E Se Fosse Verdade escrita por Hunter Pri Rosen


Capítulo 3
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Oi, gente!

Ontem me dei conta de que tenho quatro fics em andamento e pensei: "What?"

Como esta já está finalizada e só falta revisar, vou postá-la com mais frequência para acabar logo eheheheheh

Bem, e no capítulo de hoje, veremos algumas teorias sobre o que aconteceu para o Dean ir parar neste "mundo alternativo".

No episódio, tudo era causado por um djin, mas será que aqui será a mesma coisa?

Enfim, espero que gostem e fiquem intrigados!

Lá vai!



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Dean estacionou o Impala em frente à uma suntuosa residência. A casa era simplesmente enorme e muito bonita. Parecia aquelas casas que só se vê em filmes ou revistas. Possuía dois andares, mas ocupava quase o quarteirão inteiro.

De onde estava, Dean podia ver que havia dois carros na garagem. A propriedade era toda cercada por uma cerca branca e o jardim era deslumbrante e muito bem cuidado. Com direito a alguns gnomos espalhados por ele.

Impressionado, o caçador retirou um papel do bolso, onde havia anotado o endereço que Sam havia lhe informado meia hora antes, e conferiu se estava mesmo no lugar certo. E estava.

Então ele guardou o papel no bolso e, antes de sair do carro, resmungou:

— Que ótimo... Meu irmão virou um mauricinho.

Agora que já estava ali, Dean decidiu que iria até o fim. Não ia se deixar intimidar por aquele cenário de filme, nem pela provável hostilidade do irmão. Sabia que Sam estava mais confuso do que ele porque aparentemente o caçula não se lembrava da sua antiga vida. Dean precisava da ajuda dele, mas antes precisava ajudá-lo a entender aquela situação.

Pensando nisso, Dean caminhou resoluto até a casa e tocou a campainha. Aguardou um pouco e, assim como aconteceu na noite anterior, alguém que teoricamente estava morto abriu a porta.

Jéssica estava simplesmente linda. E inexplicavelmente viva. Seus longos cabelos loiros estavam um pouco mais enrolados desde a última vez em que Dean a viu. Ela usava uma calça legging preta, um top branco por baixo de uma camiseta lilás estilo nadador, e um par confortável de tênis. Provavelmente, ela estava saindo para uma caminhada ou talvez se exercitasse em alguma academia da região.

Mesmo sem entender como aquilo era possível, Dean estava muito feliz por revê-la e, principalmente, por vê-la tão bem. Sendo assim, não resistiu e a puxou para um abraço apertado, forte, caloroso que deixou a garota profundamente surpresa e quase sem reação.

— Jéssica! — foi a única coisa que o Winchester conseguiu dizer naquele momento.

— É bom te ver também, Dean. — ela disse retribuindo o abraço um tanto sem fôlego, o que arrancou um riso do caçador. — Eu não consigo respirar... — avisou com certa dificuldade para formular a frase.

Dean a soltou imediatamente, mas antes que pudesse se desculpar, Sam se aproximou, vindo do interior da casa, e o cumprimentou:

— Ei, Dean...

— Sammy... — começou a dizer o mais velho, porém prontamente se corrigiu: — Digo, Sam. Como você está?

— Confuso com a sua visita, mas já que você insistiu tanto para vir até aqui, eu espero que tenha algo realmente importante para me dizer. — respondeu o caçula um tanto seco.

Dean não ligou para aquilo. Sabia que Sam, assim como ele, devia ter sido enviado para aquele novo mundo e estava confuso.

Jéssica notou o clima um tanto pesado entre eles e avisou:

— Eu vou deixar vocês sozinhos.

Dean queria encher Jéssica de perguntas, mas não tinha certeza se ela era mesmo real. Estava cada vez mais confuso, não sabia mais o que pensar ou no que acreditar. Ele ainda pensava nisso quando viu a loira se aproximando do irmão e se despedindo dele com um beijo suave em seus lábios.

— Eu te amo. — sussurrou ela para Sam.

Ele sorriu e retribuiu:

— Eu também te amo. Te vejo mais tarde.

— Até mais, Dean. — despediu-se ela ao passar pelo Winchester mais velho enquanto prendia os cabelos em um rabo de cavalo.

