–Oliver Jonas Queen! –Felicity descia as escadas da caverna gritando.

Roy e Diggle olharam para mim com piedade parando imediatamente nosso treinamento. Sua face estava tão vermelha quanto o vestido que ela usava, marchando em minha direção com seu 1,65 de altura parecendo um super mostro daqueles filmes japoneses prontos para destruir a cidade. Roy e Diggle seguiram em direção contrária subindo imediatamente para a boate.

–Culpado! –Exclamei com ironia tentando quebrar o clima com um pouco de comédia.

–Sabe qual foi o motivo de perder sua empresa da primeira vez? –Ela perguntou com as mãos na cintura em uma postura agressiva me olhando nos olhos.

–Um plano maligno do Slaide? –Sugeri, o que a fez ficar ainda mais vermelha, se tivesse força o suficiente para tal ato acredito que estaria me dando uma surra nesse momento.

–Não estou para brincadeira Oliver! Agora eu não sou apenas a sua secretária que inventa desculpas para você sempre que falta a uma reunião importante com o concelho. –Ela respirou fundo tomando fôlego em meio ao falatório. –Sou também a secretária que tem um caso com o vice CEO da QC e mora na mesma casa que ele! –Gritou irada. –Não dá mais para dizer que o trânsito está ruim, ou que teve algum problema que eu desconheço, POR QUE EU MORO NA MESMA CASA QUE VOCÊ!

–Uau! Fica calma. –Disse em voz baixa dando um passo em sua direção, mas o olhar que ela me lançou me fez parar no mesmo instante.

–Eu me formei na MIT, e até agora não me importava realmente com que todos os funcionários da QC diziam ao meu respeito, mas hoje, quando precisei aparecer naquela maldita reunião sozinha pela segunda vez na semana, depois de inventar uma gripe terrível que te deixou de cama... –Ela me deu as costas caminhando em direção aos seus computadores. –Oliver você precisa honrar o patrimônio de sua família, Palmer não é um Queen, é você quem carrega o nome da empresa.

–Você está certa, me desculpe. –Digo me escorando na mesa ao seu lado. –Sinto muito por tudo isso.

–Desculpas aceitas. –Responde com os olhos na tela do computador. –Até mesmo por que eu me demiti antes de vir para a caverna.

–O QUE VOCÊ DISSE? –Grito girando sua cadeira para ver seu rosto, ela engole em seco, mas se mantêm firme.

–Eu... Eu pedi demissão. –Repetiu com os olhos perdidos nos meus.

–Ah mas não se demitiu mesmo! –Eu estou irado, seu rosto de anjo não se altera.

–Poderia ter impedido se estivesse na reunião a duas horas atrás. –Responde se levantando.

–Posso desfazer ainda. –Disse pegando meu celular em meu bolso.

–Não adianta ligar para o RH, eu sabia que você faria isso e me adiantei.

Respirei fundo contendo minha raiva antes de me virar novamente para ela com uma calma fingida. –O que você quer para desfazer o que fez?

–Não vou desfazer Oliver. Já estou enviando meus currículos, hoje mesmo tenho uma entrevista de emprego. –Informa.

–Felicity! –Digo seu nome em tom de aviso. –Você já tem um emprego.

Ela olha algo no computador, digita algumas coisas rapidamente antes de pegar seu celular e verificar as horas. Fico parado a observando, não adianta tentar ser mais inteligente que ela pois falharia, fazer exercícios em sua frente era outra coisa que não adiantava mais para persuadi-la, precisava de um plano e precisava agora.

–Tenho que ir. –Diz para mim com um sorriso nos lábios.

–Para onde? –Pergunto tentando manter a voz calma sem sucesso.

–Minha entrevista. –Ela já está nos primeiros degraus da escada. –Me deseje sorte! –Gritou se virando para me soprar um beijo.

–Que eles te odeiem! –Gritei de volta com um sorriso falso nos lábios.

