Um Outro Lado da Meia-Noite escrita por Gato Cinza


Capítulo 30
Não me importo mais


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura á quem acompanha e desculpem os pequenos erros de gramatica.



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O que estava acontecendo? Para onde Dylan havia me levado? Ouvindo os sons ao redor aguardei onde ele me deixou, não gosto de armadilhas e não ia me arriscar á cair em uma andando por um lugar desconhecido, ainda que de onde estava tinha certeza que era a floresta sombria – se bem que só conheço duas florestas e para mim as duas são a mesma coisa, muito verde e marrom até onde se pode ver. Ouvi um grito e olhei na sua direção. Gostaria de dizer que fiquei onde estava e aguardei até o retorno de Dylan para me levar para sua casa novamente, mas... Levantei-me olhando ao redor, não vi nada que pudesse me indicar uma direção á seguir, então improvisei, usando a linguagem das sombras pedi á floresta que me levasse onde Dylan estava. É claro que não deu certo, o lugar se chama Floresta Sombria, mas aparentemente nada tem haver com as sombras além de abrigar algumas criaturas mágicas que pertencem ás trevas, e isso é decepcionante. Chutei as folhas, irritada, olhando ao redor precisava encontrar Dylan ou podia tentar sair dali sozinha e deixa-lo por conta própria. Mas não posso ser má com ele.

– Não comece com isso, Morticia – falei á mim mesma – Foi ele quem te mandou ficar aqui e isso deve significar que não precisa de ajuda... Mas ele está ferido... Ele é um bruxo das trevas, pode se defender muito bem sozinho.

Por que eu não consigo simplesmente ficar despreocupada e não me importar? Á quem devo culpar por essa falha de personalidade que ora me faz agir como uma bruxa-má ora me faz querer salvar a humanidade? Concentrei-me em Dylan, não demorei á encontrá-lo o que foi muito estranho por que geralmente levo um tempo até encontrar alguém e na maioria das vezes preciso de um feitiço de localização – principalmente quando se trata de outros bruxos, exceto George que não consegui achar talvez por que assim como eu, ele não possa ser rastreado por magia, mas minha proteção vem das sombras que me ocultam quando não quero ser encontrada. Mas isso não é relevante, segui o leve rastro de energia do ruivo, ainda indecisa se voltava ou não para o mundo humano, sozinha, ia me decidir quando o encontrasse. Não sei para onde estava indo, apenas estava seguindo os caminhos que por algum motivo sabia que Dylan havia feito, então o vi. Ele estava cercado por algumas pessoas, dois seguravam lanças apontadas para Dylan que conversava em um tom ameaçador com a mulher alta enquanto outros dois que carregavam cestos observavam. Seria divertido vê-lo ser empalado, mas precisava dele vivo. Aproximei-me fazendo o máximo de barulho possível. Um lanceiro se virou para mim, reprimi a vontade de rir quando me dei conta que ele parecia estar mais assustado com aquilo do que eu.

– Quem são vocês? – perguntei

– Somos Callistos – informou a mulher alta

Dylan bufou e disse em tom desdenhoso:

– Criminosos, ladrões, caçadores de recompensa, traidores, mentirosos, trapaceiros...

– Pessoas leais que cuidam uns dos outros antes de se preocuparem com desconhecidos – falei o interrompendo – Não são diferentes de todas as outras pessoas que formam colônias ou acampamentos. Se puderem nos ajudar, estou perdida aqui e preciso dele para me levar para casa.

A mulher se aproximou de mim em passos largos.

– O que um bruxo do tipo dele fez para trazer uma bruxa do seu tipo para este lado do mundo? – ela arrastava os “E” e os “O”.

– Ele não consegue ser tão maligno quanto deseja ser – não olhei para Dylan para não correr o risco de ser atingida por alguma maldição – Vai matá-lo?

A mulher disse que ainda estava tentando tirar algo dele que não estivesse contaminado de arrogância e sarcasmo, mas por eu não ser irritante como ele me ajudaria, então nos levou até a aldeia deles, que nem ficava muito longe, mas havia vários símbolos entalhados em árvores que serviam – segundo ela – para confundir bisbilhoteiros fazendo que estranhos ficassem perdidos na floresta. Algo aconteceu quando atravessamos os portões da aldeia, de repente eu não sentia mais nada, nem aflição por não saber o que ia acontecer nem mesmo meu corpo, era como um sonho, eu estava ali sem estar. Levaram-nos até o líder da aldeia, um senhor de aparência preguiçosa que estava sentado ao lado de uma menina de cabelos pretos.