Ele assentiu com um meneio de cabeça porque estava incapacitado de dizer qualquer outra coisa. Ainda estava tomado pela surpresa de rever aquele rosto.

Depois que a loira sumiu do alcance de visão dos dois, Dean voltou-se para o irmão e, mesmo sabendo que era uma pergunta meio óbvia diante do beijo que presenciou, ele quis se certificar:

— Então vocês estão juntos?

Sam franziu o cenho sem acreditar que tinha mesmo ouvido aquilo e respondeu:

— Ela é minha esposa, Dean. — e depois de uma breve pausa, questionou: — Sério, cara... Qual é o seu problema?

— É o que eu estou tentando descobrir. — respondeu o mais velho se referindo à toda aquela situação. — Você não vai me convidar para entrar?

— Eu estou pensando se devo ou não fazer isso. — admitiu o caçula com o semblante um tanto sério. Mas, depois de alguns instantes, ele respirou fundo, resolveu abrir passagem para Dean e assentiu: — Tudo bem, entra logo antes que eu me arrependa.

Dean obedeceu e adentrou a casa do irmão, que fazia jus ao lado de fora. Era simplesmente linda, bem mobiliada, organizada, decorada e enorme. Quando ele ia se sentar em um espaçoso e confortável sofá de couro marrom, Sam o interrompeu dizendo:

— Não, aqui não. Vamos até o meu escritório. Eu estou trabalhando em um caso.

Dean o seguiu enquanto repetia com certa curiosidade:

— Escritório? Caso? Como assim?

Ao entrar no escritório do caçula e olhar tudo em volta, o mais velho entendeu perfeitamente o que Sam quis dizer com aquilo. Em uma das paredes havia um quadro com um diploma da Universidade de Stanford. E nas estantes, centenas de livros sobre Direito.

— Certo, entendi... Você é um advogado. E casou com a Jéssica. — deduziu Dean enquanto Sam dava a volta em uma mesa e sentava em uma cadeira atrás dela.

Em seguida, Sam ergueu o olhar na direção do irmão e indicou a cadeira logo a frente. Dean se aproximou, se sentou e deu mais uma olhada em volta. Depois fitou o rosto do irmão que o encarava impacientemente, esperando que aquela conversa começasse de uma vez. E principalmente, que ela terminasse logo.

Então Dean resolveu começar:

— Você não se lembra de nada?

— De nada... O quê? — rebateu o outro.

— De antes de estar aqui. — explicou Dean.

Sam franziu o cenho e indagou:

— Antes de estar aqui com você neste escritório?

— Não, antes de tudo isso. Antes de virar um advogado e se casar com a Jessica. Antes de estar nesta casa... Neste mundo, vivendo esta vida. — respondeu o mais velho.

Após um momento em silêncio, Sam falou intrigado:

— Dean, eu não estou entendendo. Onde você quer chegar?

— Ok, eu vou encarar como um não. Você não se lembra, como eu pensei. — recomeçou o Winchester mais velho e antes que Sam retrucasse, ele continuou: — Isso não está certo.

— O que não está certo? — não entendeu o caçula.

— Isso. — repetiu o mais velho indicando tudo em volta. E como Sam continuou confuso, ele decidiu ser mais claro: — Não me entenda mal, Sammy... Digo, Sam. Eu estou feliz que a Jéssica esteja bem e que você tenha conseguido se formar em Stanford, mas... Nada disso é real. Não pode ser. Não faz sentido. Você não é um advogado e eu não sou um mecânico. Você não é casado com a Jéssica de verdade, assim como eu não sou casado com a... Com a...

— Carmen? — ajudou Sam.

— Exato! Obrigado. Eu não sou casado com a Carmen porque... Como eu disse, nada disso é real. — prosseguiu o Winchester mais velho. — Eu quero dizer... Até pode ser real, mas não é verdade, entendeu? Alguma coisa aconteceu e mudou tudo, mas... Não pode ser verdade.

Houve um longo momento de silêncio durante o qual Sam encarou o irmão sem saber o que pensar sobre tudo aquilo. Até que ele apoiou as costas na cadeira e disse:

— Sabe, Dean... Até há alguns minutos, eu achava que você tinha tomado um porre qualquer, mas agora eu realmente estou preocupado. Você não está no seu juízo perfeito.

— Eu não estou maluco. — afirmou Dean. — Foi o mundo em volta que enlouqueceu. Se é que pode-se chamar isso de mundo.

