Os Dois Lados de Um Espelho escrita por Hypnos Black


Capítulo 2
Bancando o herói, o encontro




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/54430/chapter/2

Droga! O que aquele anão tem na cabeça?” Se perguntava Hiei enquanto observava aquela multidão de pessoas andando de um lado pro outro.


 


Sua paciência com Koenma já estava além do limite. O que aquele idiota pensava que ele era?


 


Sem dúvida o achava com cara de pombo-correio?


 


O comandante do Rekai havia mandado-o que entregasse à Yusuke sua próxima missão.


 


Com a encomenda nas mãos, o korime passava os olhos pela multidão, totalmente concentrado em localizar Yusuke ou até por algum sinal de Kuwabara. Então foi completamente distraído ao sentir uma leve energia espiritual, não muito longe de onde estava.


 


“O que está acontecendo? De onde vem essa energia mínima?”


 


Intrigado, Hiei desceu de onde estava, deixando de lado a buscar por Yusuke, e passando a procurar discretamente a fonte daquela energia.  Sua busca acabou dando em um terreno baldio. O moreno parou para observar com curiosidade a cena que se desenrolava ali.


 


“Ótimo! Era tudo o que eu precisava” – pensou o rapaz com desdém.


 


Uma garota estava sendo cercada por quatro rapazes. A menina tinha longos cabelos castanhos, presos em um rabo de cavalo e olhos azuis escuros; estava sentada no chão e a frente de seu uniforme estava sujo de sangue; seu rosto ia ficando cada vez mais pálido à medida que tentava ganhar distância entre ela e os seus agressores.


 


- Não fique assim, docinho. Não vamos lhe fazer mal. – disse um deles enquanto sorria com malícia.


 


- É! Venha se divertir com a gente! – riu o segundo rapaz com uma faca nas mãos e ia em direção a garota indefesa.


 


- SE AFASTEM! – ela berrou assustada.


 


Hiei soltou um suspiro, entediado. Se caso se envolvesse teria problemas com o Rekai depois e isso não o deixava nada entusiasmado; Não podia machucá-los, muito menos matá-los, mas não podia ficar sem fazer nada?


 


Podia?


 


Dois rapazes se aproximaram e seguraram a garota pelos braços, prendendo-a, enquanto os outros dois se aproximavam pela frente. Hiei continuava parado no mesmo lugar, sem saber se acabava ou não com aquela palhaçada, até sentir novamente aquela energia mínima. Foi só por um instante até ela desaparecer novamente. “De onde vem isso?” – pensou intrigado.


 


- He!He! Não adianta lutar, garota! – os quatro agora riam com prazer.


 


Sentiu a energia de novo. Espantado, Hiei finalmente se deu conta que a fonte vinha daquela garota...


 


- Você é minha! – gritou um deles e o golpe de faca destinado ao rosto da garota acabou enterrado na...


 


- Heim?


 


A garota abriu os olhos, assustada. Em volta de si os homens estavam caídos no chão, vivos, mas inconscientes. Inclusive os dois que a seguravam.


 


Hiei encarava os homens desacordados com desprezo.


 


“Inúteis!” pensou o moreno enquanto tirava a faca enterrada em sua mão. O rapaz volta à atenção para a garota que caminhava com passos vacilantes, em sua direção...


 


- Droga, – ele reclamou quando a garota caiu desacordada em seu colo.


 


Com um cuidado que até mesmo ele estranhou, Hiei se sentou no chão com a garota em seu colo. Observou- a, intrigado por um momento. Qual o significado daquela energia que a envolvia? Olhou para ela novamente... Ela parecia uma humana comum, sem qualquer coisa em especial; Analisou-a mais de perto, se assustando a seguir: saía uma grande quantidade de sangue de seu ferimento. Se ele não fizesse nada e rápido a garota teria grandes problemas.


 


 


- É melhor levá-la ate o Kurama. – decidiu levantando-se


 


Com cautela, seguiu o mais rápido que podia ate a casa do Kitsune com a garota no colo.


 


*


 


Kurama tentava, sem sucesso, estudar para uma prova que teria no dia seguinte. Estava complicado se concentrar com o barulho da chuva que caia somada com o estardalhaço que Yusuke e Kuwabara aprontavam jogando cartas bem a seu lado. Suspirando, o ruivo desiste de estudar, fechando os livros para observar a pequena discussão travada entre aqueles dois.