[...]

Oliver já estava em sua última ronda do dia e Diggle me ofereceu carona para casa sabendo que era melhor não estar na caverna no momento que meu namorado chegasse. Nós acompanhamos as câmeras da cidade e vimos a ira do Arqueiro em cima de alguns assaltantes e traficantes de drogas que tiveram a má sorte de cruzar seu caminho hoje, Roy praticamente não teve nenhum trabalho a fazer.

Cheguei em casa e tomei um banho rápido no banheiro do nosso quarto. Vesti um pijama de flanela xadrez e fui me deitar apressada, queria estar dormindo quando Oliver chegasse, não estava no clima para mais uma briga. Ops! –Exclamei em pensamento escutando a porta da frente se abrir. Me enfiei em baixo das cobertas fechando os olhos com força para fingir que estava dormindo. Ouvi quando ele entrou no quarto, senti a luz sendo acesa, seus passos em minha direção...

–Não precisa fingir que está dormindo Felicity. –Disse, mas mantive meus olhos bem fechadinhos tentando não demonstrar o desespero que sentia. –Não vou brigar com você, prometo. –Acrescentou com a voz aparentemente calma.

Me sentei na cama ainda de olhos fechados com o semblante de culpa, mas ao abrir os olhos Oliver estava com um buquê de rosas vermelhas em minha frente, não faço ideia de onde ele arrumou aquilo em plena madrugada.

–Comprei quando você saiu para sua entrevista. –Disse adivinhando meus pensamentos me oferecendo o buquê que peguei ainda confusa. –Não tenho direito de decidir o que você faz da sua vida. –Ele se sentou ao meu lado com a carinha do gatinho do Shrek. –Me desculpa por ter gritado com você mais cedo e meus parabéns pelo seu novo emprego. –Aquilo estava partindo meu coração, era muito mais fácil lidar com sua raiva e gritaria, não com toda aquela compreensão e carinho.

–Oliver... –Comecei a dizer.

–Não, você está certa. –Ele disse me interrompendo. –Tenho sido irresponsável com a QC, e tenho usado o Arqueiro e até mesmo Thea para justificar minha falta de comprometimento, mas isso acabou, se você consegue lidar com a vida dupla e ser boa em seu emprego eu também posso.

–Que bom! –Disse admirada.

–Por essa razão já comecei a procurar minha nova secretária. –Ele se levantou pegando as flores das minhas mãos para coloca-las em um vaso. –Espere um momento que eu já volto. –Disse saindo pela porta.

Oliver voltou minutos depois com meu tablet nas mãos me entregando ele e voltando a se sentar ao meu lado na cama. –Esses são os currículos aprovados por Palmer que ele me encaminhou por e-mail. –Falou me indicando o arquivo em anexo.

Quando abri fiquei chocada. Não sei quantas modelos se formaram em secretariado nesse mundo, mas tenho certeza que todas elas em peso resolveram mandar currículo para a QC. Era ridículo alguém colocar aquele tipo de fotos em seu currículo, para o que afinal elas pensavam estar concorrendo? A vaga de um comercial na Colgate?

–Eu gostei... –Oliver dizia passando de um currículo a outro. –Dessa aqui. –Era uma mulher loura com olhos muito verdes, um nariz que tenho certeza que já conheceu um bisturi e o maior e mais branco sorriso que já vi na vida. –Vou entrevista-la amanhã, pessoalmente para provar que estou comprometido com meu trabalho!

–Você não precisa de uma secretária! –Digo indignada.

–Claro que preciso, acabei de perder a minha. –Ele parece confuso ao me olhar.

–Não, não perdeu. –Respiro fundo e Oliver me puxa para seus braços me beijando. –Mas se você... –Comecei a ameaçar assim que nossos lábios se separaram.

–Eu sei, eu sei, vou trabalhar direitinho prometo! –Respondeu sorrindo selando nossos lábios novamente.