One and the same escrita por Miss_Miyako


Capítulo 5
Um e o mesmo.


Notas iniciais do capítulo

Hey yo, pessoas~
Sinto muito pela demora ;w; É que aconteceram umas coisas que me deixaram meio desanimada a postar, erm.
Vocês devem conhecer Fairy Tail, né? Pois enton, tem um guri que eu conheço, ele estuda na minha escola, mas não na minha sala que me deixou muito chateada esses ultimos dias. Porque a criatura é super inconveniente e mal-educada, além de achar que tem a razão de tudo. Ah! O que Fairy Tail tem haver com isso? Bom, acontece que esse guri tá lendo uma fic que eu tbm tou e ele simplesmente adora fazer comentários desnecessários e ridículos sobre a Lucy só porque ele odeia ela. Acha que ela é chata e inútil (detalhe, esses argumentos são horriveis, só acho), ao ponto de desejar que sei lá... O Igneel tivesse um ataque e matasse ela. O pior, é que a Lucy é a personagem principal da fic, tipo, o POV TODO é praticamente dela, mas o guri continua lendo. Qual o grau de burrice e masoquismo dessa criatura? Se odeia tanto a Lu assim, então, ora pombas, para de ler a fic! Eu nom sei vocês, mas quando eu odeio um personagem tanto assim, eu passo longe de qualquer coisa que tenha até citação dele. É.
Pior ainda, é que ele adora mandar MPs (sim, os comentários eram de falar, tá gente?) para a autora, implorando na maior cara de pau, para ela matar a Lucy. E a autora parece gostar muito da personagem. Pode um negocio desse? E eu ainda tenho que aturar ele me contando isso porque ele sabe que eu gosto de FT e eu tenho CERTEZA que ele também sabe que eu gosto da Lucy. É um babaca mesmo, urg.
Eu fiquei com tanta dó da autora, cara. Se bobear, ela até vai ficar desmotivada a escrever. Eu, que nem sou a vitima, já fiquei mó para baixo, imagina ela então! E a fic é boa para caramba, não quero que pare do nada.

*Sigh* É, foi por isso. Eu odeio esse tipo de coisa, elas acabam comigo. Tem gente que nom se manca, se vocês tem um amigo assim (amigo, esse guri é meu colega só... "colega"), façam o favor de dar um choque de realidade neles, tá? Esse tipo de atitude passa o nível do insuportável.
Enfim! Chega de lenga-lenga, eu tou me sentindo melhor agora! Enton, boa leitura!!!

P.s: A música usada nesse cap é a Distance, também da Nishino Kana! (Sim, eu amo as músicas dessa mulher, me prendam! jkhskldjfh)



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Haruru, é você?

A morena congelou, não acreditando na situação em que se metera.

Estava tão distraída que nem percebera o caminho que tomara e acabara encontrando Lisia, uma idol que conhecia e sua amiga que não fazia ideia da sua vida dupla.

—... Haruru? – A garota a sua frente estreitou os olhos e deu um passo para frente, enquanto Sapphire deu um para trás. Ah, mas e agora? O que ela faria? Como sairia dess-!

Não, espera! Aquela não era a primeira vez que aquilo acontecia. Certa vez, um fã quase a descobrira, mas ela conseguiu disfarçar bem agindo como sempre agia como Sapphire.

O garoto pedira desculpas e comentou animado como as duas eram parecidas, quando ele saiu, a morena quase deitou no chão por causa do susto que levara.

Isso! Era só fazer a mesma coisa!

A garota pigarreou.

—Quê? Haruru? Eu acho que você deve estar me confundindo com alg-!

—Eh!? Haruru, você tá falando diferente!

Gehe-!

—C- C- Como eu estava dizendo, você deve estar me confundindo com al-!

—Seu tom de voz mudou, Haruru! Está menos suave do que geralmente é!

Droga...!

—Olha, garota! Eu não sei do que você tá falando, ok? Eu sou a Sapph-!

—Hm? Isso é um uniforme? Você vai a escola, Haruru?

A morena sentiu vontade de bater o pé e berrar para os céus.

Bom, obviamente, a Lisia não era um fã qualquer.

—Haruru...? Por que você tá agindo tão diferente...? Ei, Har-!

Antes que ela pudesse continuar, Sapphire tampou sua boca e colocou um dedo sobre os lábios.

—Lisi, fala baixo, pelo amor de Arceus!

A garota de orbes esverdeadas arregalou os olhos e se soltou do aperto da outra.

—Então você é mesmo a Haruru! Eu sabia! Por que você tá vestida assim?!

—Olha, é uma longa história, mas enquanto eu estiver vestida desse jeito, me chame só de Sapphire, tá legal?

—Sapphire?

—É!

—Por quê?

—Porque é o meu nome de verdade! – A morena olhou para todos os lados, tentando se certificar que não havia ninguém mais ouvindo aquela conversa.

—Nome de verdade?! Então você não se chama Haruka?! – Lisia exclamou.

—Fala baixo! – A garota de olhos azuis pediu e fez “shh!” logo em seguida.

A outra ficou parada por alguns segundos até que abriu a boca e apontou para a morena.

—Então...! Isso quer dizer que você... – Ela abaixara o tom, ainda bem. – Você leva uma vida dupla?! Então foi isso que o Yuuki quis dizer!

—É, eu sei. É uma surpresa e tudo ma-! – Enquanto falava, sua mente processava a frase de Lisia e fez “clic”, mandando um sinal para todo o seu corpo parar quando entendeu a parte “Yuuki” da sentença. – Ele disse o quê?!

—É! – A garota de cabelos esverdeados cruzou os braços. – Ele me disse que você não era quem ele pensava ser! Então era isso! Você tava escondendo quem realmente era! Dele, de mim e de todo mundo!

Sapphire sentiu o sangue em suas veias começar a borbulhar. Então, ele dissera aquilo?! Para Lisia!? E na maior hipocrisia possível?! Não importava se a garota era uma amiga próxima dele, ele ainda não tinha o direito...!

Ah, ela ia matar o Ruby!

—Quem ele é para falar alguma coisa?! – Ela esbravejou, sem sequer se preocupar em se controlar. – Ele também leva uma vida dupla!

Lisia a encarou. A morena respirou fundo para tomar o fôlego, só para ele ser retirado de seus pulmões bruscamente quando percebera o que fizera e tampou a boca.

—Ele o quê..?

URGHMF-!— Sapphire soltou um grito abafado ainda com as mãos na boca e sacou seu celular.

—Eh? Haru-! Er... S- Sapphire..? – A garota inclinou a cabeça, ainda confusa com a jorrada de informações.

A morena apertou o número da discagem rápida e pôs o aparelho no ouvido, enquanto levantava uma mão para fazer sinal que Lisia se calasse.

—Alô? – Ela ouviu do outro lado da linha.

—Eu fiz caca! – Declarou, firmemente e com um rosto sério.

...

—Mas o quê...? – Ouviu Ruby murmurar.

E suspirou. Aquilo lhe daria uma dor de cabeça daquelas, ela podia sentir.

***

—Eu não acredito que você fez isso! – O moreno exclamou ao apontar para ela acusadoramente. – Como é que você deixou isso acontecer?!?

—Ora me poupe! – A garota retrucou com as mãos na cintura. – Foi você que começou tudo isso, sabia?!

—Perdão?!

Wallace e Winona quase que suspiraram em sincronia enquanto Lisia encarava o casal de morenos brigando, sentada no sofá de sua casa.

Então, bem, Sapphire ligara para Ruby para lhe contar o que acontecera com ela e que Lisia havia descoberto o seu segredo – e que ela, sem querer, acabara revelando o dele também – e pedira ao mesmo que viesse para a casa da outra idol junto de Wallace e Winona para que pudesse explicar a situação antes que ela saísse de controle.

E sim, tudo apenas uma hora depois que ocorrera a descoberta, sem chance de recesso para ser resolvido no dia seguinte.

Porque, afinal, Sapphire era uma garota muito imediatista.

—Se você não tivesse dado com a língua entre os dentes e falado: “Ela não era quem eu pensava ser” e blá, blá, blá! – A morena falou, usando uma voz fina e estranha para imitar a fala do garoto.

