Uma história sobre amor... escrita por Anaru Miyazaki


Capítulo 2
Capítulo 2: Novos rumos


Notas iniciais do capítulo

Oi, gente! Nesse capítulo creio que vocês ficarão mais "familiarizados", até porque começam a aparecer personagens de Amor Doce! :)
É, ainda tá numa introdução, mas juro que no próximo ela ingressa às aulas, gente! Boa leitura e deem um feedback!

PS: a música inicial utilizada como "toque de despertador" é Viva La Vida! do Coldplay, ok? Direitos autorais a eles! :)



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" I used to rule the world,

seas would rise when I gave the word

Now in the morning I sleep alone

sweep the streets I used to own... "

A música do despertador do celular começa a tocar, fazendo Annie acordar no susto.

— Ahhh — pega o celular e desliga — eu nem te coloquei pra despertar... E são 8h!!

— Eu sei que não colocou, fui eu — minha tia aparece na porta do meu quarto com uma xícara de café na mão — Bom dia, flor do dia! Dormiu bem?

— Ahm... tia... — é, ontem eu cheguei aqui na casa da minha tia para morar com ela definitivamente após... o acidente dos meus pais — Por que você fez isso?

— Porque nós temos muito o que fazer hoje... na verdade — ela olha meio decepcionada — você tem, porque eu não vou poder te acompanhar. Eu já faltei ontem para te buscar na rodoviária e te instalar aqui e não poderei ficar muito tempo: meu plantão começa às 10h.

— Tia, não se preocupa — eu falo enquanto levanto da cama — eu vou dar um jeito. Eu preciso terminar de arrumar as coisas de ontem, depois pretendo passar num supermercado e fazer algumas compras, aproveito para comprar o material escolar, quando voltar ainda preciso arrumar os meus livros na estante!

— Ahhh, sim, sim! E você precisa de energia, então aqui está — ela entrega a xícara de café — eu gosto com muito açúcar, espero que você não ache doce demais.

— Hmm, está bom — eu falo tentando não demonstrar o quão doce esse café está... nossa, ela virou o açucareiro aqui?!

— Ah, que bom! E por falar em escola nova... eu já te matriculei na Sweet Amoris. É em uma escola tradicional onde eu e sua mãe estudamos quando pequenas, sabia? Terminamos o Ensino Médio lá. Ela é enorme, é meio puxada, tem estilo tradicional, mas você vai se dar bem lá, eu tenho certeza!

— Tradicional, é? — eu nunca gostei desse termo, já comecei a pensar em professores rígidos e preconceituosos... — Espero que eu me dê bem lá, mesmo...

Ah, é, esqueci de dizer pra vocês, eu sou bissexual desde... sempre. Eu havia contado para os meus pais, que de início ficaram preocupados, mas rapidamente fizeram com que eu me sentisse muito bem comigo mesma, mas no antigo colégio muitas pessoas demonstravam ser contra, inclusive professores e o diretor. Sempre senti vergonha de ser assim, sentia que só poderia ser quem eu era dentro de casa. Nunca tive uma namorada, mas cheguei a ficar um bom tempo com uma menina do colégio. Matávamos aula constantemente para passarmos um tempo no terraço, que supostamente era proibido para alunos, mas ela era ótima em abrir portas, então isso não era um problema.

Já namorei alguns caras, também, só tive um relacionamento sério — daqueles que você leva para apresentar aos seus pais, sabe? Bem cafona, por sinal —, mas não deu certo. Basicamente era um relacionamento abusivo onde ele fazia com que eu me sentisse culpada até do que ele fazia de errado. É, pois é. Mas eu sequer contei sobre minha orientação para a minha tia, e passar por tudo isso de novo vai ser estressante. E se ela não gostar? Se ela achar errado? E se eu tiver problemas na escola nova por conta disso? Eu não quero dar mais trabalho pra ela, ser obrigada a abrigar uma menina de 16 anos que ela nunca teve muito contato já basta como boa ação da vida. Enfim, eu sei que eu vou ter que contar pra ela uma hora ou outra, mas não quero fazer isso agora...

— Não se preocupe — ela passa a mão pelos meus cabelos — Você ficou bem pensativa do nada. Sei que uma escola nova é motivo de muita ansiedade, mas eu sei que você vai se dar bem lá. O seu antigo diretor disse que você matava muito as aulas, e isso não pode acontecer na nova escola, ok? Lá tudo é muito bem supervisionado, e você não vai querer perder o ano, não é mesmo? Além do mais, você acabou se atrasando por já ter repetido uma série por faltas, não quero que isso ocorra novamente, entende? E são só 4 anos, não vai ser tão ruim assim, eu prometo.

