Selecionados escrita por GarotoTumblr


Capítulo 5
Turbulência


Notas iniciais do capítulo

Oi povo *foge das pedras*, eu sei que eu demorei um TEMPÃO para postar um capítulo novo, mas a verdade é que eu estava completamente desanimado e não conseguia fazer o texto fluir. Eu cheguei a parar de escrever e de ler. Mas deixando tudo isso para trás, eu to aqui com uma meta de postar até um capítulo por semana (começando semana que vem) até Maio, pois é quando as aulas da faculdade começarão. Ah é, esqueci de avisar. Nesse meio tempo que eu estive fora eu concluí um Ensino Médio e consegui passar em um vestibular fora do estado, então futuramente estarei me mudando *solta fogos de artificio*. Enfim... eu me esforcei muito para escrever esse capítulo, estão espero que vocês gostem, mesmo não sendo perfeito.



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BRANDON

Nós seguimos para os nossos quartos logo depois de sermos dispensados. Eu primeiro deixaria Brooke no quarto e depois seguiria para o meu, mas supreendentemente as nossas roupas já estavam no quarto dela. Era um pouco estranho saber que eles sabiam que eu infringia o protocolo e dormia junto com a Brooke, mas logo dei de ombros, pois aquelas regras chatas não valeriam de nada dentro de algumas horas. Em alguns minutos nós estaríamos dentro de uma capsula rumo a Terra ao invés de sentar em uma mesa no refeitório à espera da gororoba que eles serviam no café da manhã. Voltar para o planeta não soaria tão assustador se não fosse a remota possibilidade de não voltarmos vivos. O Jogo permitia mortes. Pelo menos era esse o rumor que corria pelos corredores.

Deixei rapidamente aquele pensamento de lado e voltei a reparar nas roupas que estavam estendidas na poltrona. Elas eram completamente diferentes das que é usualmente disponibilizada. Os coturnos, que eu só havia visto quando era pequeno, estavam aos pés do assento. As duas camisetas eram de um tecido leve e verde. As calças jeans eram normais, assim como o colete regata bege cheio de bolsos. Olhar para todos aqueles itens fazia com que a felicidade e ansiedade tomassem o lugar do medo. Eles representavam o começo das mudanças. Eu sabia que o medo de mudanças era comum, mas isso com certeza não poderia um luxo dado aos prisioneiros na Alcatraz II.

Rapidamente troquei as minhas roupas e dei uma última olhada no planeta azul pela janela da Brooke. Esperava não rever aquela imagem outra vez. Brooke entrelaçou os dedos nos meus, guiando-me até o lado de fora do quarto. Os guardas já esperavam no corredor. Logo fechei a cara quando vi o sorriso sádico de cada um. Causava-me arrepios. Olhei Brooke de relance e ela apenas assentiu com a cabeça, virando de costas para que o guarda a algemasse com uma algema auto ajustável, feito do mesmo material das armas da Seleção. Logo fiz o mesmo, passando a sentir a algema apertando o meu pulso contra o outro. Sem argumentar, eu e Brooke seguimos os guardas.

Após alguns metros de caminhada chegamos à área restrita. Um dos guardas pressionou o polegar no sensor biométrico e as portas correram para o lado, liberando a passagem até a plataforma de lançamento. As portas da capsula já estavam abertas e alguns Barbarians já estavam sentados lá dentro, trajando as mesmas roupas que eu usava. Todos olhavam atentamente o movimento na entrada da plataforma. Sentia-me um pouco desconfortável com todos os olhos voltados a mim, mas tentei agir o mais natural possível. Os guardas logo tiraram as minhas algemas e eu entrei na capsula, sentando em um dos assentos. Brooke, sentou ao meu lado, como sempre.

— É agora ou nunca, Brandon — ela apertou minha mão, olhando diretamente nos meus olhos. Eu sabia a mensagem ela queria transmitir. Eu teria que abrir mão de todos os meus medos, traumas e inseguranças para ganhar esse jogo.

— Obrigado — falei, beijando rapidamente o rosto dela, que ergueu a sobrancelha em busca de uma resposta — Você já poderia ter desistido de mim e seguido o seu rumo em busca da vitória, mas mesmo assim você está aqui, dando-me suporte.

— Foi isso que eu fiz a minha vida toda, Brandon, não vai ser agora que eu vou desistir de você — Brooke sorriu singelamente — Sabe....

A porta da plataforma abriu-se mais uma vez, interrompendo Brooke, e daquela vez eu não fui capaz de segurar a minha ansiedade para saber quem era o próximo. Sorri ao ver River descendo a rampa até a capsula, sentando ao meu lado. Ele parecia muito despojado, diferente de mim, que apesar de feliz, estava sendo consumido pelo nervosismo. Eu queria muito saber como ele conseguia manter o controle, mas as portas logo fecharam-se bruscamente e os cintos ataram-se ao redor do meu peito e da minha cintura, e em uma fração de segundo todos os corpos naquela capsula foram puxados para trás, enquanto ela seguia para frente, rumo a Terra. Nunca havia me sentido tão feliz por estar usando cinto de segurança.

Podíamos ver a lua e a Alcatraz II pelas pequenas e estreitas janelas da capsula. Ver aqueles elementos fazia-me sentir um traidor. Eu estava abandonando-os. Todo os prisioneiros sabiam que teriam que abrir mão dos outros para sair da prisão. Já havíamos nos preparado psicologicamente várias vezes para deixar tudo para trás, mas não era tão fácil conter esse sentimento durante a traição.

