Você Me Tem escrita por Hanna Martins


Capítulo 18
Verdade


Notas iniciais do capítulo

No último capítulo, vimos Peeta beijando uma garota e quebrando nossos corações... Agora vamos ver os acontecimentos que antecederam este beijo, e as consequências desse beijo...



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/545250/chapter/18

Tentou apanhar o gato, mas ganhou um rosnado ameaçador e um aranhão. Ele estava se escondendo em baixo de um arbusto do jardim. O gato era obstinado e não saia facilmente.

— Você também me odeia? — indagou raivoso, tentando fazer o gato sair debaixo do arbusto. O gato respondeu com outro rosnado. — Para você também! — imitou o rosnado do gato.

Peeta sentou-se na grama e começou a rir como um louco. Talvez, estivesse um pouco louco mesmo. Aquilo era tão ridículo, estava brigando com um gato.

— Ah, Buttercup, você está aí! — Prim correu até o arbusto e chamou o gato, que sem nenhuma queixa, saiu imediatamente.

Então, o desgraçado daquele gato era assim! Enquanto o machucava, bastava um chamado de Prim que ele saia todo alegrinho. Aquele gato era exatamente como certo alguém.

— Você está bem? — a voz doce de Prim o trouxe de volta.

— O quê? — indagou sem saber ao que ela se referia.

— Sua mão está sangrando... — ele olhou para os aranhões que o gato havia feito. — Buttercup, peça desculpa para o Peeta! — exigiu.

O gato soltou um miado um tanto a contragosto, pelo menos não era um rosnado malcriado como os anteriores.

— Tudo bem, não foi nada. Eu não levo jeito com gatos — sorriu para Prim e afagou sua cabeça de maneira afetuosa.

— Sabe... você não tem aparecido muito lá em casa... — disse Prim o encarando.

— É... tenho andado bem ocupado... com as coisas do colégio — falou evasivo.

Prim assentiu, mas parecia que ela não acreditava muito naquela mentira.

— Minha irmã tem andado num mau humor terrível! — a garotinha afagava o gato enquanto falava.

— Mesmo? — aquilo era uma droga, mas não podia evitar querer saber sobre Katniss.

— É... Peeta... — falou um pouco sem jeito. — Katniss... — ela lhe pareceu hesitante.

— O quê foi?

— Nada, não. Deixa para lá... Melhor eu voltar para minha casa... Apareça um dia destes — acrescentou depois de um tempo.

Viu as tranças louras de Prim desaparecem de sua vista. Aquelas duas irmãs, às vezes, eram bem estranhas.

Mas não queria pensar mais naquilo. A última coisa que desejava era se comportar como um idiota que fica correndo atrás de alguém que não lhe queria. Ele já fora rejeitado por ela, não queria sofrer uma segunda rejeição. O melhor que tinha a fazer era tirar aquele amor de seu peito. Não, definitivamente, não queria sofrer outra humilhação. Já sofrera muito por Katniss. Estava na hora de parar com aquilo e se pudesse também nunca mais em sua vida iria se apaixonar por alguém novamente. Amar já lhe causara sofrimento por toda uma vida. Só os babacas se apaixonavam. E ele não queria ser mais um babaca. O amor era incontrolável, mas ele iria controlar aquele sentimento.

Peeta Mellark, o conquistador de Panem, estava de volta. E que maneira melhor de começar que não fosse na festa de Panem que ocorreria naquele dia? Seria como nos velhos tempos.

A primeira coisa que fez quando chegou à festa, foi avaliar o local. As garotas do primeiro ano eram bem atraentes, e apostava que estavam louquinhas para experimentar sua cama. Também havia as garotas do último ano, muitas já haviam passado por sua cama, um déjà vu não era má ideia.

— Peeta! — Cato deu tapinhas em suas costas. — Você anda tão sumido das festas que cheguei a acreditar que estava morto!

— Estive quase morto — disse misterioso em um tom brincalhão. — Fui atacado por uma doença, mas agora estou prevenido...

