Convergente II escrita por Juliane


Capítulo 37
Ela




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Depois daquela reunião secreta na casa de José outras duas de sucederam sem a minha presença, Enrico criou uma espécie de pauta com as anotações dos assuntos mais relevantes e sempre encontrava um jeito de enviar-me um mensageiro.

Conforme os dias passavam, mais obcecada eu ficava com a ideia de descobrir quem é o Presidente. As minhas tardes auxiliando o General Sparks era o que eu considerava de mais produtivo para chegar mais próximo de alguma pista ou evidencia. Mas não descobri nada, apenas ouvi uma conversa aqui, outra ali entre Sparks e o Presidente, nada de muito revelador. Basicamente ordens a serem seguidas.

Hoje pela manhã fui convocada a uma nova bateria de exames, com a finalidade de avaliar meu ombro, imagino que estejam ansiosos por me ver em combate e para ser honesta, já não aguento mais essa rotina amena. Caminho pelos corredores em direção ao hospital, acompanhada do Tenente Michael Keaton, o médico responsável pelo meu tratamento. Diferente dos outros profissionais da área da saúde que conheci, ele não usa jaleco branco, está vestindo uma farda militar. Ele deve ter por volta dos quarenta anos, pois as linhas de expressão cravadas ao redor dos olhos pequenos e azuis, deixam sulcos irregulares na pele levemente avermelhada, assim como os fios de cabelo branco que surgem como flocos de neve na sua nuca revelando indícios da idade. A boca é uma linha fina e comprimida, tudo nele remete a dureza e hostilidade, ele é frio, rude e não faz questão nenhuma de manter um diálogo, de modo que permanecemos em silêncio ao longo de todo o caminho.

Quando estamos adentrando a recepção do hospital vejo Wes parado, sozinho no saguão com os braços cruzados, provavelmente soube que eu viria e está me aguardando. Nossos olhares se cruzam e um enorme sorriso toma conta do seu rosto, não consigo controlar o ímpeto e corro em sua direção, ele abre os braços para me receber. Meu corpo chocá-se com o dele dele que é forte o bastante para receber o impacto sem mover-se e eu aninho a cabeça em seu peito, inalando seu aroma de roupa limpa com um leve toque do que parece ser lavanda, artemísia e cedro, uma combinação inusitada, mas que em sua pele fica perfeita. Ah! Como senti saudades dele!

Ele segura-me levemente pelos ombros e afasta-se o bastante para poder olhar para mim.

_ Beatrice! Estive muito preocupado com você! E toda vez que a procurei sempre estava em aula, cumprindo pena, dormindo, ou sei lá o que. Nunca deixaram-me falar com você!

_ Estou bem Wes! Senti muito a sua falta!

_ Eu também.

_ Sinto interromper, mas a recruta Prior está aqui para fazer uma ressonância do ombro esquerdo. - O Tenente Michael Keaton diz, num tom seco e cortante.

Estava tão distraída com a presença de Wes que havia esquecido que o Tenente Keaton aproximava-se.

_ Tentente Keaton, prazer em vê-lo. - Wes estende a mão para cumprimentá-lo, ao que ele estende a sua e aperta a mão de Wes enquanto seus olhos frios o avaliam de cima a baixo e ele retribui as palavras de Wes com um breve aceno de cabeça.

_ Vamos, não temos tempo a perder. - Ele solta a mão de Wes e me pega pelo braço, puxando-me em direção as portas duplas.

_ Vou com vocês! - Wes diz girando os calcanhares e nos acompanhando.

_ Não é necessário! - Diz o Tenente em um tom cortante.

_ Eu faço questão! Posso lhe passar o histórico médico dela. - Wes insiste.

_ Já disse, não é necessário! - O outro responde entredentes

_ Eu vou de qualquer jeito! - Wes insiste.

O Tenente Michael Keaton olha de canto para Wes, mas não diz nada apenas continua me guiando pelos corredores e pelo que percebo ele está tão familiarizado com o local, tanto quanto Wes que se mantém ao meu lado com a mão pousada em meu ombro.

Chegamos a sala de ressonância.

_ Tenente Keaton, Dr. Wes! - Cumprimenta o enfermeiro David Goldman, lançando-lhes o seu sorriso de 1500 wats.

_ David. - Wes cumprimenta.

O Tenente Keaton acena com a cabeça.

_ Tris, pode tirar a farda e pôr este avental? - O Enfermeiro David me alcança um avental de hospital.

Eu sinto minhas bochechas corarem, olho para o pedaço de pano nas minhas mãos e fico confusa, não vou me despir aqui, com três homens no mesmo recinto. Wes está me olhando e parece que compreendeu meu constrangimento.

_ Beatrice, ali tem um biombo, pode usá-lo, assim terá a privacidade de que necessita. - Ele diz indicando uma divisória móvel de madeira.