—Não era quem eu...? – Então arregalou os olhos e se virou para a irmã mais nova de seu agente. – Lisi-chan!!

—Gee! – Lisia levantou os braços. – D- Desculpa! Mas foi o que você falou, Yuu-! Quer dizer... Er... Qual seu nome mesmo? O de verdade.

—Ruby! – Ele franziu o cenho.

—Isso! Rub-! Ruby? – A garota abaixou as mãos e olhou para cima. – Ruby... Sapphire... Hmm...

—Bom! – A morena exclamou e virou para o lado, cruzando os braços. – Desculpa ter te decepcionado taaanto assim!

O moreno pôs a mão na testa e suspirou.

—Sapphire, eu ainda estava em choque! – Ele se explicou. – Eu aposto que você pensou isso de mim também!

A garota estava prestes a falar uma coisa, mas se calou.

—Talvez...

—Por que você ficou tão irritada com isso, de qualquer forma? – E piscou ao percebê-la corando.

—P- Por nada! – Ela respondeu – para ser sincera, nem ela sabia direito – e girou nos calcanhares para o lado oposto.

—Ah, eu sabia. – A mulher de longos cabelos violetas suspirou. – Era só questão de tempo até que ela descobrisse.

—Se refere à Lisi? – O homem de boina branca levantou uma sobrancelha.

—Claro! Essa garota é muito esperta!

—Ah! – A expressão de Lisia se iluminou e ela pôs uma mão no rosto. – Não é para tanto tamb-! Não, espera! Eu estou irritada!

E cruzou os braços, fazendo bico.

Os outros quarto ficaram com uma gota.

—Eu não acredito que vocês esconderam isso de mim! – Ela resmungou. – Até tu, nii-chan?

Wallace coçou atrás de sua cabeça e se aproximou do sofá onde sua irmã estava, agachou-se para olhá-la nos olhos.

—Me desculpe, Lisi. – Ele pediu. – Mas eu prometi à mãe de Ruby que manteria isso em segredo. Só entre mim, ela e ele.

—Só a mãe? – A garota piscou.

—Meu pai não sabe. – O moreno murmurou e olhou para outro ponto. Sapphire o encarou.

—Eh?

—O mesmo vale para mim. – Winona se pronunciou e colocou uma mão sobre a cabeça de sua cliente. – Prometi aos pais de Sapphire que isso só ficaria entre nós. Bem, até isso tudo acontecer.

—Mhhrg... – A morena sentiu a culpa pesar em seus ombros, mas parou quando sentiu a sua agente afagar-lhe a cabeça. – Hm.

—Tente entender, Lisi. – Wallace segurou as mãos de sua irmã. – Existem pessoas que não conseguem lidar com esse tipo de vida tão bem quanto você e que não estão dispostos a abrir mão de certas coisas. Mesmo que não sejam muitos, não podemos culpá-los por isso.

A garota olhou para as mãos entrelaçadas as de seu irmão e ponderou, até que um suspiro deixou seus lábios.

—Eu acho que entendo... Digo, é mesmo cansativo viver assim, ás vezes. Acho que é bom ter uma válvula de escape, né...? – Lisia soltou as mãos do irmão. – Certo, entendi.

E fez uma cruz sobre seu coração.

—O segredo de vocês está seguro comigo!

Tanto Ruby quanto Sapphire sorriram.

—Obrigado, Lisi-chan.

—Valeu, Lisi!

—Mas! – A garota levantou um dedo. – Eu quero perguntar uma coisa!

E apontou para Ruby, com a expressão séria.

Ele engoliu em seco.

—Para quê esse gorro?!

O moreno piscou e tirou o acessório.

—As mechas e a cicatriz. – E apontou.

—Aaaah... – A garota de cabelos verdes murmurou e assentiu. Ruby a encarou.

E Sapphire não conseguiu conter o riso que saiu de sua boca.

Bem, que bom que tudo dera certo.

***

A morena suspirou, deixando que o vento balançasse suas roupas e dançasse por seu cabelo, parecendo levar todas as suas preocupações para longe.

Faltava cinco dias para o Altaria Festival e os ensaios não podiam estar mais puxados. Não importava se ela e Ruby soubessem a letra de cor e salteado ou que a coreografia estivesse praticamente gravada em seus músculos, nunca era o suficiente. Tinha de ser perfeito.

Sapphire colocou as mãos atrás da cabeça e se inclinou na parede da pequena construção que levava as escadas. Estava no terraço de sua escola, o lugar que mais gostava de ficar quando precisava relaxar um pouco.

—Como se fosse sair tudo perfeito. – Bufou. – Somos humanos, é normal cometer erros.

Um barulho relativamente alto vindo de seu estomago a fez corar.

—Como... Esquecer o meu lanche... De novo. – E suspirou, soprando sua franja para longe de seus olhos.

—Então acho que cheguei em boa hora. – Ela ouviu uma voz familiar falar ao seu lado e virou seu rosto.

De frente para porta que levava as escadarias, estava o garoto que usava um gorro branco e de olhos vermelhos, este segurava duas caixas de lanche.

—Ruby? – Ela piscou.

—Sim, eu. – Ele assentiu e se aproximou para sentar ao lado dela - não antes de torcer o nariz para a maneira como ela estava sentada e a morena lhe dar língua.

—Como sabia que eu estaria aqui?

—Eu já te vi subindo essas escadas algumas vez. Então é aqui que você fica, huh?

—Bom, sim. É agradável. – E indicou para a caixa envolta em pano azul com a cabeça. – Quê isso?

—Seu almoço. – E a entregou.

—Como é?

—Almoço. Também reparei que você esquece bastante o lanche. – E lhe entregou a caixa.

A morena a aceitou, mas estreitou os olhos.

—Tá me perseguindo, é?

Ruby revirou o olhar e começou a abrir a sua própria caixa.

—Sou observador, é diferente.

—Hmm... – A garota abriu a caixa e piscou surpresa. O almoço tinha mesmo uma aparência muito boa! Tanto que ela não resistiu nem mais um segundo em pegar os hachis e provar um pouco da comida. – Aaah!

—Gostou? – Ruby perguntou.

—Sim! – Ela sorriu. – Onde você comprou?

—Comprar? – Ele pareceu levemente ofendido. – Eu não comprei, fui eu que fiz.

—Eeeh... – A morena murmurou, piscando. – Então, você cozinha?

Não era tão surpreendente.

—Claro, ué. Você não?

—Nah, cozinho sim. Eu só esqueço mesmo de fazer.

—E fica passando fome?

Ela deu de ombros.

—Você é inacreditável. – Ele murmurou. Sapphire lhe deu língua mais uma vez.

—Meh, me deixa. – E abocanhou outro punhado de arroz.

—Certo, certo...

E ficaram assim, apenas comendo seus almoços e vez ou outra puxando conversa. Era estranho, como eles conseguiam ter esses momentos. Eles, que viviam brigando e que conseguiam torrar a paciência de qualquer professor, conseguiam se dar estranhamente bem.

De fato, desde aquela descoberta chocante e a proposta de Ruby, as conversas ficaram mais constantes – não só como Yuuki e Haruka –, as brigas ainda existiam, claro, mas não os impediam de ter momentos serenos em que apenas conversavam.

Era... Bom.

Wally que os diga. O garoto estava muito feliz de não ter que ouvir reclamações e ver os dois se dando bem. Ou quase.

—Sapphire, vem cá. – Ruby começou.

—Já tô aqui.

Ele a encarou e a garota não conteve o riso.

—Que foi? – Ela perguntou e comeu um pedaço de carne.

—Posso te fazer uma pergunta?

—Uhum.

—Por que você quis se tornar uma idol?

A comida estava a meio caminho de sua boca quando olhos azuis o encararam.

—Ah... Não precisa contar se não quiser.

A morena abaixou seus hachis e olhou para frente. Ah, ele a deixara brava, não é? Claro que deixara, talvez não devesse ter pergu-

—Foi por causa do Yuuki.

Ele piscou.

—.. O quê?

—Hunf! – Ela bufou. – Não vá ficar convencido, hein! O que eu quero dizer é que... Eu sempre gostei de música e de cantar, por causa da minha mãe.