Cato parecia não ter compreendido seu comentário, mas antes de fazer qualquer pergunta, uma bela morena passou perto deles e sua atenção foi toda para ela. Isso era tão Cato.

Cato foi cuidar de seus assuntos. E ele tratou de cuidar dos seus. Estava mais do que na hora de alguém aquecer a sua cama. Uma garota lançou provocantes olhares em sua direção. Era uma aluna nova. Lembrava-se vagamente dela, faziam a aula de física juntos. Onde estava com a cabeça para não ter percebido ela antes? É claro que sabia, havia se tornado um completo idiota nos últimos tempos.

— Então, resolveu reparar nos olhares que a pobre da Sue te lança todo santo dia? — disse Clove se aproximando dele e lhe estendendo um drink.

— Obrigado por me informar o nome dela — falou pegando o drink que Clove lhe dava.

— Disponha! — respondeu, olhando para a garota. — Ela é muito bonita, não? Faz o seu tipo... Espero que não vá cair em suas garras e a pobre acabe se apaixonando...

Peeta deu um gole no drink.

— Você realmente sabe como destruir o coração de uma garota...

Olhou para Clove que sorria para ele de maneira provocante. Lembrou-se daquele verão dois anos atrás. Fazia um calor insuportável. Mas nada que uma boa festa na piscina não resolvesse. Na verdade, uma festinha particular. Sua convidada era Clove. A bela garota dava grandes braçadas na piscina.

— Peeta! — Clove saiu da piscina e se sentou em seu colo.

Ele começou a beijar seu pescoço.

— Você só pensa nisso? — disse rindo, devido às cocegas que ele provocava em seu pescoço.

— E há outra coisa melhor para se pensar?

Deslizou a mão pelas suculentas coxas de Clove.

— Hein?! — a mão subia cada vez mais rápida, queria chegar logo ao seu destino.

Aquele verão estava sendo muito entediante. Não havia quase ninguém na cidade, a maioria havia saído de férias. Ele também teria ido viajar, porém, seus pais haviam resolvido tirar férias em família. Resultado, na última hora seus pais desistiram da ideia, pois tinham outras coisas mais importantes do que tirar férias em família para fazerem, e ele precisou ficar na cidade.

Tédio não era algo que combinava com Peeta Mellark e ele logo encontrou uma distração na figura de Clove, a garota recém-chegada na cidade. Logo deu um jeito de conquistá-la, o que não foi muito trabalhoso, afinal ele era Peeta Mellark e qualquer garota se renderia facilmente a ele (menos Katniss Everdeen, claro). Em poucos dias estava disfrutando da companhia de Clove em sua cama. Uma ótima maneira de acabar com a monotonia.

Clove gemeu com os truques que sua mão executou. Ele já era ótimo naquilo. Sabia que em pouco tempo poderia ficar ainda melhor. Ela lhe deu um longo beijo e depois sorriu para ele.

— Eu te amo, Peeta — sussurrou.

— O quê?

— Eu te amo... — repetiu Clove com um sorriso tímido.

— Clove, você ficou maluca, foi? Não sabe que nosso relacionamento se resume a uma boa transa? ― disse rispidamente.

Clove levantou-se do seu colo.

— Peeta...

— Pensei que fosse mais esperta e não uma garotinha que acredita em príncipes encantados! Eu não sou um príncipe encantado! — sua voz soava cada vez mais irritada.

Ele não queria complicações para seu lado. Sempre havia deixado isso bem claro. No entanto, Clove era igual às outras garotas que acreditavam que poderiam mudar seus planos, que eram especiais e que com elas seria diferente. Era óbvio que não era.

Ela o olhou confusa, pode ver sinais de lágrimas em seus olhos. Porém, antes que elas caíssem, Clove desapareceu de sua vista. Durante o resto do verão, não teve mais nenhuma notícia dela. O que era uma pena, já que havia sido uma encantadora distração para seu tédio.

Clove o encarou. Ela havia mudado muito desde aquele tempo. Não havia nenhum traço da garota de quinze anos que se apaixonara por ele. Agora compreendia como era ser rejeitado. Clove sorrio para ele, pensou em perguntar como ela se livrara daquele amor por ele, mas antes que pudesse concretizar o ato, ela já havia desaparecido de sua vista. Não importava, nada importava.

