Convergente II escrita por Juliane


Capítulo 27
Ele - section II




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_ A garota, aquela pôs fim ao experimento. Como era mesmo o nome dela?

_ O que você sabe sobre a Tris? - Digo a raiva borbulhando na minha voz.

_Isso, esse era o nome dela! Eu sei o que todo mundo sabe na verdade. Vocês estavam o tempo todo na tv! E sabe, não tem muita coisa divertida para se fazer por aqui.

_ Como assim? - Christina verbalizou a pergunta que está ecoando na minha cabeça.

_ Claro que não passava em na rede de televisão doméstica, mas conseguimos capturar a frequência UHF de transmissão das câmeras de segurança da Base em NY e vocês eram a atração! Praticamente 24 horas por dia, nenhuma tomada era cortada para nossa cidade. Então imaginávamos naquela ocasião que estávamos todos seguros, até que um grupo de forasteiros foi encontrado desacordado nos limites da cidade. Nós os recolhemos para o hospital e quando percebemos dois terços da nossa população foi contaminada pelo maldito vírus. E o resto vocês já sabem.

_ Tris!!!, você viu a Tris? Ainda tem as imagens das câmeras de NY, podemos ver a base? - Eu digo e meu grau de desespero deve ter me traído pois vejo que ele está me olhado e sorrindo num tom de deboche que neste momento pouco me importa, tudo que eu quero é saber se ele tem imagens de lá.

_ Reconheço você agora! Você é o namorado dela!

_ Sim, eu sou, bem eu era...

_Era? Terminaram? Interessante. - Ele fala levantando uma sobrancelha como se essa informação lhe interessasse de alguma forma... Isso me irrita.

_ Ela morreu! Você não acompanhou pelas câmeras! - Christina abandou o tom amistoso e agora está gritando com Sean.

Ele solta uma gargalhada.

_ Se vocês dizem, quem sou eu para contradizê-los.

Nesse momento não consigo me conter, quando me dou por conta estou agarrado ao colarinho do imbecil cedendo por respostas. Os três capangas que o acompanharam estão com suas armas apontadas para a minha cabeça.

_ Calma gente! Calma! Tobias, solta ele! - Christina tenta conter a situação.

Eu afrouxo as mãos mas não solto estou exitante.

_ Easy, easy amigão. Se eu fosse você não contaria com a morte da sua garota. Pelo que soube ela está bem viva na base militar de NY

_ Ela está viva! - Estou em transe, solto o colarinho do imbecil e vou me afastando, atordoado com a informação.

_ Não faz sentido! Três anos se passaram! Ela teria feito contato, ela teria voltado! - Christina diz mais para si mesma do que para Sean.

_ Talvez ela não seja livre para decidir. - Sean argumenta.

_ Mas ela é inconsequente o bastante para não respeitar regras e normas. - Christina contra-põe.

_ Eles devem ter encontrado um jeito de fazê-la prisioneira.

_ Nós, somos nós quem a mantém presa aquele lugar. - Eu tenho um insight, é claro, devem estar ameaçando as nossas vidas, porque outro motivo ela aceitaria ficar longe de todos, longe de mim.

_ Pode ser sei lá. Mas pelo que vimos ultimamente ela está no exercito, tem uma alta patente, pois a vemos treinando e comandando soldados. Até cheguei a cogitar a possibilidade dela ter mudado de lado. Mas não me arrisquei a ir até lá para descobrir.

_ Posso vê-la? - Eu suplico.

_ Agora são dois pedidos: O soro antiofídico e a ver a garota. Não sei o que mais você poderia me dar em troca. - Ele diz num arrogante e extremamente impertinente e eu me dou conta que havia esquecido completamente de Cara e do seu soro. Tamanho é meu egoísmo.

_ Se você nos deixar vê-la, prometemos dar seu recado a ela e qualquer descoberta que formos capazes de fazer manteremos vocês informados. - Christina está muito mais racional do que eu o que lhe dá mais credibilidade para negociar.

_ Como poderei ter certeza?! - Sean pondera.

_ Você vai ter que confiar, afinal o que tem a perder? Estamos arriscando nossas vidas por um bem maior, espero que leve isso em consideração.

