Jessica Drew: A Mulher-Aranha escrita por Max Lake


Capítulo 38
Reencontro aracnídeo




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/544530/chapter/38

Acabei de saltar de um avião da SHIELD para a cidade de Nova York. Há muito tempo que não faço isso. Acho que desde o dia em que Víbora atirou uma bala envenenada em mim* eu não me balanço pela cidade. Quer dizer, me balancei durante a invasão demoníaca, mas não para aproveitar toda a paisagem. Neste momento, não há muito para o que se aproveitar. Metade da cidade ainda está em reconstrução por causa daquela invasão.

Estava com saudades de me balançar pela cidade. O vento batendo em meu rosto, o barulho dos carros muito abaixo de mim, o som das teias saindo de meu pulso e a capacidade de continuar me mantendo em equilíbrio mesmo após tanto tempo treinando em um espaço reduzido - a sala de treinamento da SHIELD.

Eu paro de me balançar e fico agachada de cabeça para baixo em um imenso prédio com estátuas de gárgulas. É um visual gótico e eu gostei. Estou descansando um pouco meus braços, saí desde a Times Square até o bairro que eu conheço bem: é onde o edifício Baxter se localiza. Deveria dar uma passada por lá mais tarde.

Há um motivo especial para voltar a me balançar agora. Fury está preocupado comigo desde que voltei da mansão dos X-Men. Ele percebeu que eu estava distraída durante uma explicação sobre a próxima missão da Equipe de Assalto. Contei o que havia acontecido com o professor Xavier, ele compreendeu e, por isso, decidiu me mandar para a cidade para 'esvaziar' meus pensamentos. Infelizmente, não consigo.

–Ei! Este espaço é reservado para apenas uma aranha! - disse alguém. Eu reconheci a voz e, ao meu lado, estava o Homem-Aranha, também de cabeça para baixo.

–Você me assustou! - reclamei - De onde veio?

–É daqui que eu começo minha ronda.

–Jura? Pensei que você começasse sua ronda em uma teia gigante de aranha. - ele pareceu rir daquele comentário. Na verdade, não sei. A máscara esconde qualquer expressão - Então, já vou embora.

–Não, pode ficar. Daqui a pouco tenho que passar em algum banco de Nova York e bater em uns bandidos meia-boca. Você mudou seu uniforme?

–Sim, mudei. O meu antigo ficou rasgado durante a invasão de demônios. A propósito, onde você esteve? Precisávamos de sua ajuda.

–Vai ser difícil me lembrar. Nem sei o que eu comi no café da manhã.

–Entendi - finalizei.

–O que você veio fazer aqui? Parece chateada com algo.

–Só vim pensar em algumas coisas. - eu respondi. Ficamos em silêncio por um tempo.

Honestamente, gostaria de estar sozinha e pensar sobre o nada com ninguém me interrompendo. Mas, acho que o Homem-Aranha pode ser uma companhia boa. Mudei de posição, minhas pernas estavam cansando e minha cabeça já começava a doer. Não sei como ele consegue ficar naquela posição por tanto tempo assim.

–Acho que já vou. - ele falou - O banco já deve estar em apuros.

–Posso ir com você? Quer dizer, estou com nada para fazer e atuamos bem da última vez.

–Pode, eu acho. - senti uma certa dúvida na voz dele. Ele também mudou sua posição e ficou ao meu lado - Consegue saltar daqui?

Olhei para baixo e senti tudo ficar escuro, um certo frio na barriga. Sempre faço isso dos quinjets da SHIELD, mas nunca olho para baixo quando salto. Me concentro apenas em acertar a teia em um prédio alto. Era diferente, mesmo que mais fácil.

–Consegue? - ele perguntou novamente.

–Moleza - menti. - Já saltei de um avião em andamento. - sorri.

–Legal. Bom, te vejo no banco.