Ruby se manteve quieto, esperando que ela continuasse.

—A Winona é uma antiga amiga da família, amiga de faculdade da minha mãe e quando ela se tornou agente e viu que eu sabia cantar, ela tentou me tornar numa idol. Só que eu recusei porque achava aquilo ridículo, músicas sem sentido feitas apenas para lucrar e era tudo tão... Falso.

O garoto suspirou. Não podia deixar de concordar com o que ela dizia, porque... Bem, era verdade. Certas empresas faziam aquilo, criavam idols fictícios que nem sabiam cantar de verdade, apenas pelo dinheiro.

—Mas... – Ele voltou a olhá-la. – Certo dia, eu acabei vendo você... Er, o Yuuki, na TV. Meu primeiro instinto foi desligá-la, só que... Eu percebi que era diferente. A música, a maneira de cantar, a empolgação... Você estava se divertindo de verdade.

E respirou fundo.

Uma espécie de brilho.— Pensara em dizer, mas achou melhor não. Era o mesmo que ela via em Lisia, para ser sincera. – Eu fiquei contagiada com aquilo e senti vontade de fazer o mesmo, contagiar pessoas... Da mesma maneira que a minha mãe gostava de fazer... Foi aí que eu conversei com Winona, aceitei o pedido, mas como eu estava hesitante em perder a vida que eu tinha, ela deu a ideia dessa vida dupla e... Bem, o resto você já sabe.

—Entendi... – Ele murmurou. Então ela via nele o mesmo que ele via nela, a aura de alguém que fazia aquilo simplesmente porque gostava e era divertido. Ruby sorriu.

—E também... – A garota corou um pouco. – Admito que as roupas são... Fofas.

O moreno piscou.

—O que você disse?!

Sapphire bufou.

—Ah, para! Não é como se fosse algo tão estranho eu dizer isso, né? – E murmurou em seguida. - ...Eu sou uma garota também, poxa.

O garoto ficou parado, apenas a observando, até que voltou a sorrir. Era verdade.

—Tem razão. – E se virou para o lado, revirando a bolsa que trouxera consigo pelo ombro.

—Hm? – Ela levantou uma sobrancelha e piscou ao vê-lo segurar um pente e uma... Aquilo era uma bandana?

—Certo! Vem aqui, Sapph. – Ele a chamou com a mão.

—Opa, quê?! – Ela arregalou os olhos. – Ah! Ah, não! De jeito nenhum!

E tentou engatinhar para longe dele, mas o garoto foi mais rápido e a segurou pelo ombro.

—Volta aqui, não é como se fosse doer!

—Dói sim! – E ela apontou para o pente. – Pentear o cabelo dói muito!

—Isso porque você deixa o seu ficar embaraçado! – Ele retrucou e voltou a puxá-la para perto dele. – Agora volta aqui!

—Não! Nãão!

—Deixa de birra!

—Vai doer!

—Não vai não! Eu prometo que tomo cuidado!

Ela o encarou e estreitou os olhos.

—Promete?

—Prometo.

—E não vai fazer nada de esquisito com o meu cabelo?

—Claro que não. – Ruby bufou, levemente ofendido. A morena ponderou um pouco, mas se ajeitou e ficou sentada na frente dele.

—Tá bom, mas se fizer alguma coisa, eu juro que te mato.

—Certo, certo. Só fique quietinha, sim? Pode continuar comendo, senão vai esfriar. – O garoto deu leves tapinhas no ombro dela e começou a pentear seu cabelo – com cuidado, como prometera.

Sapphire pegou a caixa e voltou a comer, fazendo algumas caretas quando o sentia puxar suas mechas um pouco forte demais, mas nunca chegando a doer.

Com o passar do tempo, começou a se acostumar e voltou a comer normalmente, chegando até a gostar da sensação do pente passando por seus cabelos junto dos dedos do garoto.

Terminou de comer alguns minutos depois que sentira algo ser posto em sua cabeça e amarrado por trás.

—Pronto. – Ela se virou de frente para ele e viu que o mesmo segurava um espelho. – Pode ver!

—De onde você tirou esse espelho?

—Da minha bolsa, ué.

Ela o encarou.

—Por que você carrega um-!

—Só vê, Sapph! – Ele mandou, impaciente e colocou o espelho na frente dela.

A morena estava prestes a retrucar até que viu seu reflexo e parou.

A cor de seu cabelo parecia até mais brilhante que antes, os fios reluziam foscamente com a luz do sol, suas pontas naturalmente curvas pareciam mais soltas e no topo de sua cabeça, estava a bandana azul.

—Eh? – Ela segurou o espelho e continuou olhando.

Ficara bom.

Ela gostara, de verdade.

—Gostou? – O garoto lhe perguntou, sorrindo.

Ela assentiu.

—Como...?

—Hm? Ah, não foi nada. – Ele respondeu, estufando o peito. – Eu disse que você só precisava se ajeitar um pouco mais.

Ela voltou a olhar seu reflexo, ainda perplexa. Claro que ela se arrumava como Haruka, mas se ver assim como Sapphire... Era completamente diferente.

—Ficou bom em você. – A morena o ouvir comentar e voltou a olhá-lo. – Digo, é confortável, né? E não é muito frufru, como você diria. Combina com você.

Ela corou levemente e tocou a bandana.

—Onde você conseguiu?

—Eu que fiz.

—Eh?

—É, é. – Ele deu de ombros. – Eu gosto de costurar, fui eu que fiz o meu gorro. Mas caçoe de mim depois, sim?

Ela piscou. Ainda estava muito surpresa para chegar a fazer alguma brincadeira.

Espera.

—Você fez essa bandana... Só para mim?

Ele assentiu e coçou atrás da cabeça, o vermelho aparecendo em suas bochechas. Ela reparou como os olhos vermelhos dele mudavam seu foco de um ponto para outro, talvez devido a leve vergonha que sentia? Ou era porque ele não queria olhar nos olhos dela?

—Foi.

A morena sentiu seu coração pulsar fortemente em seu peito, mas continuou com os olhos nele – que agora olhava para o céu, com um sorriso no rosto – e viu como alguns fios negros saiam para fora do gorro, quando ele percebeu, os ajeitou e franziu levemente o cenho ao ver uma linha de costura desfiando.

—Ah, droga. – E tirou o gorro para tentar arrumar.

Estava com uma expressão séria, as orbes vermelhas pareciam levemente mais brilhantes enquanto seus dedos eram ágeis em mexer com o fio branco.

Por um momento, com aquele simples gesto, Sapphire se viu novamente aquele dia na frente da TV, com aquela mesma aura encobrindo o garoto a sua frente. Aquela aura que deixava claro que ele adorava o que fazia, independente dos defeitos e contrariedades que poderiam haver.

Ficou bom em você.

Combina com você.

Você fez essa bandana... Só para mim?

Foi.

A morena olhou para baixo e comprimiu os lábios ao perceber, pelo seu reflexo, como suas bochechas estavam visivelmente coradas. Até demais.

Mais tarde naquele dia, depois que o sinal batera avisando o fim das aulas, uma forte chuva começou a cair e logo encharcando todo o pátio.

Podiam-se ver vários alunos correndo com suas mochilas na cabeça para se abrigar, outros com guarda-chuvas e outros esperando que a chuva passasse logo.

—Não acredito que eu fui esquecer meu guarda-chuva logo hoje... – Ruby resmungou, enquanto via as gotas caírem.

Geralmente, Wally era quem sempre tinha um guarda-chuva reserva para ele, mas naquele dia, o garoto de cabelos verdes já havia ido embora.

—Wally... Você me deixou na mããão... – Ele voltou a resmungar com uma aura negra o rodeando, mas ele sabia que o seu amigo não tinha muita escolha. Afinal, o garoto de cabelos verdes tinha uma saúde frágil, por isso era melhor que chegasse em casa antes que a chuva começasse a cair. – Bem, acho que vou ter que esperar até a chuva passar.

—Você vai chegar atrasado se fizer isso, sabia? – Ouviu uma voz falar atrás de si e tomou um susto. Quando se virou, deu de cara com Sapphire que ainda estava com a bandana na cabeça.