_ Sei o que você deve estar pensando, que fui cruel ao incinerar aquelas pessoas, mas saiba que não havia outro jeito, meu irmão foi preso, torturado e morto em NY durante a busca pela cura e eu acompanhei tudo em tempo real pelas câmeras, então tive que escolher entre viver ou morrer e eu escolhi viver e salvar aqueles que tinham chance. Então não me venha com essa baboseira de "Estamos nos arriscando por um bem maior."

Ele acena com a cabeça para que o sigamos e é o que fazemos sem pestanejar, embora estejamos em menor número e desarmados. Sean King nos conduz pelo gramado de modo que contornamos o velho prédio do campus e passamos por uma porta de metal enferrujada que dá para um ginásio depredado pelo tempo. Cruzamos a quadro a passos largos e adentramos um corredor com inúmeras portas do que penso terem sido salas de aulas a muito tempo, subimos alguns lances de escada até que chegamos no terceiro andar, caminhamos por um longo corredor até a última porta. Sean King abre a porta sem pedir licença alguma e tudo o que vejo são monitores. Telas por todos os lados. Lembra um pouco a sala de controle da audácia, mas as condições são mais precárias embora a sala seja pelo menos 3 vezes o tamanho da sala de controles que eu operava. Tem 4 rapazes operando os computadores e quando percebem a presença de Sean King eles empertigam-se nas cadeiras aguardando instruções.

_ Monitor 65 - Tomada Base NY. Motinor 47 Tomada CT¨Base NY.

Mãos furiosas digitam códigos nos teclados e procuro desesperadamente pelos monitores mencionados, 65 e 47. Então Sean percebendo minha aflição aponta com o dedo indicador para as telas certas. E vejo a Base NY no monitor 65.

É uma construção imponente, se agiganta no cenário devastado a sua volta, pessoas transitam por todos os lados a maioria delas veste o que parece ser uma vestimenta militar. No lado esquerdo há uma bela construção de tijolos rústicos com grandes janelas de vidros, algo que definitivamente destoa do prédio hostil que parece ser o Complexo que forma a Base de NY. Mais além posso ver uma viela que lembra muito o setor da abnegação, porém os prédios quadrados são um pouco maiores em altura e largura, poderia chutar que tem uns 3 andares cada. Estou absorto no monitor 65 e em toda a vida que vejo nele e então Christina me cutuca indicando o monitor 47.

Não posso evitar, caminho em direção a enorme tela para ver melhor, para quem sabe poder tocá-la... Estou com a testa colada ao monitor, a necessidade de diminuir a distância é tamanha que se eu pudesse transporia esse espaço. Ela está com o cabelo crescido, quase tão comprido como quando a conheci, eles estão presos num rabo de cavalo. Tris veste uma calça verde militar com coturnos e uma camiseta preta justa o bastante para ressaltar toda sua feminilidade mesmo num traje tão hostil e masculino, ela segura um fuzil, está dando lições a uma turma mais jovem pelo que vejo. A sua fisionomia séria, os traços austeros. Onde foi parar a Tris que conheci, corajosa porém doce e a sua aversão por armas devido ao trauma de ter matado o Will durante aquela maldita simulação?! O que aconteceu com ela? Quem é ela. As lágrimas traiçoeiras estão rolando pelo rosto, eu sei que deveria estar envergonhado, mas não estou, eu preciso vê-la, quero tocá-la, falar com ela. Não aguento mais esperar.

Christina põe a mão no ombro como que tentando me confortar. Mas confortar por quê? Tris está viva, estou indo buscá-la, tudo será como antes. Ela é minha e eu sou dela, nada nem ninguém poderá mudar isso.

_Vamos Tobias! Precisamos levar o soro antiofídico para Cara e contar aos outros o que descobrimos sobre o vírus e também... - Ela interrompe a frase no meio e sei o que ela quer dizer.

_ Precisamos dizer a todos que a Tris está viva! Vamos resgatá-la! - Eu digo.

Christina me lança um olhar condescendente, posso imaginar o que está pensando e provavelmente o que todos vão pensar... Ela me puxa e me afasto do monitor com uma certa relutância, não consigo desviar os olhos da tela. Então vejo ela dispensar a turma. E de repente um cara se aproxima dela sorrateiramente, ele têm dois capacetes na mão e com a mão livre ele lhe dá um susto. Por reflexo ela se vira com o rifle apontado para testa dele e então ambos caem na gargalhada. Ela pega um dos capacetes da mão dele e ambos saem de cena rindo e conversando. Eu estou parado na porta de frente para o monitor e um misto de sentimentos toma conta de mim. Como ela pôde? Não parece estar sentindo a minha falta. Enquanto eu morria um pouco a cada dia ela saía com um sujeito rindo e conversando como se eu não existisse, como se não soubesse o quanto eu estive sofrendo durante todo este tempo em que acreditei que ela estava morta. E que é esse cara? Que grau de intimidade eles têm? Estão juntos? Ela parecia feliz, e essa constatação me destrói embora eu tenha consciência do quão egoísta estou sendo.

