Suzanna Stwart

Saio do Salão Comunal para comer alguma coisa. Infelizmente, o café já acabou.
Vou até os jardins. Alguns Sonserinos me olham com interesse e outros com um pouco de medo ao que me parece. Sento na margem do lago. À medida que as horas passam mais gente acorda e mais gente se atrasa para as aulas.
Na hora do almoço, Víctor me olha assustado, olho para a mesa da Sonserina e vejo Bellatriz falando com Lúcio Malfoy e apontando para mim. Não estão rindo, pelo contrário, estão sérios.
– Ei! O que aconteceu? - Lily pergunta.
– Só estou achando um jeito de lidar com o sumiço da minha melhor amiga.
– Se vestindo de preto, Anna? - Lily parece surpresa.
– Uns choram, outros vão procurar as pessoas. Eu, me visto de preto.
– Mas...
– Só volto às minhas roupas normais quando Lia voltar. - Lily dá de ombros e sai. Termino de almoçar em silêncio e volto ao dormitório. Pego minha vassoura, simplesmente não lembro o modelo. É um nome complicado. Então chamo ela apenas de "minha vassoura".Saio para os jardins conciente se que recebo tanto olhares de aprovação quanto de desaprovação.
– Uns choram, outros procuram. Eu me visto de preto e fico depressiva. - Sussurro. Dou impulso e começo a voar. Como fui liberada das aulas e temporariamente dos meus pesadelos, posso fazer "o que quiser". Uma lágrima escorre por meu rosto ao passar pelo campo de Quadribol. Lia iria adorar voar comigo.
Volto ao chão e corro até o lago. Observo meu novo reflexo. Se estivesse fora de Hogwarts provavelmente achariam que eu sou sou uma Comensal da Morte. Me lembro das palavras de Lupin.
" Ela não é apenas uma loirinha
qualquer." Jade o olhou como se não acreditasse.
– Você está diferente. - Nem percebi Víctor que sentou ao meu lado. - Tenho um período livre.
– Ah. - Disse. A depressão em minha voz fica muito evidente.
– Está assim por causa de Lia?
– Sim.
– E porque está de preto?
– Porque estou depressiva.
– Depressiva? - Ele diz rindo um pouco da situação.
– Não é engraçado Víctor.
– Tá, ok, nervosinha! - Olho para trás. Lupin e Jade estão abraçados sob uma árvore. Meu estômago revira e é nessa hora que eu desejo ser maior de idade ( e uma auror ) para ter permissão de usar Maldições Imperdoáveis em pessoas irritantes. Também conhecidas como um lobisomem de onze anos e duas filhas de um Comensal que ensina Defesa Contra as Artes das Trevas e pratica as Artes das Trevas! Jade fala algo e eu reconheço as palavras daquele dia:
" Não olhe. Apenas uma loirinha qualquer". Me levanto irritada com a situação, com as lembranças e minha constante comparação à uma Comensal da Morte.
– Ei! Espera! - Grita Víctor. Começo a correr e chorar. Quando passo por Lupin e Jade, ele faz menção de ir atrás de mim mas Jade o puxa de volta.
Nos corredores bato em pessoas que xingam, mas percebem que estou de preto e param na hora. Acho que pensam que eu possa ser filha de algum Comensal desconhecido, e não uma garota depressiva e triste. Lágrimas rolam pelo meu rosto caindo no vestido preto impecável. Passo a mão pelo rosto sem me preocupar com a maquiagem. Estou zonza.
" Devia se juntar aos Comensais." " Ela não é só uma loirinha qualquer." " Eles devem estar cumprindo uma aposta de criança. " ...
Então minhas pernas não aguentam e eu caio no chão de pedra do corredor.
Acordo algumas horas depois na ala hospitalar.
– Tome isso.- Disse madame Pomfrey.
– O que é? - Pergunto.
– Para tratar da sua desnutrição grave. - Ela respondeu. Peguei o copo que ela ne deu e bebi um pouco. Era amargo.
– É para beber tudo! - Ela disse. Então eu termino de beber a poção.
– Tem febre lá fora querendo vê-la. Vou pedir para entrarem.- Madame Pomfrey saiu sem esperar minha resposta. Ela abriu a porta e várias pessoas entraram.Víctor, Lupin, Lily e a professora McGonnagal.
– Você está bem? - Perguntou a professora.
– Estou melhor professora. Obrigado. -Ela foi até a mesinha ao meu lado e conjurou um caso com flores e depois saiu da ala hospitalar. Lily chegou mais perto e deixou uma caixa de feijõezinhos de todos os sabores.
– Como você está, Anna? - Ela pergunta.
– Melhor. Obrigada.
