Filhos de Clairmond Interativa escrita por Le Clair


Capítulo 3
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Meu Damien é essa belezura aqui: https://38.media.tumblr.com/3d15cbabc1aead22ccf7774b0e993d60/tumblr_nbtme2V1061rvlw2ao1_500.gif

Descobri que tenho uma tara pelos meus próprios personagens. Principalmente pelo Dorian e pelo Damien. Não chegue perto, hehehe



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Capítulo 2 Céline Clairmond

Céline manteve os olhos bem fechados. Não porque não queria ver nada – mesmo de olhos abertos ela não via –, mas para segurar as lágrimas que vinham. Desmond. Ela sabia como seu ilustríssimo irmão se sentia sobre o outro rapaz e sabia também como ele se sentiu um dia; melhores amigos. Ela, no entanto, tinha outros pensamentos sobre o primo. Desmond. Deus, como ela queria odiá-lo como Étienne fazia, de uma maneira nada honrável, sempre jogando ameaças ‘não tão silenciosas assim’ e socos no nariz. Bom, pelo menos seria isso que faria se sequer houvesse visto-o nos últimos meses, desde que deixou suas vidas definitivamente.

Limpou mais uma lágrima com o dorso da mão e fungou, sentindo aquela dor de cabeça, que parecia ser incurável, voltar. Ai, Deus. Reclamou mentalmente. Moveu a bengala para os lados; havia se esquecido completamente de contar os pontos de acesso desde que saíra da sala. Quantos passos a mais até a escada? Novamente, amaldiçoou-se por ser tão inútil. Alcançou uma das paredes com a mão direita e continuou avançando, até encontrar o vão onde supôs serem as escadas. Bateu a bengala para confirmar. Certo. Respirou fundo antes que desse o primeiro passo. Feito. Segundo e terceiro. Corrimão. Não é tão difícil assim, Céline.

― Céllie?― uma voz gritou atrás de si. Se virou, esquecendo-se do corrimão por alguns segundos. O suficiente para se desequilibrar. Tentou se apoiar em qualquer coisa, qualquer coisa, mas era tarde; já estava jogada no chão. Acordada. Deus, ela só não odiava escadas mais do que quina de mesa ― Ai, meu Deus― Damien descia desesperadamente, correndo até ela ― Desculpa, desculpa... Você ‘tá bem? Tá sangrando? Não, não está... Quantos dedos você conseg– interrompeu-se imediatamente ― Você tá sentindo algo diferente? Dor...?

Céline esquivou-se da respiração de Damien, acenando positivamente. Parte de si ainda estava ressentida com o garoto por ter lhe tirado um momento tão bom e descontraído, sem que precisasse ser lembrada.

― Eu estou bem, sério― Levantou-se, ajeitando a bata fina que usava. Procurou o corrimão do lado; ainda tinha escada para descer ― É... ― ela virou a cabeça, desconcertada ― Me ajuda com o resto? Eu não estou encontrando...

― Claro, claro― ele cortou-a de imediato, tomando seu braço. Tudo que Céline conseguia se concentrar resumia em: não core ou chore.

•••

Ele emoldurou sua cintura com as mãos, suspendendo-a nas pontas dos pés; mesmo que as alturas não se igualassem, ambos gostavam. Ela gostava de tê-lo perto, e ele gostava de inclinar o pescoço para beijar os lábios desesperadamente desejados da garota. Os olhos azuis encontravam-se fechados, assim como os dele deveriam estar. Mas ele não se importava – contanto que pudesse admirar sua face delicada, estava tudo bem.

“Você me ama?” ele perguntou entre os beijos, ofegante. Ela empurrou-o na cama e sentou-se bem ao seu lado, segurando sua face entre os dedos e a trazendo para mais e mais perto de si. A moça soltou uma gargalhada gostosa e continuou a beijá-lo, acenando positivamente, “Então fale em voz alta”, ele desceu uma de suas mãos até a coxa da garota, puxando-a para mais perto.

“Eu te amo” repetiu “Eu te amo, eu te amo, eu te amo...” e voltou a beijá-lo como se sua vida dependesse de tal ato. Beijar, beijar e beijar.

Ele fechou o dossel lilás, e, durante o processo, a garota puxou-o. A cortina desgrudou-se da madeira do alto, caindo em cima deles. Mas eles não se importavam; eram dois amantes, apaixonados e adolescentes. Tudo viraria piada depois e eles estavam plenamente conscientes disso. Riram com aquele ar gostoso, ela erguendo as mãos para cima, tentando se livrar dos panos finos d. Sorriu novamente. O rapaz balançou a cabeça e puxou seu pescoço para mais perto, traçando alguns beijos de sua clavícula à mandíbula.