Sue lançou outro olhar provocante em sua direção. Possuía um belo corpo, curvas de uma modelo, pernas grandes, seios fartos. Era muito bela. Pôs no rosto seu melhor sorriso, seu olhar que fazia as garotas se derreterem e aproximou-se dela.

― Hum... então, temos uma nova aluna em Panem?

Ela sorriu. Sabia o significado daquele sorriso, já estava completamente rendida aos seus encantos. Esse era o velho Peeta que conquistava a todas que queria com apenas um olhar e um sorriso.

― Fazemos aula de física juntos ― a voz de Sue era rouca e sensual. ― Mas você nunca falou comigo ― reclamou, enquanto mordia os lábios, belos lábios por sinal.

― Estava doente ― afirmou em tom brincalhão. ― Como pude não falar com você? Você é uma garota realmente... ― lançou um olhar malicioso, varrendo cada centímetro de seu corpo. ― Encantadora ― bebericou seu drink.

Sue colocou uma mecha de cabelo atrás da orelha, dando sinais que estava lisonjeada com o elogio. Aproximou-se dela, seus corpos estavam quase se tocando.

― Aceita uma bebida? ― ofereceu seu drink.

Ela balançou a cabeça afirmativamente. Peeta levou o copo de bebida até a boca da garota. As mãos macias e delicadas da garota pousaram sobre a sua que segurava o copo. Sue tomou um pequeno gole do drink. Sorriu para ela.

― Gostou?

― Sim, adorei.

― E gosta disso?

Imediatamente tomou os lábios de Sue. O beijo foi profundo, beijou-a com vontade, com volúpia. Queria que aquele beijo levasse embora todos os seus pensamentos, que não pensasse em mais nada, além do corpo quente e convidativo da garota que tinha nos braços. Apertou ela em seus braços, constatando como suas curvas eram perfeitas. Só parou de beijá-la, quando sentiu que eles precisavam de um pouco de oxigênio para viverem.

Sue estava ofegante e sorrindo, um tanto corada devido à intensidade do beijo.

― Muito!

Ela passou as mãos por seu peitoral. A garota era esperta, sabia exatamente o que desejava e não hesitava em demonstrar. Peeta pegou em sua cintura e mais uma vez a trouxe para seu corpo. Outra vez, um beijo arrebatador.

O beijo que dava era selvagem e podia dizer que possuía certa fúria. Era um beijo brusco, sem delicadeza. Beijava a garota com raiva. Raiva do quê? Não sabia. Talvez, porque o beijo não era suficiente para tirar de sua cabeça o sabor de outros lábios, o calor de outro corpo. Porém, ele não queria pensar naquilo. Não podia. Katniss deveria ser tirada sua mente e de seu coração.

― Vamos para um lugar em que podemos ficar mais a vontade? ― sussurrou na orelha de Sue.

Não precisou de um segundo convite. A garota concordou imediatamente. Pegou na mão de Sue e começou a conduzir pelo salão.

Seus olhos estavam inquietos, percorriam o salão com certa angústia. Estava sendo patético tinha que admitir. Ele estava procurando por... ela. Definitivamente, aquilo era ridículo.

E lá estava ela, conversando com um cara qualquer. Seus olhos se cruzaram por um breve segundo. Mas, ela logo o desviou. Será que ela havia visto o beijo? Uma pequenina parte dele (totalmente ridícula) queria acreditar que ela havia visto o beijo. Como odiava essa parte. Porque ela lhe dava uma esperança que tinha certeza absoluta que não deveria ter, de que talvez Katniss ao vê-lo beijando outra garota, sentisse algo como ciúmes. Tratou de matar essa parte. Katniss não era alguém assim. Sabia disso.

Ela continuou conversando com o garoto como se nada tivesse a perturbando, como se nem houvesse notado sua presença. Como estava sendo patético! Não podia continuar a ser um babaca, trouxe Sue para seu corpo e lhe deu um fervoroso beijo. Era daquilo que precisava naquele momento. Precisava de uma espetacular noite de sexo. E a garota que tinha nos braços lhe prometia um ótimo sexo.

