– O que a Emma tá fazendo cara? - perguntou Thiago.

– Não faço a menor ideia. - falei. - E não me importo também.

– Ei, - Dan fez um estalo na minha frente. - o que houve?

– Resumidamente? Ela descobriu tudo, eu fui grosso com ela, ela foi grossa comigo, nós brigamos de novo e agora ela deve estar querendo mostrar que nunca deixou de ser uma puta de luxo. Uhu. - falei, revirando os olhos.

– Vish... - falou James. - Vocês são muito complicados.

– Bota complicado nisso. - completou Branca. - Quer que eu vá falar com ela?

– Tá louca? Claro que não. Deixa ela ser auto-independente. Foda-se também. Parece que o mundo tem que girar ao seu redor, que merda. - bufei.

– Ou ou, calma ai companheiro. - Dan apertou meus punhos. - Você tá muito nervosinho, vou marcar um spa para nós. Quero ter um lero contigo.

– Se você fizer questão...

– Eu faço!

*

– Agora que estamos sozinhos, você pode me dizer o que realmente aconteceu.

– Eu já disse caralho. Tá parecendo mulherzinha atrás de fofoca, que saco Daniel!

– Eu quero saber quem eu vou defender né. Mas me parece que os dois estão errados.

– Bingo! - levei as mãos ao ar.

– Ai Killian, esse seu sarcasmo tá me deixando com vontade de te afogar. - ele me olhou, furioso.

– Me afoga então, pelo menos não vou me preocupar mais em correr atrás de mulher compromissada.

– Compromissada? A Emma não é casada com ninguém!

– É sim! Com os clientes dela. Nunca vi gostar tanto de falar que faz sexo por diversão, puta merda.

– Ahh ooh, não reclama não, porque se pudesse você faria sexo com ela.

– Óbvio que eu faria, mas tive mó cagaço dela ter AIDS, vai que né.

– Cara, - Dan estava rindo. - nas muitas conversas que eu já tive com a Emma, ela me disse que faz exames regulares em relação a isso e toma anticoncepcional sempre, então é sexo seguro, você só tem que fazer a sua parte que é usar a camisinha e meter beeeeem fundo. E outra, eu duvido que foi só isso ai da doença, tá!

– Eca! Não queria falar sobre meter com meu melhor amigo num spa onde só se encontra nós dois, mas muito obrigado por me proporcionar esse momento excelente, Daniel.

– Sempre ás ordens!

– E se você quer saber mesmo, eu não tava com coragem de ficar com a Emma naquele momento. Seria algo muito forçado.

– Hm... Sei.

*

Eu e Killian não nos falamos até a volta para Storybrooke, sempre que eu o via se aproximar, eu saia de perto ou ia para outro lugar, era fato que eu não estava para papo... Mas aí, na nossa última noite no navio, veio um convite no meu quarto por baixo da porta. Algo mais ou menos assim:

O Capitão Killian convida você para um jantar de despedida como forma de agradecimento pelo prazeroso passeio! Obrigada por estar junto a nós nesses dias! Sua presença foi mais que especial! Com carinho, equipe Roger's.

Olha só, um convite para jantar e pelo visto é para todos daquele salão. Quem será que entregou esse convite aqui? Será que foi um mordomo ou o próprio Killian?

Para matar minha curiosidade, destranquei a porta do quarto e abri a mesma, ainda segurando o convite nas mãos e adivinha só com quem eu bati de frente? De dou uma dica, começa com K...

– Ah, você. - revirei os olhos. Sei que estava curiosa, mas vamos fingir que não.

– Nossa que apresentação calorosa! - disse ele, esboçando aquele sorriso maravilhoso que faz surgir borboletas em minha barriga. Killian abaixou o olhar para minha mão. - Você vai hoje, né?

– Não sei... - falei, guardando o convite. - Não quero interromper pessoas nem atrapalhar, aliás já fiz tudo o que queria nessa viagem, tudo e mais um pouco... Diga-se de passagem. - esbocei um sorriso escrachado.