Ah, Desmond...”.

Céline abriu os olhos rapidamente, e, diferentemente de seu sonho, colorido e mais vívido que a realidade, tudo estava escuro. Não enxergava nem seu nariz, ou sequer sua própria mão. Ou a si mesma quando se fitava no espelho. Sentou na cama, encurvando a coluna. Brincava com os dedos, seus novos olhos, em cima das almofadas que colocara no colo. Nada ao seu redor. Nada. Apenas... Nada. Mas ela já se conformara. Seu psicólogo dizia que, sim, ela havia se conformado com a própria deficiência, mas a verdade era que ela jamais superaria. Insuperável, ela classificaria. Nada poderia substituir o fato de que num momento você vê as flores, os pássaros e os sorrisos, e, noutro, tudo que vê é escuridão. Talvez ela se acostumasse com aquilo, mas jamais superaria.

Virou-se para a borda da cama, as pernas se balançando no vão entre seus pés e o chão. Quando uma coisa quente e molhada tocou seu pé, ela deu um pulo para o centro da cama com um breve grito. Ao reconhecer a respiração afobada, tranquilizou-se:

― Meu Deus, Petit― levou a mão ao peito e outra para acariciar o cão, que já havia subido em suas pernas ― Você me assustou― O cachorro lambeu sua mão delicadamente, enquanto a outra coçava atrás de sua orelha, bem daquela maneira que Étienne havia lhe ensinado ― Está tudo bem, bebê. A mamãe está aqui― deitou seu corpo sobre a massa pesada em suas pernas ― Você não deveria estar com o Étienne? Ele não te larga por um segundo... ― e continuou ali, falando com o cachorro como se fosse alguma encenação louca do Dr. Dolittle.

― Petit? ― foi a voz do corredor que interrompeu seu monólogo ― Cadê você? Vem cá, garoto ― Étienne. O cão latiu, pulando da cama e arranhando a porta. O irmão abriu o quarto de Céline, passando pra dentro ― Então foi você que roubou meu cachorro.

― Ele é meu também, senhorito― sentiu o colchão afundar ao seu lado, onde o irmão se sentou. Céline cruzou as pernas e abriu espaço. Ela se sentia um tanto desconfortável naquela posição, tão perto de alguém, mesmo que Étienne, sem saber em que posição ficar para parecer uma melhor ouvinte ― Esse cachorro precisa de um banho.

― Não me diga ― ele tomou as mãos da garota, brincando com seus dedos ― Eu ‘tava procurando ele justamente pra isso.

Ela sorriu, acariciando o pelo de Petit. Mal se lembrava de sua cor: dourado? Preto? Ou ambos? Mas não se dignava a perguntar sem que parecesse necessitada. Ela odiava depender dos outros, odiava. Mesmo quando vidente. Odiava pegar carona ou ir ao povoado com os pais.

― Você acha que vai ser sempre assim?― ela abaixou a face, deitando a cabeça nas costas do cachorro.

― Assim como? ― Étienne era inteligente, embora não fizesse muita questão de usar seu lado intelectual pra propósitos que não envolviam: impressionar. E, ainda assim, ela tinha certeza de que ele sabia do que ela estava falando.

― Vocês evitando falar de Desmond toda vez que eu chego perto e eu saindo num colapso nervoso sempre que ouvir o nome dele...?

Ele enrolou o dedo numa mecha do cabelo da princesa, carinhosamente.

― Eu acho que esse tipo de coisa não cura de uma hora pra outra ― ela podia ter certeza que os olhos dele estavam quietos e pensativos, talvez falando mais para si mesmo do que para ela ― Mas uma hora... Uma hora você aprende a superar ― dando dois tapinhas leves nas costas da garota, que meneou com a cabeça, Étienne saiu, deixando-a ali com seus demônios particulares.

Céline cerrou os dentes, tentando impedir que as lágrimas que ameaçavam descer, descessem.

― Eu não quero superar.


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Notas finais do capítulo

Eu tô tão animada com as fichas de vocês! Sério, estão um amor! Ah, não se esqueçam de responder as três perguntas do capítulo anterior. Se chegarem muitas fichas de hoje pra amanhã, já posto o próximo com uma apresentação dos/as selecionados/as :D Envie sua ficha =)
P.S. Tô tirando a tarde pra responder os comentários de vocês. Desculpa não ter respondido antes! Eu li todos, estão L-I-N-D-O-S. Cês não fazem ideia de como eles me dão inspiração para escrever o/