Eu assinto com a cabeça e me escondo atrás do biombo enquanto tiro as minhas roupas e visto o avental, que por sorte, ou pelo simples fato de eu ser magra e pequena o bastante, ele me cobre por inteiro, desde que eu o mantenha preso com uma das mãos, ninguém terá nenhum vislumbre de pele além dos meus braços e pernas, mas ainda assim é constrangedor.

_ Tris, tudo bem aí? - David quis saber.

_ Sim, estou saindo.

_ Ótimo. Você tem objetos de metais, brincos, pulseira, correntes, ou algo do gênero?

_ Não.

_ Okay. Por aqui, deite na maca e permaneça imóvel ponha os fones de ouvido.

Eu me deito na maca, ponho os fones de ouvido e então ele aperta um botão e a maca começa a deslizar para dentro de um tubo enorme e iluminado que faz um ruído tão alto que posso ouvi-lo mesmo através dos fones.

_ Tudo bem aí Beatrice? - Ouço a voz de Wes através dos fones.

_ Sim! - Respondo e acho que acabei gritando para me fazer ouvir acima do ruído.

_ Não há necessidade de gritar, consigo ouvi-la normalmente. - Ele diz, sua voz calma e tranquilizadora.

Me pergunto se os outros ainda estão na sala.

_Beatrice, eu pedi ao enfermeiro David e ao Tenente Keaton que me deixassem ministrar o exame em você. Estamos apenas nós dois aqui.

Wes tem uma capacidade incrível de ler nas entrelinhas, principalmente quando se trata de mim.

_ Que bom! Preciso de um momento a sós com você.

_ Por que você não me procurou Beatrice? Eu bem que tentei falar com você, mas estava sempre ocupada, no curso ou trabalhando para o General Sparks. Só tive notícias suas porque o o Capitão Finth foi muito solícito e me atualizou sobre sua saúde e seus avanços nos estudos.

_ Desculpe, mas estive tão ocupada que não consegui mesmo.

_ É sério que você e o Enrico não se falam mais? E aquela história dele estar com a Alejandra, isso tem dedo seu?

Um esboço de sorriso começa formar-se no meu rosto, então lembro-me de onde estou e contenho-me.

_ Tem certeza de que é seguro?

_Sim, só eu posso lhe ouvir aqui. - Ele garante.

_ Bem, a briga foi encenação e sim, ele estar com Alejandra faz parte do plano.

_ Entendo. Alguma evolução?

_ Na verdade não muito, apenas a confirmação do que eu já suspeitava.

_ De que ela é a neta?

_ Isso.

_ Enrico sabe o que procurar?

_ Creio que saiba sim.

_ Soube que você ficou amiga de Celina Prescott. - Ele muda de assunto.

_ Não sabia que esse era o sobrenome dela.

_ Ela é filha do Dr. Clint Prescott, ele é especialista em genética, o melhor que já conheci.

_ Vocês são amigos?

_ Não. Na verdade ele é bastante reservado, trabalha sozinho e possui verdadeira fobia social.

_ Pobre Celina! - Agora consigo imaginar o motivo do seu comportamento expansivo.

_ Diferente do pai, ouvi falar que a garota é bem sociável. - Ele comenta.

_ Sim, ela é desesperada por atenção. Mas é uma excelente pessoa.

_ E você? Como está?

_ Bem, o ombro já não dói mais. Estou pulando diversos níveis dos cursos. Semana que vem passo a ministrar aulas de combate aos recrutas.

_ Como assim? Você deixou de ser recruta?

_ Na verdade o Capitão Finth comprometeu-se a solicitar junto ao General Sparks autorização para de certa forma, me promover a Soldado. Mas ainda não tive retorno.

_ Que ótima notícia!

_ Sim, se isso acontecer, vou poder morar na vila ou voltar para o dormitório.

_ E o que você pretende?

_ Ah, eu gostaria de morar na vila. Estou em contato com os líderes do movimento rebelde da base, a maioria mora lá, então facilitaria as coisas.

_ Movimento rebelde da Base? Como assim?

_ Isso mesmo que você ouviu Wes. As pessoas que foram extraditadas de suas terras, tiveram seus familiares mortos, perderam sua liberdade e hoje vivem sob a tirania desse governo, não aceitaram isso tão bem quanto pareceu.

_ Eu imaginava, mas jamais pensei que essa gente pudesse estar se organizando, já que todos os rebeldes decidiram viver na margem.

_ E você sinceramente acredita que o presidente deixou isso barato? Você acha que as pessoas simplesmente se foram?

_ Não sei, é o que dizem.

_ Wes, eles não tiveram escolha, os que não aceitaram viver aqui ou nos experimentos foram mortos. Estão na margen, uns poucos que conseguiram fugir. - Digo espantada com tamanha ingenuidade, vindo de alguém como ele.