—Sapph, não me assusta assim do nada.

—Foi mal. – A garota andou para o lado dele e examinou o lado de fora. – A Winona vai vir me buscar, quer carona?

—Ah, isso seria ótimo! Ela vai passar ali na frente?

—Lógico que não! Seria muito chamativo. – Ela bufou. – Marquei com ela num ponto de ônibus há duas quadras de distância da escola.

—Erm... E como você pretende chegar até lá? – Provavelmente, ela devia ter trazido um guarda-chuva, certo?

—Assim. – Ela segurou seu pulso.

—Eh?

E saiu correndo o arrastando junto.

—GEHEEE?!?!

—Anda logo, seu fresco! E vê se não tropeça.

—AH!! – E ele quase tropeçou. – Espera, Sapphire!!!

A morena não conseguiu deixar de rir e continuou o puxando, ignorando os olhares de todos os outros alunos. E não demorou para que chegassem no ponto de ônibus.

—Argh! – Ruby balançou os braços, soltando respingos. – Eu fiquei todo ensopado!

—Um pouco. – A morena deu de ombros.

—Um pouco?! Eu estou pingando!

—É só água.

—Mas eu fiquei encharcado!! E se eu pegar um resfriado, hein??

—Resfriado nunca matou ninguém, sabia?

—Não é esse o caso! – Ele fez bico e cruzou os braços. Quando ouviu uma risada, porém, virou-se de novo para a morena.

Sapphire estava torcendo seu cabelo para se livrar do excesso de água enquanto risos escapavam por seus lábios, deixando a mostra os caninos levemente afiados da garota.

Ruby arregalou levemente seus olhos e encarou. A risada dela sempre fora tão agradável de ouvir assim? O sorriso dela sempre fora bonito assim? E por que, em nome de Arceus, ela parecia tão adorável descabelada, encharcada e tentando tirar o excesso de água de suas roupas daquele jeito?

O moreno voltou seu rosto para frente, sentindo até que as gotas poderiam evaporar por causa do calor de suas bochechas.

—Ah, a Winona chegou! – Ela disse apontando para um carro preto que se aproximava. O garoto apenas assentiu e entrou no carro depois dela sem falar uma palavra sequer.

***

A morena tomou um grande gole de água e suspirou.

—Eu vou acabar morrendo desse jeito! – Exclamou para si mesma enquanto massageava seu pescoço. – É impressão minha ou os ensaios estão mais longos?!

E fez careta, nunca tivera tanto trabalho na vida – como idol, pelo menos. Era melhor que aquele Altaria Festival valesse a pena!

—Saaapph! – Ouviu uma voz familiar a chamar e arregalou os olhos. Virou-se para a direção de onde viera o som e encontrou Lisia correndo em sua direção. – Saaaph!!

—LISI! – A morena correu até ela e cobriu sua boca. – Você ficou maluca?!

A garota de cabelos verdes levantou uma sobrancelha e levou alguns segundos para entender a situação. Opa!

—Ah! Haruru! – Ela exclamou – um pouco alto demais – logo depois que tirou as mãos da amiga de sua boca e as segurou. – Minhas querida amiga Haruru que nuuuunca pensaria em ter um estilo de vida à la Batman-Bruce Wayne!!

Lisia sorriu, Sapphire a encarou e soltou um suspirou.

—Oi para você também, Lisi. – E retribuiu o sorriso, com uma gota descendo por sua testa.

—E então? Exausta?

—Exausta? Eu tô destruída! Não sei como você aguenta os ensaios para esse Festival há cinco anos já!

—É porque eu sou mais forte do que aparento! – Lisia falou com as mãos na cintura e empinando o nariz.

Até a morena lhe dar um peteleco ali.

—AI! – E se encolheu. – Ei, isso não é justo!

A outra garota sorriu brincalhona enquanto sua amiga fazia bico.

—Ah, mas eu acho que devo concordar.

—Nah, não é questão de força. Eu só amo o AltaFest, é por isso.

A morena assentiu.

—Entendo.

Lisia balançou-se para frente e para trás, enquanto outro sorriso – definitivamente diferente do ultimo – aparecia em seus lábios.

—Que foi? – Sapphire arqueou uma sobrancelha.

—Nada não. – A garota de olhos esverdeados riu. – Só é bom ver você e o Ruby se dando bem de novo.

—Defina “se dando bem”.

—Ah, vocês se dão bem. A sua própria maneira, só isso.

—Eh...

A garota de olhos azuis fechou a garrafa de água e olhou para seus pés.

—Desculpa ter escondido isso de você. – Ela suspirou. – Entendo se estiver meio decepcionada ainda.

—Decepcionada? Por que eu estaria decepcionada?

—Ah... Por não sermos... Quem dizíamos ser?

—Ah! – Lisia riu. – Isso? Eu não teria tanta certeza.

—Como é?

—Sabe, eu admito que foi estranho e foi mais estranho ainda ver vocês brigando daquele jeito, mas eu admito que... Não estou achando vocês tão diferentes.

—Não?

—É, vocês são os mesmo pra mim! E continuam sendo meus amigos, é isso que importa.

—Hm... – A morena murmurou.

—E além do mais! – Quando Sapphire voltou a olhá-la, tomou um leve susto ao ver brilho ao redor de sua amiga. – Ruby sabe costurar! Eu sempre quis alguém para me ensinar!!!

—Que bom para você. – Ela riu.

—Sapph? – A garota ouviu ser chamada e olhou para frente. Winona estava parada do lado da máquina e fez um aceno de cabeça. – Olá, Lisia.

—Oi! – A garota de cabelos verdes sorriu.

—Que houve, Winona?

—Vamos indo? Está na hora.

—Ah, enfim, descanso! – A garota de cabelos morenos juntou as mãos em sinal de reza.

—Sortuda. – Lisia fez bico, mas sorriu depois. – Até mais, Sapph.

—Até. – A garota sorriu de volta e já ia seguir a sua agente que estava a alguns passos na sua frente, mas foi interceptada por algo que segurara seu pulso.

—Mas antes que eu me esqueça. – A outra idol continuou. – Muito bonita essa bandana que o Ruby fez para você.

A morena piscou e olhou para onde Lisia segurava. Era o pulso onde ela amarra o acessório que ganhara do garoto.

Como ela sabia-?!

Sapphire voltou a olhar a garota e corou mais ao vê-la piscando, divertida.

—E- Er, tchau, Lisi! – E se soltou da amiga, correndo rapidamente até a mulher de longos cabelos violetas que a esperava na frente do elevador.

A garota de cabelos verdes apenas suspirou.

—Tão bonitinhos!

Dentro do elevador, a morena tentava esfriar suas bochechas enquanto colocava as mãos na parede espelhada fria e depois tocava-as com elas.

—Urg...

—Sapphire, você tá bem? – A garota rapidamente virou o rosto para a sua agente que tinha uma sobrancelha arqueada.

—A- Ah, sim! – Ela se afastou da parede e encarou a porta do elevador. – Tô ótima.

—Hm... – Mas Winona não discutiu.

Como ela sabia da bandana...? — A garota de olhos cor de safira franziu o cenho. – O Ruby deve ter contado para ela... Não, espera! É da Lisi que estamos falando, aquela garota percebe tudo. Literalmente!

A morena parou e pôs uma mão sobre seu peito, no lugar que ficava seu coração. Depois olhou para a bandana ainda amarrada em seu pulso. Franziu o cenho e sentiu vontade de bufar, aquilo não devia estar acontecendo... Certo?

Alias, pensando nisso...— Ela olhou para a sua agente. – Acho que agora é um bom momento.

E respirou fundo.

—Winona?

—Sim?

—Você gosta do Wallace, certo?

Sapphire teve a impressão que se sua agente estivesse bebendo algo no momento, teria cuspido tudo para fora como naquelas cenas de novela mexicana. A mulher de longos cabelos violetas se virou para ela, suas bochechas em chamas.

—D- D- De onde você tirou i- i- isso...?

—Bom, toda vez que ele é gentil com você, você vira o rosto. – Ela inclinou a cabeça. – Então, ou você o odeia muito ou você gosta mesmo dele... Mas eu acho que é a segunda, porque você cora. Sempre.

