Use Somebody II escrita por Thaís Romes


Capítulo 30
O legado.


Notas iniciais do capítulo

Então amores, agora sim é o final.
Quero agradecer a todos, tudo começou com Use Somebody, depois veio a segunda temporada e ainda estamos aqui. Sem palavras para descrever minha gratidão a cada um de vocês. E em especial a Vanessa que alegrou minha manhã com uma recomendação linda. Não vou falar mais nada, espero que curtam o bônus...



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CONNOR HAWEK QUEEN

Dezoito anos depois...

Legado de família é um grande pé no saco, essa é a maior verdade de todas, mas é o que tem para hoje. Minha vida se resumiu a me preparar para esse dia, o dia que vou vivenciar hoje. Aos meus treze anos, meu pai e minhas mães concordaram com minha idéia de ir para o mosteiro Asharam, eu observo Oliver Queen a muito tempo para perceber que ele tinha muitos problemas em se manter calmo, e que seu gênio um tanto quanto dominador acabava o atrapalhando a maior parte do tempo. E ao contrário dele eu não tenho uma mulher como Felicity para ser minha consciência, bom, mais ou menos.

O ponto é que permaneci nesse mosteiro por cinco anos, sendo treinado pelo mestre Jansen. Fui educado lá, estudei filosofia zen budista e sou mestre em aikido além de ser um arqueiro kyudo. Voltei para Star City de tempos em tempos depois desses cinco anos, nunca consegui me afastar de verdade. E agora que saio do aero porto, olho diretamente para o motivo de ser incapaz de ficar ausente.

Minha melhor amiga corre em minha direção, eu solto minha mala de qualquer jeito e recebo o abraço cheio de saudades que Sara me oferece. Me afasto para olhar seus olhos amêndoas, ela não era mais a garota que eu vi a sete meses, agora seu corpo era de uma mulher, nada infantil para seus dezenove anos, ou quase vinte, como ela gosta que eu diga. Ao seu lado meu irmão nerd sorri para mim quando a solto, eu o abraço daquela forma que nós homens nos abraçamos.

–Andou malhando Robert? –digo seu nome inteiro apenas por implicância, Rob sorri, ele se parece muito com Felicity quando faz isso, tem o mesmo ar inteligente e bondoso, apesar de seu físico ser tão atlético quanto o meu, e como a Fel diz, os cabelos castanhos dele entregarem tudo o quer ela tenta esconder.

–Você ainda se parece uma cópia do papai. –devolve a provocação.

–Sabe que isso não é uma ofensa, não sabe? –passo meu braço livre pelos ombros de Sara enquanto caminhamos em direção ao carro do pirralho. –Qual é desse vestidinho de secretária? –pergunto, abrindo a porta traseira do carro para ela.

–Estou fazendo um estágio com Laurel. –conta animada.

–Uau! –exclamo impressionado. –Tão nerd quanto o Rob.

–Você é um pé no saco Connor. –vejo ela revirar os olhos através do retrovisor de teto, e Rob dá risada ao meu lado. –Mas estou feliz que esteja aqui, para ficar agora. –sorri com timidez e desvia o olhar assim que percebe que eu a olhava.

–Não pretendo ir a lugar algum gatinha. –pisco para ela que empurra meu ombro.

Rob para o carro em frente à nossa casa e salto antes para abrir a porta de Sara. –Robie, você deveria ter ido para um mosteiro. –provoca o pirralho saindo do carro. –Ele nunca abriu uma porta para mim Connor. –faz cara de indignada.

–Sara minha amiga, não vou contar o porquê do meu big brother te tratar dessa forma, não quero alimentar seus sonhos adolescentes. –olho feio para ele que não se intimida. –Ela começou.

–Vamos entrar, a mamãe já deve estar pirando agora. –mudo de assunto e sigo na frente deles, abro a porta e imediatamente uma linda loura corre em minha direção e se joga em meus braços. –Oi mãe. –sussurro em seu ouvido a segurando firme.

–Como você está lindo Connor. –diz se afastando para me olhar melhor.

–Claro que está, esse moleque é minha cara. –vejo meu pai parado na porta sorrindo para nós. –Como foi a viajem Connor? –Fel me solta e eu vou em sua direção o abraçando.

–Não fui seqüestrado, torturado, nem mesmo tentaram bater minha carteira. –dou de ombros desanimado.

–Parece entediante. –ele sorri e eu concordo. –Pronto para hoje?

–Espero por isso desde meus oito anos. –dou de ombros.