Lupin e Víctor deixam caixas idênticas de com doces da DedosDeMel. Os dois não falam nada. Assim como Lily.
– Quanto tempo eu fiquei desacordada?
Eles se entreolham. Víctor engole em seco e fala.
– Uma semana, Anna.
– OQUÊ? UMASEMANA? ALIAVOLTOU? ONDEELAESTÁ? - Perguntei ficando um pouco mais sentada.
– Não. Lia não voltou. - Víctor parece o único capaz de falar.
– Não acredito. - Começo a chorar de novo.
– Acabou a visita! - Disse madame Pomfrey expulsando todos da ala hospitalar.
– Madame Pomfrey, quanto tempo vou ficar aqui?
– Até EU decidir que está bem nutrida. A poção demora pra fazer efeito, então, mais alguns dias.
– Mas...
– "Mas" nada! Você vai ficar aqui até melhorar! - Ela sai. Reviro os olhos. Lily entra de novo.
– Oi! - Ela sussurra.
– Oi.- Respondo no mesmo tom de voz.
– Quer que eu traga alguma coisa, Anna? - Alguns livros. Vou ficar aqui por mais uns dias...
– Algum livro especial?
– Não.
– QUAL É O PROBLEMA DE VOCÊS? NADA DE VISITAS AGORA! SUZANNA STWART PRECISA DESCANSAR! SAIA! SAIA!- Gritou madame Pomfrey. Lily saiu correndo da ala hospitalar perseguida pela madame Pomfrey. Sorri. Pelo menos teria alguma coisa para fazer. Pego minha varinha.
– Expecto Patronum.- Disse e minha coruja apareceu. Agora sem nenhum brilho. Opaca. Triste. Monótona. Não consigo deixar de sorrir. Essa coruja me define muito bem.
A noite chegou rápido. Passei o dia treinando feitiços.
No dia seguinte, madame Pomfrey me acordou.
– Hora da poção!- Disse entusiasmada.
– Suzanna! Está acordada? - Perguntou.
– Siiim. - Respondo puxando as cobertas um pouco mais para cima.
– Vamos deixe de preguiça, garota!
Com um gesto de varinha, as cortinas se abrem e minhas cobertas voam.
– Já estou acordada! - Digo sentando na cama e esfregando meus olhos. Madame Pomfrey sorri e me entrega a poção.
– Já sei! Tenho que beber tudo! -
Ao terminar, madame Pomfrey me ajuda a me levantar para pegar roupas no dormitório.
Volto para a ala hospitalar com uma mala de roupas e encontro uma "pequena" pilha de livros na cama.
– Exagerada. - Digo. - Falo que vou ficar só mais alguns dias e ela me traz livros para um mês inteiro! - Começo a rir. Minha cabeça gira e eu paro na hora.
– É por isso que tem que continuar aqui por causa uns dias.- Disse madame Pomfrey.
Me sento na cama e pego o primeiro livro da pilha.
– Hogwarts, Uma História!- Sussurrei maravilhada. - Sempre quis ler esse livro!
Abri o livro na hora. A primeira parte" A Fundação" continha gravuras de Godric Griffyndor, Rowena Ravenclaw, Salazar Slytherin e Helga Hufflepuff. Todos com uma pequena biografia.
– " Godric Griffyndor queria os corajosos como seus alunos. Helga Hufflepuff queria os leais. Salazar Slytherin queria os ambiciosos e Sangues-puros. E Rowena Ravenclaw queria somente os inteligentes."- Termino de ler a primeira frase do texto A Fundação e Fundadores, maravilhada. Embora já soubesse disso, não poderia perder a oportunidade de aprender mais sobre a fundação da minha escola.
– "Godric Griffyndor fundou a Grifinória. Helga Hufflepuff fundou a Lufa-Lufa. Salazar Slytherin fundou a Sonserina. E Rowena Ravenclaw fundou a Corvinal. Sim deram vida à um chapéu e o chamaram de Chapéu Seletor,ele via as qualidades daquele aluno e o colocava em sua Casa ,assim, com as Casas, o Chapéu Seletor e quatro bruxos poderosos, surgiu Hogwarts."- Terminei o texto me sentindo muito bem em saber como Hogwarts surgiu. Posso até parecer uma nerd, mas é que não consigo responder nada errado. Tenho que responder certo à tudo. Parece estranho, mas para mim é muito normal.
– Por Merlim! Você achou os livros! - Disse Lily entrando na ala hospitalar-Achei que estava tonta demais-Diz ela brincando (eu espero).