A agente tentou falar algo, mas de seus lábios só saíram gaguejos. Tentou mais algumas vezes, mas falhou em todas. Por fim, desistiu e cobriu seu rosto com uma das mãos.

A morena esperou.

—... Eu amo o Wallace. – Winona murmurou por fim. – Desde os tempos na escola.

—EH?! – Ela arregalou os olhos. – Vocês se conhecem há bastante tempo, hein! Mas... Qual o problema, então?

A mulher cruzou os braços e olhou para baixo.

—Não conseguiria ficar com um homem mais forte que eu...

—Como..?

—Digo, Wallace sempre foi mais habilidoso do que eu... E eu não conseguia... Ainda não consigo, suportar a ideia de viver a sua sombra. Seria um fardo para mim.

—Winona...

—Eu sei que é idiota, mas...! Eu não consigo, Sapphire.

—Mesmo que você o ame?

—... É complicado.

A morena olhou para o rosto de sua agente e reparou como ela aparentava estar tão magoada... E confusa.

—Ele parece sentir o mesmo, sabe...

—Ah, é claro que eu sei. Ele faz questão de mostrar isso. – Winona comprimiu os lábios. – Ele desistiu do cargo de presidente da nossa agência só para continuar ao meu lado.

Sapphire arregalou os olhos mais uma vez e voltou a encarar a mulher.

—Eu realmente não consigo me comparar a ele... – Ela suspirou pesadamente. - ...Sou uma covarde.

—Winona, não!

—Está tudo bem, Sapph, não se preocupe comigo. – A mulher coçou um de seus olhos e se virou para a sua cliente. – Por que você perguntou isso?

—Ah... Eu queria entender...

—Entender? Entender o quê?

—Como é estar apaixonada. Desculpa por te magoar.

—Não foi culpa sua, moçinha. – A mulher afagou a cabeça da mais nova.

—Mesmo assim...

Winona sorriu levemente e continuou a afagar a cabeça da jovem. Sabia bem que esse momento chegaria mais cedo ou mais tarde, o momento que ela devia representar a sua amiga que confiara sua querida filha em suas mãos.

E ela, com certeza, queria que a vida amorosa da garota por quem tinha tanto carinho fosse melhor que a sua.

—Ah, você cresceu tão rápido. – Pensou. – Bom, se você ainda quiser saber...

Sapphire voltou sua atenção para ela.

—Estar apaixonada... Varia de pessoa para pessoa, na verdade, apesar de sempre parecer tudo igual... E no seu caso. – A mulher segurou seu pulso com delicadeza. – É como você se sente toda vez que olha para esta bandana.

A morena arregalou os olhos pela terceira vez e assim que sentiu suas bochechas esquentarem de novo, olhou para baixo.

Não, aquilo não devia estar acontecendo. Não devia, não devia, não dev-!

Ah, quem ela queria enganar?

Ela já estava completamente perdida nesse aspecto.

***

Ruby espreguiçou-se enquanto andava pelo corredor. Olhou em volta, distraidamente, observando os alunos entrarem na sala de seus clubes.

—Aah... Quem dera o clube de costura não ter terminado as atividades mais cedo... - E suspirou. - Bom, já terminamos os figurinos para o clube de teatro mesmo... O resto fica por conta da White.

E não haveria ensaios naquele dia, finalmente a tão merecida folga.

Mas...

Agora eu não tenho nada para fazer...— Ele bufou ao pensar. - Ah, espera. O Wally me perguntou se eu podia dar uma ajuda ao clube de jardinagem...

Pôs uma mão no queixo e inclinou a cabeça, fechando os olhos.

O que era mesmo...?— Demorou alguns segundos, mas assim que se lembrou, um sorriso largo tomou conta de seus lábios. - Ah, sim!! Regar o jardim!! Ótimo, eu queria mesmo ver como as flores estavam!!

Saiu correndo para o tal lugar, desviando dos alunos que vinham na direção oposta.

Depois de percorrer alguns corredores, descer duas levas de escadas e se perder acidentalmente no térreo, Ruby finalmente alcançou o jardim dos fundos que ficava ao lado da quadra.

—Hm... Eu acho que eles guardam os materiais naquela casinha ali... - Murmurou para si mesmo e começou a ir em direção a uma pequena construção feita de madeira.

Konna ni setsunai dake nara... (Se isto vai ficar doloroso assim)

E parou.

Kono kokoro ni kagi wo kaketai kedo (Eu quero trancar meu coração)

Ele conhecia aquela voz, muito bem. O moreno fechou os olhos, esquecendo-se completamente do que ia fazer e deixou que a voz feminina e suave entrasse e rodopiasse por seus ouvidos.

Mou yamerarenai yo (Mas eu não consigo parar mais)— Assim que descobriu para que lado vinha aquele som, seguiu andando instintivamente para lá. - Kimi ga ii no (Você é o único para mim)

Como deduzira, lá estava ela, sentada encostada em uma das árvores mais antigas que ficavam ao lado daquele jardim, com os cabelos morenos balançando ao vento. Os lábios se moviam ao ritmo da canção, seus olhos estavam fechados, em seu colo estava um caderno e em seus dedos um lápis.

Ruby se aproximou, mas continuou quieto.

Doushite mo Doushite mo (Não importa o que eu faça, não importa o que eu faça)— A garota abriu levemente os olhos, sem focar-se em nada, e murmurou o resto. - Can't stop my love for you... (Não consigo parar meu amor por você)

E calou-se, olhando para o chão. Encostou o lápis aos lábios e ficou com uma expressão pensativa, por fim assentiu e começou a escrever algo no caderno.

—É, acho que ficou bom assim...

Quando terminou, porém, foi rápida em perceber outra presença perto de si e levantou o olhar na exata direção que o garoto se encontrava.

Ela piscou, ele também.

—R- Ru...? RUBY?!?! - A garota exclamou, levantando o caderno e com a cara da cor de um tomate.

—A- Aaah!! C- Calma, calma! - O moreno recuou um passo. - Não bate em mim!!

Sapphire parou e olhou para o que segurava e quando pareceu se dar conta de que era o caderno, rapidamente o abaixou e começou a examiná-lo para ver se não havia dobrado ou rasgado nada.

Suspirou.

—Eu te assustei? - Ele perguntou. - Desculpa.

—Lógico, ué! Você aparece do nada do meu lado e acha que não vai me assustar!?

—Eu já pedi desculpa... – Murmurou com uma gota e a garota bufou.

—... Tudo bem, não foi nada.

Ruby aproximou-se mais e se sentou na frente dela.

—O que você tá fazendo aqui, de qualquer forma? – Ela levantou uma sobrancelha. – Não devia ter ido para casa descansar?

—Ah, eu ia, mas lembrei que tinha prometido ao Wally que regaria as flores do jardim.

—Eh? É mesmo... Wally está no clube de jardinagem, não?

—Uhum. – Ele assentiu. – Música nova?

Ela o encarou, encarou o caderno e respirou fundo.

—Mais ou menos... – E brincou com a orelha da página.

—Como assim?

—A música em si... É meio antiga. – A morena explicou. – Foi minha mãe que começou a escrevê-la e eu estou tentando terminá-la.

—Entendi, mas por que a sua mãe não termina?

Sapphire parou de brincar com o papel e baixou seu olhar, o moreno piscou e percebeu uma tristeza nublar os olhos azuis tão brilhantes.

Ah.

—Desculpa.

—Tudo bem, você não sabia mesmo. – Ela voltou a olhá-lo. – Não tem problema.

—É, mas mesmo assim... – Ele murmurou. – Então... Sua mãe era compositora?

A morena assentiu.

—Acho que ela era a pessoa que mais amava música no mundo todo... – Murmurou, um sorriso abrindo espaço em seus lábios por causa da lembrança.

—Ela devia ser uma ótima pessoa, queria tê-la conhecido.

—Pensando nisso, eu acho que vocês se dariam muito bem.

—Sério? – O moreno piscou.

—É, ela também era meio fresca.

—Ei!

A garota riu, escondendo o rosto atrás do caderno.

—Engraçadinha. – Ruby resmungou, mas sorriu também e apontou para o caderno. – Posso ver?