_ Vem vamos Tobias, não há mais nada que possamos fazer por aqui. - Christina diz enquanto me puxa pelo braço, eu não respondo, apenas a sigo. Estou perplexo demais para esboçar qualquer reação.

Caminhamos de volta ao andar térreo e o Sean abre a porta de uma das salas que está repleta de armários com todo o tipo de medicamento e aparato de saúde. Há um balcão que nos separa das estantes então Sean chama pelo atendente.

_ Thomas, meus amigos aqui precisam de um litro de soro antiofídico, cateter, agulhas, soro fisiológico, álcool, luvas, gazes, enfim... você sabe. - Sean pede enquanto o rapaz agilmente vai colhendo os materiais citados e colocando-os numa sacola de papel e então entrega tudo a Sean.

_ Aqui está Christina. - Ele entrega para ela a sacola e nos conduz em silêncio até a saída. Quando estamos há alguns metros de distância nos preparando para iniciar a corrida de volta, ele grita:

_ Admiro a sua coragem! Mas quero alertá-los de enfrentarão todo tipo de perigo em NY. O presidente é a chave. Matem o presidente e libertem o seu povo, libertem todos nós.

Christina assente com a cabeça e nos pusemos a correr de volta ao nosso acampamento. Não proferi uma palavra se quer e estou agradecido por ela estar respeitando meu silêncio. Tento acreditar que este é fruto de sua condescendência e não do esforço físico que estamos fazendo.

Retornamos 2 horas e meia depois da nossa partida. Cara está abatida, suando frio e Caleb desesperado está com um pano ensopado na testa dela.

_ Até que enfim! Conseguiram? - Ele diz aflito.

_ Sim, conseguimos. - Christina entrega o embrulho a ele que se encarrega de preparar a solução intravenosa. Não se passaram nem 30 segundos e e o cateter já está conectado a veia do braço de Cara transportando o soro para dentro da sua corrente sanguínea.

Caleb está visivelmente mais relaxado então ele diz:

_ Ainda bem que vocês chegaram a tempo, eu estava cogitando a possibilidade de amputar a perna dela para que o veneno não se espalhasse pelo corpo.

_ Eu ainda estou consciente! Jamais permitiria que você amputasse a minha perna! - Cara diz.

_ Se fosse para salvar a sua vida eu não lhe daria escolha. - Ele diz com um sorriso no rosto.

_ Tudo bem, agora que Cara está a salvo, eu gostaria de saber se vocês se importam se eu for na frente. - Digo sem saber ao certo se quero contar o que vimos, se quero me justificar, o fato é que preciso andar para pensar em tudo isso.

_ Como assim Quatro?! Não vamos nos separar! - Zeke diz.

_ É só que eu preciso me manter em movimento se não vou pirar. - Eu digo. E antes que eu possa dar qualquer informação adicional Christina vomita tudo de uma vez.

_ Tris está viva! Está na Base de NY, aparentemente agora ela é uma militar e trabalha para o governo.

Eu a olho estupefato, como ela ousa chegar a essa conclusão baseada apenas em alguns minutos de imagens que vimos?

_ O que foi que você disse? - Zeke fala descrente nos próprios ouvidos.

_ A Tris está viva. - Ela responde e não posso aguentar ouvir o que vem a seguir então eu corro.

Eu corro em qualquer direção, corro sem querer chegar a lugar nenhum, quero apenas clarear as ideias, compreender o que aconteceu, preciso tentar entendê-la e não julgá-la é o que ela faria por mim, não é? Mas é tão difícil. Eu devia estar feliz agora, mas só o que consigo pensar é nela rindo com aquele cara, na cumplicidade dos dois, que provavelmente estavam de saída para um passeio de moto.

_ Calma aí irmão! - Grita Zeke ofegante.

Então diminuo o ritmo e ele me alcança.

_ Foi tão ruim assim? Afinal essa deveria ser uma boa notícia. Quer conversar?