– Como não achar, Lily? Você mandou livros o suficiente para um mês inteiro!-
Nós rimos e Lily puxa uma cadeira para se sentar. Fecho o livro guardando mentalmente o nome do texto em que parei: " O Castelo " que fala sobre a construção de Hogwarts. .
– Você está melhor? - Peguntou
– Sim. Um pouco desnutrida, mas estou melhorando.
– Desnutrida? Porque?
– Porque fiquei uma duas sem comer.
– ANNA!- Lily diz um pouco alto demais.-
– Calma! Estou melhorando!
– Então. Mudando de assunto. O Lupin brigou com a Jade.
– Mesmo?
– Sim. Pelo que eu entendi, foi por sua causa. Não falaram nomes bem nada. Mas eu não sou boba né?
Não pude conter um sorriso. Saber que Lupin e Jade brigaram me deixam feliz.
– Me disseram que você consegue conjurar um Patrono. É verdade?
– Sim. Mas meu Patrono é muito estranho.
– Não tem problema.
– Expecto Patronum.- Logo minha coruja está lá.
– Mas... Ela não brilha!
– É, eu sei... - Digo.
– Estranho. - Lily sussurra. - Ei! Não vai comer os doces?
– Lily! Estou doente!
Ela ri-Posso pegar um então-faço uma cara de "my precious" que a Lia com certeza faria- Estou brincando! São seus! Bom tenho que ir. Tenho poções com a Corvinal agora.

– Ta legal... Pede para o Víctor vir aqui depois.

– Vou tentar. Ele está evitando todos que possam falar de você. Amigos, colegas de classe...
– Ah.
– Mas Lupin vai querer vir. Já que Jade não consegue mais controlá-lo.
– É, pode ser.
– Tchau. Não quero perdeu a aula do Slughorn.
– Tchau.
Lily sai e eu fico sozinha. Bem, não sozinha. Abro o livro no " O Castelo " e continuo lendo até madame Pomfrey aparecer para mais uma dose de poção.
Me maravilho mais uma vez ao ler "Floresta Proibida" que fala das criaturas que vivem lá. Penso na possibilidade de quebrar regras e entrar lá. Deve ser legal estar em uma floresta perigosa com Centauros, Acromântulas e tal.
Na hora do almoço Lupin vai me vistar.
– Oi.- Ele diz se sentando na ponta da "minha" cama.- Está melhor?
– Oi. Estou melhor, obrigada. - Não consigo deixar de sorrir. Ele parece o Lupin de antes agora que brigou de novo com Jade.- Você sabe porque o Víctor esta ignorando todo mundo que possa falar de mim para ele? - Lupin assente com a cabeça.
– Ele acha que você ficou brava por algo que ele falou.
– Ele não entende não é? - Sussuro.
– Entender o quê? - Lupin pergunta. Ele levanta a sobrancelha.
" Que eu amo você e ele ao mesmo tempo, não quero que vocês se machuquem. " respondo mentalmente"

– Entender o quê? - Lupin pergunta. Ele levanta a sobrancelha.
" Que eu amo você e ele ao mesmo tempo e que não quero que vocês se machuquem. " respondo mentalmente.
– Espero que saia logo daqui. Todos sentem sua falta na Grifinória.
– Porquê?
– Porquê agora nosso despertador oficial está machucado.
Nós dois rimos e minha cabeça gira de novo.
– Fica bem, Anna.
– Vou tentar.
Ele sai demorando um pouco para fechar a porta.
Algum tempo depois madame Pomfrey aparece.
– Última dose da poção! - Cantarola.
– Quê? Já vou sair?
– Sim.
Bebo a poção rapidamente. Madame Pomfrey me ajuda a votar para o Salão Comunal. Todos estão nas suas aulas então estou sozinha. Por sorte levei o
" Hogwarts, uma História " comigo. Chego no quarto e encontro um envelope no meu travesseiro. Abro. Contém apenas um desenho e uma frase. No desenho há uma menina de cabelos loiros caindo da torre de Astronomia. A frase que saia da garota dizia: "Você é apenas uma loirinha qualquer, normal, irritante e chata. Não vai roubá-lo de mim. Fique esperta."
Não continha um nome nem nada. Com uma pontada de medo passando por mim, pego meus materiais torcendo para pegar a última aula de feitiços do dia.
Chego na sala. O professor Flitiwick ainda não chegou. Me sento ao lado de Lupin. E me faço uma pergunta que já deveria ter feito assim que vi aquele desenho. " Estou com medo de um desenho? " balanço a cabeça. " Controle-se! Se receber outro é motivo para falar com Dumbledore." Não consigo terminar minha linha de raciocínio porque Flitiwick entrou na sala.
