Gostaria de fazer uma breve apresentação dessa história. É minha primeira fic no universo de Yu Yu Hakusho. Espero que gostem.

Hiei jamais imaginaria que uma humana pudesse afeta-lo tanto. Para ele ela sempre seria uma humana idiota, alegre, incapaz de esconder seus sentimentos. Mas quando Miyuki é forçada a encarar seu passado e um segredo guardado a 7 chaves pelo Rekai, Hiei não só descobrira que aquela garota significa algo muito mais forte como também é o único capaz de ajudá-la a vencer essa batalha.

1. Estranhos sentimentos

***

Todos têm que fazer escolhas ao longo da vida.

Algumas delas nem sempre são aquelas que

gostaríamos.

Mas as conseqüências por elas são sempre nossas

E não há como evitá-las.

Nem se arrepender delas depois.

***

Mundo das trevas

O frio e a escuridão aumentavam cada vez mais à medida que Hiei, Kurama, Yusuke e Kuwabara avançavam pelos labirintos intermináveis que era aquela masmorra a procura da garota que vieram resgatar, Miyuki.

Miyuki. Como era possível que uma humana pudesse mexer tanto assim com ele? Fingir que não se importava já não era mais uma solução. Fugir então era mais idiotice ainda.

Que ironia aqueles pensamentos lhe causavam. Hiei sempre considerou as humanas apenas garotas idiotas, movidas por seus sentimentos mais ridículos, mas que papel ele estava fazendo agora?

O rapaz balançou a cabeça de leve, tentando afastar aqueles pensamentos imbecis de sua cabeça. Aquela não era hora de pensar nas consequências por suas escolhas, mas não pôde deixar de sorrir, de modo sarcástico ao constatar que aquilo que Kurama lhe alertara há alguns meses atrás estava realmente de fato acontecendo. Aquela humana inútil tinha se tornado muito mais importante pra ele do que Hiei planejara.

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Sete anos antes

Aquele lugar era muito frio e deprimente ate demais para um laboratório de pesquisas.

O vento acoitava os corredores escuros daquele lugar onde ficavam algumas celas. Um cheiro fétido empesteava o local e um constante som de água pingando era o único vestígio de vida vindo daquele lugar.

 Apesar de ser um local hostil aquele era o mais próximo de um lar que ela conhecia. Mãos enluvadas era a única coisa que a tocava, vozes frias era o único som que ela ouvia. Na porta possuía várias marcas de arranhão, marcas que ela fez ainda pequena, ou melhor mais nova por que pequena ainda é, foram feitas na luta por sair daquele lugar, mas nunca estavam perto para ouví-la e com o tempo aprendeu que nem seus gritos e nem suas lágrimas eram o bastante para causar comoção em seus captores.

Seus olhos que há muito tempo eram belos como as águas profundas de um lago miravam sem vida ou emoção uma das paredes de pedra, seus cabelos apesar de um pouco sujos eram castanhos, chegavam até seu ombro e caíam levemente sobre seus olhos enquanto abraçava as pernas. Ela ficava muito tempo naquela posição, se sentia estranhamente segura, ou algo muito próximo a isso.

- BUMMMMMM!!!!

Um estrondo invadiu a sala, mas apesar de todo o barulho a garota mal ergueu os olhos para registrar a entrada de um rapaz alto, de cabelos castanhos claros que caminhava com firmeza em sua direção. O recém-chegado a fita com seriedade e a expressão com que a garotinha lhe olhava era tão gélida e desprovida de quaisquer sentimentos causando um desconforto total ate em uma pessoa desprovida de sentimentos como ele.

- Vamos sair daqui! – o rapaz pegou a criança no colo e a carregou pra fora, em breve o local todo viria a baixo

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No Rekai, alguns dias depois, o Rei Enma estava sentando em sua cadeira, lia com atenção alguns documentos postos em sua mesa. A sua frente o atual detetive espiritual aguardava sua próxima ordem. Terminada a leitura Enma encara o detetive muito sério.

- Quem mais sabe sobre isso? – perguntou Enma em voz baixa

- Ninguém, além de mim e a guia- espiritual – o detetive respondeu sem mudar o tom frio de sua voz.

