Jessica Drew: A Mulher-Aranha escrita por Max Lake


Capítulo 112
O resgate no armazém




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Após dias confinadas numa espécie de prisão domiciliar dentro da SHIELD, finalmente estou de volta à ativa. Desta vez não estou sozinha, estou com os Guerreiros Secretos. Faz um longo tempo que não atuamos todos juntos numa missão designada.

Esta missão é bem importante, principalmente para mim. Descobrimos o provável paradeiro do Homem-Múltiplo e estamos seguindo essa pista. Diferentemente da última vez em que saímos atrás de alguém após seguir uma pista - uma pista do Homem-Púrpura e até hoje não sei se era verdadeira ou falsa, pois apanhei para o Besouro na ocasião - em que saímos separados, estamos em conjunto hoje. Mais ou menos.

Eu e Daisy estamos de carona com o Quatermain, pois ele se ofereceu para nos levar. Bobbi, Ty e Adaga estão no outro provável esconderijo - recebemos duas pistas, uma nas docas e outra perto de Hell's Kitchen.

Meu uniforme laranja 'clássico' está remendado e parece novo, nem se percebe as muitas costuras ao redor dele. Mesmo que seja arriscado, estou usando-o. Não me sinto uma guerreira secreta sem ele. Quatermain estaciona o carro numa esquina movimentada.

–Agente Drew, para manter a discrição, vista isso. - Ele me joga uma jaqueta preta - Por favor, devolva. É de uma amiga.

–Amiga? - Pergunta Daisy, bastante interessada. Não era num tom ciumento, aliás - Que amiga?

–Uma amiga de trabalho. - Ele pareceu triste quando respondeu - Sejamos rápidos.

Pus a jaqueta por cima de minha fantasia e retirei minha máscara. Quatermain também me deu uma camisa longa para por na cintura e esconder um pouco a calça da fantasia - esta camisa tem permissão para retornar rasgada.

Após alguns metros, chegamos a um portão duplo de ferro, trancado com correntes e cadeados. Claro que isso não nos impediria, principalmente por eu possuir força sobre-humana. Assim que eu arranco as correntes e os cadeados, retiro a blusa da minha cintura e a jaqueta, prendendo-os numa teia e escondendo atrás do cesto de lixo.

Quatermain diria algo, mas muda de ideia e posiciona-se à esquerda. Daisy posiciona-se à direita, e ambos seguram suas pistolas. Eu também carrego minha nova pistola, esta de plasma - uma melhoria da antiga pistola de energia. Ainda tenho receio de portar armas de fogo.

Ambos empurram o portão com força e entram no armazém. Eu vou logo atrás, recolocando minha máscara. O local está escuro, com algumas entradas da luz solar para iluminá-lo. Aqui possui uma mistura de incenso, carne congelada e sangue de boi. Não é um aroma agradável.

–Mantenham os olhos abertos - Diz Daisy - Jessica, avise se seu sentido-aranha vibrar.

–Positivo, chefa. - Por enquanto nada de sentido-aranha. Não sei se desejo que continue assim ou que vibre. Estou em dúvida ainda.

Andamos por quase todas as salas do primeiro corredor exceto uma, que nos leva às escadas. Ao subir, nos deparamos com mais um corredor cheio de portas. Um por um nós olhamo-nas, sobrando apenas uma, que está trancada.

–Jess... - Daisy aponta sua arma para a maçaneta. Acho que ela quer saber sobre o status do sentido-aranha.

–Sem vibração do sentido-aranha.

–Ótimo. - Ela chuta a porta com força.

Finalmente uma sala com algo interessante. Ou melhor, alguém. Sim, há uma pessoa amarrada. Daisy foi chamar Quatermain e eu fiquei na sala, analisando o corpo.

É uma mulher loira, suas mãos amarradas atrás da cadeira e seus pés também amarrados. Ela não veste nada além de uma toalha branca que apenas está jogada no corpo da moça. Seu rosto está cheio de cicatrizes, seus braços também. Pelo visto ela foi torturada. Ela está desacordada, mas viva. Senti sua pulsação. Naquele instante, Quatermain e Daisy entram na sala.

–Quem é ela? - Pergunto. Realmente não reconheço este rosto.

–Quatermain, ela é...

–Eu acho que sim.

Daisy aproxima-se e observa o rosto da mulher. Eu também analiso, mas à distância, o corpo dela. Apesar das cicatrizes, ela é bem bonita.

–É ela! - Diz Daisy.

–Quem?

–Sharon Carter, ex-agente da SHIELD. Ela era a agente 13 na época de Nick Fury, mas desapareceu logo após a queda da Balsa. - Explica Daisy.

–E aqui está ela. - Complementa Quatermain, alisando o rosto da moça.

Rapidamente Daisy empurra Quatermain para o lado. Não foi um empurrão forte, mas apenas uma empurradinha para distanciá-lo da vítima.

–Quatermain, acho melhor você esperar lá fora enquanto arrumamos a Sharon.

–Sim...Certo. - Ele parece constrangido e fica na porta.

Claro, eu ajudo a líder. Agente 13...Parece ser alguém muito bem treinada para adquirir um codinome como esse, tipo o caso da Natasha, que era a Viúva Negra na antiga SHIELD. Eu começo a desamarrar as mãos, mas meu sentido-aranha vibra. Hum! Um barbante preso no nó da corda que amarra as mãos. Parece perigoso.

–Daisy, meu sentido-aranha vibrou. - Alerto-a.

–Por acaso você viu um barbante?

