–Maravilhoso! Você ficará uns dias por aqui certo?- disse Satã.
Surgiram um par de chifres nela, garras selvagens e o olhar de Satã, frio e avermelhado.
As asas brancas de Celeste sumiram e deram um lugar asas negras como o carvão e sua pele empalideceu. Ela olhou para os amigos e viu o que imaginava, o rosto de cada um, chocados com a revelação. Satã ria como um menino estúpido ouvindo uma piada besta.
Daemon sacou a espada em direção a Celeste, Astrid e Paulus seguraram ele, que parecia uma tarefa impossível.

–Vocês não vêem?!- gritou ele- Ela nos enganou! Podia ser uma espiã de Satã querendo nos atrapalhar!

–Fique quieto!- gritou Astrid e em seguida voou até Celeste.
Celeste se distanciou, mas Astrid a seguiu. Segurou as duas mãos dela e deu um sorriso meigo.

–Celeste, eu sei que no começo não nos demos muito bem. Mas agora vejo o quanto amiga você é. Você acha que Deus não sabe disso? Ele viu bondade em seu coração e a deixou vir ao reino dos céus. Sinceramente...- Astrid olhou para a foice- não sei mais o que fazer.

–Vá.- disse Celeste apertando as mãos de Astrid- Concluam a missão. Ficarei bem.

–Eu volto para te buscar Celeste. Eu prometo.

As duas se abraçaram e Celeste derramou algumas lágrimas. Satã deu a foice para Astrid e ela partiu com os amigos. Teriam agora que ir de volta no monte de New York para dar os objetos a Sabedoria. Eles estavam tão ansiosos para acabar a missão que nem pararam de voar um minuto se quer.
Quando chegaram na montanha, pousaram lá e viu um homem de capuz negro, como o sonho de Astrid. Ela cambaleou, meio tonta disse:

–Eu descobri.- todos olharam para ela- A profecia. Eu a descobri. Daemon, você é o olhar cortante e esse homem de capuz vai retirar sua alma, você virará a alma sombria. A pessoa que esta presa aos punhos é o seu irmão. Os secados pelo ódio são...

–Chega!- disse o homem de capuz- Eu vou fazer uma guerra de anjos contra demônios. As criaturas celestiais irão perder! Não há como vencer, somos milhões e vocês são milhares, temos poderes de assassinato, como quer vencer? Mas para esse destino cruel não acontecer, queremos a alma deste garoto aí.- ele apontou para Daemon.- A escolha é de vocês.

–Mas... Onde esta meu irmão?- perguntou Daemon- se... Eu der minha alma... Vocês devolvem meu irmão?

–Como desejar.

–Não! Daemon não faça isso!

–O reino dos céus será destruído se não houver o meu sacrifício.

–Ambos secados pelo ódio... Os demônios. Um ato impensado de maldade...

Os demônios.- murmurou Paulus.
O homem de capuz segurou na camiseta de Daemon e encravou as mãos em seu peito.
Astrid gritou alto, como se ela sentisse sua dor. Ela ia impedir o que estava acontecendo, mas Aden e Paulus a seguraram com tristeza. Aden sentia Astrid molhar sua blusa de lágrimas. Ela gritava e se debatia para se libertar. Gritava o nome de Daemon. Até que Astrid desmaiou nos braços de Aden e Paulus. O homem de capuz sentia-se mais forte.
Aden disse:

–Agora cumpra o que prometeu. Devolva o anjo caído aprisionado.

–Aqui está ele- o encapuzado tirou de trás da árvore um anjo caído preso a correntes- Porém... Em relação a guerra. Mudei de ideia.

–Não!
Paulus foi até o garoto aprisionado e o desamarrou. Ele tinha um olho vermelho e o outro verde, vestia uma blusa branca mal abotoada e uma calça jeans. Estava descalço e os cabelos negros assanhados.

–Como você se chama?- perguntou Paulus.

–Lucius.- respondeu ele.