–Como Sandra está? –Fel pergunta entregando minha mala para Rob que faz careta antes de a levar para o quarto.

–Mamãe está bem, ela teve seus momentos ruins depois do que aconteceu com Milo, mas agora está de volta a Central. –conto sério.

Meu padrasto faleceu a um ano, câncer. Descobriram um tumor do tamanho de um grão de feijão e foi o suficiente para tirar sua vida. Chega a ser irônico, já que meu pai é espancado e quase morto todos os dias, mas continua forte, e encontra forças para manter a vida das outras pessoas, que ele nem mesmo sabe o nome, a salvo. E Milo, um cara pacato, marido de uma mulher brilhante, morre por um tumor, não maior do que um maldito grão de feijão.

–Sara onde estão seus pais? –questiono estranhando a ausência deles. –Alias onde estão meus tios e a Laurel?

–Sabe o trabalho que vamos fazer essa noite? –meu pai pergunta passando o braço ao redor dos ombros da minha mãe, em um ato tão natural quanto respirar, os dois se atraem um em direção ao outro como imãs, e como se não fossem casados a mais do que alguns meses.

–Eu já odiava a Cupido, odeio mais ainda esses discípulos que ela arrumou. –estremeço enojado.

–Hoje é o julgamento dela, e Diggle está fazendo a segurança de Laurel. –dou risada. –Da advogada Laurel Lance, apenas mantendo as aparências. –explica melhor.

–E Lyla?

–Fazendo a segurança dele, com Thea e Roy. –Sara responde abraçando o próprio corpo, tenho uma vontade involuntária de passar meus braços ao redor de seu corpo e a reconfortar, mas reprimo, Sara já tem muito com o que se preocupar.

–Qual o plano? –questiono me jogando no sofá, Rob se senta ao meu lado, Sara do outro, meu pai se senta na poltrona a nossa frente e puxa Fel para se sentar em seu colo, algo que nenhum de nós estranha.

–Você e Sara vão se disfarçar como um casal...

–Espera! –nós dois falamos juntos. –Por que não usam o Rob? –questiono olhando para meu irmãozinho que estava jogado com um sorriso divertido no sofá. –É meu primeiro dia como Arqueiro Verde, e você quer que eu me disfarce?

–Eu ainda sou o Arqueiro Connor. –me lembra e eu reviro os olhos. –Você é o outro Arqueiro verde. Não se empolgue...

–O que seu pai quer dizer Connor. –Fel intervém antes que isso se torne uma briga. –É que Robie e Sara parecem irmãos.

–É verdade! –Rob diz concordando.

–Mas ela é assim para mim também! –afirmo e Felicity revira o olhar, meu pai tosse e Rob dá risada descaradamente.

–Existem muitas vidas em risco Connor, preciso de alguém dentro daquele evento. E preciso de pessoas comprometidas com o risco que isso representa. - diz agora sério. –Entendo o que sente, acredite em mim, mas mesmo conhecendo o treinamento que seu irmão tem, seja sincero, deixaria Sara no meio do fogo cruzado com ele?

–Não. –digo sem hesitar.

Robert John Queen, ele é brilhante em tudo o que faz, aprende rápido e é preciso, imprimindo sua marca e tudo o que toca. Apesar de ter uma forte inclinação para a tecnologia assim como nossa mãe, ele é letal como nosso pai. Diferente de mim, Rob preferiu treinar em Star City, nosso pai o ensinou combate, arco e flecha, mas ele prefere desenvolver seus próprios brinquedos tecnológicos que usa em combate. Está prestes a se formar na MIT assim como Fel, aos dezoito anos ele é um gênio da informática, herói e a melhor pessoa que conheço, ele puxou a mãe em seu temperamento doce e corajoso, confiaria minha vida cegamente a ele. Mas não a de Sara, nunca a dela.

–Vou tentar não me ofender. –o escuto dizer.

–Está bem com isso? –pergunto a Sara que estava com sua pele quase dourada com um leve rubor nas bochechas, o que a deixava parecendo uma visão divina.

–É... Acho que sim. –diz com um sorriso amarelo, que me faz prestar atenção em seus lábios em formato de coração.

–Disso que eu estava falando. –escuto minha mãe sussurrar.

–Hey! –me levanto rapidamente. –Posso buscar Alice na escola?

–Claro! –Fel se anima e joga a chave de seu carro para mim.

–Nos vemos mais tarde família. –digo a eles colocando a maior distancia possível entre Sara Diggle e eu.

