E Se Fosse Verdade escrita por Hunter Pri Rosen


Capítulo 4
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Oi, gente!

Tô chegando com mais um capítulo!

Well, conforme falei nas notinhas do capítulo anterior, preparem-se para descobrir por onde andam Chloe e Kevin.

E teremos diquinhas sobre outros personagens também!

Lá vai!



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Depois de estacionar o Impala nas proximidades da Universidade Princeton, Dean caminhou na direção da Instituição de Ensino acompanhado por Sam. Com a desculpa de que queriam conhecer o lugar e obter informações sobre alguns cursos, os dois conseguiram entrar e foram recebidos por um dos funcionários da secretaria.

Enquanto os três caminhavam pelo campus, o funcionário de aproximadamente trinta anos, de cabelos loiros e feições gentis, indagou:

— Então, vocês já tem alguma ideia do que estão procurando?

— Bem, eu sou formado em Direito e estou pensando em fazer uma pós-graduação. — respondeu Sam, que embora não entendesse o que estava acontecendo com o seu irmão, tinha se comprometido a ajudá-lo e, portanto, decidiu interpretar o seu papel.

— E você? — questionou o funcionário voltando-se para Dean que olhava tudo em volta atentamente.

A área onde eles estavam ficava na parte frontal do prédio, em um enorme campo onde dezenas de estudantes conversavam uns com os outros. Alguns estavam sentados embaixo de árvores, lendo livros. Outros estavam reunidos em pequenos grupos e acomodados em algumas mesas. Eles faziam lanches ao mesmo tempo em que conversavam sobre trabalhos acadêmicos. Outros estavam apenas sentados nos degraus da escadaria do prédio, provavelmente aguardando o horário da próxima aula.

Dean ainda percorria todo o lugar e todos aqueles rostos com os olhos, quando ouviu Sam pigarrear para chamar a sua atenção. Então ele voltou a si e respondeu a pergunta do funcionário:

— Eu não sei, talvez... Algo relacionado à mecânica já que eu trabalho em uma oficina.

Ao ouvir aquilo, o rapaz retirou dois folhetos informativos de uma pasta, que trazia nas mãos, e entregou para os dois enquanto explicava:

— Aqui estão os cursos oferecidos de acordo com a área de interesse de cada um, além de informações sobre a grade curricular, horários, sistema de avaliação e como proceder para ser admitido em Princeton.

— Obrigado. — agradeceu Sam enquanto Dean mal olhou para o papel.

O Winchester mais velho voltou a observar tudo em volta e não percebeu quando o funcionário retirou o celular do bolso e checou uma mensagem que tinha acabado de receber.

Mas quando o rapaz interrompeu a caminhada pelo campus, Sam e Dean se viram obrigados a pararem também e voltaram-se para ele.

— Me desculpem, mas estão me chamando na Diretoria. — explicou o funcionário enquanto guardava o celular no bolso. — Eu volto em alguns minutos. Por enquanto, vocês podem conhecer melhor as nossas instalações.

— Tudo bem, fique à vontade. — assentiu Sam.

Depois que o rapaz se afastou, Dean observou novamente os estudantes que estavam naquela área e quase não acreditou quando reconheceu um rosto no meio de todos eles.

Sem pensar duas vezes, ele começou a caminhar na direção de uma das mesas onde uma certa estudante digitava algo no notebook, ao mesmo tempo em que falava com alguém ao celular.

— Dean, o que você está fazendo? — indagou o caçula enquanto o seguia preocupado. E ao deduzir o que o irmão planejava, o repreendeu: — Ele não disse que nós podíamos conversar com os estudantes.

Mas já era tarde demais. Ignorando o que Sam havia dito, Dean parou diante da mesa onde uma garota loira se encontrava e a chamou:

— Chloe?

A garota, que até então estava concentrada na tela do notebook, ergueu o olhar na direção dos dois homens que tinham se aproximado. Um tanto surpresa pela intromissão, ela franziu o cenho e encerrou a ligação:

— Ashley, desculpe, mas eu tenho que desligar. Nós nos falamos mais tarde, ok? — após colocar o celular sobre a mesa, ela olhou especificamente para Dean e indagou: — Sim?

Sem conseguir conter um sorriso, pois estava muito feliz por rever a estudante, e querendo que Sam ouvisse a resposta dela, o Winchester mais velho fez questão de confirmar:

— O seu nome é Chloe, certo?

