Destinazione escrita por Nancy


Capítulo 4
Acontecimento em San Marco


Notas iniciais do capítulo

"OHHH Charlie, você voltou tão cedo"
Pois é queridinhos, desta vez eu fui rápida. O que um pouco de inspiração não faz, não é mesmo?
Aproveitem minha explosão de criatividade!
Música no capítulo.



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Ezio se escondeu nas sombras de um beco escuro. As garotas se aproximaram do grupo de Barbarigo, uma delas obteve sucesso ao puxar um de seus acompanhantes para dançar, já a outra não conseguiu distrair Marco que permanecia em alerta. O Doge estava acompanhado por guardas pessoais, mas não havia sinal da “muralha” que o protegia, o que facilitava muito o trabalho dos Assassinos. Maya estava atenta do topo dos telhados, garantindo a segurança dos aliados com a visão privilegiada.

A jovem conseguiu tirar o homem do campo de visão de Marco. Fogos de artifício estouraram no céu, chamando a atenção das pessoas e tornando a festa ainda mais animada. Enquanto dançavam, a ladra desapareceu e então deu lugar à Ezio. Ele agiu rapidamente, mal dando tempo para que o homem visse seu rosto, cortou-lhe a garganta, dando-o uma morte rápida, mas chamando a atenção das pessoas ao redor que gritavam horrorizadas. A confusão atraiu o olhar de Barbarigo e de seus homens, mas a expressão de Ezio era de satisfação, um sorriso se formou em seus lábios, provocando o Doge.

– Peguem-no! – ordenou desesperadamente aos guardas, correndo para longe.

Uma multidão de pessoas corria desesperada pelas ruas, enquanto uma dezena de guardas atacava Ezio com espadas e lanças. Com movimentos magistrais, ele evitava os ataques diretos e se livrava rapidamente de seu agressor, cortando-lhe a garganta ou usando de sua própria arma para feri-lo. Maya derrubou três homens que quase atingiram Ezio, mas então a sorte virou contra ela e guardas a atacaram no telhado, fazendo-a desviar a atenção da luta no solo.

Apesar de ser uma aspirante, Maya dominava técnicas de luta que poucos conseguiam com seu tempo de treinamento. Usando das duas lâminas ocultas que possuía, ela se livrou dos guardas sem maiores problemas, mas então ao voltar a atenção para a rua, não viu nada mais do que pessoas aterrorizadas.

Ezio perseguia Marco que corria desesperadamente pelas ruas de Veneza. Pulou sobre barcos e escalou paredes com a leveza de uma pena, dava longos saltos pelos telhados, seguindo de longe o Doge acovardado. A noite dificultava a visão, já que poucas ruas eram iluminadas e Marco conhecia muito bem as ruas da cidade, ao contrário do Assassino. Mas não era necessário prestar atenção em seus passos, apenas em sua mente. Um covarde como Marco procuraria o lugar que julgasse seguro por hora, ele não havia corrido para o forte, pois Ezio bloqueava aquela direção e então seguiu com rapidez para a catedral de San Marco. O dia começava a raiar e com a luz nascendo no horizonte, o Assassino se aproximou da belíssima catedral pelos telhados das casas ao redor e então avistou seu alvo no arco principal. Ele esboçava um sorriso triunfante que não o agradou nada.

Maya se apressou em seguir a trilha deixada por Ezio, em sua maioria telhas soltas ou quebradas no chão. Conhecia bem os caminhos de sua cidade natal e se apressou em seguir até a catedral.

Apesar da altura em que se encontrava, Ezio saltou para o chão com a confiança estampada no rosto e aterrissou perfeitamente, apoiando o joelho direito no chão para amortecer a queda.

– Bravo! – provocou o Doge, batendo palmas – Que demonstração incrível.

Ezio estava implacável, ativou a lâmina do antebraço esquerdo, avançando para cima do homem.

– Uma pena que eu não tenha deixado seu pai vivo para ver isto. – continuou tirando a pouca paciência do Assassino. – Quanto à sua mãe, assim que eu lidar com você, darei à ela minha total atenção. – Marco exibia um sorriso confiante.

O Assassino notou a audácia de Barbarigo e então afastou momentaneamente a raiva de sua mente. O Doge jamais teria coragem para enfrentá-lo a não ser que estivesse sendo protegido. Foi então que ele se lembrou da invenção mais recente de Leonardo, recolheu a lâmina e preparou a arma de fogo, mirando no coração de Marco e então puxou o gatilho.