— Certo. — Sam preferiu não discutir. — Mas então como você explica tudo isso?

— Bem... Eu tenho alguns palpites. — anunciou Dean. — À princípio, eu pensei que fosse um sonho, uma alucinação, mas durante o caminho até aqui eu vim pensando em outras coisas... Eu acho que isso pode ser uma distorção da realidade, um universo alternativo. Eu não sei, Sam, mas eu acho que alguma coisa deve ter saído muito errada na nossa última caçada.

— Caçada? — repetiu o mais novo sem entender direito o que aquilo significava.

Dean hesitou um pouco, mas decidiu revelar de uma vez:

— É, nós somos caçadores no outro mundo. Eu quero dizer, no mundo de verdade.

— Caçadores de quê? De que tipo de animal? — quis entender Sam, embora não estivesse acreditando em nada do que o irmão estava relatando.

— Ah... Os piores tipos. — respondeu Dean arqueando um pouco as sobrancelhas. Mas ao perceber que Sam o encarava com um olhar interrogativo, resolveu ser mais direto e despejou: — Vampiros, lobisomens, metamorfos, demônios, fantasmas e mais uma série de outras coisas.

Sam respirou fundo, tentando não rir daquela maluquice, e decidiu confirmar:

— Então você está me dizendo que... Em um mundo paralelo a este, eu e você caçamos monstros?

— Exato. — confirmou Dean.

— Certo. E... Supondo que monstros existam, por que nós os caçamos? O que nos levou a fazer isso? — questionou Sam.

Dean hesitou. Pensou em responder aquela pergunta, mas algo o impediu. Contar a verdade implicava contar que a mãe deles morreu quando Sam tinha seis meses, que um demônio estava por trás daquela tragédia, que isso levou John a virar caçador e que os dois aprenderam a caçar com ele, sendo privados de terem vidas normais, como aparentemente eles tinham naquela outra realidade. Fora isso, ainda tinha a questão que envolvia a Jéssica. Como que Dean iria contar tudo aquilo para o irmão sem lhe causar um grande sofrimento, já que Sam não se lembrava de nada?

— É complicado. — desconversou Dean, evitando olhar para o irmão.

— Então me explica. — desafiou Sam.

O mais velho voltou a olhar para o caçula e pediu:

— Você vai ter que confiar em mim.

Sam suspirou incrédulo e indagou:

— Como assim confiar?

— Eu preciso que você acredite em mim, Sammy... Sam. E me ajude a descobrir o que aconteceu e a reverter tudo isso. A voltar para o mundo real. — expôs o mais velho.

— Dean, este é o mundo real. — assegurou o caçula.

— Impossível. — discordou o mais velho resoluto.

— Por quê? Por que é impossível, Dean? Você já parou pensar que talvez você tenha fantasiado o outro mundo e não este aqui? — sugeriu Sam.

Dean pensou um pouco. Por um momento, chegou a imaginar que talvez o irmão estivesse certo. Mas ao lembrar de Natalie, ele se recusou a acreditar em Sam. Além disso, Dean acabou lembrando de outra coisa e argumentou:

— Eu sei do que eu estou falando, ok? Eu já vi isso acontecer antes. Primeiro foi o Gabriel, depois o Zacharias, depois o Gabriel de novo... Os dois manipularam a realidade algumas vezes e nós caímos feito dois patos. — após refletir sobre o que havia dito, Dean deduziu: — Talvez seja exatamente isso! Os dois estão mortos, mas talvez tenha outro anjo por trás disso tudo. Talvez o... Metatron!

— Gabriel? Zacharias? Metatron? Anjos? — repetiu Sam dando um meio sorriso por achar que o irmão estava mesmo maluco. — Dean, anjos não existem. Pelo menos, não tem nada que prove o contrário. E mesmo que anjos existam, por que eles iriam fazer isso com a gente?

— Acredite, eles tem os seus motivos. — respondeu o mais velho e antes que o caçula retrucasse, ele exclamou: — Cas! Como eu não pensei nisso antes? É isso! Eu vou chamar o Cas e ele vai nos tirar daqui.

Sam ergueu as sobrancelhas e perguntou:

— Cas? Por acaso, é outro anjo?