— Sim, mas como você sabe disso? — rebateu ela um tanto intrigada.

Dean voltou-se para o irmão e disse com certa satisfação:

— É uma ótima pergunta, você não acha, Sammy? Como será que eu sei o nome dela?

De fato, aquilo deixou Sam impressionado. Tão impressionado que ele desistiu de encontrar uma explicação para aquilo e apenas olhou para a loira quando ela perguntou para Dean:

— Eu te conheço?

Para evitar entrar em uma grande explicação que a garota certamente acharia maluquice, Dean preferiu responder:

— Digamos que nós temos um amigo em comum.

— Sério? Quem? — quis saber ela.

Dean se deteve. Não tinha certeza se Chloe e Kevin se conheciam naquele universo.

Cansada de esperar por uma resposta, ela olhou os folhetos nas mãos dos dois homens e brincou:

— Não me diga que vocês vão estudar aqui. Vocês não acham que estão meio velhos para isso?

— Nunca é tarde para aprender. — rebateu Dean sem gostar da piada com a sua idade.

Chloe ergueu um pouco as mãos, se desculpando. Em seguida, observou os dois atentamente e indagou de um jeito mais sério:

— Ok, então quem são vocês e o que querem comigo?

— Eu sou o Dean e este é o meu irmão Sam. — respondeu o Winchester mais velho e em seguida sentou de frente para a estudante sem qualquer cerimônia e despejou: — E nós estamos aqui porque eu preciso da sua ajuda.

Um tanto hesitante, Sam sentou ao lado do irmão e ouviu Chloe questionar:

— Que tipo de ajuda?

— Eu preciso que você localize algumas pessoas para mim. — esclareceu Dean.

A estudante franziu a testa ainda mais confusa com aquela abordagem e desconversou:

— Desculpe, mas deve estar havendo algum engano. Eu não vejo como eu poderia fazer isso e...

— Qual é, Chloe? — interrompeu Dean um tanto impaciente. — Em nome da nossa amizade.

— Que amizade? — perguntou ela rindo daquilo. — Desculpe, mas eu mal te conheço. — e olhando para Sam, debochou: — Ele é sempre assim?

— Não, mas nos últimos dias, ele tem se comportado de uma forma meio estranha mesmo. — respondeu o caçula.

— Obrigado pelo apoio, Sammy. — resmungou o mais velho olhando de canto para o irmão. Depois ele voltou a fitar a loira e recomeçou: — Olha, eu sei que é um pedido estranho porque teoricamente você não me conhece...

— Teoricamente? — repetiu ela com ironia.

Dean respirou fundo e, olhando a garota nos olhos, reforçou com muita sinceridade e firmeza nas palavras:

— Chloe, eu preciso da sua ajuda e eu sei que você pode ajudar. Aliás, você é a única que pode. Por favor.

A estudante ficou ainda mais intrigada ao ouvir aquilo porque aquele homem, totalmente desconhecido para ela, falava com propriedade, como se a conhecesse muito bem e como se soubesse exatamente do que estava falando.

— Eu sei que você é uma... Hacker. — revelou Dean a deixando um tanto surpresa.

Na verdade, Dean não sabia, apenas imaginava aquilo. As coisas naquele universo alternativo não eram iguais ao mundo que ele conhecia, mas mesmo assim o caçador resolveu arriscar. E pela expressão de Chloe, ele se convenceu de que tinha acertado o palpite.

— Digamos que eu conheço alguns truques. — admitiu ela com certa modéstia depois de algum tempo em silêncio.

— Mais do que isso. Você é uma das garotas mais inteligentes que eu conheço. — elogiou Dean se lembrando do programa que a loira desenvolveu para traduzir a Tábua dos Anjos.

Chloe voltou a estranhar a forma como ele falava, como se a conhecesse há muito tempo e não há apenas alguns minutos. Mas apesar de não entender por que Dean agia daquele jeito, ela preferiu encarar aquilo de uma forma profissional e então disse:

— Não precisa me bajular, ok? Tudo bem, eu te ajudo.

Dean abriu um sorriso ao ouvir aquilo e Sam respirou aliviado. Se aquela garota descobrisse que as pessoas que Dean procurava não existiam, aquele assunto estaria encerrado e os dois poderiam voltar para Lawrence.