_ Entenda que para mim, coma minha experiência de vida, isto aqui foi muito mais do que eu poderia esperar. Não tive vida além daqui, então nunca tive motivos para questionar o sistema. Tudo que eu quis ou precisei esteve todo o tempo bem aqui, ao meu alcance, nunca ousei sair.- Mesmo sem olhar nos meus olhos ele consegue decifrar as perguntas que não fiz. Minha mãe era exatamente assim.

A lembrança me entristece um pouco... Ela morreu e nem teve a oportunidade de conhecer o irmão... Afasto o pensamento e concentro-me nessa conversa, no momento presente.

_ Desculpe, a minha intenção não foi julgar. Aliás eu devia ter imaginado que você não fazia ideia. Mas enfim, essa é a nossa realidade.

_ E você pretende liderar um golpe de estado, apoiada por um pequeno grupo de rebeldes acuados?

_ Que escolha eu tenho? Se eu não fizer alguma coisa nunca mais poderei voltar a Chicago, e pior ainda, quem me garante que todos lá estão seguros? E os outros experimentos? E nós? E as pessoas na vila?

_ Os seus motivos são nobres Beatrice, não discordo deles, apenas acho que você está se colocando em uma posição perigosa. Você pode não perceber, mas o Presidente a está vigiando. - Ele adverte.

_ Por falar em Presidente, ouvi uma conversa entre ele o General Sparks, onde ao que tudo indica o Presidente cobrava dele que estivesse no meu encalço e ele por sua vez sugeria ao presidente que se de fato eu representasse alguma ameaça, deveria ser exterminada. Mas as instruções do Presidente foram obviamente para me manter viva, já que aqui estou. O General Sparks desligou o telefone ainda exasperado com a conversa, murmurando algo como uma garota idiota de quem ninguém lembra não poderia se tornar mártir e que sempre haveria a possibilidade de reiniciar todos... Essa conversa entre eles me deixou ainda mais intrigada... Eu não entendo Wes, por que ele me mantém viva?

_ Beatrice, eu não sei. Não serei ingênuo ao ponto de lhe dizer que acredito que ele a mantém viva porque quer que estudemos o funcionamento seu cérebro como cheguei a pensar no início, quando julguei que o havia persuadido com esta desculpa.

_ Bom, então vou torcer para ter a oportunidade de perguntar-lhe pessoalmente.

_ Você é incrível mesmo! Mas se está decidida encarar o perigo de frente, eu estarei com você.

_ Obrigada Wes! Mas não quero pôr a sua vida em risco, já tive mais perdas do que pude suportar, então prefiro mantê-lo seguro.- Digo, agradecida, emocionada, mas determinada a mantê-lo a salvo.

_ Acho que você não tem escolha. - Ele diz e posso sentir a resignação em seu tom de voz.

_ Wes, eu preciso fazer isso sozinha, e além do mais, você será uma distração, pois a todo momento estarei preocupada em mantê-lo a salvo.

_ Nada disso! Estou envolvido demais. Ou você acha que ficar aqui, sentado, assistindo você correr em direção ao perigo vai garantir a minha sobrevivência? Se o General Sparks já desconfia da nossa proximidade, obviamente o presidente já deve saber da nossa ligação.

_ Tudo bem! - Respondo exasperada e auto demais e o fato da máquina ter sido desligada de súbito faz com que a frase soe ainda mais como um grito...

_ Acabou! -Ele diz em tom de advertência para que mudemos o rumo da conversa.

A maca é projetada para fora do aparelho e vislumbro duas silhuetas que atravessam a porta, uma depois da outra. Então os três surgem no meu campo de visão Wes, David e o Tenente Keaton.

_ Recruta, verifiquei os dados enviados da máquina para o computador e pude constatar que não há mais sinal nenhum de lesão.

_ Ótimo! - Respondo enquanto sento-me na maca, um pouco tonta.

David permanece sorrindo e me encarando, eu viro o rosto para o outro lado. Não gosto dele. Wes vem em meu auxílio e ajuda-me a ficar de pé.

_ Você não está se sentindo bem? Parece pálida. - Ele diz enquanto segura-me pelo cotovelo.

_ Doutor Sheifild, pode deixar que assumo daqui. - O Tenente Keaton diz, posicionando-se de modo a tomar o lugar de Wes, que por sua vez mantém-se imóvel ao meu lado.

_ Ela não está bem, provavelmente não tem se alimentado direito, vejo que perdeu peso. Eu vou levá-la para tomar o café no restaurante. Fique tranquilo que em uma hora eu a levo de volta ao Alojamento! - Wes fala num tom de voz calmo porém altivo.

_ Tenho ordens para levá-la de volta agora! - O Tenente Keaton o encara com um olhar gélido.

_ Diga a quem lhe ordenou que o Doutor Paul Wes Sheifild não lhe deu alternativas. - Wes insiste, já me conduzindo porta a fora.

O Tenente Keaton pega seu walkie talk, pressiona o botão e ouço a inconfundível voz do General Sparks do outro lado da linha.

_ Sim??

_ O Doutor Sheifild criou problemas, acaba de levar a Recruta Prior para o restaurante sem a minha autorização.