— E um bom amigo. — ressaltou o mais velho. — É isso. Ele vai saber o que fazer, vai nos tirar daqui e você vai ver como eu tenho razão. — completou esperançoso.

Sam passou as mãos pelo rosto, soltou um suspiro profundo e começou a dizer:

— Dean...

— Cas! — disse Dean bem alto enquanto olhava para cima. — Cas, nós precisamos de ajuda aqui.

Sam olhou para o teto e depois para as próprias mãos. Entrelaçou os dedos uns nos outros, se sentindo meio envergonhado diante da loucura do irmão. Não conseguia encará-lo. Aquilo tudo era muito embaraçoso. Sam não sabia o que dizer para convencê-lo de que aquilo era loucura. E para piorar, Dean levantou da cadeira, fechou os olhos, começou a caminhar pelo escritório e prosseguiu com aquela insanidade:

— Cas, eu sei que você pode me ouvir, então... Por favor, me ajude. Eu e o Sammy precisamos da sua ajuda. Descubra o que aconteceu com a gente, porque eu honestamente não sei, e nos tire daqui, seja lá que lugar for esse.

Dean parou no centro do escritório, abriu os olhos e observou tudo em volta. Não havia qualquer sinal de Castiel.

— Vai ver que ele está meio ocupado. — supôs Sam, um tanto sem graça voltando a olhar para o irmão.

— Não, é outra coisa. Ele perdeu as asas e não pode voar até aqui. É isso. — explicou Dean se lembrando daquele detalhe.

— Um anjo sem asas? — questionou o caçula.

Dean pensou em explicar o motivo, mas algo lhe dizia que o irmão não iria acreditar nele. A verdade é que a forma como Sam o olhava, como se ele estivesse mesmo maluco, estava irritando Dean. No fundo, ele começava a se questionar se estava realmente em seu juízo perfeito.

E se tudo aquilo fosse mesmo verdade? E se ele tivesse fantasiado todo o resto? Todos aqueles anos caçando e todo o sofrimento que sua família passou? Por que era tão difícil aceitar um mundo em que a sua mãe e Jéssica estavam vivas e ele e Sam tinham uma vida normal?

Ao se perguntar essas coisas, Dean se lembrou automaticamente de Natalie. Era isso. Era ela. Dean não iria conseguir viver naquele mundo se Natalie não estivesse com ele. Mas se conseguisse encontrá-la no meio de toda aquela loucura, se olhasse em seus olhos, se ela o reconhecesse e dissesse que sim, aquilo era mesmo verdade, mas que agora ela estava com ele e tudo ficaria bem entre os dois, então Dean aceitaria. Aceitaria viver aquele sonho americano, desde que Natalie estivesse com ele.

Confuso e cansado de toda aquela situação, Dean voltou a andar de um lado para o outro enquanto passava as mãos pela cabeça. Uma parte dele lhe dizia que aquele universo alternativo não era real, mas outra parte lhe dizia que talvez fosse.

Quando Zacharias fez Dean acreditar que era um homem de negócios e Sam trabalhava no Suporte da mesma empresa, aquilo foi real. O fantasma que assombrava o prédio onde a empresa funcionava era real. Ele e Sam despachando o fantasma também foi real.

Os dois não se lembravam de que eram caçadores, e estavam em um ambiente completamente diferente daquele que estavam habituados, mas mesmo assim, tudo aquilo foi real. As pessoas eram reais. Então talvez Mary e Jéssica tivessem mesmo voltado, talvez elas também fossem reais.

— Dean. — a voz de Sam fez o mais velho parar de andar pelo escritório e olhar para ele. — Senta. Vamos conversar. — disse compreensivo e com certa pena do irmão.

O mais velho obedeceu e se sentou. Em seguida, fitou o caçula de um jeito sério e recomeçou:

— Sammy... Eu vou te chamar assim e ponto final, ok? — o irmão não se opôs e Dean prosseguiu: — Eu preciso da sua ajuda. Por favor.

Sam encarou Dean com certa compaixão. Eles não se davam bem, mas estava claro que o mais velho precisava mesmo de ajuda e Sam não podia ignorar isso. Então ele respondeu:

— Claro, Dean. O que você quer que eu faça? Olha, eu conheço alguns médicos...

O mais velho revirou os olhos e reforçou:

— Eu não sou doido, ok?!