No entanto, no fundo Sam ainda não conseguia explicar para si mesmo como o irmão tinha acertado o nome daquela garota. E isso o intrigava bastante. Tudo o que ele sabia era que Dean agia como se a conhecesse daquele delírio que ele acreditava ser o mundo real.

— Claro que isso terá um preço. — avisou Chloe fazendo Sam voltar a si e Dean desmanchar o sorriso.

— Nossa... Quer dizer que neste mundo, você não é só uma hacker, mas sim uma hacker mercenária, não é? — constatou o Winchester mais velho.

— Neste mundo? — estranhou ela sem conseguir conter um riso. — Sabe, eu admito. Você é bem maluco, mas eu gostei de você. Dos dois, aliás. Só por isso, eu vou fazer um preço camarada, tudo bem?

— E quanto será isso? — indagou Sam que estava ansioso para resolver aquele enigma que só existia na cabeça de Dean e voltar para casa.

— Depende. Quantas pessoas vocês querem que eu localize? — quis saber ela.

Então Dean retirou um pequeno papel do bolso e entregou para a estudante. Ela o desdobrou e leu os nomes:

— Natalie Jones, Mia Clarke, Robert Steven Singer, Claire Davis e... Kevin Tran?!

Chloe ficou visivelmente surpresa diante do último nome e Dean resolveu esclarecer:

— No caso do Kevin, eu só preciso que você me confirme uma coisa. Ele estuda aqui?

— Sim. — respondeu Chloe. — Aquele nerd sempre tira as melhores notas em tudo, é o aluno modelo, o queridinho dos professores, ou seja... Um chato.

Dean hesitou um pouco, mas resolveu dizer:

— Um chato? Então é isso o que você pensa dele? Mas eu achei que... Você fosse uma aluna exemplar também. E que, portanto, vocês tivessem... Algumas coisas em comum.

— Eu sou uma boa aluna, mas... O Kevin é fora do normal. Ele quer ser o primeiro em tudo. É quase uma fixação. — explicou Chloe com certo despeito. — Vocês acreditam que ele diz que vai ser o primeiro presidente asiático dos Estados Unidos? Aliás, ele não diz isso, ele afirma com todas as letras em alto e bom tom para quem quiser ouvir.

Dean sorriu levemente ao lembrar que o amigo profeta lhe disse aquilo uma vez, logo que ele descobriu que era o guardião da Palavra de Deus e que teria que abdicar de alguns sonhos, como aquele de ser presidente dos Estados Unidos.

— É a cara dele dizer isso. — refletiu o Winchester mais velho.

— Pois é. Como eu disse, um chato. — reforçou Chloe. — E muito convencido. A modéstia passou bem longe daquele ali.

Dean pensou um pouco e sugeriu:

— Pois eu acho que você devia dar uma chance para ele. Para conhecê-lo de verdade. Algo me diz que vocês formariam um belo casal.

Sam arregalou os olhos na direção do irmão, o repreendendo por achar que Dean estava indo longe demais e sendo indiscreto. Chloe, por sua vez, apenas riu incrédula e disse:

— Eu e o Kevin? Talvez em outra vida.

Dean deu um meio sorriso enquanto pensava mais um pouco e concordou:

— É, talvez.

Sam resolveu retomar o assunto e indagou:

— Então, você consegue mesmo localizar essas pessoas?

— Claro. — assegurou a loira. — Mas eu vou precisar de um tempo para isso. E de um adiantamento.

— Tudo bem. — assentiu o Winchester mais novo. — É só dizer quanto.

Depois que acertou o valor com Chloe, Sam se comprometeu a fazer uma transferência para ela até o final do dia. A estudante anotou os telefones dos dois e prometeu rastrear aquelas pessoas assim que recebesse uma parte do dinheiro. Antes de levantar da mesa, Dean a xingou de mercenária mais uma vez e se afastou.

Chloe observou os dois até o momento em que eles esbarraram acidentalmente em Kevin Tran, que estava distraído, lendo um livro enquanto caminhava pelo campus.

Ao reconhecer o amigo, Dean não se conteve. Movido por um impulso, e muito feliz por ter encontrado mais um rosto conhecido naquele universo alternativo, ele o abraçou forte e exclamou:

— Cara! Eu não acredito! Nossa... É tão bom te ver... Até aqui você é um nerd, não é?