Sem olhar em direção a Katniss continuou a conduzir a garota. Saiu da festa e a levou até o estacionamento. Procurou por seu porsche. Já tinha dado alguns belos amassos na garota quando encontrou o carro. A noite prometia ser quente.

As coisas estavam cada vez mais quentes. Passou a mão pelo bolso para pegar a carteira e retirar a camisinha. Porém, não a encontrou. Soube imediatamente o que havia acontecido. Cato. Havia aquele costume entre eles de roubar a carteira sem que o outro percebesse. Quem não notasse deveria pagar uma rodada de bebidas. Havia muito tempo que eles não faziam mais isso. No entanto, naquela noite por uma estranha razão, Cato resolvera retomar os antigos costumes.

A garota lhe sorria convidativa.

― Me espere aqui ― sussurrou em seu ouvido. ― Preciso resolver um assunto... Já volto.

Voltou para a festa. Procurou por Cato por todos os cantos. Mas ele parecia ter tomado chá de sumiço.

Seus olhos se detiveram em um ponto. Não, não era Cato. E aquilo não tinha nada a ver com ele. No entanto, se aproximou. Por que ainda fazia aquilo? Por que deixava seus sentimentos o dominar? Mais alguns passos. Sabia que não poderia se conter, mais alguns passos.

Quando deu por si, estava diante de uma Katniss bêbada e um cara muito interessado em levá-la para um lugar reservado. Sem pensar no que estava fazendo, puxou Katniss para seus braços. O cara lhe enviou um olhar enraivecido. Porém, recuou ao reconhecer Peeta Mellark.

― Eu cuido dela! ― disse entredentes, sua voz era firme, não admitia réplicas. ― E se ver você perto dela de novo, eu parto a sua cara! ― ameaçou.

― Foi mal!

Peeta lhe lançou um olhar que fez o garoto ficar totalmente pálido. Ele se afastou imediatamente aos tropeções. O cara estava bêbado concluiu.

― Katniss? ― chamou.

Ela apoiava a cabeça em seu peito, sua respiração era um tanto irregular. Aquilo o preocupou.

― Ei, Katniss?

Não obteve nenhuma resposta. A pegou em seus braços e a levou para o banheiro.

Lavou o rosto de Katniss, até acordá-la. Ela abriu os olhos. Parecia perdida.

― Você não deve beber desse jeito! ― a repreendeu, enquanto enxugava seu rosto com uma toalha.

Ela riu.

― Preocupado comigo?

Nada respondeu e continuou a enxugar o rosto dela.

― Não parecia, quando estava se divertindo com aquela garota...

Ele arqueou uma das sobrancelhas e a encarou, então ela reparara nele?

― Você me desprezou, Katniss. Não acha que iria ficar para sempre atrás de você, achou? ― disse rispidamente.

Ela deu os ombros, continuava com um olhar perdido. Repentinamente, fez sinal que iria vomitar. A levou até a privada e segurou seus cabelos. Quando ela acabou de vomitar a ajudou ir até a pia para lavar-se.

― Então, esse é o final de tudo, não? Nossa aposta acabou... ― disse Katniss, despejando água em sua nuca. ― Delly deve ter ficado decepcionada com você. Eu vi o olhar dela, quando ela te viu beijando aquela garota...

Sobressaltou-se por um instante. Mas, quem sabe não fora melhor assim.

― Como será que Delly reagiria se descobrisse de nossa aposta? Que você a seduziu com a única intenção de me levar para sua cama?

Nesse instante, Peeta ouviu um barulho. Merda, não havia trancado a porta. O rosto pálido, os olhos marejados de Delly, bastou um segundo para ver tudo isso, porque no outro segundo, ela já não estava ali.

Katniss o olhou perturbada.

Delly havia descoberto tudo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

O que acharam do capítulo? E agora que Delly descobriu sobre a aposta? Como as coisas irão ficar?