Ninguém havia pronunciado uma palavra desde que a capsula abandonara a plataforma de lançamento. Dava para perceber que todos estavam tensos demais para soltar um comentário irônico. Meus músculos estavam rígidos demais para eu agir com naturalidade, então apenas segui a todos. Fiquei calado e encolhido no meu assento. Chegava ser estranho o silencio, pois na Alcatraz II não havia um segundo sequer que não houvesse alguém gritando, rindo ou conversando alto demais. Entretanto, o reconfortante momento de silencio logo foi substituído pelo caos quando a capsula começou a adentrar a atmosfera terrestre. Éramos jogados de um lado para o outro em uma turbulência nauseante. A temperatura subiu tão rapidamente que em questões de segundos as gotas de suor começaram a escorrer pela minha face.

Todos estraram em pânico. A maioria gritava, mas meu cérebro não teve tempo de ter a mesma reação. Eu apenas segurei firmemente o meu cinto e fechei os olhos, esperando aquela merda acabar de uma vez. A capsula continuou a tremer por mais alguns segundos até finalmente se manter estável e abrir o paraquedas.

A capsula tremeu outra vez ao encontro do chão, mas, diferente do que eu imaginava, nenhum destroço estava caindo do teto. Os cintos subitamente foram desfivelados e recolhidos para dentro do banco. Em questões de segundos um amontado de híbridos já tomava conta das janelas, alguns tinham brilhos nos olhos ao olhar para o lado de fora, alguns estavam tão nervosos que as pernas tremiam. Eu apenas levantei-me e fui em direção a uma enorme porta com uma placa indicando que aquela era a saída. Eu levei a minha mão até a superfície, sentindo o calor do metal provocado pelo o atrito. Inesperadamente a porta começou a ranger e todos olharam ameaçadoramente para mim.

— O que você fez? — River perguntou atrás de mim.

— Nada — respondi sem tirar os olhos da porta. Eu tinha uma leve intuição do que ia acontecer, então não queria perder um detalhe.

Assim como o esperado, a porta parou de ranger e ergueu-se lentamente, deixando a luz do sol penetrar a capsula. Uma rajada de ar fresco invadiu o local e o calor reconfortante da Terra abraçou o meu corpo. As minhas emoções não permitiam que eu escondesse o meu sorriso que estendia-se de orelha a orelha. Quase não conseguia acreditar que estávamos de volta à Terra. Brooke e River, que se moveram até o meu lado, respiraram profundamente, apreciando o ar.

— O que estamos esperando? — Brooke perguntou e saltou da capsula, tocando, depois de anos, o pé no chão do planeta.

Não consegui resistir e saltei para fora também, finalmente podendo ver por completo a vegetação que nos cercava. Era completamente diferente do que eu estava acostumado a ver. A vegetação era muito fechada, o ar estava extremamente úmido para o calor de verão que estava fazendo. Eu estava prestes a perguntar onde estávamos, mas ouvimos um grito estridente do outro lado da capsula, seguido de um “Ai meu Deus”.

Corremos para o outro lado, e assim como a menina que havia gritado, nós nos assustamos. Bem a nossa frente estendia-se uma enorme clareira com um telão bem ao meio, cercado de índios com pinturas espalhadas pelo o corpo inteiro, a maioria com o tronco nu, e traziam consigo lanças, facões e arcos e flechas. A tela, que antes não mostrava nada, exibiu imagem pomposa do Comandante.

— Sejam bem-vindos à Amazônia, eu espero que a experiência de vocês aqui sejam as piores possíveis. Acreditem em mim, serão. O Jogo desse ano vai consistir em três camadas, em cada uma será distribuída um orbe como esse — ele estendeu a mão com um orbe laranja, que continha uma espécie de aura ao redor — Encontre os três e você será o vencedor, caso alguém tenha dois orbes e outra um, vocês deverão lutar para adquirir o orbe um do outro.

O Comandante esboçou mais dos típicos sorrisos sínicos e voltou a falar

— Vocês devem estar se perguntando o que esses índios fazem aqui, não é? Bem... Eles levarão vocês até a entrada da primeira camada, até lá, vocês estarão por conta própria. Não adianta se comunicar com nenhum deles, pois não falam a língua de vocês. Então, por favor, os acompanhem e boa-sorte, aberrações.

O homem na tela começou a pronunciar algumas palavras estranhas e logo os índios olharam para a gente, vindo em nossa direção. Esperava que ninguém fosse burro o suficiente para atacá-los, pois estávamos indefesos, mas é obvio que isso não aconteceu. Os índios seguraram os nossos pulsos para nos guiar, mas um rapaz loiro resolveu socar a cara de um deles, recebendo em troca uma lança cravada no meio do peito. Olhei horrorizado para o corpo no chão, deitado no meio da poça escarlate, mas, diferente de mim, Brooke olhou com um olhar indiferente.

— Menos um, Bran — ela disse. Não entendia como ela conseguia ser tão fria. — Lembra do que eu disse, você não pode hesitar. Você precisa se indiferente.

Olhei para ela em reprovação. Ninguém deveria ficar indiferente com uma morte, mas não tive tempo de protestar, pois logo os índios nos empurraram rumo à primeira camada.


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Notas finais do capítulo

Espero que vocês tenham gostado. See ya.