— Dean! — repreendeu Sam parando ao lado dos dois e achando aquele gesto do irmão muito inapropriado.

Kevin havia achado o mesmo e, enquanto tentava se desvencilhar do estranho, ele esbravejou:

— Ei! Me solta! O que diabos você pensa que está fazendo?!

Enquanto Sam olhava tudo em volta e observava a reação surpresa dos estudantes diante daquela cena inusitada, Dean voltou a si e se afastou bruscamente do garoto.

— Me desculpe... — lamentou o Winchester mais velho enquanto Kevin suspirava incrédulo e se recompunha.

Depois de ajeitar o casaco que aquele estranho tinha amassado quando o abraçou, o garoto indagou irritado:

— O que deu em você?! Você é maluco?!

Sem querer explicar toda a situação em que se encontrava e dar mais motivos para ser chamado de maluco, Dean achou melhor desconversar:

— Eu sinto muito, eu acho que te confundi com um amigo. Me desculpe.

— Doido... — resmungou o rapaz antes de começar a se afastar de Dean e Sam a passos largos.

No entanto, tomado por mais um impulso, Dean se virou na direção que o garoto havia seguido e o chamou:

— Kevin! — e depois que o rapaz parou visivelmente surpreso e olhou para trás, ele disse: — Eu estou feliz que você esteja bem.

O estudante franziu o cenho e indagou intrigado:

— Como você sabe o meu nome?

Antes que o irmão complicasse ainda mais as coisas, Sam segurou em seu braço e interveio:

— Dean, vamos embora daqui.

No entanto, o mais velho não lhe deu ouvidos e ignorando a pergunta de Kevin, aconselhou:

— Você devia conversar com a Chloe. Ela é uma garota especial e algo me diz que vocês formariam um belo casal.

— O quê?! — surpreendeu-se Kevin e olhando para Sam, pediu: — Ok, tira essa maluco daqui antes que eu avise à Diretoria.

— Nós já estávamos de saída. — tranquilizou Sam puxando levemente o braço do irmão.

Muito à contragosto, Dean acabou o seguindo. E quando esbarraram no funcionário que havia os recebido momentos antes, Sam desconversou dizendo que eles precisavam ir, mas que iriam avaliar todas as informações que obtiveram e que qualquer dúvida entrariam em contato.

Assim que entrou no Impala com o irmão, Sam esbravejou:

— Dean, onde você estava com a cabeça? Não se saí por aí abraçando desconhecidos! Eu quero te ajudar, mas se você continuar se comportando deste jeito, eu vou ser obrigado a te internar!

Dean colocou o cinto de segurança, voltou-se para o caçula e rebateu:

— Como eu sei os nomes deles?

Sam hesitou. Não tinha uma explicação para aquilo. Mal conseguia explicar para si mesmo por que aceitou embarcar na loucura e nos delírios do mais velho.

Então ele também colocou o cinto de segurança e respondeu:

— Eu não sei.

— Pois eu vou te dizer. — anunciou Dean. — Porque eu conheço aqueles dois. Do mundo real. Eles são namorados lá e o Kevin é um profeta.

Sam arqueou as sobrancelhas e disse sem acreditar:

— Um profeta? Certo. Só falta você me dizer que o diabo existe.

— Parece maluquice, mas é real. — defendeu-se Dean. — E quando a Chloe localizar aquelas pessoas, vai ficar ainda mais claro que eu não estou maluco. Você vai ver. — e depois de uma pausa, resolveu revelar: — E só para constar, o diabo existe. Mas não se preocupe, ele está preso em uma jaula no Inferno.

Sam pensou um pouco e, sem querer entrar em uma nova discussão com o irmão sobre todos aqueles delírios, ele olhou para a frente e desconversou:

— Tudo bem, Dean. Vamos embora daqui.

Dean colocou a chave na ignição e logo deu partida. Querendo se distrair um pouco e esquecer as últimas gafes do irmão, Sam resolveu ligar o rádio.

O som de Warning Sign, do Coldplay, ecoou pelo veículo e, por algum motivo, aquela música mexeu com o Winchester mais novo. Foi como se ela lhe lembrasse algo. Ou alguém.