 


- Pô, Urameshi, assim não vale, você ta roubando! – Kuwabara reclamava após sofrer mais uma derrota.


 


- Que roubando o que, seu mané, você é que ruim!


 


- Não briguem crianças. – pediu Kurama em tom calmo, se divertindo como sempre fazia quando os dois amigos aprontavam uma das suas.


 


O tom sereno de Kurama desapareceu na hora quando ele olhou para a janela. Os outros dois se viraram depressa para onde o ruivo olhava.


 


- Mas, heim...


 


- Hiei? – perguntou Yusuke abobado


 


O moreno havia aparecido do nada na janela do quarto, estava completamente ensopado e segurava uma garota desacordada nos braços.


 


- Seu nanico, o que você fez com ela seu... – Kuwabara perguntou indignado indo em direção ao moreno.


 


 Hiei o ignorou entrando no quarto. Yusuke e Kurama aguardavam em silêncio pela resposta. O detetive, com expressão embasbacada, o ruivo com expressão calculista.


 


- Eu não fiz nada com ela. – respondeu ele – Uns humanos a atacaram, eu a salvei só isso.


 


- Você a salvou? – perguntou Kuwabara incrédulo.


 


- Rapaz, não é mole não. Que coisa de louco! – comentou Yusuke tentando não rir da cara perigosamente homicida do moreno. Desde quando Hiei salvava donzelas em perigo? – Cruzes que esquisito... – murmurou o detetive.


 


- Coloque-a aqui. – pediu Kurama abrindo espaço.


 


O moreno depositou a garota com cuidado na cama. Kurama se aproximou, rasgando uma parte do uniforme. Os outros desviaram o olhar, constrangidos ao verem a barriga da garota exposta; havia uma pequena facada ali, mas o ferimento não parecia ser muito fundo.


 


- Por sorte não atingiu nenhum órgão vital. – informou Kurama – Será fácil cuidar disso. – completou se levantando para pegar algumas ervas.


 


A ferida foi cuidada com habilidade e logo a garota estava acordada, um pouco assustada ao se ver cercada por quatro rapazes novamente, mas parecia estar bem.


 


- Ah!! – a menina deu um pulo sobressaltado, levantando-se da cama, trôpega.


 


- Calma ai minha filha. – pediu Yusuke com um sorriso – Você esta entre amigos.


 


- É não estressa não. – reforçou Kuwabara


 


A garota continuava em alerta. Yusuke e Kuwabara continuavam sentados, tentando não deixá-la mais agitada. Kurama nem se moveu. Ignorando a reação súbita, Hiei obrigou-a a deitar de novo na cama e ao vê-lo se aproximar, a garota se lembrou: Fora atacada quando voltava para casa e aquele estranho garoto a salvou.


 


- Qual é seu nome? – perguntou Kurama delicadamente interrompendo seus pensamentos.


 


- Miyuki Tsubasa. – ela responde com um sorriso.


 


- Miyuki, esses são Yusuke e Kuwabara, me chamo Kurama e aquele ali é o Hiei. – o ruivo os apresentou sorrindo como a garota.


 


- Obrigada por cuidarem de mim.


 


- Ih, relaxa! Não fizemos nada demais. – comentou Yusuke com outro sorriso.


 


- É se quer agradecer alguém, agradeça a ele. – disse Kuwabara empurrando Hiei para frente, louco de vontade de ver sua reação.


 


Hiei lhe lançou um olhar mortal.


 


“Maldito cara amassada” pensou com raiva ainda sem olhar para a garota.


 


Miyuki havia se levantado da cama e fitava o moreno com doçura e agradecimento no olhar.


 


- Obrigada! Você salvou minha vida. – disse ela se aproximando.


 


- Hn! Não preciso disso.


 


A garota o ignorou, vencendo a distância entre eles. Hiei a fita com frieza como se a desafiasse a se aproximar mais; Geralmente aquele olhar era o bastante para intimidar qualquer um, evitando que alguém se aproximasse, mas para surpresa de todos, inclusive a do moreno, Miyuki pegara em sua mão.


 


- Está machucada. Desculpe foi por minha culpa. – pediu ela em voz baixa.


 


- Hn! Não é nada. – discordou ele friamente retirando sua mão das dela, fazendo pouco caso da facada que levara para protegê-la.


 


- Nada o que! – retrucou Miyuki pegando novamente sua mão, sem demonstrar medo algum da expressão do rosto do moreno.