Chego na escola em poucos minutos e espero escorado na lateral do carro. Vejo quando uma linda garotinha de cabelos castanhos, quase louros e enormes olhos azuis passa pelo portão. Ela olha tudo ao redor desconfiada. Boa garota, penso orgulhoso, seu rosto se molda em um sorriso surpreso assim que seus olhos me encontram, ela corre em minha direção com os braços abertos. Alice Moira Harper, minha garotinha. Estava com doze anos agora, e eu a abraço sentindo o quanto ela me fazia falta.

–Como vai pirralha? –questiono a vendo sorrir.

–Vai embora de novo? –pergunta fazendo um biquinho.

–O mais longe que vou agora é em Central City. Tenho que estar por perto. –respondo vendo seu sorriso aumentar. –Preciso afugentar todos os moleques que tiverem o disparate de se interessar por você.

–Não me importo. –dá de ombros entrando no carro. –Desde que permaneça aqui.

–O que acha de tomar sorvete enquanto você me conta as fofocas da nossa família? –peço dando partida no carro e a vejo se animar imediatamente.

–Quero aquele da praça!

[...]

Felicity ajeita minha gravata, colocando um pequeno dispositivo no colarinho da minha camisa, nós estávamos dentro da caverna. Meu pai, Roy, Thea e Laurel estavam vestidos em seus respectivos uniformes, vejo Diggle descer as escadas em passadas largas com uma mala de pano nas mãos, ele me abraça brevemente assim que vê com um grande sorriso em seu rosto, pouco marcado pela idade.

–Seu uniforme. –me entrega a mala.

O uniforme era pouco diferente do que é o do Arqueiro original, apenas com um capuz estilizado como o do Arsenal e alguns detalhes em vermelho do lado de dentro, uma diferença sutil, mas eficiente. Sorrio orgulhoso e vejo o mesmo orgulho nos olhos dos meus pais, apesar do pavor que Felicity exalava, não é fácil ter um filho nessa vida, ou no caso dela, dois.

–Obrigada Dig, é perfeito. –sorrio com sinceridade.

–Sabe o que fazer, o esconda em um lugar próximo. –começa a instruir. –Sara sabe se cuidar, mas sabe como são as coisas...

–Eu vou a proteger com minha vida John. –toco em seu ombro.

–Sei que vai, você a ama tanto quanto eu. –engulo em sego e ele sorri divertido. –Já tem experiência em salvar a vida dela.

Rob desce as escadas correndo. Com uma aljava nas mãos. –Presente para você, de boas vindas! –me entrega. –Ai tem explosivos. –ele vai tocando a ponta das flechas enquanto fala. –Flechas elétricas, com rastreadores, normais, com cabos e minha preferida. –tira um flecha com compartimento liquido. –Essa eu chamo de fada madrinha...

–Nome brega. –interrompo e ele me olha feio.

–Vai fazer seu inimigo ficar suscetível a ordens suas, o efeito dura duas horas apenas, mas pode salvar sua vida.

–Obrigada mano. Você vem?

–Não, prefiro ficar aqui com a mamãe. –passa os braços ao redor de Fel. –Não gosto de pensar nela aqui sozinha. –sinto o mesmo, então não tenho argumentos quanto a isso.

–Eu tenho os melhores filhos desse mundo. –escutamos uma tosse forçada do nosso pai. –E o melhor marido. –ela acrescenta revirando os olhos e nós damos risada.

Eles se calam e sigo a direção do olhar de todos, vendo Sara descer as escadas com um vestido amarelo longo, que chega a ser crime em contraste a sua pele dourada, seus cabelos cacheados estavam soltos descendo até sua cintura. Fico sem reação e sei que todos naquela sala estão nos observando, mas não tenho nada espirituoso para dizer. Ela para ao lado do pai sorrindo para mim.

–Isso vai ser a melhor coisa, dos últimos dezoito anos. –minha tia Thea comenta com Felicity que sorri com ar sonhador.

–É como voltar ao passado. –responde a amiga.

–Não temos uma quadrilha de assassinos para prender? –brinca Sara, mas não me lembro como se sorri, ou falar nesse momento.

–Sua arma Sweet? –Diggle pergunta e ela aponta para a coxa, pouco exposta pela fenda lateral do vestido. Ela é quase sua irmã cara, isso não é certo, quase grito em pensamento. –Perfeito. Se cuidem crianças. –beija o alto da cabeça da filha e eu caminho em direção a minha mãe que tinha as mãos tremulas e semblante torturado.

–Vou ficar bem. –prometo beijando seu rosto.