— Desculpe, Sammy, mas eu ainda gosto de rock neste mundo. — avisou Dean se preparando para mudar de estação.

No entanto, ele desistiu quando Sam gritou:

— Espera!

Um pouco assustado, Dean o observou por alguns instantes. Sam estava com um olhar distante e misterioso. Nenhum músculo do seu rosto se mexia enquanto ele ouvia a música atentamente e parecia pensar em alguma coisa.

Em dado momento, Dean imaginou o que estava acontecendo com o irmão e perguntou com certo alívio:

— Você está se lembrando, não é? Dela. Da Claire.

Sam não conseguiu responder. Estava mexido demais com o efeito que aquela música lhe causava. Era como se alguém que ele conhecesse gostasse muito daquela banda, mas ele não conseguia lembrar quem era esta pessoa.

Enquanto ouvia a letra, ele olhou para a aliança na sua mão esquerda e por um momento a sua vida lhe pareceu totalmente errada. Por que ele tinha se casado com Jessica mesmo? Claro que ele se importava com ela. Jessica tinha sido muito importante para ele, mas... Tinha sido? Por que Sam estava se referindo à ela como algo passado? E por que de repente ele começou a sentir um enorme vazio ao pensar no rumo que a sua vida tomou? Por que ele tinha a sensação de que estava lhe faltando alguma coisa? Alguém? Uma parte dele?

— Sammy, você está bem? — perguntou o irmão quando a música acabou.

O caçula voltou a si, e sem conseguir explicar o que estava sentindo, achou melhor desconversar:

— Eu estou ótimo, Dean.

— Você lembrou de alguma coisa, não foi? — supôs o mais velho.

— Eu não sei do que você está falando. — esquivou-se Sam.

Mas na verdade, pela primeira vez desde que Dean começou a questionar o mundo em volta, Sam sentiu-se realmente confuso com tudo aquilo. E passou a se perguntar: E se Dean tivesse razão? E se o que ele defendia fosse mesmo verdade?

Por outro lado, Sam não conseguia aceitar que o mundo à sua volta fosse uma grande mentira. Como e por que alguém projetaria aquilo? Não fazia o menor sentido. Era impossível.

Ele ainda pensava nisso quando ouviu Dean balbuciar:

— Você sabe exatamente do que eu estou falando, só não está pronto para se lembrar.

Sam preferiu permanecer em silêncio enquanto uma nova música começava a tocar no rádio do Impala. Era What is and what should never be, do Led Zeppelin.

Dean aumentou o volume e seguiu para um hotel da região onde ele e Sam tinham se hospedado mais cedo.

Ao chegarem lá, o caçula sentou em uma das camas de solteiro, pegou o notebook que havia deixado perto do travesseiro, o ligou, acessou o site do banco em que possuía conta e fez a transferência para Chloe.

Sam não conseguia admitir, mas no fundo, ele queria saber o que a estudante iria descobrir. E se essa tal de Claire Davis realmente existisse? E se todas aquelas pessoas existissem? E se ele estivesse vivendo uma mentira, assim como Dean?

Por outro lado, Sam queria que tudo aquilo fosse mesmo um delírio do irmão, afinal de acordo com Dean, os dois caçavam coisas sobrenaturais no outro mundo. Aquilo era maluco demais, além de perigoso e injusto. Por que eles viviam daquela forma no outro mundo? Por que não poderiam ter vidas normais? O que aconteceu para que eles virassem caçadores?

Enquanto Sam se perguntava todas essas coisas, Dean saiu para comprar comida. Voltou meia hora depois trazendo um X-Bacon para ele e uma salada para Sam. Além de cerveja e um generoso pedaço de torta que, certamente, não dividiria com o irmão.

Os dois sentaram em volta de uma pequena mesa que havia no canto do quarto. Comeram em silêncio enquanto Dean observava o caçula discretamente.

Sam estava muito calado e com um olhar cada vez mais distante. Aquele tipo de olhar que as pessoas geralmente exibem quando estão tentando se lembrar de algo.

No começo de toda aquela confusão, Dean chegou a pensar que talvez Sam não fosse real, que ele fazia parte daquele universo alternativo, que fosse uma projeção, uma ilusão. Mas agora ele tinha certeza de que havia se enganado. Aquele era mesmo o seu irmão. E talvez as outras pessoas também fossem reais. A sua mãe, Jessica, Chloe, Kevin...