 


Hiei olhou para os outros como se os desafiasse a rir. Yusuke estava quase explodindo em uma grande gargalhada, mais um pouco e Kuwabara estaria rolando pelo chão; Já Kurama mais discreto apenas sorria de leve.


 


- Para com isso, sua inútil.


 


- Calado. – mandou ela autoritária rasgando outra tira de seu uniforme e com ela enrolando a mão do moreno. – Pronto neném, não doeu nada. – acrescentou com um sorriso.


 


“Não é possível! Uma humana me mandou calar a boca. Ela me chamou de neném?” Pensou ele atônito


 


Aquilo fora o bastante. Yusuke e Kuwabara explodiram em grandes gargalhadas. Até mesmo Kurama havia mandado à descrição as favas, passando a rir abertamente.


 


- Parem com isso, idiotas! Tão rindo do que? – perguntou Hiei ríspido.


 


- Huahauhauahau! De você! – Kuwabara até chorava de tanto que ria. – Mandou bem, heim, baixinho.


 


- Do que estão rindo? – perguntou Miyuki espantada.


 


- Ahahah... de... hauhauah...nada... não – Yusuke conseguiu dizer.


 


 Hiei encarava os amigos, zangado. Miyuki, porém sorriu de volta pra eles. Estava cansada já era tarde e era a hora de ir para casa.


 


- Ai caramba, olha só a hora. Desculpem gente, preciso ir. – disse Miyuki começando a sair do quarto.


 


- O ferimento não é muito grave, mas você perdeu muito sangue. Precisa descansar bem. Estou falando sério. – disse Kurama enquanto acompanhava a garota ate a porta.


 


- Não se preocupe. Obrigada por tudo.


 


- Disponha.


 


Kurama voltara ao quarto. Kuwabara e Yusuke ainda riam. Hiei os encarava irritado, sinal que era a hora de pararem com a brincadeira, se quisessem continuar vivos.


 


- Hiei, o que foi isso? – perguntou Kurama severamente.


 


- Aquilo que já expliquei. Não venha com histórias, Kurama.


 


- Tem certeza? – perguntou o ruivo novamente


 


- Salvar garotas não é típico de você. Ta aprontando o que seu baixinho? – Kuwabara perguntou desconfiado.


 


Hiei ignorou as perguntas. Normalmente jamais teria se envolvido na história; salvar humanas em perigo não era de se feitio, mas aquela estranha energia que emanava daquela garota o havia intrigado. Mas seria apenas esse o motivo? Teria Kurama também percebido?


 


- Bom vou indo nessa! – disse Yusuke se levantando.


 


- Opa! To indo também! – disse Kuwabara.


 


Antes que os dois dessem sequer dois passos, Hiei barrou o caminho.


 


- O que foi nanico?


 


O moreno tirou uma fita do bolso, passando-a para o detetive.


 


- É do Koenma. Sua próxima missão.


 


- Finalmente vou quebrar a rotina. – disse Yusuke animado recebendo a fita. - Kurama tem vídeo ai?


 


Hiei não tinha mais nada para fazer ali. Estava quase indo embora, mas algo lhe dizia que devia permanecer onde estava. O moreno decidiu ficar e ver o conteúdo da fita.


 


*


 


O vento açoitava o lado de fora daquela fortaleza de pedra. No meio do salão destacava-se uma forte explosão de energia esverdeada e, bem no centro dela, encontrava-se uma garota suspensa no ar. Aparentava ter no máximo 15 anos; estava inconsciente e assim que a energia que lhe envolvia se fora, seu corpo desabou no chão, sem vida.


 


O homem que observava suspirou frustrado, levantando-se da poltrona... Aquela já era a sexta humana que testava e até agora nada. Sorriu de leve, recusando-se a desanimar. A humana com aquele poder extraordinário estava em algum lugar lá fora.


O jeito era continuar a busca por aquela ferramenta.


 


- Senhor. – um de seus subordinados se aproximou dele.


 


- Vocês sabem o que fazer. – ordenou ele. – Prossiga com a humana morta como planejamos... Continuem procurando. Precisamos ser rápidos antes que o Rekai nos atrapalhe.


 


O rapaz se afastou, deixando o seu senhor. Sozinho no grande salão, apenas um pensamento lhe dominava sua mente:


 


“Aquele poder será meu e ninguém vai me deter.”


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Os Dois Lados de Um Espelho" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.