John e Stephen foram até a casa de Astrid, que estava acompanhada dos pais e do namorado. John tremia de nervosismo. Talvez perder a memória não lhe parecia ser tão ruim agora. Stephen pegou em sua mão e sorriu para John, antes de tocar a campainha.

– Ela merece uma explicação.

– Eu sei. – John suspirou.

Não demorou muito e David apareceu à porta. Cumprimentou Stephen alegremente. Stephen apresentou John à David e os dois entraram. John e Stephen cumprimentaram os pais de Astrid e então foram ao quarto da menina para vê-la.

– Astrid. Tem alguém aqui que gostaria de vê-la! – Anunciou David

Astrid virou-se, encarando a porta e levando um susto quando John apareceu. Os dois fitaram-se alguns segundos antes de se cumprimentarem.

– Oi. – Disse Astrid deixando escapar um pequeno sorriso.

– Oi - Respondeu John corando.

– Eles já se conhecem? – Cochichou David para Stephen. – Por que eu sinto que os dois já se conhecem?

– Eles já se conhecem. – confirmou Stephen tentando não rir.

– Você sumiu.

– Ér... Bom... – John suspirou – Jedikiah. De alguma forma eu perdi minha memória.

– É. Stephen disse que você conseguiu seus poderes de volta. Sabe, John, eu estou furiosa por você ter sumido, apesar de eu saber o motivo e entender que você não se lembrava de ninguém, porém... Estou feliz que você está de volta e bem.

Astrid abraçou John.

– Fizeram algum tipo de experimento nele? – Perguntou David à Stephen, ainda cochichando.

– Mais ou menos.

– Maneiro... Digo... Ainda bem que ele está bem, não é?

Stephen riu para si mesmo.

– Astrid. – Começou Stephen – Antes de irmos ao cinema, preciso te dizer duas coisas. E vocês vão ficar chocados.

Astrid fitou Stephen tentando lê-lo e percebeu que o amigo estava bem tenso. Suspirou imaginando que tipo de problema paranormal ela se envolveria.

Longe dali, no subsolo, na verdade, estavam Cara e Charlotte. As duas foram até a Cidadela para procurarem por Daniel Orick, irmão de Kevin. A seção BD, segundo Jedikiah, estava secretamente escondida e por isso, Cara não o encontrou quando libertou os paranormais que estavam na Cidadela quando a Ultra caiu.

– Esse lugar me dá arrepios. – Comentou Charlotte.

– Sei como é. Já estive aqui antes. Apesar de não ter passado pelo o que você passou.

– Nem me lembre. Se bem que... é meio que involuntário. Me lembre porque Jedikiah não está aqui.

– Ele foi buscar Morgan. Os dois vão se preparar para o Inside.

– Inside. Que nome ridículo!

– Concordo... Hm, pela descrição daquele maluco deve ser aqui.

Cara parou em frente a uma estante cheia de produtos químicos que eram usados nos outros de sua espécies em experimentos. Empurrou a estante apenas com a mente, derrubando dois potes. Atrás da estante havia um elevador escondido e, um pouco acima, as letras BD.

– O que significa BD? – Perguntou Charlotte.

– Badass, eu imagino.

– Não deveria ser BA, então?

– É do Jedikiah que estamos falando. Tenha cuidado. Pode ser toxico, essas coisas que eu derrubei sem querer.

As duas entraram no elevador com cuidado e pressionaram o botão para descerem. Ao que pareceu, foram apenas uns três ou quatro metros no subsolo. Assim que as portas se abriram, as duas viram uma sala grande com várias celas de vidro vazias, como as que Charlotte estava antes de Cara liberta-la. Havia um enorme tubo no centro, com um líquido de aparência esverdeada e com uma pessoa dentro. Este, tinha os cabelos compridos flutuando no líquido e estava muito pálido e magro.

De repente houve um estouro e as luzes do local se acenderam. Cara procurou por Charlotte, avistando-a num canto próxima a uma máquina.

– Que foi? – Perguntou a menina inocentemente.

– Tome cuidado. Não conhecemos este lugar. Não sei o que pode acontecer, portanto...

– Relaxa. Eu só achei que estava escuro demais. É ele? – Perguntou Charlotte apontando para o enorme tudo logo à frente.

– Não. Digo... não pode ser.

– Por que não? Ele está aqui faz anos, certo? Aposto que nem consegue andar. E este líquido? Parece que ele recebe nutrientes através do líquido, por algum tipo de osmose ou algo assim.