Maya se assustou com o estampido alto que ecoou pelas ruas e então apressou o passo, embora soubesse que mais nenhuma outra pessoa teria uma arma como a de Ezio, se ele havia feito uso dela, a situação não era boa. Se deparou com o corpo de Marco ensanguentado no chão e uma cena de caos total. Pessoas saíam na rua para saber o que estava acontecendo e uma luta era travada no pátio da catedral. Ela correu pelos telhados, saltando sobre o arco da entrada e preparando uma flecha destinada ao guarda que pegaria Ezio pelas costas. Atirou-a com precisão, fazendo a ponta de aço perfurar seu coração, ao mesmo tempo em que saltou para o chão girando pelo ar e aterrissando perfeitamente. Lutaram protegendo as costas um do outro em perfeita sincronia, ao derrubarem o último homem, já estavam ficando cansados. Trocaram olhares ao ouvirem a aproximação de uma nova leva de soldados. Não precisaram dizer nada para que ambos compreendessem que lutar não era mais uma opção. Maya estava ficando sem flechas e Ezio sem energia.

Correram o mais rápido que puderam, tomando distância da catedral, passando por ruelas apertadas e malcheirosas, mas não seria tão fácil escapar dos soldados que agora estavam em alerta por toda a cidade, haviam reforçado a patrulha dos telhados e na água. Os Assassinos se esconderam em uma ruela onde estavam amontoados sacos de frutas, se sentaram na rua de pedra, felizes por construções de madeira proteger suas cabeças do sol e de possíveis patrulhas. O espaço que havia entre as sacas de frutas e a parede de tijolos era minúsculo, suficiente para apenas um deles, mas era o esconderijo perfeito e Maya era pequena o suficiente para que os dois conseguissem se espremer ali.

Depois de toda a tensão do momento ter passado, ambos encostaram contra a parede e se olharam. Maya riu.

– Isso foi uma completa loucura... – falou enquanto limpava o sangue que escorria de um corte em sua têmpora.

Ezio riu em seguida – Você atira bem. – elogiou.

– E você não cobre tão bem suas costas como deveria. – falou num tom de preocupação.

– Está no meio de um teste se lembra? – ele ergueu as sobrancelhas.

Maya franziu o cenho – Está me dizendo que se deixou ser atacado pelas costas para me testar?

Ele assentiu, passando o polegar sobre uma gota se sangue que havia espirrado na bochecha dela. – Paolo me falou muito bem de sua mira e vejo que ele não exagerou.

– Obrigada. – respondeu com um sorriso orgulhoso. – Pretende ficar muito tempo neste buraco? – perguntou sussurrando.

– Até o anoitecer, eles pensarão que saímos da cidade e então poderemos voltar para o hotel.

Maya bufou, puxando o capuz sobre a cabeça e cobrindo os olhos, se ajeitando o melhor que podia, cruzando os braços sobre o peito – Me acorde quando a noite chegar. – falou exausta.

Ezio não dormiu apesar do cansaço, estava vigilante o tempo inteiro. O dia passou como se fosse um ano inteiro, quando o esconderijo ficou escuro o suficiente para que visse apenas a silhueta de Maya, ele a acordou.

– Hora de ir. – Ele se levantou primeiro, esticando o corpo dolorido e então olhou para as vestes manchadas de sangue, suspirou. Isso vai chamar um bocado de atenção. Falou notando as roupas de Maya, igualmente manchadas.

Ele teve a ideia de quebrar o teto de madeira que os protegia e então escalar até uma janela, forçando-a para dentro. Por sorte não havia ninguém na casa em que invadiram. Era ridiculamente pequena, composta por apenas um cômodo. Encontraram duas caixas de madeira com roupas limpas.

– Viram seu cabelo? – perguntou Ezio enquanto se despia, colocando as roupas que havia retirado da caixa.

– Não. – ela respondeu enquanto se despia também, um de costas para o outro e evitando constrangimentos.

– Ótimo, deixe-os soltos. Chamam a atenção, mas eles estão procurando duas pessoas vestidas de branco e com capuzes. – ele a ajudou a fechar o corset que obviamente pertencia a uma prostituta.

– Que roupa mais indecente... – Maya bufou, desfazendo a trança dos cabelos. Agradecendo pela saia ao menos ser comprida o suficiente para cobrir suas pernas e as botas de couro pretas.