As vozes estão ficando baixas, de modo que tranco o pé no corredor, obrigando Wes a parar por um instante.

"_ Imbecil, não consegue cumprir a simples tarefa de ministrar exames numa recruta!"

_ Desculpe senhor! Devo levá-la de volta a força? - Nesse momento cogito a possibilidade de correr enquanto Wes me encara em expectativa.

"_ Não! Deixe que eu me entendo com eles mais tarde! Mas da próxima vez certifique-se de conduzir os procedimentos necessários, em sigilo."

Como sei que por ora estamos livres eu aceno para que continuemos nosso caminho em direção ao restaurante.

********

Não tinha me dado conta do quão faminta eu estava até começar a comer. Wes, sentado a minha frente parece deliciar-se com a cena.

_ Estou começando a acreditar que não servem comida aos recrutas. - Ele diz num tom divertido.

_ A comida de lá não é nem de longe tão saborosa quanto esta. - Eu digo enquanto abocanho mais uma garfada de ovos mexidos e bacon.

_ Eu queria continuar aqui, observando sem interromper, mas não temos muito tempo. Então você come e eu falo. Okay?

Concordo com a cabeça e ele prossegue:

_ Se você for promovida a soldado, venha morar comigo na vila. Hoje mesmo vou providenciar uma casa para nós, onde poderemos amadurecer esse seu plano antes de executá-lo. Tomarei o cuidado de buscar uma localização estratégica, onde possamos circular sem chamar atenção.

Ele expõe como uma alternativa racional, mas não consigo deixar de enxergar como um convite do meu tio para morarmos juntos, como uma família, ou o que restou dela.

_ A urgência em vê-la há dias, também porque há algo importante que eu precisava dividir. Há alguns dias, um caminhão de soldados da Base passou pelos portões, vindo não sei de onde, mas contendo pelo menos cinco pessoas sujas, vestindo roupas esfarrapadas, estavam todos assustados, entre eles algumas crianças choravam... Eu me escondi para observá-los, e os vi sendo conduzidos às docas, mantive uma distância segura e os segui, eles foram levados até o laboratório de infectologia, aquele onde você me encontrou com Gail.

Nesse momento eu parei de comer e estou absorvendo a informação de boca aberta, aguardando por mais detalhes ao mesmo tempo que estou a ponto de sair atrás dessas pessoas e descobrir quem são, de onde vem e se eu os conheço.

_ Beatrice, o laboratório estava calmo, Gail e uma pequena equipe de 4 pessoas os receberam. Ela os examinou pessoalmente e depois disso sua equipe aplicou alguma substância intravenosa naquelas pessoas que foram imediatamente conduzidas de volta pelas docas, postas no caminhão, que por sua vez desapareceu através da cerca.

_ Você não sabe quem são? De onde vieram?

_ Não, o mais estranho foi a reação de Gail quando eu mencionei o assunto. Naquele mesmo dia eu a chamei para tomarmos um café, iniciei a conversa com amenidades, tentando dar-lhe a oportunidade de mencionar o fato sem que eu forçasse a situação.

_ Um voto de confiança. - Eu o interrompo, nomeando sua atitude.

_ Exatamente! Mas ela permaneceu como se nada tivesse acontecido. Então resolvi lhe dar um estímulo, eu disse a ela que naquela manhã um caminhão de soldados havia chegado com pessoas,talvez extraditadas, mas que eu havia ficado intrigado quando mais tarde, no meu plantão no hospital, não havia visto ninguém novo por lá.... E sabe o que ela respondeu?

Eu apenas levanto as sobrancelhas, imaginando que ela deve ter desconversado, afinal Gail nunca me enganou.

_ Ela disse que também não viu ninguém novo no hospital. Que talvez as pessoas já tivessem sido alocadas na vila ou em algum experimento. Eu concordei, e não toquei mais no assunto, porque descobri que você estava certa, ela não é confiável, se escondeu um fato como esse de mim, é porque existe muito mais em jogo do que possamos imaginar.

_ E qual é o seu palpite? - Eu pergunto, me referindo as pessoas e ele me olha com uma expressão grave, as rugas de preocupação acentuando os pequenos sulcos em sua testa.

_ Não quero ser leviano, mas estou muito preocupado com o o que possa acontecer.

_ Por quê? O que você descobriu?

_ Eu voltei ao laboratório logo depois de falar com ela. Fui direto conferir a caixa do material de descarte e encontrei as seringas, colhi um pouco de material para teste e o que descobri foi de fato alarmante. Eles injetaram naquelas pessoas um vírus sintético altamente destrutivo e contagioso.

A informação me atingiu feito um murro no estômago. E só no que consigo pensar, é o rumo no qual aquele caminhão deve ter tomado.

_ Há quanto tempo foi isso?

_ Há cinco dias. Por quê?

_ Precisamos ver nos monitores!

_ Como assim? Ver o quê?