—Quê? – Ela parou.

—A música.

—Aaah... – A morena sentiu suas bochechas esquentarem, mas lhe entregou o caderno mesmo assim. – Se você rir, eu vou te bater.

—Eu não vou. – O garoto ficou com uma gota e segurou o caderno. – Por que resolveu terminá-la agora?

Silêncio.

—Por causa de... Uma coisa que aconteceu, achei que daria inspiração ou sei lá.

—Uma coisa? – Ele levantou uma sobrancelha e lhe direcionou um ultimo olhar antes de finalmente ler a letra.

Depois da primeira estrofe, franziu o cenho. Na segunda, piscou várias vezes para ver se não estava enganado. Na terceira, o obvio lhe deu um tapa na testa.

Era uma música romântica. Escrita pela Sapphire.

Ou quase.

Quer dizer, ele percebeu como a maneira de escrever – e não só a letra – estava diferente nas três primeiras estrofes, por isso julgou que quem as escrevera havia sido a mãe de Sapphire. Continuou assim até metade do quarta estrofe, quando ele percebeu a mudança na letra e reconheceu que era a da morena.

Entretanto, não estava defasado. Ela conseguira seguir a linha da mãe quase que perfeitamente e a sua continuação parecia encaixar-se ao original.

‘’Por que resolveu terminá-la agora?’’

“Por causa de... Uma coisa que aconteceu, achei que daria inspiração ou sei lá.”

Ele abaixou o caderno e voltou a olhá-la, foi nesse momento que os olharem de ambos se encontraram e ele percebeu que ela o observara esse tempo todo. As irises azuis pareciam brilhar ainda mais que o de costume, silenciosas. Um flash as percorreu chegando até as suas vermelhas e ele teve quase certeza que entendeu a mensagem oculta que havia naqueles olhos.

Mas a garota se recusava em colocá-la em palavras.

Ruby ficou quieto e simplesmente lhe entregou o caderno, mas quando Sapphire o aceitou, o garoto usou aquela oportunidade para se puxar mais para frente e assim se aproximar dela. A garota arregalou os olhos e tentou recuar, o que fora em vão, pois tinha a árvore lhe impedindo.

Palavras não foram ditas e os dois jovens continuaram apenas olhando um nos olhos do outro. O brilho gentil nas orbes vermelhas fez o coração de Sapphire bater muito mais rápido que ela gostaria, situação que piorou quando sentiu-o segurar sua bochecha com uma das mãos.

Ela sentiu vontade de amaldiçoar o toque quente e aconchegante que ele tinha, achando que assim conseguiria se acalmar. Não dera certo.

Durante aquilo tudo, o moreno observava com cuidado a reação da garota aos seus gestos e sentiu seu pulso aumentar conforme a realização do que acontecia lentamente invadia sua mente.

Não havia erro. Ele podia afirmar com certeza.

E foi por esse motivo que não hesitou em se aproximar ainda mais dela, o que fez a garota fechar seus olhos por instinto enquanto uma corrente elétrica parecia percorrer ambos graças ao toque do garoto em sua bochecha. Parou de contar seus batimentos a partir do momento que pode começar a sentir a respiração dele sobre seus lábios, o tempo ao redor deles parecia ter ficado mud-.

—RUBY!

Quando o garoto de cabelos verdes finalmente alcançou a árvore, deparou-se com seu amigo caído de costas na grama enquanto a morena a frente dele estava com os braços estendidos e o rosto virado para baixo.

—WALLY?! – Sapphire levantou o rosto completamente vermelho para ele.

—A- Ah! – O garoto recuou um passo e coçou a cabeça. – D- Desculpa, Sapph. Não sabia que você estaria aqui.

—A- Ai... – Ouviram o moreno murmurar e se viraram para ele no momento em que o mesmo se sentava. – W- Wally?

O outro garoto acenou.

—Ué... Você não tinha ido embora mais cedo? – Ele perguntou, massageando a cabeça.

—Ah, eu ia, mas me lembrei que você disse que estava livre hoje e imaginei que tivesse vindo regar as flores. Que bom que eu consegui encontrar você.

—Bem, você tinha me pedido para regar as flores, não? – O moreno perguntou com uma sobrancelha arqueada e parecia levemente chateado.

—Sim, mas o... – A voz de Wally desapareceu quando voltou a olhar a morena. – O... O... O seu tio! Isso! O seu tio me ligou dizendo que não conseguia falar com você e me pediu para te avisar, acho melhor retornar para ele.

—Meu tio...? – Ruby piscou. – Ah! Tá! Meu tio, sei...

O garoto de cabelos verdes assentiu, sorrindo.

—Era só isso mesmo, pode deixar que eu molho as flores. – E acenou para eles. – Tchau, Sapph. Tchau, Ruby.

O moreno acenou de volta e suspirou. Quando o seu amigo já havia sumido de vista dentro da casinha de madeira onde estavam os equipamentos de jardinagem, voltou sua atenção para a garota.

—Precisava ter me empurrado..? – Resmungou baixinho.

Ela o encarou e ele percebeu que o rubor havia desaparecido e o brilho nos olhos dela havia mudado.

Estavam tristes. Não como quando falara de sua mãe, era diferente.

Parecia como se ela percebera algo que fez seu coração despedaçar-se.

—Sim! – Ela exclamou, mas piscou e balançou a cabeça. – Quer dizer, não! Quer dizer, eu não sei! Tchau!

E agarrou o caderno para depois sair correndo na direção do prédio da escola.

—Eh? Sapph, espera! – O moreno tentou chamá-la, porém ela já havia desaparecido dentro da construção.

O garoto ficou ali parado, encarando o prédio, enquanto a visão dos olhos da morena de minutos atrás ainda queimava recente na sua memória.

***

Faltava um dia para o Altaria Festival e Ruby não conseguira falar com Sapphire desde a tarde de três dias atrás.

Sim, ela faltara aos ensaios, não retornava suas mensagens e não atendia suas ligações.

E ele estava sinceramente começando a ficar preocupado.

Bom, na verdade, preocupado ele não estava. O moreno já chegara ao estágio de ser impedido por Wallace de sair por aí às chegas procurando pela casa da garota.

—Por que ela parecia tão triste naquela hora..? – Ah, e claro. A memória daquele dia continuava o assombrando. – Eu achei que ela...

Antes de ser interrompido por Wally, ele tinha certeza de que o que vira estava certo. As reações da garota, a expressão em seu rosto... Era iguais as de quando lhe dera um beijo na bochecha naquela noite no hospital.

Então, por quê?

—Ruby?

O garoto piscou e olhou para cima, a sua frente estava a sua amiga de olhos esverdeados e o olhava preocupada.

—Ah. Oi, Lisi-chan.

Ela assentiu e deu um sorriso pequeno antes de sentar ao seu lado no banco que ficava próximo do palco.

—Você tá bem? – A garota decidiu perguntar e o moreno suspirou.

—Tá tão na cara assim, é? – Murmurou. Não havia porque fingir para Lisia, ela já o conhecia muito bem.

—Um pouco. – Ela olhou para frente. – Aconteceu alguma coisa?

—Uhum. – Ele assentiu.

—E tem haver com a Sapphire?

Ele a encarou.

—Nada te escapa, não é mesmo?

A garota soltou uma risadinha.

—Ah, nem é por isso. Qualquer um perceberia já que a Sapph faltou tanto esses últimos dias.

—Dois dias.

—... Você tá contando?

—Eu não! – O garoto corou. – Eu só sei, ué!

—Uhum. – Lisia o encarou com um sorrisinho debochado e a resposta foi ter seu nariz apertado pelo mesmo. Apesar disso, ela riu. – Ai, ai! Desculpa!

Ruby soltou seu nariz e suspirou.

—O que aconteceu exatamente? – A garota espreguiçou-se. – Por acaso você tentou beijá-la ou algo assim?

O rubor nas bochechas do moreno se equivaleu a cor de seus olhos e ele falou sem pensar:

—Essa sua adivinhação tá me assustando, sabia?!

Lisia arregalou os olhos. Teria rido se seus sensos não tivessem sido mais rápidos.