–Exato. - Confirmo, animada. Ufa, me poupou explicações.

–Vou avisar o Quatermain. Não mexa em nada.

Ela sai da sala. Como não posso tocar em nada, apenas analiso mais uma vez o corpo da Sharon. Digo e repito, ela tem um corpo muito bonito. Quantos anos será que ela tem? 25, 26 eu acho. 3 minutos se passam e Daisy retorna.

–Analisando os seios dela? - Eu acho que ela falou brincando - Vou considerar este silêncio como um sim.

–Não! - Reclamo - Não, não analisei os seios dela. Nem nenhuma parte sexual do corpo dela. - Mas devo admitir que os seios são grandes.

–Vou acreditar em você. - Ela sorri. - Quatermain foi analisar o quarto abaixo. Aparentemente Sharon está ligada a explosivos, ele foi desativar ou evitar que explodam enquanto movemos ela.

–Enquanto não fazemos nada, queria te perguntar algo.

–Pergunte.

–O que há entre Quatermain e essa Sharon? Notei que a voz dele ficou um pouco emocionada.

Daisy sorri com minha pergunta.

–Eles cresceram juntos dentro da SHIELD, sempre foram grandes amigos. Inclusive, eles eram pessoas confiáveis de Nick Fury. É só isso.

Não. Houve algo a mais entre eles, eu sinto isso. Aquela voz, aquele olhar não eram de alguém que descobre o melhor amigo vivo, principalmente se for do sexo oposto. Mas deixa para lá, não é importante para a missão. Preciso me concentrar, deixa essas coisas particulares para depois.

–Espero que os outros tenham algum sucesso. - Comento.

Posso dizer que o Homem-Múltiplo não está por perto. Ele já teria nos encontrado, já teria nos confrontado e provavelmente escaparia, pois estamos em menor número.

Um longo tempo - de silêncio - depois, Quatermain aparece na porta avisando que está tudo protegido. Os explosivos abaixo estão desativados e poderemos retirar a agente 13. Daisy novamente expulsa-o da sala, ficando apenas eu, ela e a moça desmaiada mais uma vez.

–Ajude-me a arrumá-la na toalha.

–Certo.

Agora eu entendi. Ela quer proteger a agente 13 nua dos olhos masculinos de Quatermain. Não sei se é muito efetivo, já que ela será vista nua da mesma forma na SHIELD - talvez não por homens, o que contraria minha dúvida sobre a efetividade do plano.

Após arrumá-la na toalha, Daisy carrega Sharon no ombro. Não sabia que ela é forte para carregar alguém no ombro. Encontramos Quatermain do lado de fora da sala e então saímos do armazém. No momento em que pisamos fora...

–Harpia, pode falar. - Pergunta Daisy, pressionando a orelha. Ela faz sinal para que continuemos nosso caminho enquanto ela conversa.

Na verdade eu acabei ficando sozinha, pois o Quatermain já pega a roupa escondida atrás do lixo. Eu o acompanharia, mas surge algo inesperado ao meu lado. Ou melhor, alguém inesperado.

–Julia?

–Olá, Jessica. - Diz Julia Carpenter, surgindo com seu sobretudo vermelho e seus óculos escuros estilosos. - Tenho apenas 50 segundos, então serei breve.

–Veio me avisar que Cindy não me substituirá?

–Vim alertá-la, mas não sobre sua clone. Sobre uma decisão crucial no futuro.

Eu ia falar, mas ela estica a mão e alguma coisa sai dos dedos dela. Epa, isso são teias? E roxas?

–Psíquicas. Não me interrompa, tenho 30 segundos. - Droga, esqueci que ela prevê o que eu penso - Quando a dúvida pintar, você deve recusar. É importante, apenas saiba disso. Até breve. - Aos poucos ela ia desaparecendo. As teias psíquicas em minha boca também - Uma última coisa para os 10 segundos que faltam: vire a cabeça para a esquerda.

Por fim, desaparece. Espera, virar a cabeça para a esquerda? Enquanto pensava nisso, algo passa bem ao lado de minha cabeça. Quase acerta minha orelha, sorte que eu estou sem brinco. Olho para trás e vejo ninguém. Cima? Ninguém também. Diagonal para cima? Vazio. Então olho para o objeto. Uma flecha com a ponta bem afiada. Toco em minha orelha - não está sangrando, ufa.

–Mulher-Aranha, você vem? - Pergunta Daisy, agora deixando Sharon de pé ao seu lado. - Preciso de ajuda para levá-la.

–Estou...estou indo. - Guardo a flecha em minha cintura e ajudo-a arrastando a Sharon.

Por causa dessa flecha nem pude pensar direito sobre o misterioso aviso de Julia. Quando a dúvida pintar, eu devo recusar. Quando eu não tenho dúvida? Ela deveria ser mais específica. Nem devo me perguntar sobre como ela adivinhou sobre a flecha, pois já sei a resposta.

–Você está bem? - Pergunta Daisy.

–Estou. O que a Harpia disse? - Pergunto para mudar logo de assunto.

–A pista era falsa para eles também, mas descobriram uma coisa. Vão mostrar ao diretor assim que chegarem.

Apenas assinto com a cabeça. Naquele instante eu desejaria contar que a SHIELD precisa de novos informantes. Em poucos dias é a segunda pista falsa que seguimos sobre dois criminosos diferentes. Pode ser coincidência? Não sei.


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Notas finais do capítulo

Comentem aí qualquer erro que encontrarem.
Tive dificuldades para escrever este capítulo - incrivelmente consegui um bom número de palavras.