Ware, Yami Tote... escrita por Lady Argentum
Pois é na madrugada que aqueles pensamentos que calamos durante o dia ergue a voz, violando os sonhos e se tornando estrondoso diante o silêncio do mundo.
Tão irônico como se torna um grande ciclo vicioso, o desgaste matinal se estende durante o resto do dia, até chegar a noite e a tentativa falha de sono. Em meio á sonhos, devaneios, vozes, lembranças fragmentadas de sua presença .
A cicatriz que ainda não cicatrizou pulsa. Há quanto tempo vem perpetuando minha mente exatamente no mesmo horário? Já não lembro mais. Por mais quanto tempo rescindirá cravada sob minha pele?
E a fonte que tantos dizem secar depois de tanto tempo de sofrimento, quando finalmente irá acabar o reservatório? Ainda choro como uma criança solitária.
Eu já deveria saber, depois daquele dia nada mais voltaria ao normal. Em cada sorriso, vejo suas lágrimas. É doloroso pensar que desejo a destruição de tudo que defendi por mais uma visão de seu sorriso ridículo e esnobe.
Nunca mais deixei se aproximarem de meu coração, muita coisa mudou. Já não sou mais a mesma pessoa imperativa, doce e quente como outrora conhecestes.
E a culpa é unicamente tua.
Nas possibilidades de que haviam, você arriscou todas suas forças, toda sua história em uma. E eu não poderia deixar realizá-la.
E naquele momento, eu vi que não poderia fazê-lo regredir. Nunca jamais eu teria o direito de fazê-lo negar toda tua história, todo teu sofrimento.
Pergunto-me quantas vezes você se sentiu assim como me sinto, com o sangue do que ama em mãos. Enquanto minhas lágrimas caem nelas, posso ver os filetes de sangue após a explosão de nossos golpes.
E lembranças saltam-me a mente.
Seus olhos negros, o vermelho escorrendo por eles enquanto você tentava inutilmente ver o céu.
–Então é isso?-Você dizia com suas últimas forças. -Então aqui é o fim dos Uchihas. -Sorria.
Me aproximei com o coração não sabendo mais se batia. Sua força vital esvaecia. Caí de joelhos ao teu lado.
–E apesar de tudo... -O timbre abaixava. - Eu sempre te amei... -Sussurros.
Ah, essas palavras tão afiadas como navalhas...
E a ironia do tempo. Aquelas foram suas últimas palavras, sequer pode ouvir as minhas, mas gostaria de imaginar que de onde você esteja possa agora ouvir.
Nunca julgarei o caminho que decidistes seguir, e eu também sempre te amei, e sempre vou lhe amar.
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