“É uma visão muito agradável” pensou Ezio, achando melhor guardar o comentário em sua própria mente. Ele vestia roupas que pertenciam a um marinheiro e apesar de machadas pelo tempo, lhe serviram bem. Colocaram as armas em um saco largo de tecido que poderia ser facilmente confundido com uma sacola de compras.

Voltando pela janela por onde entraram, os Assassinos saíram pelas ruas já escuras e menos tumultuadas do centro. Andavam com os braços dados, afinal era mais do que comum marinheiros contratarem o serviço de cortesãs e isso passava despercebido pelos soldados que ainda eram muitos. Ezio mantinha os olhos fixos no chão, se aproveitando da sombra que os cabelos projetavam em seu rosto que não era desconhecido. Andavam calmamente, tomando cuidado para que a bolsa de armas não fizesse nenhum barulho que chamasse a atenção. O caminho pareceu se alongar centenas de milhas, mas depois de horas caminhando e rezando para que não fossem descobertos, conseguiram chegar ao hotel e finalmente puderam respirar aliviados.

Depois de um dia inteiro sem comer e sem uma gota de água, apenas andando sob o sol quente, ficaram felizes em comer a comida que a dona do hotel havia feito. Laranjas também nunca foram tão bem vindas como agora. Já era mais do que tarde quando tiveram a oportunidade de tomar um banho com a água quente de um caldeirão e então finalmente deitar nas camas que pareciam mais do que confortáveis depois do dia que passaram comprimidos atrás de sacas de frutas.

– Que dia... – falou Maya deitada em sua cama.

– Prepare-se para mais como este. Afinal Marco Barbarigo é peixe pequeno comparado a Rodrigo Borgia e nosso alvo voltou a ser ele. – Ezio respondeu, deitando-se e apagando o lampião sobre a mesa.

Maya bocejou – Precisamos descobrir onde ele está agora. – falou com a voz sonolenta – Afinal, se estava em Veneza, tenho certeza que saiu correndo depois da morte do Doge e ainda mais sabendo que foi por suas mãos. “O Assassino retorna à Veneza” – ela disse com certo humor na voz.

– Tenho certeza que sim – ele riu.

– Buona Notte, Ezio.

– Buona Notte, Maya.

No dia seguinte, a busca pelos dois Assassinos ainda continuava, sair do hotel era arriscado e mais ainda era tentar ir até a Guilda dos ladrões. Por todos os cantos se ouvia o eco do nome “Auditore”. As pessoas não fingiam estarem tristes com a morte do Doge, afinal seu lugar fora tomado por um aliado de Lorenzo de Médici e então Ezio teve certeza que a cidade estava em boas mãos.

Durante a tarde, receberam a visita de Antonio e Rosa.

– Os ladrões estarão sempre em débito com vocês, sempre que precisarem serão bem-vindos em nossa Guilda. – falou Antonio – Mas creio que seja melhor focar no objetivo principal agora.

Antonio havia se revelado um Assassino durante a semana que havia se passado, sendo um grande aliado de Mário Auditore.

– Rodrigo. – respondeu Ezio num tom sério.

– Sim. Como já devem saber, qualquer rumor de sua presença em Veneza desapareceu com a morte de Marco. Um grupo que vive nas montanhas nos alertou sobre a passagem de uma carruagem muito bem protegida e com o símbolo do Vaticano há alguns dias. Tenho certeza que o bastardo está de volta à Roma, o que o torna ainda mais inacessível. Teremos que traçar um plano cuidadoso, mas não poderão fazer isso sozinhos. Mário pediu que voltem a Monteriggioni.

– De fato temos assuntos a tratar, mas só poderemos sair da cidade durante a noite. – disse Ezio.

– Prepararemos sua partida para hoje mesmo, receio que as descobertas de Mário não possam esperar. Sendo assim, estejam prontos ao anoitecer.

Vestindo suas roupas limpas e descansados o suficiente para encarar uma longa viagem, os Assassinos saíram de Veneza sem problemas. A estrada se estendia por três dias à frente e o tempo era quente com chuvas fortes no final do dia. A partir do segundo dia de viagem, eram sempre acompanhados por uma águia que havia surgido da floresta, os fazia companhia como se fosse um animal de estimação e Maya já havia se derretido pelo pássaro, dando-lhe migalhas do pão que comiam e carregando o animal ainda pequeno no ombro.

A chegada à Monteriggioni prometia ser tranquila. Mário os aguardava ansioso com novidades.


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Notas finais do capítulo

E aí, o que acharam? Me deixem saber!
Agora que minha inspiração deu as caras, vou tentar postar mais frequentemente, então fiquem ligados!



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