– Desde quando você entende dessas coisas? – Perguntou Cara horrorizada. – Não importa. Se ele é mesmo Daniel, como vamos tirá-lo daí?

Charlotte foi à frente, aproximando-se do tubo. Puxou a espada das costas e a estocou contra o vidro. Ao tirá-la, o resto do vidro começou a rachar e logo, todo ele quebrou-se.

Cara teleportou-se para o lado de Charlotte para pegar o homem que, caiu sobre as duas.

– Ele está leve. – Comentou Charlotte.

– Charlotte. Você é a melhor!

– Eu sei. Obrigada.

Astrid, David, Stephen e John foram ao cinema para assistirem ao novo filme da saga de “Planeta Dos Macacos”. Não era exatamente um filme romântico, mas John e David pareciam gostar de filmes como estes. E de fato os dois estavam hipnotizado nos macacos que se comunicavam entre si como os humanos.

Antes de irem ao cinema, porém, Stephen e John contaram que estão namorando. Astrid ficou chocada, como já era esperado, David pareceu estar mais feliz. Ainda assim, ela parabenizou os amigos e os apoiou.

– Então... Você tem certeza? É que... é importante pra mim que você esteja OK com tudo isso.

– Eu disse que estou bem com isso, Stephen. Aliás, nem sei como vocês não tinham ficado juntos desde que se conheceram. Pelo o que você me contou, já tinham até se beijado.

– Ele me beijou. E eu estava morrendo afogado. Foi uma respiração boca a boca, nem chega a ser um beijo.

Astrid e Stephen riram um para o outro.

Além de ter contado sobre o namoro dos dois. Stephen também falou sobre o segredo que vazou e como vazou. Não entrou em detalhes para não confundir a cabeça de David – que parecia animado com toda a situação – e para não perderem o filme. Mas Stephen explicou rapidamente o plano de Jedikiah.

– Então... essa coisa de Inside. Esse plano do seu tio. Sério que esse é o plano dele?

– Pode funcionar, sabia?

– Sim, mas vocês continuariam vulneráveis. Não é como se vocês tivessem uma fortaleza ou algo do tipo.

Algumas pessoas que também assistiam ao filme, pediram silêncio em coro, incluindo John. Enquanto ouvia Astrid rir baixinho em seu ouvido, Stephen passou a prestar mais atenção no filme.

De repente, David chamou por Stephen. Porém, Astrid estava entre os dois. David e Astrid então trocaram de lugar rapidamente para não atrapalharem mais os outros.

– Vocês podiam fazer como nesse filme.

– O que? Fugir para longe e começar uma comunidade de macacos inteligentes?

– Sim. Não a parte dos macacos inteligentes. Até porque eles já são. Mas, vocês poderiam começar uma comunidade só de Seres Do Amanhã. Em pouco tempo, essa comunidade, se transformaria numa cidade, ou quem sabe, numa fortaleza. É como Genosha em X-Men, se é que vocês lêem essas coisas.

Stephen estava estupefeito. Como não tinha pensado nisso antes? Claro, David estava se divertindo com sua reação, mas talvez ele pudesse estar certo.

– Sei que não é grande coisa, mas, vocês estão desesperados. Talvez seja hora de tomarem medidas desesperadas. – Continuou David com entusiasmo.

– David. Você é um gênio!

Assim que Daniel acordou – deitado no chão gelado da Cidadela – Charlotte e Cara acudiram-no.

– Daniel?

– Sim. – Disse ele. Estava com a voz fraca e tossia muito.

– Viemos resgata-lo.

– Quem são vocês? Onde está meu irmão? E Crystal? Onde eles estão?

– Seu irmão está bem. Ele me pediu para encontrar você. Me chamo Cara e essa aqui é Charlotte. Hora de levar você para casa.

– Mas e Crystal? Onde ela está?

Charlotte e Cara encararam-se, pensando no que fazer.

Quando o filme acabou, os quatro foram até o Refúgio a pedido de Jedikiah. Ao chegarem lá, ambos encontraram-se com Marla e Luca. Não demorou muito e Irene apareceu trazendo junto, Natalie e Zoey. Russell, também chegou e não estava sozinho. Donna e o resto de sua equipe estava junto. Jedikiah e Morgan, demoraram, mas também chegaram. E por fim, Charlotte, acompanhada de Cara, Daniel e uma estranha mulher, se aproximaram.

– Vejo que todos chegaram. Acho que está na hora de apresentá-los o Inside. – Disse Jedikiah sorrindo de orelha a orelha.