_ Zeke, como ela pôde me deixar nesse sofrimento por 3 longos anos! Você tem noção do que é acreditar que a pessoa que você mais ama no universo está morta? Você tem noção do que foi para mim aquele funeral? Você tem noção do sacrifício que tem sido respirar?

_ Quatro eu perdi Uriah, meu irmão, sei do que você está falando e sério cara, não importa o motivo que o teria feito ficar longe sem dar notícias, se eu tivesse a chance que você esta tendo agora, de tê-lo de volta, eu seria a pessoa mais feliz do mundo.

As palavras de Zeke são como um soco no meu estômago, eu sabendo de Uriah e principalmente ter colaborado indiretamente para incidente que causou a sua morte tive a coragem de despejar tudo em cima dele. Eu sou um tremendo imbecil egoísta.

_ Ei, Quatro! Eu sei o que você está pensando, não quis te chatear com a história do Uriah, o que eu quero é que você fique feliz por ter uma segunda chance! - Zeke diz e eu me pergunto será que sou tão transparente assim?

_ Mas ela estava lá toda feliz, treinando uma turma de soldados, depois chegou um cara eles pareciam estar se divertindo e até saíram com capacetes na mão, provavelmente foram passear de moto juntos. Como você se sentiria se acreditasse que a sua garota está morta e que durante três longos anos ela não teve a decência nem de lhe mandar uma carta, um e-mail, um sinal de fumaça, sei lá o que mais para lhe dizer, olha só eu estou viva, mas não quero voltar, não quero mais você, conheci outro cara, se cuida e a gente se vê! Como você se sentira?

_ Quatro, ouve o que você está me dizendo mano! Você viu eles se beijando? Tava rolando romance?

_ Não. Mas estavam rindo um pro outro.

_ O que pode indicar que são amigos. Nossa cara, você está muito paranoico. Já te ocorreu que ela possa ter perdido a memória, ou sei lá?! O caso é que você não pode ficar aí se torturando sem antes ir até lá, ficar frente a frente com ela e descobrir por si mesmo o que de fato aconteceu.

_ Desculpe. - Digo olhando para as minhas botas, porque estou muito envergonhado pelo ciúme tolo, por reagido desta forma a que deveria ser a melhor notícia da minha vida. A final quando partimos em busca de informações sobre o vírus sempre fantasiei que pudesse encontrá-la e agora que sei que está viva eu tenho um ataque de ciúme?!

_ Tudo bem irmão! Não temos segredos lembra?! - Ele diz me puxando para um abraço.

_ Agora vamos voltar lá, esperar até que Cara tenha condições de andar e em seguida partimos, todos juntos. Não sabemos que tipo de perigo encontraremos pela frente e juntos temos mais chances de sobreviver.

– Tudo bem. - Digo.

Caminhamos lado a lado até o acampamento sem dizer nada. Ao chegar Cara está sentada, forçando um sorriso, ela diz:

_ Já estou melhor, se me ajudarem a ficar de pé, acho que consigo andar. - Ela fala.

_Sem essa, você precisa pelo menos de umas 8 horas de sono. - Caleb diz e fico muito irritado, afinal ele deveria estar tão ansioso quanto eu para encontrar a irmã.

_ Não tô nem um pouco afim de pegar no sono aqui. Por tanto se ninguém me ajudar vou levantar sozinha por conta própria. - Cara sempre foi muito teimosa, desde que eu a conheci sempre achei essa a sua característica mais irritante, mas agora, confesso que virou sua maior virtude.

Me apresso em ajudá-la, Zeke e Christina me seguem enquanto Caleb nos lança um olhar de reprovação. Ela fica de pé, dá alguns passos mancando.

_ Ela precisa ao menos de uma muleta! - Caleb grita, intencionalmente repreendendo a todos nós.

Zeke se apressa em providenciar uma com um galho seco de uma velha árvore que definha à beira da estrada por falta de chuva.

_ Pronto! Acho que isso deve servir.

Cara experimenta a nova bengala e sorri para nós.

_ Muito melhor! Vamos lá encontrar a nossa garota e descobrir a cura para este maldito vírus.

Nós a escoltamos, todos a sua volta caminhamos num ritmo irritantemente lento, mas antes isso do que a inércia.