– Você não vai atrapalhar ninguém e é um jantar para o navio todo, você pode reencontrar seus clientes e fazer sabe se lá o que vocês gostam de fazer...

– Sexo? - falei, como se fosse algo óbvio, o que era, na realidade.

– Enfim... Eu gostaria muito que você fosse Em. - disse ele, aproximando-se de mim. Por instinto ou precaução, me afastei. Killian deu um passo a frente e eu um passo a trás e depois de um tempo, ele passou a tranca na porta. - Você poderia parar de fugir de mim, que tal? - disse ele, dando mais um passo para frente acompanhado de uma puxada pela cintura que fez nossas bocas estarem a menos de cinco centímetros de distância.

– E você poderia parar de ser babaca comigo, que tal? - falei com os olhos fechados, esperando a próxima cena ou alguém gritar um 'corta' e acabar tudo ali.

O lado bom foi que a próxima cena, vulgo beijo, aconteceu e foi o melhor de todos até agora, acho que o Killian tenta se aprimorar cada vez mais, porque não é possível, não houve uma vez em que eu o beijei e foi ruim, UMA! E o lado ruim é que eu não conseguia soltar dele e eu ainda estava muito puta, então assim, isso foi uma merda.

– Emma.. - ele me chamou, entre os beijos. Eu tinha sido praticamente jogada na parede, mas naquele momento eu não ligava muito para isso. - Me desculpa ok? Eu não queria ter de esconder isso de você, eu só não queria que acontecesse o que aconteceu.

– Shhh... - falei, botando um dedinho na sua boca. - Depois nós fazemos uma DR, vamos fingir que tá tudo bem, tá? - puxei o rosto dele para perto e começamos uma nova sessão de beijos.

*

– Com vocês, meu grande amigo, capitão Killian Jones. - disse James, me anunciando. Aproximei-me dele com calorosos aplausos e cumprimentei meu amigo.

– Obrigado, obrigado. - falei. - Boa noite, queridos passageiros. Aqui quem fala é o capitão e dono do Jolly Roger II e é com muita honra e gratidão que eu agradeço a cada um de vocês por esse tempinho que passamos juntos. Uns eu pude conhecer um pouquinho mais, outros só dei um olá, mas quero que saibam que mesmo que futuramente eu esqueça um de vocês, saibam o quão importante foram para mim nessa longa caminhada! Obrigada pela confiança, pela hospedagem e pela grande viagem! A Equipe Roger agradece de coração e deseja a todos uma belíssima noite, até a próxima! Tenham um bom jantar. - finalizei e surgiram mais aplausos, o que me deixou feliz.

Fui sentar-me na mesa onde estava a tripulação e olhei o salão de uma vista panorâmica, vendo onde estavam meus amigos(incluindo Emma). E eu fui até onde eles estavam.

– Olá. - falei, abraçando Branca por trás, que sorriu e me deu um beijo no rosto. - Tudo bem por aqui?

– Até você chegar, estava tudo maravilhoso. - disse Emma, revirando os olhos.

– Emma... - respirei fundo. - Não faz assim.

– Assim como? - ela disse, levantando-se. - Vocês me dão licença, mas esse ambiente tá contaminado por mentira.

– EMMA! - gritei e ela fingiu que não foi com ela.

– Vai atrás dela cara. - disse Dan, e me apressei.

– Esses dois viu... Ainda vai dar namoro! - comentou Thiago e como ouvi, esbocei um leve sorriso.

Cheguei ao quarto de Emma quase que no mesmo tempo que ela, mas a loira foi mais sagaz e conseguiu trancar a porta logo.

– Emma, abre essa porta! - falei, socando a mesma.

– Me obriga! - disse ela, com a voz embargada. A Emma tava chorando, era isso mesmo? Por quê?

– Emma, eu vou contar até três, se você não abrir a porta, eu vou arrombar, tá ouvindo?