- Ótimo! Preciso que a memória da humana seja apagada. O Mekai já demonstrou interesse nos poderes dela, precisamos fazer de tudo para que seus poderes não caiam em mãos erradas.

- Ela não sobreviveria ao processo. Suas feridas em sua mente ainda são muito profundas. – retrucou o detetive espiritual ainda mais seriamente.

O rei Enma se apoiou em sua cadeira, pensativo. Após um minuto abriu sua gaveta e de lá tirou um molho de chaves, jogando-as para o detetive que as pegou, confuso.

- Essas são as chaves de um pequeno chalé, lá na Terra. Vá pra lá e proteja a humana ate que ela esteja forte o suficiente para suportar o processo que modificara sua memória. –ordenou o líder do Rekai

Sem dizer mais nada o detetive espiritual saiu da sala de seu superior com a garotinha nos braços.

Chegou no chalé ao anoitecer. Enquanto a garotinha dormia o detetive lia os documentos que foram encontrados quando resgataram a menina,eles descreviam os mais variados tipos de experimentos e tratamentos pelos quais ela passou. Não era à toa que enquanto dormia ela tinha pesadelos, na primeira noite depois de a terem resgatado ele se assustou ao ver como o sono dela era leve e perturbado, sussurrava constantemente palavras como "pare", "chega", "por favor", e desde então ele se perguntava desde quando ela estava presa naquele lugar.

 De acordo com os documentos ela fora capturada aos quatro anos de idade, seus pais e sua irmã gêmea tinham sido mortos na sua frente. “Provavelmente é isso que a impede de manifestar seus poderes espirituais. A capacidade de fazer qualquer Youkai chegar ao seu extremo! Os métodos convencionais não funcionaram. Todas as tentativas se tornaram inúteis quando o coração dela entrou em profunda tristeza” - diziam as observações.

O detetive jogou os documentos de lado, nauseado com o que lera. Felizmente os dias estavam passando depressa e a garota humana estava tendo uma boa recuperação. Em poucos dias talvez, com um pouco de sorte ela poderia ter uma vida normal.

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- Como estamos? – perguntou o rei Enma entrando na sala de procedimentos

- Correu tudo bem, senhor. A memória dela já foi apagada. – relatou um de seus subordinados.

- Alguma sequela?

- Ainda é muito cedo pra saber, senhor – a mesma pessoa respondeu

O rei ficou em silencio por mais algum tempo. Todos na sala notavam que ele imaginava qual seria a seguir a melhor escolha a se fazer não só para o bem do Rekai como para o mundo dos homens.

- Myu! Ray! – começou o rei falando com a guia e o detetive espiritual – Certifiquem-se de que ela seja criada em um ambiente discreto. Quero que todos os documentos em relação a esse caso sejam destruídos. Ela deve ser criada como uma humana normal. Nem mesmo meu filho Koenma deve saber sobre essa missão, assim evitaremos atenções desnecessárias. Fui claro?

-Sim senhor – os dois disseram ao mesmo tempo e com a garota no colo se dirigiram a Terra.

- Ela vai precisar de um novo nome, Ray – comentou a guia espiritual, Myu

O detetive virou-se para encarar a garota que trazia nos braços.

- Miyuki! – ele sussurrou depois de um tempo

Os dois subordinados do Rekai deixaram a menina inconsciente na frente de uma casa, tocaram a campainha. Antes de alguém abrir a porta os dois já estavam fora de vista, nas sombras de uma arvore ao mesmo tempo em que uma mulher abria a porta e carregava a garotinha para dentro.

- Boa sorte, Miyuki! – os dois desejaram antes de desaparecerem

 A garotinha abriu os olhos, confusa, onde estava?? Parecia um quarto. A luz do Sol que entrava pela janela irritou seus olhos, ela estava com dor de cabeça e não se lembrava de absolutamente nada. Uma mulher entrou e sorriu ao vê-la acordada.

 - Olá, finalmente acordou. Qual o seu nome??

Ela hesitou, nome??

- É Miyuki.