— Ok. — Sam preferiu não contrariar.

Após um momento em silêncio, Dean recomeçou:

— Me ajuda a encontrar uma pessoa.

— Que pessoa? — quis saber o outro.

— A minha baby. — respondeu Dean.

— Sua o quê? — questionou o caçula.

Dean pensou um pouco, coçou a nuca e resolveu revelar:

— A minha esposa. Não a minha esposa neste mundo, mas... No outro. O nome dela é Natalie Jones.

Sam fechou os olhos e respirou fundo. Chegou a pensar que talvez Dean não tivesse ficado maluco, talvez ele estivesse apenas testando a paciência dele. E Sam estava prestes a perder o pouco que ainda lhe restava.

— Eu só preciso saber se ela está bem. — mentiu Dean. Na verdade, ele queria bem mais do que isso. Queria Natalie com ele.

— Você não estará procurando por uma pessoa, Dean, mas sim por um delírio. Essa garota não existe. Nada do que você está falando faz sentido. Pensa bem. Isso é loucura. — argumentou Sam tentando manter a calma.

— E eu quero saber como os outros estão também. — prosseguiu Dean sem prestar atenção no que o irmão disse. — O Bobby, a Mia, a Claire...

— Claire? Certo, aquela que você disse que é minha esposa? — balbuciou o caçula se lembrando de quando o irmão lhe disse aquilo por telefone, quando ligou de madrugada.

— Você vai me ajudar ou não? — intimou Dean soando um tanto ríspido. No fundo, estava cansado de tentar provar que não estava maluco.

Sam o observou por alguns instantes e respondeu:

— Eu quero te ajudar, mas eu não sei como.

Ao ouvir aquilo, Dean levantou da cadeira e anunciou:

— Mas eu sei. Então vamos.

Sam franziu o cenho confuso e perguntou:

— Vamos para onde?

— Princeton. Eu conheço uma hacker que estuda lá. Ela vai saber como localizar a Naty e os outros. Aí eu aproveito e vejo como o Kevin está. — explicou o mais velho.

— Dean... Eu não posso viajar com você assim... De repente. Eu estou no meio de um caso, elaborando uma defesa... E eu tenho a Jess e você, a Carmen. — retrucou o outro.

— Sammy... Por favor. Eu só posso contar com você. — insistiu Dean sem conseguir encontrar mais argumentos para convencê-lo.

Houve um longo momento de silêncio durante o qual o caçula encarou o irmão sem saber o que dizer. Não podia compactuar com aquela loucura.

Então Dean encarou o irmão com certa frustração, entendendo qual era a decisão dele e encerrou visivelmente desapontado:

— Tudo bem, eu vou sozinho. Desculpe por tomar o seu tempo... Sam.

O Winchester mais novo observou o irmão se afastando, abrindo a porta e deixando o escritório. Logo Dean saiu da casa, caminhou até o Impala e entrou no veículo. Quando se preparava para dar partida, o seu celular começou a tocar e ele retirou o aparelho do bolso da jaqueta. Viu quem era e atendeu:

— Mudou de ideia?

— Me dê alguns minutos. Eu preciso arrumar algumas roupas para a viagem, pelo menos. — pediu Sam. — E você também precisa passar na sua casa e fazer o mesmo.

Dean estava aliviado pelo irmão ter se mostrado disposto a ajudá-lo, mas a ideia de voltar para casa e ter que se explicar com a tal Carmen, o desanimava profundamente.

— Dean? — chamou Sam. — Você me ouviu?

O Winchester mais velho voltou a si e indagou:

— O que te fez mudar de ideia?

Após um longo silêncio do outro lado, Sam respondeu:

— Você ainda é meu irmão. Eu sei que a gente não se dá muito bem, mas eu não vou te deixar sozinho neste momento.

— Legal, você continua achando que eu enlouqueci. — resmungou o mais velho.

— Eu só quero que você enxergue a verdade. — expôs Sam.

— Ótimo, é exatamente o que eu quero te mostrar. — rebateu Dean.

— Certo, então... Vamos fazer do seu jeito. Vamos procurar essas pessoas que você falou, mas se elas não existirem, você volta, se desculpa com a Carmen e segue com a sua vida, ok? — propôs Sam.

Dean tinha tanta certeza de que iria encontrar Natalie e os outros que achou melhor não discutir e assentiu:

— Ok. Eu volto daqui a pouco para te buscar.