– Ih, eu duvido! - disse ela, limpando a garganta. Ok, ela realmente estava chorando. O que foi que eu fiz dessa vez?

– Um... - me afastei da porta. - Dois! - respirei fundo e - Três! - me joguei com força em direção a porta, o que foi em vão, já que quando eu gritei o "três" e joguei meu corpo em direção a porta, Emma abriu a mesma e eu dei de cara no chão. De cara, corpo, de tudo. Ai!

– Hook! - ela veio até mim. - Tá tudo bem? - disse ela. - Ai meu Deus, o que eu fiz contigo?

– Porque você estava chorando? - perguntei, limpando as lágrimas de seu rosto. - Porque você saiu tão furiosa do jantar? O que eu fiz? Ainda é sobre aquilo?

– Killian! - ela gritou. - Para de falar um pouco e me ajuda a te levantar e te levar pra cama, vem. - e com muito esforço, eu me apoiei nela e Emma me levou a sua cama, deitando o meu lado machucado de um modo que não ficasse tão doloroso. - Eu vou pegar meu kit de primeiros socorros, pera ai. - disse a loira, indo em direção ao banheiro.

Emma voltou, trancou a porta do quarto e tirou a parte de cima do meu traje e começou a passar uma pomada dermatológica nos lugares vermelhos, o que, a princípio, ardeu para um belo de um caralho, mas depois deu uma aliviada.

– Acho que vou chamar o médico. Tem algum médico em serviço hoje?

– O navio inteiro está naquele salão. Ou teoricamente, deveria estar. - olhei para ela, com um sorriso fraco.

– E você vai ficar assim? Você é maluco? - gritou ela e começou a dar tapas onde eu ainda não sentia dor, ela tava doente? - Como você quer arrombar uma porta assim? - disse ela e começou a soluçar e então eu ouvi um suspiro profundo e algumas fungadas. - Porque você faz isso comigo, hein?

– Eu não fiz nada. Eu só queria saber o motivo de você ter saído do jantar quando eu cheguei. Foi alguma coisa que eu fiz, se for isso, me fala que eu paro. Eu juro Em. - falei, enrolando o cabelo dela em meus dedos. - Em?

– O motivo foi você Killian, o motivo sempre é você. O motivo é que sempre que eu te vejo parece que meu dia se ilumina e eu não consigo mais fazer nada a não ser te olhar e sorrir, e mesmo você mentindo para mim, me enganando, - ela deu mais uma soluçada. - eu não consigo fingir que você não existe, que você não mexe comigo. Porque simplesmente não dá. E eu não consigo me afastar de você, porque parece que tudo me leva a você de alguma forma, eu acho que não deveria ter te conhecido. Talvez assim, eu poderia viver mais tranquila.

– E era por isso que você saiu chorando e toda triste do jantar? - perguntei e ela fez que sim com a cabeça. - Em, - respirei fundo e me acomodei em sua cama, fazendo eu e ela ficarmos da mesma altura. - deixa de bancar essa menina rebelde sem causa, quando todo mundo sabe que você faz as coisas para mostrar ao mundo o quão forte é. E para mim você não precisa mostrar nada, porque só eu sei o quanto foi difícil de conquistar esse seu coração viu? - ela riu embargada. - Emma, - sussurrei - eu amo você sua doida. Agora, namora comigo logo porque eu não aguento mais te ver como "solteira" quando pra mim você é só minha.

– Ai Killian... - Em aproximou seu rosto do meu e colou nossas testas, sorrindo com os olhos cheios de água. - Eu descobri que também amo você. Que nesses meses de convivência, apesar de tudo o que você me fez passar e vice-versa, não houve um momento em que eu me arrependi. E é mais que óbvio que eu aceito namorar você. - e depois ela me deu um selinho e ai aprofundamos o beijo, que agora não era mais de 'amigos coloridos' e sim de 'namorados'.

– Ai! - falei, gemendo de dor. - Calma amor. - puxei ela para um abraço e dormi com Emma em meus braços. A primeira vez de muitas, espero eu.