Entrei no avião que Sr. Kadam me indicou e fiquei abismada! Era todo branco com luzes azuis, com algumas poltronas enormes que mais pareciam camas. Sentei em uma delas e logo veio uma aeromoça simpática me entregar um envelope e pedindo para que eu colocasse o cinto pois já iamos decolar. Vou confessar uma coisa, odeio andar de avião, não me sinto nada segura no ar. O piloto anunciou que iriamos decolar, segurei firme no braço da poltrona e  fechei os olhos  com força até o avião se estabilizar. Pedi uma água com gás para ver me melhorava o enjoo que sempre sentia na decolagem e resolvi abrir o envelope. Havia um bilhete de Kadam dizendo que havia um casaco no porta bagagem e que era para usá-lo, uns papeis e uma foto de um tigre preto de olhos cor de âmbar e atrás estava escrito seu nome, Kishan. Nome estranho para um animal. Peguei os papei e comecei á le-los, parecia um conto, mas logo peguei no sono.

—Senhorita Hazel? Senhorita Hazel.

—Oi?! Acordei assustada com a aeromoça me chamando.

—Já chegamos, suas malas já estão no carro. E aconselho que você vista um casaco pois está fazendo 9°C lá fora.

Agradeci, peguei minhas coisas, o casaco e sai do avião, me deparando com uma BMW preta me esperando. Entrei e havia um senhor muito simpático sentado no banco do motorista chamado Michel. Ele disse que iria ser meu responsável ali, pois conhecia bem o lugar e a aldeia que iriamos. Fomos conversando o caminho todo, ele me contou sobre como conheceu Kadam, sobre a cidade que ficariamos, sobre o hotel, a aldeia, sua família, foi muito agradável.

—Chegamos Senhorita Hazel.

—Por favor, só Hazel, Michel.

—Tudo bem Hazel, pode ir entrando que eu levo as malas.

Peguei uma das malas e entrei no hotel. Era lindo, tinha o piso todo espelhado e era todo branco com lustres incríveis.

—Boa tarde Senhorita Hazel. Aqui está a sua chave, último andar, o elevador fica a direita.- disse o recepicionista, gatinho por sinal.

—Obrigada... Qual é o seu nome?

—Peter

—Muito prazer, Peter. -disse estendendo-lhe a mão.

Fui para o elevador e logo Michel se juntou a mim.

—Vi que já conheceu meu filho. - disse sorrindo pra mim.

—Seu filho? Peter é seu filho? -disse surpresa entrando no elevador.

—Sim, na verdade de consideração. A minha irmã, mãe dele, largou ele comigo quando tinha 2 anos e nunca mais voltou.

—Caramba sinto muito.

— Ela era meio louquinha sabe? Queria ser artista.

Chegamos na cobertura, abri a porta e vi uma sala enorme com uma varanda. Michel deixou a mala na sala, me deu seu número de telefone para ligar se precisasse. Agradeci e logo fui explorar o lugar. Era todo branco com tons de azul e tinha também muitos espelhos, além de lustres maravilhosos e um lindo piano de cauda preto, que se destacava pela cor. Escolhi um dos quartos que tinha a melhor vista e então a campainha tocou.

Abri a porta e me deparei com um carrinho repleto de comida. Puxei ele pra dentro e comi quase que um pouco de tudo, estava morrendo de fome. Depois coloquei uma música e fui desarrumar minhas malas para ver o que Kadam havia colocado. Com um closet daquele era impossível disperdisa-lo deixando as roupas na mala. Quando a abri tive uma enorme surpresa. Todas as roupas eram novinhas, com etiqueta! Kadam sendo Kadam sempre. Todas eram lindas, os casacos então maravilhosos. Terminei de arrumar tudo e resolvi tomar um banho de banheira. Fiquei ali horas, curtindo meu momento de descanso.  Me sequei e coloquei um roupão preto super macio. Resolvi não secar meu cabelo, diferente das minhas irmãs meu cabelo é ruivo, igual do meu pai e um pouco enrrolado. Sempre acham que não sou irmã da Anne e da Kelsey pois ambas são morena igual minha mãe. Coloquei um moletom cinza bem confortável e fui pra sala e liguei a lareira. Sentei em um dos sofás e resolvi ler o conto até o fim dessa vez.

A história era linda e triste, sobre três irmãos que foram amaldiçoados e transformados em tigres. Confesso que chorei e tudo, sou ,como Anne fala, uma manteiga derretida. O telefone do quarto começa a tocar. Atendo, era alguem da recepção  (não, não era Peter) perguntando se já podia levar o jantar. Recusei e agradeci, já havia comido demais no almoço. Quando olhei no relógio eram 19h já. Peguei meu celular e tentei falar com minhas irmãs ou com Kadam, mas todos estavam fora da área de cobertura. Fui para o quarto, deitei na cama, e liguei para Michel para ver se iriamos fazer algo amanhã. Ele disse que sairiamos às 9h.

Coloquei o despertador para 8h e liguei a TV, mas acabei adormecendo e sonhando com um tigre negro.