O Homem-Aranha se levantou, virou-se de costas e caiu do prédio! Da forma como ele caiu foi a mais natural possível, como se já estivesse acostumado. Eu me levantei. De repente, lutar contra demônios ficou muito mais simples. "Eu consigo! Você salta de um avião em andamento, consegue saltar de um prédio parado", falava para mim mesma. Fechei os olhos e saltei do prédio. Depois, ergui meu pulso e disparei minhas teias. Agora, estava tudo mais fácil.

Em pouco tempo, alcancei o Homem-Aranha. Ele pareceu surpreso, mesmo que sua máscara continue escondendo suas expressões faciais. Por algum motivo desconhecido, consegui entender porque o Aranha saltou de costas. E servirá para mim em meus próximos saltos.

Mesmo não sendo nossa intenção, nós chegamos ao mesmo tempo no banco. Ele não tinha certeza se o banco estaria mesmo em assalto, mas o alarme estava tocando. Sei que os alarmes não soam à toa, a menos que esteja acontecendo um assalto. Eu entrei na frente. Haviam três bandidos de máscara preta segurando sacolas de dinheiro e erguendo as armas para os caixas. Ao redor do banco, as pessoas estavam assustadas e jogadas no chão. Na porta, os guardas estavam desmaiados.

–Passa logo a grana! Vamos, vamos! - gritava um deles para uma mulher no caixa.

–Com licença, não é assim que se trata uma dama. - Eu falei, disparando teias nas costas do bandido e puxando-o. Ele gritou de medo.

–Homem-Aranha? - gritou outro deles

–Não, não sou o Homem-Aranha. Sou uma Mulher-Aranha! É tão difícil perceber a diferença? - falei indignada, disparando novamente a teia, agora na boca dele.

–Acho que ele falou de mim. - disse o Homem-Aranha do teto, saltando e acertando o último ladrão de pé - E há uma grande diferença entre nós. Para começar, seu cabelo é longo e preto. E você tem voz de mulher.

–Pois é, mas eles não percebem isso. - Andei até o que tinha a teia na boca e lhe dei um soco. Depois, prendi-o no chão. - Ao menos, você me compreende.

Meu sentido-aranha disparou. Não sabia o motivo pelo qual isso acontecia. Logo, me agachei e vi uma barra de metal passando por cima de mim. Um outro corpo também passou por mim. Ergui meu pé e o derrubei. Não haviam mais capangas.

–Foi muito fácil - eu falei, batendo em minhas mãos e tirando a poeira. - É sempre assim? - não houve resposta.

Foi aí que percebi que o Homem-Aranha já havia saído do banco. As pessoas que estavam apavoradas agora se levantavam sem medo. Eu saí correndo pela porta da frente. A polícia estava chegando. Tive que saltar e escalar o prédio para que ninguém me visse. Estava no telhado e, por acidente, encontrei o Homem-Aranha segurando uma máquina fotográfica.

–Você tira fotos de si mesmo?

–Não. - ele pareceu se desviar da pergunta - Quer dizer, sim. Eu tiro selfies para o meu blog na internet. Então, obrigado pela ajuda. - ele falou - Tenho que continuar minha ronda. Você luta bem.

–Obrigada. - Prestando atenção agora, a voz dele me lembra alguém, e eu sei quem é este alguém. - Espera, me lembrei de uma coisa. - falei, pondo a mão em seu ombro.

–Não dá, fala na próxima vez que nos encontrarmos. - ele pulou e saiu balançando com suas teias.

Tudo fazia sentido. Mesmo que só nos vimos uma vez, foi super-educado comigo e é fácil de lembrar dele. Com a câmera digital e a desculpa esfarrapada de selfies para o próprio blog, consegui fazer uma conexão rápida entre Homem-Aranha e sua identidade secreta. Porém, precisava confirmar isso.

Antes de sair, consegui ver os bandidos sendo presos pela polícia. Senti uma sensação de alegria com o que havia feito hoje, principalmente por ter expulsado de minha mente aquilo que aconteceu com o professor Xavier. Realmente, Homem-Aranha foi uma boa companhia.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

*Para quem se esqueceu, ela foi atacada no capítulo 20: Nas presas da Víbora
E o Homem-Aranha voltará, mas não sei em que capítulo =D