_ Acho que sei para onde foram levados. Chicago Wes! Ele os mandou para Chicago!

_ Não faz sentido Beatrice! Acho mais provável que os tenham enviado para a margem. Chicago está calma. não há motivos...

_ Você precisa descobrir se Tobias está bem! Por favor! - Eu suplico com a voz embargada pelo desespero que tenta regurgitar da minha garganta junto com o meu café da manhã.

_ Claro, claro, pode ficar tranquila. - Wes diz tentando tranquilizar-me enquanto acaricia minha mão com as pontas dos dedos.

_ Vamos voltar agora, eu vou para o Alojamento, preciso antecipar de alguma forma essa tal promoção e você por favor vá direto descobrir como está Tobias e não deixe de me mandar notícias.

_ Okay.

Nos levantamos e seguimos junto até o jardim. Wes segura minha mão e pára, por um momento ele me olha de forma tão complacente que confundo seus olhos com os olhos de minha mãe... Sinto uma pequena gotícula quente escapulir do meu olho esquerdo. Então ele me puxa para um abraço, aninho minha cabeça em seu peito, fecho meus olhos e tento convencer-me de tudo está muito próximo do fim, de que Tobias está bem, que logo, logo tudo isso ficará no passado.

_ Eu estou aqui Beatrice, e vou proteger você de todas as formas possíveis. Logo, logo vocês estarão a salvo e eu terei a oportunidade de conhecê-lo. Vou fazê-lo prometer que cuidará muito bem de você! E lhe direi que vou estar de olho! - Enquanto ele fala, eu me imagino em outra vida, em outra realidade, num domingo qualquer, onde Wes prepara hambúrgueres numa churrasqueira no jardim, enquanto eu conduzo Tobias até ele para apresentá-los... A imagem de um futuro com Tobias e Wes abranda meu desespero.

Eu me afasto o suficiente para olhá-lo nos olhos.

_ Obrigada Wes...

Ele sorri e planta um beijo na minha testa e sai apressado, provavelmente em direção a sala das câmeras... E eu corro em direção ao Alojamento.

*******

_ Então Capitão Fintch, o senhor conseguiu aprovação do General Sparks?

_ Ainda não falei com ele. Pretendia abordar o assunto novamente, hoje durante a reunião.

_ Não há como adiantar as coisas?

_ Mas por que a pressa? - Ele me olha intrigado.

_ Eu quero morar na vila, o Doutor Wes convidou-me para dividir uma casa com ele.

_ Desculpe a intromissão, mas ele não é muito maduro para a senhorita? - Ele fala um tanto constrangido, então me dou conta de que deve soar mesmo, muito estranho, já que ninguém faz ideia do nosso grau de parentesco.

_ Oh, não! Não é nada disso. Eu e afeiçoei a ele de forma fraternal...

_ Entendo! Me desculpe.

_ Não, tudo bem. Eu deveria imaginar que talvez causasse alguma estranheza.

_ De fato, o Doutor Sheifild nunca demonstrou interesse manter relações de cunho pessoal com ninguém... O mais próximo disso que soubemos dele, é que tem grande estima pela enfermeira Emma.

_ Ah, sim... De fato. Não há como não afeiçoar-se a ela.

_ Que bom encontrar os dois aqui!

Viro-me e vejo Sparks parado junto ao batente da porta. Imediatamente nos levantamos para lhe oferecer-lhe a nossa saudação militar.

_ General Sparks! Também tencionava vê-lo. Estávamos aqui conversando sobre o fato de que estamos perdendo tempo e negligenciando recursos, mantendo a Recruta Prior no treinamento militar. Pelo que acompanhei e com base no report que tenho recebido conforme já havia mencionado, o desempenho dela é muito acima da média, ela está no nível de ministrar e não aprender.

_ Imagino que queira sugerir que devemos promovê-la a soldado antes do término do curso.

_ Sim senhor. Imagino que seria muito útil se pudéssemos nos valer da experiência dela pata treinar nossos recrutas.

Ele estreita os olhos em minha direção, analisando-me por um longo tempo.

_ Não sei se você esta apta a receber tanta liberdade assim, já que na primeira oportunidade descumpre as ordens de seus superiores... Faz parte da sua lição como recruta aprender a cumprir ordens! Estamos preparando vocês para serem soldados e não rebeldes! - Ele cospe as palavras na minha cara meu primeiro impulso seria mandá-lo para o inferno, mas respiro fundo e tento concentrar-me no meu objetivo.

_ Desculpe senhor, não foi minha intenção, fiquei um tanto atordoada com o exame, não havia tomado café, e pensei que não haveria mal algum em comer alguma coisa na companhia do Doutor Wes. Não sabia que estava descumprindo uma ordem.

_ Creio que Tenente Keaton, não tenha se feito claro o bastante?

Pondero, imaginado um motivo que consiga desviar sua ira para outro rumo.

