Astrid acordou ofegante, em uma cama. Não sabia onde estava. Não se lembrava de nada.
Olhou em volta e viu a grande destruição que a guerra fizera com o reino dos céus. Tinha muitos anjos como ela, feridos e inconscientes. Rafael cuidava de todos, com o maior cuidado do mundo. Ele se aproximou da cama de Astrid e lhe deu um sorriso. Estava enfaixada na altura da cintura, o esparadrapo estava cheio de sangue. Rafael tinha cabelos negros cacheados, olhos azuis com uma pele morena.

–Que bom que acordou Astrid. Pensava que você não iria resistir.

–Sou mais...- ela gemeu e se sentou- forte do que pareço.

–Eu vejo.- disse Rafael entre risadas.

–Onde está meus amigos?- perguntou Astrid.

–Bem...- o sorriso de Rafael desapareceu- Eu não sei. Alguns dizem que eles foram levados pelos... demônios.

–O quê?! Não, não, não, não! Primeiro Daemon, não posso perder eles também!

–Eu sinto muito.
Astrid se deitou novamente na cama, pôs o anti-braço nos olhos e chorou. Rafael sentou ao seu lado e fez uma cara tristonha. Ela se sentou, com o rosto vermelho escorrendo lágrimas por suas maçãs do rosto desesperadamente. Rafael a abraçou e acariciou seus cabelos loiros cacheados longos.
Astrid estava febril, parecia brasa. Até que sentiu um cutucada em seu ombro. Astrid se desencostou do peito de Rafael e olhou para uma menina de cabelos negros um pouco abaixo do ombro, uma mecha caia sobre seus ombros. Ela era pálida, tinha os olhos azuis como o céu, porém, o olho direito estava enfaixado, junto com a metade da cabeça. Estava trajada com uma jaqueta longa, que ia até o chão, calça jeans, uma blusa preta e descalça.
Ela tinha um olhar morto, como se alguém da família dela tivesse morrido ou algo do tipo.

–Eu quero ajudar. Eu posso ajudar.- disse a menina.

–Quem é você e o que aconteceu com seu olho?- perguntou Astrid.

–Sou Emily, a bruxa entre os anjos, é um prazer conhecê-la. Meu olho... Eu machuquei na guerra que teve algumas horas atrás. Ainda dói. Meu... Irmão, foi capturado, junto com seus amigos pelos demônios.- ela segurou o nó na garganta- sei fazer poções que podem ser úteis.

–Eu também vou!- as duas procuraram que dissera isso e foi uma menina de cabelos encaracolados castanho-mel, sua pele era morena e os olhos eram dourados, tinha em mãos uma espada.- Eu me chamo Wendy, capitã dos guerreiros celestiais e chefe do conselho de guerreiros.

Vestia-se com um peitoral de ferro reluzente, uma legging e botas de couro. Tinha preso na cintura munição e uma pistola do lado esquerdo e do direito, flechas e adagas. Nas botas, tinham duas facas dentro de bolsos secretos que havia, mas não estava muito discreto. Nas costas, havia uma besta bem grande. Os olhos dela vazavam ódio.

–Tem algum motivo especial?- perguntou Rafael, debochando.

–Vingar o céu já não é motivo mais que suficiente para você Rafael?- dissera Wendy.

–Mas... Um minuto.- Rafael fechou os olhos e permaneceu assim por cinco minutos- existe outra profecia... Eu pesquisei nos oráculos e foi isso que achei.

Astrid tomou das mão dele, um pergaminho de tom amarelado. Parecia velho e com experiência secular. Ela abriu o papel e estava lá, escrito a profecia. As letras eram douradas e pareciam estar vivas. "O vento sopra a tua face sombria, perturbando-lhe o sono. Seus sentidos ignorados tentam se opor contra si. Seu corpo permanece fraco diante da pressão, abalando suas frágeis estruturas. Agulhas lhe espetam a alma como uma faca penetrando na pele. Seu mundo torna-se cada vez mais imune aos ventos gélidos das almas perdidas, vagantes ao pôr-do-sol." Era a profecia. Astrid já teve a ideia de que Daemon era a alma perdida. Lembrar daquele sorriso irônico, dos argumentos melhores que os dela e daquele olhar pelo qual se apaixonou lhe deu um nó na garganta. Sim, Astrid consegue admitir em sua mente que o ama, como nunca amou ninguém. Mas nunca iria admitir isso em voz alta.

Wendy estava espiando por trás de seu ombro e disse:

–Vamos. Tempo vale muito.

–Bem... Vamos.- disse Emily

–Não posso voar... Perdi minhas asas para o fogo.- lembrou Astrid

–Isso não é problema.- disse Rafael entre um sorriso no canto da boca