— Tudo bem. — disse Sam e então os dois desligaram.

XXX

Muito a contragosto, Dean resolveu voltar para aquela que, aparentemente, era a sua casa. Precisava de algumas roupas para a viagem, e precisava se explicar com aquela que, aparentemente, era a sua esposa naquele universo alternativo.

Quando chegou na casa, ele ficou aliviado ao ouvir o barulho do chuveiro. Então foi até o quarto, pegou uma bolsa de viagem em cima do guarda-roupa e a colocou sobre a cama. Em seguida, abriu uma das portas do guarda-roupa e uma gaveta. Retirou algumas peças e começou a arrumá-las na bolsa. Precisava ser rápido. Não queria que parecesse que ele estava fugindo dali, mas era assim que se sentia.

Dean não queria magoar Carmen, mas ao mesmo tempo não sabia o que lhe dizer. Não tinha como se explicar com ela sem parecer um maluco. Era melhor sair sem ser visto e evitar uma discussão.

Dean pensava desta forma quando ouviu o chuveiro sendo desligado. Então se apressou, empurrou as roupas dentro da bolsa de qualquer jeito e tentou fechar o zíper. Mas ele emperrou e o caçador se desesperou. Ele ainda tentava fechá-lo quando Carmen abriu a porta do banheiro e saiu de lá, vestindo um roupão e secando os longos cabelos castanhos com uma toalha.

Dean virou em sua direção como alguém que é pego no flagra.

Ao ver o marido ali, a morena parou a uma certa distância, lhe abriu um sorriso e começou:

— Nossa! Até que enfim. Quem é vivo sempre aparece. Veio me pedir desculpas por ontem? — mas, ao notar a bolsa de viagem sobre a cama, Carmen desmanchou o sorriso imediatamente e parou de secar os cabelos. Olhou para Dean com uma mistura de confusão e mágoa, antes de conseguir dizer: — O que foi que eu fiz de errado?

— Você não fez nada de errado. — respondeu ele sentindo-se péssimo por ter magoado alguém que parecia mesmo se importar com ele.

— Então o que deu em você? — questionou ela.

Dean suspirou cansado de tudo aquilo, deu de ombros e respondeu:

— Eu não sei.

— Não sabe? Você não acha que eu mereço uma resposta melhor do que esta? No mínimo, uma explicação? — rebateu a morena e se alterando um pouco, ela prosseguiu: — Sério, Dean. O que está acontecendo? Você está estranho desde ontem. Primeiro saiu daquele jeito e agora isso? E para quê esta bolsa? Você vai viajar? Você está me deixando? É isso? E ia fazer isso assim? Às escondidas?

Dean a encarou com certa compaixão e também envergonhado por ter agido daquele jeito. Talvez Carmen fosse mesmo real e tivesse ido parar naquele universo alternativo, assim como ele. Talvez ela não se lembrasse da sua antiga vida. E ela estava certa. Ela merecia uma explicação ou pelo menos alguma consideração da parte dele.

— Por favor, diz alguma coisa. — pediu a morena com os olhos um tanto vermelhos e a voz embargada.

Na incapacidade de se explicar, Dean apenas disse com sinceridade:

— Carmen... Olha, me desculpe. Mesmo. Mas eu preciso resolver algumas coisas.

— Você conheceu outra pessoa, não foi? — imaginou o olhando ainda mais magoada. — Você vai fugir com ela? É isso? Cafajeste... Não teve nem coragem de pedir o divórcio?! — acusou entredentes.

— Eu vou viajar com o meu irmão. — contou o Winchester tentando se defender de alguma forma.

Carmen riu nervosa e duvidou:

— Até parece. Vocês mal se falam.

Dean refletiu sobre aquilo. Sabia que ele e Sam não eram muito unidos naquele universo, mas a conversa que eles tiveram mais cedo tinha os aproximado de alguma forma. E se encontrasse Natalie naquele lugar, ele faria de tudo para se entender com Sam também.

— Eu juro que é verdade, mas se você quiser ligar para ele e confirmar... — sugeriu Dean depois de mais algum tempo em silêncio.

Carmen passou as mãos pelos olhos e indagou irritada:

— É só isso o que você tem para me dizer?