_ Na verdade, não. Pois ele autorizou o Dr. Wes a ministrar o exame em mim, de modo que, pensei que não se importaria se ele me levasse ao restaurante para comer um pouco da comida de lá, que é muito melhor do que a nossa. - Acho que fui bem sucedida, pois ele profere alguns xingamentos inaudíveis e chego a conclusão de que criei um grande problema para Keaton, mas... Antes ele do que eu...

_ E então General, o que me diz? Podemos promover a recruta Prior a Soldado? - O capitão Fintch insiste.

_ Vou pensar a respeito. Ainda não tenho uma opinião formada sobre isso.

_ Com todo respeito General, percebo que o senhor está relutante e deixar-me livre. Mas em algum momento isso terá que acontecer. E pode ter certeza, se eu quisesse transgredir alguma lei eu encontraria um meio, mesmo que estivesse presa em uma cela.

Os olhos deles estão faiscando, acho que não deveria ter ido tão longe, mas estou ansiosa demais, afinal é mais fácil transgredir leis estando livre, do que em uma cela... Ou alojamento.

_ Seria prudente que medisse suas palavras Recruta Prior. Agora me deem licença, tenho assuntos mais importantes para resolver. - Ele se vai sem esperar respostas.

Estou frustrada, falei demais e continuo na mesma condição de recruta!

_ É, talvez, não tenha sido uma boa hora. - o Capitão Finth conclui.

_ É, pode ser...

_ Mas de qualquer forma, na semana que vem você passa a ministrar os treinos, acho que desta forma ele será obrigado a reconhecer seu potencial e quem sabe lhe promova.

_ Obrigada Capitão Finth, mas acho que tão tem nada a ver com potencial... Acho que mais uma questão de confiança...

_ Sinto muito recruta.

_ Tudo bem. - Encontrarei um jeito.

*********

De volta ao dormitório, me atiro na cama e afundo o rosto no travesseiro, meu grito suprimido por algodão, plumas e sei lá mais o quê. Então as minhas mãos esbarram em um papel embaixo do travesseiro, eu o agarro e o envolvo na palma da minha mão. Levanto a cabeça apenas o suficiente para verificar se tenho companhia, mas não há ninguém a minha volta. Sento-me na cama desamasso o papel.

"Tris,

Precisamos conversar, é urgente. Me encontre ás 12h30 no hangar, estarei dentro do Jato NHUSA743.

Enrico"

Confiro o relógio já são 12h35! Estou atrasada! Disparo na direção do hangar sem tomar o cuidado que deveria. Quando finalmente chego, tenho que recuperar meu fôlego, aspiro uma grande quantidade de ar, curvo o corpo e apoio as mãos no meus joelho, em poucos segundo já estou ereta novamente e procurado pelo Jato NHUSA743. Olho um por um, mas este não está aqui! Corro para fora do hangar e vejo um jato taxiando na pista... Droga! Droga!

Corro até o primeiro jato que encontro, ligo o painel de controle e comunico-me com a torre.

_ José, é você que está aí?

_ Tris?! O que você faz aí?

_ Preciso falar com o Enrico.

_ Bom, agora ele já está voando.

_ Ele deixou um bilhete, disse que era urgente. Você sabe de alguma coisa?

_ Não sei. Por que você não sobe aqui e fala com ele pelo rádio?

_ Estou subindo.

A torre de controle fica numa construção paralela ao hangar, um prédio estreito, porém muito alto, o último andar é todo de vidro, para que o operador tenha 360º de visibilidade, da pista e do céu. Quando chego até o último andar, depois de subir os 10 andares de elevador vejo José operando um enorme painel de controle e falando com Enrico através de um microfone.

_ Ela está aqui! -

_ Põe ela no microfone.

_ Enrico! Desculpe, eu vim assim que li o seu bilhete.

_ Tudo bem Tris, eu preciso falar com você, mas por rádio é meio arriscado, alguém pode captar essa frequência. Então espere aí com o José, já vou descer.

_ Okay.

_ José, vou dar a volta no perímetro e já vou preparar o jato para pousar.

_ Okay, pode descer Enrico!

Enrico digita algumas coisas no painel, então volta-se para mim.

_ Tris, como estão as coisas? Conseguiu evoluir no plano?

_ Não tanto quanto eu gostaria...

_ Meu pai gostou de você, ele disse que embora o seu plano não seja de fato muito inteligente, a sua coragem pode nos levar a algum lugar...

Muito encorajador...

_ Agradeça o seu pai por mim, e diga a ele que estou aberta a sugestões.

_ Eu direi, pode deixar.

_ Veja, Enrico está taxiando na pista. - Eu digo aproximando-me do vidro.

_ Sim, já já ele deve estar aqui.

Depois de uns poucos minutos de silêncio constrangedor o bipe do elevador indica que Enricou chegou. As portas se abrem na mesma medida do sorriso em seu rosto, ele caminha em minha direção e envolve-me em seu abraço, levantando-me do chão.

