Seja Um Anjo escrita por LunaLótus


Capítulo 6
Descendente


Notas iniciais do capítulo

"Eu acho que deveríamos investigar o passado de Neto."

*Revisado em 08/03/2016.



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Já é manhã. Não consegui dormir direito, porque minha mente não parava de me importunar. Primeiro, até tentei me concentrar no problema da aura angelical de Neto, mas depois meus pensamentos teimaram em seguir outro rumo. E este rumo tem nome: Rael.

Não sei o que está havendo. Se eu fosse uma humana comum, se não fosse um anjo, talvez eu dissesse que estou a fim dele. Mas anjos não sentem isso. Anjos são anjos. A pergunta é: e anjos amam?

Amar? Samantha, você ficou louca? Não, não, não. Anjos podem até amar, mas eu sou uma exceção à regra. Não sou amável, e não amo. Completo minha missão e assim vou vivendo a minha eternidade – se é que ela existe.

Quer saber? Chega! Levanto-me da cama e começo a prender meu cabelo, quando meu olhar cai sobre um objeto. 299 km/h.

É isso! Minha mente estala e saio correndo para falar com Rael.

 

— Rael! Rael! – entro correndo na cozinha, mas ele não está lá. Dirijo-me, então, ao quarto dele, bato na porta e entro antes mesmo de ouvir sua voz. – Rael, eu tenho uma ideia.

— Hm, nossa, bom dia para você também. – Ele esfrega os olhos, ainda deitado.

— O que você está fazendo deitado nessa cama ainda? Vai se atrasar!

Ele me olha como se eu fosse louca.

— Atrasar para quê? Hoje é sábado!

Quando fala isso, paro por dois segundos. Sério? Hoje é sábado? Mas… Eu acordei cedo num SÁBADO?

— Por que você não me avisou que hoje é sábado? – começo a brigar. – Mas que droga! Podia ter me avisado! Custava alguma coisa?

Percebo que Rael se senta e me observa. Encaro-o.

— O que foi? – pergunto, ríspida.

— Você dormiu esta noite?

— Talvez? – Cruzo os braços e dou de ombros.

Levanta-se e vem até mim.

— Vem cá. – Ele estende a mão para mim e, com muita relutância, eu a pego. – Deixa eu dar uma olhada em seu braço. Hmm… Está bem melhor, está vendo?

Apenas assinto com a cabeça. Não sou capaz de emitir som algum. Ainda estou um pouco estressada, mas um cansaço toma conta do meu corpo e eu quase caio nos braços de Rael.

— Vamos, vou te levar para a cama.

— Não, Rael. Eu tenho que te contar uma coisa…

— Pode me contar depois, Sam. Vamos.

Deixo-o me guiar até meu quarto. Estou praticamente apoiada nele. Ao chegar ali, ele para na porta. É impressão minha ou ele está… com vergonha?

— O que foi? – questiono.

— Nada.

— Ah, qual é, Rael. Somos anjos. É como se fôssemos irmãos.

Ele me olha, sério.

— Não somos irmãos, Sam.

Fico em silêncio, sem saber o que pensar. A intensidade do seu olhar ao dizer esta frase me deixou paralisada. Felizmente, eu me saio razoavelmente bem em saias justas. Sorriu fracamente.

— Você entendeu o que eu quis dizer! – Reviro os olhos, tentando disfarçar meu nervosismo. Nervosismo? Por que raios eu estou nervosa?! – Você não vai me atacar. Ou vai? Não, não! Você é o senhor das regras, não fará nada de errado!

Quê?! Mas de onde saiu isso? E por que saiu com tanta amargura?

— Vamos logo, Samantha. – Ele entra no quarto e me ajuda a deitar. – Está confortável?

— Sim, obrigada.

— Tudo bem. Se não se importa, vou voltar a dormir. Bom descanso.

Encaro-o, calada. Rael não se move.

— Se irritou? – indago.

— E isso importa?

Remexo-me, desconfortável. É, realmente não importa. Ou não deveria importar. Mas por que está me incomodando tanto o fato de que ele esteja irritado?

— É, tem razão, não importa. Obrigada. Feche a porta quando sair. – E viro-me para o outro lado, dando as costas para ele.

Espero para ouvir o clique da fechadura, mas ele não vem. Ao invés disso, sinto um leve roçar de lábios na minha bochecha. Quente, macio, suave.

— Boa noite, Sam – sussurra.

Eu ainda queria brigar ou ao menos dizer que nem é noite, mas não consigo fazer as palavras saírem. Ouço a porta bater e me pego imaginando e desejando, com espanto, que aquele beijo fosse em outro lugar.


 

O meu celular toca às dez. Pego-o e desativo o alarme. Tenho que trocar aquela música urgente! Rastejo-me para fora da cama e me arrasto para o banheiro. Ouço o ruído da TV ligada e imagino que Rael esteja vendo algum filme. Ele é simplesmente viciado nisso.

Depois de fazer toda a minha higiene matinal, visto-me e vou até a cozinha. Separo meu café da manhã e vou à sala, onde Rael está espalhado no sofá.

— Bom dia – murmuro.

— Oi, bom dia! – Senta-se rapidamente. – Dormiu bem?

— Sim. Desculpe o estresse mais cedo.

— Tudo bem. Deu para ver que você não tinha dormido nada. Estava péssima!

— Nossa, muito obrigada – replico, irônica. Como um pedaço do pão, jogando-me ao lado dele. – Quer?

— Não, obrigado. Sim, o que você queria me dizer de tão importante que até invadiu o meu quarto?

Bom, talvez antes eu deva explicar por que Rael mora comigo. Ele é um anjo. Mas anjos não são ricos. Eu sou um anjo. Consegui uma casa, por causa da minha missão. É mais cômodo que ele fique aqui do que indo e vindo para Casa todos os dias. Isso é o que ele me diz, claro. Sei que, na verdade, ele fica é me vigiando dia e noite.

Como se eu fosse uma louca que resolvesse fazer algo de uma hora para outra. É claro que não sou assim.

Não todos os dias.

Mas, voltando ao assunto em questão, fico pensando e tentando lembrar o meu raciocínio de mais cedo. Quanto mais penso, mais isso faz sentido.

— Eu acho – começo – que deveríamos investigar o passado de Neto.

— Por quê? Tem alguma suspeita?

— Na verdade, uma.

— E qual seria?

— Temos que olhar a árvore genealógica dele. E sua história.

Felizmente, Rael tem o raciocínio rápido para algumas coisas.

— Você quer dizer que…? Mas isso é proibido! – exclama.

 Eu sei, só que não é impossível.

Rael apenas me olha. Continuo:

— Aceite os fatos: talvez Neto não seja totalmente humano. Talvez ele seja um Descendente.


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Notas finais do capítulo

Heey, desta vez eu não demorei, não foi?
Bem, obrigada a Biia Potter Duchannes e a Nath por comentarem! Vocês são divas! Já os outros leitores, são divos também!
Espero que tenham gostado!
Beijooos



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