Entrei na sala do novo CEO temerosa, me lembrando de quando Walter me chamava da mesma forma e eu sempre pensava que seria despedida. Ray Palmer estava sentado atrás de sua mesa com uma xícara de café fumegante nas mãos, assim que percebeu ter companhia fez um gesto com as mãos para que eu me aproximasse.

–Senhorita Smoak. –Disse em forma de cumprimento mostrando a cadeira a sua frente para que eu me sentasse.

–Sr Palmer. –Respondi temerosa. –Em que posso ajudá-lo?

–Primeiro eu gostaria de parabenizá-la por seu noivado. –Só então olhei para minha mão esquerda me lembrando do diamante delicado que pendia em meu dedo anelar eu esqueci completamente de tirá-lo.

–Quanto a isso, bom nós não estamos noivos... –Algo brilhou em seus olhos castanhos. –Eu posso explicar... –Comecei a me embolar com as palavras. –Nós estávamos ajudando a Capitão Lance a pegar a psicopata que estava seqüestrando casais, mas nós que acabamos seqüestrados... E eu deveria devolver essa aliança para o Senhor Queen que...

–Tudo bem senhorita Smoak. –Interrompeu parecendo se divertir. –Acho que isso encerra nossos assuntos. E como você está? Um seqüestro costuma ser traumático. Precisa de uns dias para se recuperar do trauma? –Ofereceu aparentando preocupação.

–Não claro que não! –Me apressei em responder. Ray disfarçou a risada com uma tosse. –Mas se me permite perguntar, o que faria se eu estivesse realmente noiva de Oliver... Hipoteticamente?

–Você passaria a ser minha assistente executiva e Clary, minha assistente a dele. –Respondeu simplesmente.

–Sem demissões? –Perguntei arqueando a sobrancelha enquanto me levantava pronta para sair daquela sala.

–Sem demissões! –Confirmou com um sorriso simpático em seu rosto bonito.

Despedi-me depressa antes que ele mudasse de idéia, e segui para a sala de Oliver, ele estava igualmente sentado a sua mesa, analisando alguns documentos, os dois eram parecidos com a postura misteriosa, o jeito sexy de em empresário inescrupuloso e não posso deixar de reparar que Palmer possui o mesmo ar heróico de Oliver...

–Felicity! –Chamou Diglle me tirando de meus devaneios. –O que está fazendo parada na porta?

–Nada. –Respondi dando a volta para me sentar em minha cadeira. –Só pensando.

–Como você está? –Perguntou com aquele ar fraternal que sempre tem quando está preocupado comigo.

–Já passei por coisas piores você sabe. –Disse com um sorriso sincero.

–Barry parece ter encontrado informações que ligam não somente a Psicopata, mas também aos irmãos Shepeards, parece que eles trabalham para mesma pessoa.

–Melhor contar isso para o Oliver. –Disse me levantando. Bati brevemente na divisória que liga nossas salas. Diglle olhou estranhando o gesto de formalidade anormal de minha parte, Oliver franziu a testa também estranhando minha atitude.

–Entrem. –Disse com o rosto franzido pela a confusão.

–Diglle tem informações... Sobre a psicopata e os irmãos assassinos... –Disse com cuidado me atrapalhando com as palavras.

Diglle repetiu a mesma história para Oliver que olhava com ar preocupado para mim. Nós andávamos pisando em ovos desde que fomos seqüestrados, e acordamos em minha casa, na mesma cama... Foi à primeira vez em que Oliver esteve no meu quarto, eu havia feito algumas mudanças em minha casa, colocando um pouco mais de cor, dando minha cara para o lugar, fiquei satisfeita com o resultado. O que me deixou constrangida foi Oliver ver o meu pôster do Robin Hood que ficava pendurado em cima da minha televisão na sala. Ele passou alguns segundos observando o objeto com um sorriso contido nos lábios...

–Felicity! –Gritou Oliver chamando minha atenção. –ouviu algo do que eu falei? –Perguntou.

–Não. –Assumi. –Me desculpa.

–Tudo bem. Só pedi para você cruzar as informações que Barry forneceu. Ele falou que nós fomos pegos por um carro funerário, tudo o que preciso é que você cheque as câmeras de segurança do perímetro para descobrir se encontramos algo antes que mais um casal seja seqüestrado e não tenham a mesma... Sorte que nós tivemos.

–Claro vou fazer isso agora mesmo. –Disse me virando.

–Por que vocês estão tão formais um com o outro? –Perguntou Diglle segurando em meu braço para que eu não fugisse.

–Felicity e eu apenas precisamos conversar. –Respondeu Oliver

–O que aconteceu com vocês dois naquele seqüestro? –Questionou Diglle. –Por que se continuarem agindo dessa forma um com o outro não vão conseguir realizar o trabalho com a mesma eficiência. Parecem estranhos!

–Ele tem razão. Disse Oliver se levantando e caminhando em minha direção. –Precisamos superar.

Tentei rebobinar o filme mentalmente, ele disse que quer “superar” foi isso mesmo ou que aconteceu ou foi apenas uma triste impressão do meu cérebro acostumado a levar tocos do Queen?

–Como disse? –Perguntei com um pouquinho, só um pouquinho de exaltação na voz.

–Ok. –Disse Diglle se colocando entre nós dois. –Agora que ela tirou a cara de paisagem do rosto e está com esse olhar assassino eu vou dar um tempo para vocês. –Ele se virou para Oliver. –Vê se não faz besteira. –Falou antes de se retirar. –Nos vemos mais tarde.

–Eu não quis dizer superar de esquecer, eu só não sei como agir com você agora. –Ele explicou sério me olhando de cima. –Eu não consigo ficar longe de você. –Começou a dizer dando um passo em minha direção. –E sei que se continuar a me aproximar dessa forma, vai ser uma estrada sem volta. –Isso soou quase como uma ameaça, engoli em seco quando ele deu mais um passo em minha direção. –Consegue entender isso? –Perguntou muito sério.

Balancei a cabeça sem conseguir encontrar minha voz. A mão de Oliver tocou minha cintura, seus olhos estavam presos aos meus. –Talvez seja à hora de encarar que pode ser o fim da linha para você. - Soltei sem conseguir frear meus pensamentos. –Talvez essa estrada seja o único caminho a seguir...

–Talvez você esteja certa. -Respondeu Oliver perigosamente perto.

–Você vai me... –Mas Oliver não me esperou concluir a pergunta, me silenciando com um beijo cheio de paixão e ternura. Coloquei meus braços ao redor de seu pescoço entrelaçando minha mão em seu cabelo curto, Oliver soltou um gemido baixo com o carinho e passou dar pequenos beijos por toda a minha face me fazendo rir...

–Oliver eu esqueci... –Diglle entrava na sala de Oliver, não tivemos tempo o suficiente para nos separar. Ele parou com um sorriso genuíno olhando de um para o outro. –Finalmente! –Disse parecendo estar muito aliviado. –Pensei que precisaria arrumar um namorado para a Felicity pra te fazer cair na real. –Debochou fazendo Oliver fechar a cara para ele.