Isso lhe dava certa esperança. Talvez todos eles tivessem ido parar naquela dimensão por algum motivo que ele desconhecia. Talvez Bobby, Mia e Castiel estivessem por aí também. Talvez Natalie e Claire também tivessem acordado naquele lugar, também estivessem confusas e procurando pela verdade. Procurando por eles.

Dean pensava desta forma e se enchia de esperança quando o seu celular começou a tocar. Sam pareceu acordar daquela espécie de transe e olhou para o irmão.

Depois de retirar o aparelho do bolso e ver quem era, ele atendeu ansioso:

— Chloe! O que você descobriu?

Sam observava atentamente o rosto do irmão, tentando descobrir algo através da sua expressão. Estava ficando agoniado diante daquele silêncio e começou a dizer:

— Dean...

No entanto, o mais velho fez sinal para que ele esperasse um pouco e ouviu o que Chloe relatava do outro lado da linha.

— Você tem certeza? — indagou ele depois de um tempo. Após ouvir a resposta da estudante, ele disse: — Tudo bem. Não, eu não preciso anotar, eu sei onde esses lugares ficam. E sobre Natalie Jones? — depois de ouvir outra resposta de Chloe, ele encerrou: — Tudo bem, eu espero. Obrigado, eu sabia que podia contar com você, Chloe.

Assim que o irmão desligou, Sam perguntou ansioso:

— E então? O que ela disse?

Sam estranhou a demora do irmão em responder:

— Ela conseguiu rastrear o Bobby e a Mia. Eles existem, estão bem, mas mesmo assim eu quero conferir. Não se preocupe, eu não vou dar uma de maluco com eles e abraçá-los como fiz com o Kevin, mas eu preciso pelo menos ver como eles estão. Sobre a Naty... A Chloe ainda não encontrou nada, mas ela vai continuar procurando.

— E sobre Claire Davis? Por que você não perguntou dela? — estranhou Sam que, por algum motivo que não compreendia, havia ficado muito interessado naquele nome.

Mais uma vez, Dean demorou para dizer alguma coisa. E quando falou, foi:

— Sammy, eu não sei como dizer isso.

— Apenas diga, Dean. — pediu o mais novo um tanto aflito enquanto aquele vazio que sentia parecia crescer ainda mais dentro do seu peito.

Dean coçou a nuca e olhou para o chão por alguns instantes antes de voltar a fitar o irmão e dizer:

— Eu não perguntei dela porque não foi preciso. A Chloe me disse uma coisa sobre a Claire que...

— O que ela disse? — pressionou Sam cada vez mais agoniado diante daquele mistério.

Dean pensou um pouco, escolhendo as melhores para dizer aquilo, embora não tivesse certeza se havia uma forma sútil de contar.

De qualquer forma, em dado momento, ele finalmente resolveu revelar dizendo com cuidado:

— Eu sinto muito, Sammy, mas aparentemente, a Claire... Nunca nasceu.

Sam ficou completamente sem reação. Não sabia se havia entendido direito, muito menos por que tudo aquilo estava mexendo tanto com ele. Será que a insanidade de Dean era contagiosa? Ou será que aquilo era mesmo verdade? Será que ele tinha ido parar em um mundo onde Claire não existia? E por que, de repente, aquele nome lhe parecia tão familiar e importante? O que estava acontecendo com ele? E como assim Claire não havia nascido?


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Notas finais do capítulo

Como assim a Claire nunca nasceu????? Explicações no próximo capítulo quando veremos por onde anda o Bobby e a Mia...

Kevloe? Talvez em outra vida kkkkkkkkkkk Ou melhor, em outras fanfics...

Chloe mercenária kkkkkkkk

Ai gente, me diverti tanto com este capítulo, mas o final foi meio nó na garganta,né?

E sim, ao contrário do episódio 2X20, aqui o Sam não é uma ilusão da cabeça do Dean. Ele é ele mesmo e está começando a se lembrar da Sra. Moose.

Por falar nisso, aqui eu estou me referindo a personagem como Claire Davis porque este é o nome de verdade da moçoila. O Singer ela adotou depois que virou caçadora, lembram?

Agora é com vocês! Reviews?

Em breve mais um capítulo! Bjs!



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