–Sinto muito pelo seu irmão...

Eles ficaram em silêncio. Até que ouviram um gemido, era de Astrid, ela despertou e correu até o corpo de Daemon e se sentou ao lado dele. Ela o abraçou com força e ainda chorando, murmurava "não, não, não". Aden estava com o coração transbordando de ciúmes, algo que ele não gostava nem um pouco.
Lucius foi levado pelos braços até o céu e Aden carregou o corpo de Daemon nas costas.
Chegando lá, Deus olhou para todos e disse:

–Vocês conseguiram. Concluíram a missão.

–Mas e ele?- perguntou Aden, referindo-se a Daemon.

–Implantaremos outra alma nele.

–E a outra alma?- perguntou Lucius.

–Bem, ficará com os demônios se ninguém for buscá-la.- disse Deus, cabisbaixo.

–Eu me ofereço a ir a essa missão!- gritou Astrid, com os olhos cheios de água.

–Astrid, você acabou de voltar de uma missão, já quer ir a outra?!- perguntou Aden incrédulo.

–Não tente me impedir, eu vou. Mesmo sozinha, eu vou conseguir.

Eles foram cortados por uma bomba. Rafael e Pedro vieram voando rápido e informaram que estava ocorrendo uma guerra. Os anjos vestiram armaduras e se armaram com espadas e arcos. Muitos anjos voaram e atiraram flechas com pontas de fogo. Astrid, Paulus, Aden e Lucius foram para frente dos portões com espadas sacadas.
Havia névoa, não se via os cavaleiros demoníacos. Até que um grito saiu do meio da névoa.
A profecia se cumpriu, pensou Astrid, Daemon era o olhar cortante e virou uma alma sombria, ordenada a lutar contra os anjos. Lucius era o alguém preso a correntes eternas,os demônios e os encapuzados eram os cegos de ódio. Eu era o alguém que ia libertar Lucius, por meio da... Dor e do sofrimento. Astrid despertou dos seus pensamentos com o exército invadindo o céu. Com um grito desafiador, os anjos investiram com garras e dentes. O duelo começou, mas algo estava errado. Os demônios pareciam... Sombras. Astrid passava a espada neles e apenas sumiam. Astrid se transformou e lutou com voracidade. Porém, notou o que havia de errado...

–É um truque!- gritou ela, avisando a todos.

Os demônios estavam usando a névoa de Daemon. Não tinha exército deste lado. Até que uma grande bola de fogo pelas costas deles. Astrid caiu no chão, suas asas foram queimadas. Não podia voar. O exército "real" apareceu pulando em cima dos anjos e os atacando. Em um grande corcel negro, Satã assistia a batalha. Deus jogava raios nos demônios. Astrid tomou um arco e atirou em Satã, mas ele apenas segurou a flecha e olhou para ela com tédio. Astrid queria ir até la e quebrar o nariz dele, mas não podia voar. Agarrou a espada de diamante e correu para batalha. "Por Daemon" repetia dentro
de sua cabeça. Astrid estava se sentindo um máximo. Conseguira matar vários demônios, até que sentiu algo a perfurando. Uma dor enorme invadiu o seu corpo de maneira exagerada. Olhou para o ferimento abaixo da costela, a espada ainda estava encravada em seu corpo. Num movimento rápido, a espada saiu. Ela tocou na cintura como se a procurasse, como se procurasse a certeza que ela ainda estava ali. Olhou para trás e viu o homem encapuzado que tirou a alma de Daemon. Agares era o nome dele. Tirou a vida de Daemon e depois a de Astrid? Ela não ia deixar, ia vingar a morte dele. Ela queria acreditar que ele não morreu, teria mais uma chance. Sua visão ficou turva. Caiu no chão e foi encostando os joelhos no peito, gemendo. Agares a olhou com desdém e bateu com
um pedaço de madeira em sua cabeça. Astrid desmaiou no mesmo instante, apenas ouviu o grito de Aden, chamando pelo seu nome.