— O que você quer que eu diga? — retrucou ele, perdendo um pouco da calma também.

— A verdade! — esbravejou ela.

— Eu não sei mais o que é verdade ou mentira aqui! Eu estou confuso e preciso esclarecer as coisas de uma vez por todas. É por isso que eu estou indo viajar com o Sammy. Eu não posso explicar por que, eu simplesmente tenho que fazer isso. — expôs o caçador.

— E a Jéssica sabe desta viagem? — perguntou a morena e ainda mais nervosa, despejou: — Ela sabe que o Sam vai viajar com você? Que ele está te ajudando nesta loucura? O que vocês dois estão tramando, afinal? O que está acontecendo, Dean? Pelo amor de Deus, fala comigo, me conta por que você está agindo assim! Eu preciso entender pelo menos por que eu estou te perdendo!

— Você não está me perdendo. — disse ele chamando a sua atenção. Em seguida, Dean pensou um pouco e completou: — Eu só acho que eu nunca fui seu de verdade. — Carmen ficou boquiaberta e Dean tentou suavizar o efeito do que tinha dito: — Nem você é minha. — ao ver uma lágrima escorrendo pelo rosto dela, Dean deu alguns passos a frente e arriscou abraçá-la. Não queria magoar ninguém, mas não podia aceitar aquela vida. Aquela vida não era a vida dele de verdade. — Eu sinto muito.

Mesmo com raiva e magoada, Carmen o abraçou de volta. Fechou os olhos e enterrou a cabeça no ombro dele. Chorou um pouco.

Comovido e sentindo-se péssimo por magoar alguém que ele nem conhecia, Dean disse:

— Me desculpe, Carmen. Eu tenho certeza que você é uma mulher maravilhosa, mas... Eu e você não tem como dar certo.

— Porque você está apaixonado por outra. — disse ela soando como uma afirmação e não uma pergunta.

Dean resolveu admitir:

— Sim.

Ao ouvir aquilo, Carmen conteve o choro e se desvencilhou do abraço do marido. Se afastou mais um pouco, enxugou o rosto e o encarou com tristeza e certa frieza também. Em seguida, ela agradeceu:

— Obrigada. — e como Dean franziu o cenho, demonstrando que não tinha entendido, ela completou: — Obrigada por ter dito a verdade. Viu? Nem foi tão difícil assim.

— Não é o que você está pensando. Eu não te traí com ela. — esclareceu ele.

Carmen passou as mãos pelos cabelos e tentou conter a raiva que sentia. Quando percebeu que Dean ia abrir a boca e continuar dizendo coisas sem sentido e que estavam a machucando muito, ela se antecipou:

— Por favor, vai embora daqui. Antes que você me diga que eu sou a outra nesta história.

Dean a observou por alguns instantes. Pensou em dizer que era exatamente isso, mas desistiu. Não era uma boa ideia. Não queria magoá-la ainda mais. Ele não amava aquela mulher, mas também não queria o seu mal. Ao contrário, ele queria que Carmen fosse feliz, que descobrisse a verdade também e seguisse a sua vida.

Então Dean assentiu com um meneio de cabeça, caminhou até a cama, finalmente conseguiu fechar a bolsa, a colocou em um dos ombros, voltou a olhar para Carmen e encerrou:

— Eu realmente sinto muito.

A morena fechou a cara, desviou do olhar dele, cruzou os braços contra o peito e ordenou num tom bem sério:

— Vai embora, Dean. Vai de uma vez.

Ele olhou para o chão, depois a olhou uma última vez e instantes depois deixou o quarto, a casa e aquela vida.


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Notas finais do capítulo

E assim chega ao fim o relacionamento de Dean e Carmen... Alguém ficou triste? kkkkkkkkkkkkkkkkkkk eu não.

Bem, conforme dito aí no capítulo, agora o Dean e o Sam vão começar a procurar pelo povo desaparecido. Eles vão começar pela Chloe e Kevin, mas aos pouquinhos, outros personagens irão aparecer.

E ficaram emocionados com a participação da Jéssica? Será que é ela mesmo?

E eu ri escrevendo a parte em que o Sam pensa que o Dean está doido kkkkkkkkkkk

Agora é com vocês! Quero saber o que acharam e o que esperam que vai acontecer agora. Reviews?

Bjs e em breve brevíssimo posto mais um capítulo!



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