Depois de três horas de caminhada seguimos o ritual da refeição, hidratação, descanso, sono e mais caminhada e assim percorremos 174 quilômetros . Ao longe posso ver a sombra da silhueta da Base Militar de NY, as sombras da noite que chega deixam a construção mais sinistra ainda e conforme nos aproximamos vejo que a atividade intensa que vi pelos monitores de Sean King acontecem somente a luz dia. Quando estamos há 500 metros da base Caleb diz:

_ E então qual é o plano? Christina disse que o irmão do tal Sean King foi morto ao tentar descobrir a cura para o vírus. Isso quer dizer que muito provavelmente eles não são tão amistosos com forasteiros.

_ Se dissermos que estamos perdidos, procurando ajuda, será que cola? - Christina divaga.

_ Claro que não né! Eles provavelmente sabe quem somos. Acompanham nossas vidas pelos monitores, esqueceram? - Cara diz.

_ Provavelmente já devam estar esperando por nós. - Caleb conclue.

_ Bom então a única chance que temos é chamar a atenção da Tris, aposto que ela jamais deixaria que nos fizessem mal. - Eu digo.

_ Esse é um bom plano! Mas como faremos isso? - Zeke quis saber.

_ Vamos nos aproximar sorrateiramente e ficar na espreita, assim que ela surgir a gente faz um alvoroço. - Eu sugiro, porque não pensei em nada melhor.

_ A chance de levarmos uma saraivada de balas é grande. Mas talvez seja nossa única chance. Zeke conclui.

Nos aproximamos da cerca que circunda a base. A noite e o mato alto camuflam nossa presença, estamos rastejando lentamente. Os soldados que guardam a cerca não notaram nossa presença. Está tão tarde que acho pouco provável que ela apareça agora, então viro-me de modo que agora estou deitado de barriga para cima, olhando a imensidão negra acima de mim. Essa é noite de lua nova, pois o céu está iluminado apenas por algumas estrelas. Enquanto observo tento imaginar a reação da Tris ao me ver, tento pensar no que dizer a ela e nada me ocorre.

_ Ei, vejam. _ Zeke sussurra e aponta para o lado de dentro da cerca.

E vejo Tris saindo do que parece ser um Hangar ela caminha sozinha olhando para o céu. Será que está pensando em mim, assim como estou pensando nela?! Então ela para junto ao que parece ser um buço de alguém importante, mas ela não liga porque se senta de modo que está escorada na estátua admirando a noite sem lua.

_ É agora ou nunca pessoal! - Zeke diz enquanto rasteja para mais perto da cerca e nós o seguimos.

Estamos aproximadamente há 100 metros dela, sinto a minha pulsação nos ouvidos, as mãos estão amortecidas, engulo em seco tentando forçar o meu coração que tenta sair pela boa a voltar para o seu lugar. Então tudo acontece tão rápido que quase não tenho tempo de processar. Christina se levanta e grita:

_ Tris!!!! Tris!!!!

E eu ouço o primeiro tiro! Me atiro em cima de Christina tentando protegê-la com o corpo e sinto o líquido viscoso e quente entre nós.

_ Parem! Parem de atirar! - Ouço os gritos de Tris!

_ Parem de atira! - a voz se aproxima.

_ Christina! Christina! É você?

_Saio de cima de Christina quando os estampidos se calam ela está desacordada, o tiro atingiu seu abdome, mas ela ainda está respirando!

_Tris somos nós! Christina está ferida! precisamos de um médico! - Zeke diz.

Eu me levanto coberto de sangue me aproximo da cerca. Nossos olhos se encontram, as lágrimas nos olhos dela denunciam que ela sentiu a minha falta. Me aproximo lentamente, estamos frente a frente a cerca nos separa. Não resisto toco seu rosto com a minha mão em concha e ela deita a cabeça sobre a minha mão.

Então ela puxa um walkie talk do cinturão aperta um botão e diz para quem quer que esteja do outro lado da linha:

_ Preciso do Wes aqui, agora! Feridos!

Então ela não espera por respostas larga o aparelho no chão e me puxa com as mãos entre as grades e seus lábios tocam os meus violentamente, urgentemente com tamanha intensidade que chego a pensar que poderemos nos fundir num simples beijo. Não, definitivamente não é um simples beijo e nunca será. Quando é com ela é o céu e a terra, é um vulcão em erupção, um tornado sugando tudo, e nesse momento qualquer dúvida, ciúme ou raiva se dissipa nesse encontro de almas. Nossa como eu senti falta disso.


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