_ Tris! Que saudades!

_ Nem faz tanto tempo assim, nos vimos no curso de pilotagem ontem.

_ É, mas eu tenho que ignorar você, não posso me aproximar. E tenho que dizer, você disfarça tão bem que as vezes chego a acreditar que de fato, estamos brigados.

_ Faz parte do plano, você sabe. Mas por que você precisava falar comigo, o que aconteceu?

_ Vem, vamos dar um volta.

_ Vocês precisam de privacidade? Eu posso sai... - Diz José, um tanto chateado.

_ Não cara, fica aí de boa, daqui a pouco vai aparecer alguém por aqui e a Tris e eu não podemos nos dar ao luxo de sermos vistos juntos. - Enrico explica a José e me puxa para dentro do elevador.

Quando as portas se fecham eu pergunto:

_ Aonde vamos?

_ Dar uma volta, acho que você vai gostar.

Quando chegamos ao térreo ele envolve seus dedos no meus e corre me puxando na direção do hangar, eu liberto a minha mão e corro ao seu lado, ele me olha de soslaio e sorri, vendo meu desconforto em andar de mãos dadas com ele.

Enrico me conduz a um pavilhão anexo ao hangar. Quando entro no local descubro que nele contém os veículos da Base, carros, caminhões, vans e até mesmo motos. Ele joga um capacete na minha direção e por muito pouco não deixo o objeto cair no chão.

_ Enrico! Você está louco?

_ Tris, louco eu sempre fui, mas pode ficar tranquila, sou um louco sensato.

_ Sim, sei, aonde você pretende me levar nessa coisa, sem que sejamos notados?

_ Para fora da cerca. Agora põe o capacete Tris.

Eu o obedeço. Embora pareça improvável que consigamos sair daqui, não consigo evitar de sentir a crescente excitação no meu estômago. Ele sobe na moto e acena com a cabeça para que eu suba também, é o que faço. O motor ruge feito uma pantera e saímos deslizando para fora do pavilhão em direção a cerca.

Quando nos aproximamos ele reduz a velocidade e diz:

_ Tris mantenha o capacete na cabeça e uma postura altiva e em hipótese alguma abra a boca.

_ Okay.

Ele se aproxima, tira o capacete da cabeça e fala com os 6 guardas que estão na cerca.

_ E aí?! Vamos dar uma volta por aí. Vocês podem abrir o portão pra gente?

_ Enrico, você vai acabar nos metendo em confusão.

_ Vai ser rapidinho, a gata aqui tá afim de uma aventura selvagem...

_ Se o Genaral Sparks descobrir nós vamos nos ferrar e vocês também.

_ Relaxem! Não seremos pegos...

_ Se a Alejandra descobre ela vai comer o seu fígado!

_ Do que você está falando seu idiota?! É a Alejandra!

_ Desculpe cara, foi mal. - O guarda se afasta da moto, aperta um botão e o portão deslisa para a direita, com um rangido estridente e quando a fenda que se abre o suficiente passamos zunindo pelos guardas em direção ao desconhecido.

A velocidade e o som do motor... Abro os braços para sentir o vento e absorver ao máximo essa pequena e efêmera sensação de liberdade, Enrico acelera ainda mais e dá uma leve empinada e por reflexo eu abraço a sua cintura para não cair. Ouço a sua risada acima do som do vento, sei que ele fez de propósito, mas não ligo, a sensação de liberdade compensa as brincadeiras desnecessárias dele.

A paisagem ao redor, é árida, desértica, sem muitos atrativos, mas só o fato de não haver nada delimitando a minha passagem, já a faz linda, encorajadora e revigorante. Chegamos ao que parece ser o emaranhado de entulhos do que talvez tenha sido uma cidade ou algo do gênero. Paramos junto ao que deveria ter sido uma casa em algum momento do passado, mas hoje não passa de paredes destruídas, sem teto e aberturas. Ele desce da moto, tira o capacete, um sorriso selvagem e malicioso em seu rosto garante que o passeio foi tão divertido para ele quanto foi para mim.

Desço da moto sem a mesma habilidade que ele, tiro o capacete e tento organizar o caos que deve estar o meu cabelo.

_ Se eu soubesse que seria tão fácil sair já teria te obrigado a far isso mais vezes.- Digo.

_ Na verdade eu descobri isso na semana passada com Alejandra, me parece que ela conhece todas as manhas para conseguir o que deseja. - Ele diz amargamente.

_ Estou curiosa, sobre o que você quer falar comigo.

_ Bem, Alejandra andou estranha nos últimos dias, me evitando em público, com visitas furtivas durante a noite, depois alguns passeios feito esse. Então eu lhe pressionei a falar. - Ele faz um pausa e fico ansiosa pela continuação, de modo que o encorajo fazendo um gesto com a mão.