– Olá alunos! - Ele dá uma olhada rápida na sala e me vê. - Senhorita Stwart! Madame Pomfrey liberou você?-
" Não magina. É que eu fugi da ala hospitalar por que queria estudar. " Foi o que pensei.
– Sim, professor.- Foi o que disse.
– É muito bom tê-la de volta em nossa sala. - Sorrio. - Há um boato, senhorita Stwart, de que consegue conjurar um Patrono.- Olho para Lily. Ela dá de ombros com uma cara que diz " Me desculpa, não consegui segurar! " o professor continua. - É verdade, senhorita Stwart?
– Sim, professor.
– Pode mostrar à classe?
Levanto hesitante. O que dirão quando vem minha coruja depressiva? Caminho até a frente da sala.
– Expecto Patronum. - Disse. Minha coruja surgiu. Houve palmas. Exclamações de surpresa e murmúrios de incredulidade.
– Vinte pontos para a Grifinória.
– Mas professor! Meu Patrono é horrível!- Digo.
– Mas é a única daqui que já produziu um Patrono Corpóreo. Então. Vinte pontos. -
Os alunos me aplaudem.
– Foi bem legal. - Diz Lupin ao meu lado.
– Foi horrível!- Ele ri. - O que foi? - Pergunto.
– Calma. Não precisa ficar sempre na defensiva. Linda.
– Quê? - Ele me chamou de linda? Peraí! Por Merlim! Ele fica confuso.
– Ãh... Eu... Disse que... A tarde está linda! É. Disse que a tarde estava linda! -
Eu começo a rir.
– Você mente mal.
Ele também ri. Mas aquela palavra era tudo que eu precisava para ficar menos depressiva. Linda. Ninguém nunca ne chamara de linda. Apenas algumas pessoas que me elogiaram BA Celebração de Outono e olhe lá! E agora, por Merlim! Meu "melhor amigo" me chama de linda! Por Merlim... Ainda não acredito.
– Duelos. - O professor explica. - Cada dupla vai duelar. Boa sorte.
Cada dupla se organiza e começa a duelar. Lupin e eu ficamos frete a frente. Levanto a varinha. Ele também.
– Vai perder. - Ele brinca.
– Mais um motivo para eu tentar ganhar.
Ele ri.
– Expelliarmus!- Gritou.
– Petrificus Totalus!- Gritei ao mesmo tempo. A colisão de raios vermelhos criaram uma explosão de faíscas prateadas. Sussurros preenchem o espaço.
– Magnifico! - Disse Flitiwick.- Não interrompam a conexão!
Meu braço começava a ficar dormente. Pela cara que Lupin fez, ele passava pela mesma coisa.
– Não interrompam! - Flitiwick gritou de novo. Dessa vez pessoas se afastavam com medo uma explosão.
Ficamos sem interromper a corrente de feitiços por um bom tempo.
– Professor!- Digo. Minhas pernas tremem.- Não vou aguentar muito tempo!
– Eu também não! - Concordou Lupin.
– Está bem! Está bem! Podem quebrar a conexão! -
Lupin e eu puxamos as varinhas ao mesmo tempo e com uma pequena explosão, a conexão se quebra.
– Incrível! Muito bom mesmo! Vinte pontos para a Grifinória! Para cada um!-
Lupin e eu levantamos. Ele me abraça. Um bando de alunos irritantes fazem um coro de " Ó, ó, ó " e Lupin e eu nos afastamos.
– Desculpa. - Diz.
– Para com isso! Não precisa pedir desculpa.
– Alunos, vocês estão dispensados.-
– Caramba! Sessenta pontos em um dia!- Disse James ao sair.- Vamos ganhar a Taça das Casas! Parabéns! - Eu apenas sorri. Em um gesto totalmente inesperado (e rapidamente percebo que Sirius não está tão alegre como antes,mas não sei o que o artilheiro mais popular da Grifinória não está feliz), Lupin entrelaça seus dedos nos meus. Isso parece me deixar um pouco mais leve. Mas ainda sinto falta de Lia. Acho que vou voltar à ser a Suzanna Stwart de sempre. A Suzanna que usa rosa. A Suzanna que, por incrível que pareça, usa um moletom da Hello Kitty. E a Suzanna totalmente Sweet Glam, segundo algumas pessoas. Quando chegamos no Salão Comunal, Jade olha para Lupin e eu como se seu olhar fosse um Avada Kedavra. Dou um sorrisinho. Ela bate o pé e sai.
Adoro ver Jade e Kimberly assim (apesar de recentemente elas parecerem um tantinho preocupadas,ou eu estou com um sério problema de percepção). Parece que elas odeiam ver a felicidade dos outros. Mas ela perdeu. E vai ter que aceitar.