - Ela disse que está bem.
– Espero não vê-lo sempre no hospital Sr.Augustos. O senhor é um jovem muito bonito pra morrer tão cedo.
– Obrigado , isso me conforta.
– Meu trabalho é salvar vidas mocinho
– E o meu é morrer, certo ?
– Vulgarmente certo.
Eu gostava dela, ela não mentia pra mim, o que era importante pra um leucêmico.

Eu fiquei cerca de doze horas no hospital e acabei dormindo. Acordei oito horas da noite com uma das enfermeiras me chamando e informando que a Amber já havia acordado e podia receber visitas.
– Boa noite.
– Desculpe ter estragado nosso dia romântico.
– Você não teve culpa, não se preocupe.
– Ta. Ainda podemos ter uma noite romântica.
Eu estava sentado perto da cabeceira, ao lado de sua barriga
– Numa cama de UTI ? Nada romântico
– Qualquer lugar pode ser romântico... - Ela agarra a gola da minha blusa e puxa pra perto dela, meu corpo colado com o dela parecia uma cena de assassinato, parecia até eu beijá-la. Era um beijo bobo até ela virar de lado e vir por cima de mim.
Eu já havia entregado totalmente o meu corpo aos beijos dela quando uma enfermeira entrou e disse : '' Aqui não é o lugar certo pra isso ''
Amber se enrolou toda no meu corpo, eu comecei a rir e ela começou a rir. Ficamos os dois rindo naquele quarto de UTI sinistro.

Fui embora quando era nove e meia, dei um beijo na testa dela e falei que amanhã voltava pra vê-la. Ela disse que iria esperar.
Na manhã seguinte fui até o hospital, e a enfermeira disse que ela já havia tido alta, então fui até a sua casa. Ela demorou um pouco pra sair, estava usando cateteres no nariz e uma blusa azul clara de pijama com um short curto que mal aparecia.
– Você está incrivelmente linda.
– E você continua gostoso como sempre...
– Não faça isso comigo, não podemos transar no estado em que você está. - Paro de falar quando ela tampa minha boca com o dedo indicador e fala baixinho - Shhh meu pai está na sala assistindo jornal - Ela me da um selinho fofo e me puxa pra dentro.
– Bom dia Sr. Collins - Aperto sua mão. - Bom dia Harry, como vai ?
– Tirando a leucemia, vou ótimo!
Vou até a cozinha onde está sua mãe. - Bom dia Sra. Collins - Beijo seu rosto.
– Bom dia querido.
– Mãe, eu e o Harry vamos lá pra cima tá ?
– Juízo heim!
– Somos duas crianças com câncer mãe, o que poderíamos fazer?
– Se divirtam meus amores. - Diz o pai dela.

Subimos a escada até o quarto dela. Era rosa todo enfeitado com desenhos infantis e princesas da disney.
– Belo quarto.
– Por favor ignore isso, minha mãe acha que só porque estou morrendo significa que vou ser uma criança pelo resto da vida.
– Ele é fofo, combina com você. - Digo pegando em sua mão, estava quente.


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