_ Ela disse que o avô a ordenou a terminar o relacionamento comigo. Argumentando que ela ela é uma tola, que eu a estou usando para chegar até ele e que só alguém tão egocêntrica feito ela poderia interpretar essa minha aproximação desta forma.

_ Como ele sabe? - Digo boquiaberta, sem entender como ele pode saber.

_ Não sei, mas ele parece tão onipresente quanto ar que respiramos, é como se ele estivesse em toda parte.

_ E qual foi a reação dela?

_ A princípio ela ficou desconfiada, mas então eu a persuadi, agora ela está morrendo de raiva do avô e o quer morto.

_ Precisamos reverter esse ódio dela a nosso favor.

_ Eu já pensei nisso... A noite passada quando nos encontramos eu resolvi lhe contar a história que circula nas trincheiras sobre o que aconteceu com os dos pais dela. E sério Tris, eu cheguei a ficar com pena da diaba. Ela chorou feito uma criança... Mas mesmo assim não abandonei meu intento ao contar-lhe a história, sugeri que o avô é muito mais perigoso do que ela pode imaginar e sugeri que seria importante que eu soubesse como encontrá-la se por algum motivo ele a mantivesse prisioneira.

_ E então? - Digo, já não contendo mais o meu coração que bate descompassado com a possibilidade de descobrir o paradeiro exato do inimigo.

_ Ele vive praticamente num Bunker Tris, há 25 andares abaixo da terra, é uma fortaleza, nem uma bomba atômica poderia destruir o local. Existe passagens secretas que somente ele conhece e que o o levam para todos os lugares da Base em que desejar estar, mas há apenas dois elevadores que levam até ele, um é para seu uso exclusivo e o outro é utilizado para os membros do conselho, seguranças e por ela. Mas somente pode ser utilizado pelas pessoas cadastradas, as portas só se abrem com a leitura da íris dos seus passageiros.

_ Então pelo que posso concluir, só chegaremos lá na companhia de algum deles... No caso, Alejandra.

_ Na verdade, eu acho que as passagens secretas seriam o meio mais apropriado, pois ela jamais esperaria ser interceptado por ali, e nem os seguranças as conhece.

_ E como você pretende descobri-las?

_ Ainda não sei... Mas ela prometeu me levar até lá em algum momento.

_ É muito arriscado, mas vale a pena. Apresse-a, acho que nosso tempo está se esgotando...

_ Como assim Tris?

_ Wes me contou que viu um grupo de fora chegar escoltado por soldados, eles foram conduzidos ao laboratório e a equipe da Dr.ª Gail injetou nas pessoas um vírus altamente destrutivo e contagioso e depois os soldados as levaram sabe-se lá para onde... Mas de qualquer forma, cada minuto que perdemos, mais inocentes pagam com suas vidas, ou de seus entes queridos.

_ Dios Mío!

_ Além disso, você descobriu algo mais sobre ele?

_ Bem, eu a entrevistei o quanto pude, ou o quanto ela permitiu. Alejandra o descreve como um homem velho, 70 anos, de estatura mediana, pele clara, cabelos e barba completamente brancos,suas roupas, todas as suas peças de roupa são azuis, um tom de azul celeste, que lhe confere uma aparência quase que de uma divindade, ela nunca o viu usando outra cor.

_ Seus, hábitos, seus gostos, ela lhe contou algo sobre isso?

_ Ela diz que quando ele não está vigiando a movimentação na base e nos demais experimentos e dedica-se a leitura, quebra-cabeças e música clássica. Alejandra disse que o Bunker do avô é gigantesco, quase que da mesma extensão do complexo da Base, claro excluindo as áreas externas, mas mesmo assim acomoda uma biblioteca farta com estantes do teto ao chão, com todo o tipo de livros que você possa imaginar, ele possui uma estufa artificial onde ele cultiva flores sintéticas, mais especificamente orquídeas, de todas as tonalidades imagináveis e inimagináveis, elas são produzidas em laboratório, mas se assemelham muito as naturais, pois ele fez questão de preservar o ciclo da vida... Elas brotam, crescem florescem, exalam seu perfume e morrem...

_ E o nome? Ela disse?

_ É importante para você momear alguém como ele, inconfundível e que não existe outro? - Ele questiona e não vejo sentido na pergunta.

_ Sim, de fato precisarei saber seu nome, para acrescer a lista dos mortos pelos quais sou responsável e quem sabe um dia responderei por ela.

_ Nicholaus King, Presidente Nicholaus King... - Irônico não é mesmo? Chega a ser redundante.

_ Nicholaus King... - Eu repito, e o nome deixa um gosto amargo na minha língua.

_ Tris, precisamos voltar. - Ele interrompe meu devaneio.

Eu assinto com a cabeça e visto o capacete, ele monta na moto e o imito. Seu pulso força o acelerador três vezes e então ele solta os freios bruscamente os pneus protestam, derrapando um pouco, mas ele não perde o equilibro, partimos serpenteando pela estrada depredada deixando para trás uma nuvem de poeira no ar.


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