—Então você tentou?!

Ruby tampou a boca com as duas mãos.

—Drofa! – Resmungou com a boca tampada.

—Tentou ou não tentou?! – A garota insistiu, balançando o mesmo pelo braço. – Ruby!!

—Fala baixo! – Ele destampou sua boca para tampar a dela enquanto corava absurdamente. Completou murmurando. – T- Talvez eu tenha feito isso.

Ficou com uma gota ao ver os olhos verdes de sua amiga brilharem tanto ao ponto de se transformarem em lanternas.

—Eu sabia! – Lisia tirou as mãos dele de sua boca. – Então você gosta dela!

O moreno ficou quieto, o rosto vermelho com um tomate.

—Gosta, não gosta? – A garota o encarou.

—Eu... Gosto... Acho.

A garota de cabelos verdes parou e franziu o cenho.

—Como assim?

—Quer dizer... Até pouco menos de um mês atrás, eu tinha certeza que gostava da Haruru. E mesmo depois de descobrir que ela era a Sapphire... Eu ainda me sinto assim.

—Mas o que tem de estranho nisso?

Ele piscou.

—Eh?

—Ah, não me diga que... Meu Arceus! Como vocês são complicados! – Ela soltou suas mãos e suspirou exageradamente. – Também tá preocupado com esse negócio de vida dupla, uma era assim, o outro era assado e blá, blá, blá?

Ruby recolheu suas mãos e sentiu-se, dessa vez, realmente assustado com a percepção de sua amiga.

—Sim?

—Ah, parem com isso! – Lisia bufou. – O Yuuki é o Ruby. Vocês dois são a mesma pessoa, dois lados da mesma moeda! Eu nem vejo diferença para falar a verdade, o mesmo para a Sapph!

O moreno parou e olhou para baixo.

—Então... Qual o problema? – A garota murmurou a pergunta e o encarou. – O obvio tá na cara de vocês, mas vocês simplesmente não se deixam perceber!

O garoto de olhos vermelhos piscou e a realidade lhe atingiu tão fortemente que não pareceu apenas um tijolo, mas sim vários.

Realmente, não havia por que hesitar. Não tinha mais nada que pudesse impedi-lo.

E já que se dera conta disso, definitivamente não deixaria que Sapphire fugisse dele outra vez.

Ele riu.

—O que seria de mim sem você, Lisi-chan?

Lisia sorriu de volta e balançou levemente seus cabelos.

—Essa é uma excelente pergunta!

***

Havia chegado o dia do AltaFest.

E também o dia que eles finalmente acertariam as coisas.

...Isso é, até que a garota saísse correndo no exato minuto que o encontrou no corredor na hora da saída.

Mas ele estava longe de desistir.

Porque, afinal, não era por qualquer coisa que Ruby correria feito um louco daquele jeito.

—Sapphire, espera!

E ele não sabia de onde raios havia tirado todo aquele fôlego que o tornara capaz de perseguir a garota rápido o suficiente para mantê-la em vista.

Sapphire era rápida, incrivelmente rápida.

Arceus devia estar sorrindo para ele naquele momento, então ele faria aquela benção valer a pena.

—Sapphire!!!

Mas claro que, depois de vários quarteirões, nem qualquer entidade divida poderia impedir o cansaço de atingir suas pernas e de seus pulmões começarem a pedir por misericórdia.

—Sapph... Ire!!

Mas podiam fazer a morena acidentalmente virar em uma rua sem saída.

—Gehe-! – Ela soltou e parou, ouvindo os passos descompassados do garoto atrás de si e se virou. Ruby parou a sua frente, apoiou as mãos nos joelhos e respirou desesperado por ar.

—Como... Você... Corre... – Mas conseguiu se erguer e a encarou.

—Sou a primeira do time de corrida. – Ela murmurou.

—Eu sei... – Ele respondeu. – Eu assisti o ultimo campeonato.

Ela piscou.

—Sério?

—É, ué. Isso é estranho?

—Ah, não. Só fiquei surpresa.

—Bom, eu acho legal assistir os clubes se empenharem já que treinaram tan-! Opa, não! – Ele balançou a cabeça. – Não foge do assunto!

Sapphire comprimiu os lábios. Droga.

Ruby a encarou.

—Para de fugir de mim, por favor. – Pediu e deu dois passos para frente, mas parou ao vê-la recuar. – Sapph...

—Eu não quero... – Ela murmurou com os braços dobrados sobre seu peito.

Ele piscou.

—Eh..?

—Eu não quero... Que gostem de mim só pela metade... Uma metade que não sou eu.

O moreno parou. Então era exatamente como ele pensava.

—Sapph...

—Isso não é justo! – A garota exclamou e ele recuou um passo, surpreso. – Não é!

As bochechas dela estavam vermelhas, mas seus lábios continuavam comprimidos e seus olhos permaneciam com aquele brilho triste.

Ele odiava aquele brilho.

—Eu... Eu já sabia que tinha me apaixonado pelo Yuuki. – Ela confessou. – Mas... Quando eu descobri que era o Ruby...

O garoto esperou.

—Eu achei que isso iria acabar passando, mas...! – A morena não conseguia encará-lo nos olhos, mesmo que estivesse olhando para frente. – Você continuou sendo gentil comigo... Continuou conversando comigo, me ajudando e me fazendo rir, mesmo que ainda me irritasse um pouco... E eu acabei... Acabei me apaixonando pelo Ruby também!

O coração do garoto de olhos vermelhos falhou uma batida ao ouvir aquela confissão e ele deu um passou para frente sem perceber.

Ela sentia o mesmo que ele, não havia se enganado. Só precisava fazê-la deixar de ser teimosa e perceber que era mútuo.

—Mas... Mas eu não sou a Haruru...!

—Você é sim.

—Não sou! – Ela balançou a cabeça.

—Você é sim! – Ele insistiu e parou de andar quando estava apenas há um metro de distância dela. – Você é a Haruru e também é a Sapphire!

Olhos azuis finalmente encontraram os vermelhos.

—Por que você se separa desse jeito...?

—Porque... – Ela tentou responder, mas parou.

—Você mesma disse que se tornara uma idol não só por causa do Yuu-! Não só por minha causa como por causa da sua mãe também. Uma mãe que ensinou a Sapphire a amar música. Está dizendo que pela Haruru ter começado a existir, você deixou de gostar de cantar ou de compor?

Sapphire balançou a cabeça lentamente.

—Você disse que gostava de coisas bonitas também, assim como a Haruru... Não disse?

Ela assentiu.

—Vocês duas são a mesma pessoa, Sapphire.

A morena balançou a cabeça rapidamente.

—Não! Eu não sou! Se eu fosse, você teri-

—Eu amo você! – O garoto exclamou, fazendo-a parar rapidamente outra vez e arregalar os olhos.

Ruby sentiu as bochechas corarem, mas a coragem repentina não o deixaria recuar dessa vez. Ele respirou fundo.

—Eu me apaixonei pela Haruru e me apaixonei ainda mais pela Sapphire. – Ah, falar aquilo em voz alta era bem embaraçoso, mas não tinha volta e ele já havia se decidido. – Sinceramente, isso não importa porque mesmo que houvesse uma terceira de você, eu ainda assim me apaixonaria por ela!

E respirou fundo, sem fôlego. A garota permaneceu quieta.

—Porque é você... Eu amo você. – Completou por fim, sentindo as bochechas esquentarem ainda mais e um peso enorme sair de seus ombros.

Observou o triste nublado dos olhos azuis sumirem, dando lugar ao brilho lindo que lhes fazia muito mais jus. Porém, piscou ao ver as bochechas da garota se inflarem enquanto seu cenho se franzia.

—C- C- Como é que você fala essas coisas em voz alta?! – Ela exclamou, completamente vermelha. – E- E- E se alguém te ouvisse?! E- E- E! Isso dá muita vergonha, sabia?

O garoto a encarou antes de retrucar:

—Ah, cala a boca! – Mas ele estava sorrindo. – Como se você não tivesse falado algo embaraçoso também!

—Eu sei! – Ela berrou e cobriu o rosto com as suas mãos. – Que vergonha!