–É bom mesmo. –diz em tom de ameaça com seu rosto de anjo, que em nada combina com a fúria, e eu preciso segurar o riso. Vejo que meu pai e Rob fazem o mesmo.

Entro no evento de braços dados com Sara. Olhamos rapidamente ao redor, tentando identificar quem eram os homens bombas. Vejo o senador Spencer ao lado da esposa, eles pareciam apaixonados de verdade. Eram o alvo perfeito, mostro o casal para Sara que assente apertando um pequeno broche que estava preso a alça única de seu vestido, acionando a câmera. Ela passa todo o cabelo para o outro lado, deixando seu pescoço inteiramente nu.

Deixo meus olhos correrem por sua face, seu maxilar delicadamente marcado e seu ombro. Por mais que tentasse não encontrava defeitos, seria mais fácil se ela fosse dentuda ou tivesse a voz irritante, mas ela é perfeita. –Você é bom nisso. –elogia sorrindo para mim.

–Nisso? –questiono confuso a puxando para pista de dança.

–Disfarces. –explica com um sorriso zombeteiro que eu conheço bem.

–Você está linda. –elogio lhe dando meu melhor sorriso. –Isso torna o trabalho mais fácil.

–Senti sua falta Connor.

–Você estava na faculdade a ultima vez que vim, foi frustrante não te ver. –confesso.

–Mas estou formada, a dois meses na verdade. Vai enjoar de me ver de agora em diante!

–Quer saber um segredo? –pergunto a girando, depois a puxo de volta para mim.

–Sempre quero saber, sabe disso.

–Obriguei Rob a usar uma mini câmera em sua formatura, assisti tudo. –vejo seus olhos brilharem e Sara se aproxima deitando a cabeça em meu ombro. –Não perderia minha nerd precoce preferida se formando.

–Eu sabia que você não faltaria... –sussurra cheia de emoção na voz.

–Nunca. –beijo seu rosto, no momento que vejo a Sra. Spencer ser puxada para um corredor por um homem de terno assim que o marido se afasta para conversar com outros políticos. –Vem comigo. –sigo os dois. –Arsenal eles se separaram, estamos com a esposa, o Senador se mantém a vista. –digo tocando o comunicador.

‘Estamos com ele a vista, está seguro. Protejam a esposa. ’

Ando de mãos dadas com Sara vendo o homem sumir no fim do corredor. Atrás de nós dois seguranças andam apressados em nossa direção. –Desculpe por isso. –murmuro para Sara antes de a empurrar em direção a parede.

Coloco minhas mãos em volta de sua face e encosto meus lábios com delicadeza nos seus. Não pretendia passar disso, mas ela segura em meu paletó e me puxa para mais perto, abre sua boca como um convite e eu a beijo de verdade. Lentamente, cheio de carinho, acaricio sua face quando nos afastamos e percebo que os seguranças desapareceram.

–Contato humano deixa as pessoas desconfortáveis. –falo olhando seus grandes olhos cor de amêndoas que brilhavam mais do que nunca ao me olhar. –Principalmente com demonstrações de afeto.

–Tem certeza que não é filho biológico da Fel? –sussurra em resposta me fazendo dar risada. –Vamos.

Sai em minha frente seguindo o rastro dos dois, passamos onde estava escondido meu uniforme eu retiro a aljava e o arco de dentro da mala que levo comigo. Me troco em uma sala vazia com Sara esperando do lado de fora da porta. O rastro nos leva a um escritório. Tiro o dispositivo que minha mãe havia preso em meu colarinho e o coloco na porta. Imediatamente escutamos o que estava se passando do lado de dentro.

“Quanto tempo mais Billy?” - a voz da Sra. Spence dizia em meio a gemidos. Olho assustado para Sara que está tão surpresa quanto eu.

“Não muito.” - o tal de Billy responde, com a voz igualmente afetada.

“Disseram que essa Cupido era a melhor, mas meu marido continua vivo.”

“A chefe está incapacitada no momento, mas seus melhores homens estão aqui a seu dispor.” - sinto o que parece a bile subindo em minha garganta. “Foi muito generoso de sua parte reunir a nata de Star City para morrer ao lado do seu marido.” - Chega! Olho significativamente para Sara que entende de primeira o recado e tira sua arma se escorando na lateral da porta, eu a arrombo com um único chute, já armando a flecha em meu arco, ligo o modulador de voz e digo a frase que esperei minha vida toda para dizer.

–Katharine Spencer, você falhou com essa cidade!


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Notas finais do capítulo

Comentem pessoas, me digam o que acharam, por que para mim foi uma honra escrever para vocês