— Tudo bem, tia, eu não vou fazer mais isso, prometo.

— Fico mais tranquila agora. Ah! Eu tenho que me arrumar! Amanhã eu vou folgar e vou usar o dia pra te mostrar a cidade, tudo bem? Eu deixei um mapa em cima da mesa e onde está marcado com um "x" são supermercados e farmácias, onde está marcado com um "y" são as livrarias para você encomendar os livros que serão utilizados nas aulas de Literatura. Os livros didáticos eu já comprei! É só deixar tudo em meu nome que depois eu pago, ok? Eu deixei um cartão com os meus dados junto com o mapa, então não se preocupe. Qualquer coisa pegue um táxi e volte pra casa, tudo bem, minha flor? Tenho que ir! Tenha um bom dia! — e assim ela saiu correndo.

— Nossa... eu mal acordei e já está essa loucura.

Depois de tomar um café e um banho, terminei de guardar o resto das roupas e olhei para as caixas: "LIVROS". Eu cuidarei deles depois, agora vou me arrumar para sair!

Junto do mapa estavam os dados da minha tia, para utilizar na livraria, uma cópia da chave da casa e um dinheiro. Realmente não precisava, eu já tinha algum na minha carteira, mas peguei mesmo assim. Peguei o mapa, saí e fui para o centro comercial da cidade.

~

Após passar no mercado e fazer umas compras, passei também na farmácia e peguei o mapa para achar a livraria mais próxima.

— Hmmm, daqui três quadras, virando à direita e seguindo por mais duas quadras...

Reparei que estava sendo observada e levantei a cabeça. Um rapaz loiro de olhos castanhos (tão claros que até pareciam da cor do cabelo dele) estava me olhando e sorrindo. Acho que ele achou graça pelo fato de eu estar perdida, mesmo com um mapa. Levantei uma sobrancelha para ele, o encarei por alguns segundos e voltei a ler o mapa.

— Perdão... — ele se aproximou de mim — É que eu achei fofo você virando o mapa diversas vezes para se achar. Aliás, é raro hoje em dia alguém usar um mapa...

— Ah, fico feliz que tenha servido pra te fazer rir.

— Ei, me desculpe, eu não ri de você, eu estava te admirando.

— Tudo bem, sem problemas, mas agora eu tenho que ir. Boa sorte nas suas admirações! — e saí. É, digamos que eu não sou muito boa conversando, ainda mais com gente que eu não conheço. Ao passar na livraria encomendei os dois livros que serviriam para as aulas de Literatura e descobri que eles seriam entregues em casa (yay!), depois peguei um ônibus de volta para casa. EPIC win, eu consegui não me perder!

~

Chegando na vizinhança resolvi passar em casa para deixar as compras e fui dar um passeio para conhecer. Comecei seguindo numa linha reta, depois fui para a quadra de trás e voltei em outra linha reta. Descobri que havia um parque ali perto e um ponto de ônibus — que eu já havia pego para ir ao centro da cidade —, além de um mercadinho e uma lanchonete. Resolvi parar ali e almoçar alguma coisa.

— Hmmm, cheeseburger! Faz tempos que eu não como um. Eu vou querer um desses, com batata frita e um refrigerante, por favor!

— Anotado, senhorita. Gostaria de alguma sobremesa?

— Não, obrigada — não sou chegada a doces, definitivamente.

Enquanto esperava meu pedido vi uma menina muito exótica passar pela porta. Ela tinha o cabelo enorme, maior que o meu, brancos, com olhos de cor de caramelo, a pele branca e... roupas muito excêntricas. E ela usava botas enormes, que por sinal eu me apaixonei por elas. Fiquei encarando-a durante um tempo, até que ela virou para mim e disse:

— Desculpe, eu já tenho namorado.

— H-HÃ?!

— Desculpe, eu já tenho namorado.

— Co-Como assim?

— Oras, você estava me encarando, provavelmente me achou bonita, não é? Mas eu estou fora do mercado, pois tenho namorado.

— Desculpa! Eu não estava te encarando dessa forma — e de fato, não estava — Eu simplesmente achei o seu estilo muito exótico e suas botas são lindas. Desculpa se pareceu outra coisa, eu não sou de ficar paquerando as pessoas assim - nossa, eu fiquei realmente constrangida com a resposta dela.

— Ah! — ela olhou para as botas — Obrigada! — ela disse sorrindo — E eu falei brincando, é claro que você não estaria interessada por mim, né? Eu sou uma menina — ela disse com uma cara de "dãã, claro que não né?"

— Hm... — eu sorri e olhei para o lado — Enfim, desculpa ficar encarando.

— Não se preocupe. Qual o seu nome? — ela disse isso sentando na minha mesa... Espera, sentando assim, sem nem perguntar se pode?