Ruby sentiu vontade de rir e voltou a andar na direção da garota, parou quando estava apenas a alguns centímetros na sua frente.

—Isso é culpa sua. – Ela resmungou.

—Eu assumo a culpa.

—Você é um exagerado.

—Sou sim.

—E um fresco!

—Também sou.

—Quer parar de rir?! – A garota descobriu o rosto, seu próprio sorriso tentando aparecer. – Se não eu vou começar a sorrir também!

—Mas é exatamente isso que eu quero! – O riso escapou dos lábios do garoto e ele se aproximou mais uma vez, envolvendo-a com seus braços e abraçando-a fortemente.

A garota sentiu seu coração vibrar como louco, mas não o empurrou nem tentou desfazer o abraço.

—Então, deixa de ser teimosa e sorri logo de uma vez. – Ele murmurou em seu ouvido.

—... Idiota. – Foi a resposta, a morena corou, mas devolveu o abraço apertando com a mesma intensidade que ele.

E deixou que o sorriso finalmente aparecesse.

Silêncio se seguiu pela rua deserta. Talvez Arceus estivesse mesmo do lado deles.

—Eu sei que você tá sorrindo.

—Cala a boca.

Ruby riu e se afastou um pouco, ainda a abraçando pela cintura. Sapphire ainda segurava seus ombros e não tentou esconder seu sorriso.

Porém ele sumiu quando a garota franziu o cenho.

—Espera... Tô me esquecendo de alguma coisa...

—Eh? Ah, agora que você falou...

Ambos continuaram encarando um ao outro, até que seus olhos se arregalaram ao mesmo tempo.

—O ALTARIA FESTIVAL! – Exclamaram.

O som de um carro brecando os assustou, fazendo-os se soltarem e quando se deram conta, um carro preto dirigido por um homem de cabelos azuis parou na frente deles.

E da janela do passageiro, uma garota muito familiar se apoiou nela, quase se jogando para fora do carro.

—Aí estão vocês! – Lisia exclamou.

Ambos piscaram.

—Lisi-chan!?!?

—Lisi?!? Espera, como você..?!

—Sem tempo para explicar! - Ela balançou os braços freneticamente. – Estamos atrasados! Entrem no carro agora!

—Lisia! – Roxanne abriu a porta que ficava atrás da dela e apontou para a garota. – A Fantina vai matar você, sabia?! E eu também!

—Tá, tá! O Brawly me enterra depois então, mas você vai ter que esperar.

A assistente bufou.

—Yuuki! Haruka! Rápido. – E voltou a entrar.

—Espera! Como ela sabe-?

—Eu contei para eles!

—Lisi-chan!

—AAAH! Você me mata depois também, eu não tive escolha! Agora, vamos!

Ruby e Sapphire se entreolharam, mas devido a situação, era melhor deixar aquilo para depois e entraram rapidamente no carro.

—Vou te contar, isso até parece aquele seriado que passava na TV. – Brawly comentou. – Daquela garota loira lá que na verdade era morena...

—Anda logo, Brawly!! – Lisia e Roxanne exclamaram ao mesmo tempo.

***

O moreno ajeitou sua jaqueta pela quinta vez e respirou fundo.

—Ficou mesmo cheio, hein... – Murmurou para si mesmo, olhando pelo monitor atrás do palco que mostrava a plateia. – Eu nunca me apresentei para tanta gente assim...

—Não vai me dizer que tá com medo? – Ouviu uma voz ao seu lado comentar e encontrou a morena vestida de rosa sorrindo para ele.

—Não estou com medo. – Ele retrucou e andou junto dela para o centro do palco que no momento estava coberto por uma cortina vermelha. – Só nervoso.

Sentiu algo apoiar-se em suas costas e uma mão pequena e quente segurar a sua.

—Ótimo, então. – A morena falou. – Faz parte.

—Você também tá morrendo de medo, né? – E segurou sua mão de volta, reclinando-se nela.

—Tô apavorada.

—Não se preocupe, se algo acontecer, eu te salvo. – Ele virou o rosto para encará-la e viu que ela fez o mesmo.

—Obrigada. – Ela sorriu. – Boa sorte.

—Não, não. O certo é “quebre a perna”!

—Ah, fica quieto, Ruby! – Sapphire resmungou e o mesmo riu enquanto as cortinas começavam a se levantar e a voz de Lisia os anunciava para o público.

É hora do show.

Perto da plateia, dois agentes observavam seus clientes começarem a se apresentar, internamente aliviados em vê-los indo tão bem. Com as vozes e movimentos sincronizados ao ponto que pareciam se completar.

—Lisi me contou que eles se acertaram. – Wallace murmurou para a mulher ao seu lado. Winona sorriu.

—Sim, fiquei sabendo também. Fico feliz por eles.

—Uhum. – O homem respondeu e foi nesse momento que a mulher de longos cabelos violetas sentiu uma mão segurar a sua.

Ela se virou para ele.

—Wal-!

—Eu não vou desistir de você, Winona. – O homem de cabelos claros falou – resolvendo seguir o exemplo de Ruby em ser honesto – e se virou para ela também. – Não importa quantas vezes você me empurre, eu sempre vou voltar.

As bochechas da mulher adquiriram um tom vermelho que mesmo com a pouca iluminação foi percebido por ele e ela desviou seu olhar para frente.

—Como você é teimoso. – Resmungou, mas não soltou sua mão.

—Prefiro o termo “persistente”.

—Cala a boca. – Ela resmungou outra vez enquanto apoiava sua testa no ombro do mesmo numa tentativa de esconder seu rosto porque ela sabia – e muito bem – que ele estava ciente de como ela estava corada. Wallace riu.

—Como você quiser.

—Ah, Wallace, Winona.

Ambos pararam e olharam para o lado, dando de cara com um homem de cabelos prateados de braços dados a uma mulher de longos cabelos loiros.

Winona piscou.

—Steven?!

O outro homem sorriu.

—Quanto tempo, não?

—É mesmo... – O agente de Ruby concordou. – Espera, o que faz aqui?

Steven sorriu como se esperasse aquela resposta.

—Ora, eu não perderia meus dois alunos queridos se apresentando juntos por nada neste mundo, não é mesmo?

Os agentes piscaram.

—Você é inacreditável. – Winona falou enquanto Wallace apenas sorriu.

O professor deu levemente de ombros, como se fosse um pequeno sinal de desculpas e sentiu algo puxá-lo. Virou-se para a loira ao seu lado.

—Amigos seus? – Cynthia perguntou ao seu marido.

—Sim, aqueles de quando eu estava na escola.

—Ah, eu lembro... Aqueles que você vive dizendo parecerem com Ruby e Sapphire, não?

Steven assentiu e voltou sua atenção para o palco no exato momento em que a música terminava e seus dois alunos se encontravam de mãos dadas, olhando um nos olhos do outro, sorrindo. Seus olhos claros moveram-se para os seus dois amigos de infância, mais especificadamente para as mãos dos mesmos.

—Extremamente parecidos. – Falou para a sua esposa e ela sorriu.

No palco, Sapphire escondia seu rosto na jaqueta de Ruby enquanto suas orelhas ficavam cada vez mais vermelhas com o coro de “Beijo! Beijo!” que não parecia parar.

—Você nem pense nisso. – Ela murmurou para ele.

—Como você quiser, Sapph, como você quiser. – Ele riu, mas sussurrou logo em seguida. – Mas você vai ficar me devendo depois.

E sorriu mais ao ver como as orelhas da morena ficaram ainda mais vermelhas, se é que era possível.

—... Idiota.


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Notas finais do capítulo

... Essa deve ter sido uma das fics mais chessies que eu já escrevi na minha vida, pffffft! xDDDD

Bom, que seja, frantic é um ship que merece um pouco de chessy, só acho xD poRQUE NÉ?! *encara Kusaka com raiva*

De qualquer forma, a fic ainda nom tá finalizada porque eu ainda trarei um omake! Sim, eu adoro terminar as minhas fics com omakes, porque eu acho uma maneira ótima uwu

Muito obrigada por terem lido e até o omake! ...Que talvez eu nom demore tanto para trazer /gota/

Inté procêis, pessoinhas bonitas!!! /(> w O)/



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