— Annie... Na verdade é Anna, mas nunca me chamam assim. E você?

— Ah, meu nome é Rosalya, muito prazer — ela diz sorrindo e fechando os olhos... ela é muito "fofinha", tipo aquelas meninas de anime, sabe?

— Muito prazer... — eu disse olhando pra mesa

— Ah, minhas cores favoritas são roxo e preto!

— Oi? — mas o que raios deu nela pra falar isso?

— Roxo e preto, são a combinação perfeita! É que eu vi que o assunto tinha acabado, então resolvi puxar outro. Tem problema?

— N-Não, problema nenhum...

— Quais as suas cores favoritas?

— Hm... — que menina estranha — Acho que azul e verde musgo.

— Ahhh, sim. É, você tem um estilo meio rock e militar, né? Achei muito fofo!

Ha ha ha, obrigada — ela disse "fofo"? — E o seu estilo também é bem legal... é estilo...

— Vitoriano! Eu e meu amor nos vestimos assim, e o irmão dele também. Somos apaixonados pela época vitoriana!

— Nossa, que legal! — nisso meu pedido chegou e ela já havia feito o dela — Ah, obrigada — disse ao garçom

— Hmm, você tem bom gosto — ela disse isso pegando uma das minhas batatas... Espera, pegando as minhas batatas? Essa menina é muito abusada, e isso me incomoda... Mas ela também não parece fazer isso por mal — Quando a minha batata chegar eu também divido ela com você, ok, Annie?

— Ah, sim, não se preocupe...

— Então, como eu nunca te vi por aqui antes? O bairro é pequeno, a cidade é pequena, todo mundo meio que se conhece, sabe?

— Ah, eu acabei de me mudar pra cá. Na verdade eu cheguei ontem. Eu morava em Nova York, mas acabei tendo que vir morar com a minha tia.

— Nossa, que legal! Você foi em todos aqueles lugares legais de Nova York? Eu adoraria ir lá, parece ser tão legal, e lá com certeza devem ter muitas lojas de roupas bem legais, estilo vintage, vitoriano...

— Ah, sim, tem algumas. Tem meio que de tudo, sabe? E lá também é bem agitado, por isso eu acho estranho essa calmaria daqui.

— Pois acostume-se, aqui é sempre assim. E as notícias aqui ficam durante muito tempo, sabe? Até porque quase nunca tem nada muito bombástico. Mas me diz, você vai estudar aonde?

— Ahh — lembro que minha tia havia dito o nome da escola — é numa escola bem estranha, o nome tem alguma coisa a ver com doce... Sugar? Não...

— Sweet Amoris? — ela pergunta pegando mais uma batata

— ISSO! Exatamente. É um lugar meio tradicional, né?

— Hmm, sim. Eu estudo lá, por sinal. Estou no terceiro ano! Vai ser incrível, assim que as aulas começarem eu vou te apresentar pra todo mundo e te mostrar a escola, que é gigante. Nós podemos ir juntas. Aliás, aonde você mora? — nossa, ela fala rápido e muitas coisas ao mesmo tempo, é difícil de acompanhar...

— Aqui perto, há algumas quadras de distância, perto do ponto de ônibus.

— AHH, então nós poderemos ir de ônibus juntas! Eu moro há duas quadras desse ponto e posso ir com você, me passa o seu e-mail e celular e assim a gente marca!

— T-Tá...

Depois de muito entusiasmo, troca de e-mails, número do celular e de terminarmos os lanches, cada uma foi para a sua casa. No final ela já estava me abraçando. Nossa, ela é realmente muito enérgica e simpática. Ficar perto dela me deixa meio incomodada, mas agora eu já falei que ia com ela.

— Céus, que bizarro. O jeito vai ser ir com ela mesmo... — disse sozinha na rua, indo pra casa

~

Após guardar tudo o que eu havia comprado e organizar os meus livros na estante (por tamanho do livro, depois pelo nome do autor e por fim na ordem alfabética dos títulos), resolvi fazer um jantar para a minha tia. Apesar de não ser uma maravilha cozinhando, eu ainda sem me virar. Fiz o mais fácil: macarrão ao molho vermelho e carne moída! Não tem erro! Infelizmente ela chegou muito tarde e eu já havia ido dormir — estou tentando dormir e acordar cedo, vou tentar fazer tudo certo dessa vez. É, vida nova, escola nova, tudo novo. Vou tentar não matar mais aulas... apesar de eu sempre tirar notas boas, as faltas me faziam ficar em uma péssima situação no colégio passado, espero corrigir isso, não quero dar mais trabalho para a minha tia. Acabei adormecendo enquanto pensava nisso tudo...


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