– Os encontramos na floresta, estão perdidos, diz a garota – informou a mulher alta

– Perdidos é? Como uma moça tão bonita foi se perder na floresta.

E meu dia havia começado tão bom com Dylan sendo amistoso, agora estava á um passo de me deixar irritada. Como aquelas pessoas podiam seguir a liderança daquele ser? O modo com que olhava para mim e como sua mão tocava a perna na menina ao seu lado me causou náuseas, teria sentido prazer em transmuta-lo em inseto apenas para poder esmagá-lo, mas acho que isso teria causado problemas, então me contentei em ser desagradável.

– Não me chame de moça bonita por que esse não é meu nome. E me perdi na floresta como todos se perdem, desconhecendo o caminho.

Ele riu alto

– Gostei dela, leve-a para minha tenda. E esse daí?

Olhei para Dylan. O olhar do ruivo era uma mistura de raiva e preocupação. Soltei-me da mão da mulher alta e tomei a lança do garoto mais perto de mim, apontando para o líder deles.

– Não sei quem é você e nem por que resolveu assumir um lugar que não te pertence, agora me diga onde está Gláucio de Callesta ou passarão os próximos dias catando pedaços seus.

– Quem são vocês? – ele perguntou olhando de mim para Dylan e de volta para mim

Vi Dylan dando de ombros e me lançando um rápido olhar que não consegui identificar, não era raiva nem preocupação ou aquele olhar estranho que me incomoda.

– Onde está o líder desta aldeia, responda logo.

– Ele foi levado... pelos bruxos do Alto Regente. Ficamos apenas nós.

– E quem foi o estúpido que te colocou no comando?

– Sou o mais velho que sobrou na aldeia, por direito sou...

– Não é mais – falei com autoridade me virando para a mulher alta – Quem você escolheria para liderar seu povo na ausência de um Callesta?

Ela olhou temerosa para o líder atual, suspirou profundamente e respondeu-me:

– Elcio Hedera, ele quem montou todas as armadilhas de fada e protege o povoado desde que o Líder foi levado.

– Elcio Hedera é o novo líder de vocês – conclui girando a lança e cravando no peito do líder deles.

Ouvi gritos e sons que em geral exprime choque, ouvi passos e murmúrios. Senti uma dor terrível abaixo da costela do lado esquerdo, ouvi Dylan dizendo algo em irlandês e apaguei.

...

Não sei onde estava, era um lugar bonito ainda que sombrio repleto de árvores velhas e imponentes de galhos nus e retorcidos cujas folhas secas estavam caídas pelo chão formando um tapete marrom, arbustos floridos cobriam qualquer coisa que tivesse menos de um metro de altura, gostei do modo bizarro que as trepadeiras se enroscavam em tudo fazendo suas folhas farfalharem com o toque suave do vento dando aquela sensação febril de ter pessoas caminhando lentamente tentado se esgueirar pelas sombras sem ser percebido. Então me dei conta que não estava em lugar nenhum, era apenas um sonho da qual não me dei o trabalho de tentar despertar, gostei daquele lugar e ficaria ali até ele virar um pesadelo o que não demorou á acontecer. Três pessoas se aproximaram de mim. A primeira era uma mulher ligeiramente mais baixa que eu trajada de um vestido estranho azul-claro com flores rosadas, tinha olhos tão apertados que pareciam estar fechados ainda assim se podia notar que tinha olhos dourados, sobre seus cabelos pretos longuíssimos que parecia um manto havia uma coroa estranha. Depois dela vinha um homem alto de pele negra que também usava uma coroa estranha, assim como a mulher de aparência exótica ele não parecia ter idade e possuía uma expressão pacífica que me fez querer abraçá-lo e contar todos meus segredos como não faria nem sobtortura á muito custo desviei a atenção dele e olhei para a outra mulher que usava vestido preto e tinha sobre os longos cabelos ruivos trançados uma coroa igual aos outros dois.

– Majestade – disse fazendo uma reverencia para a rainha das sombras e seus companheiros – Senhora e Senhor. Onde estou e por quê?

É um modo rude de tratar uma rainha, mas se ela estava ali era por que queria algo de mim, o que se resumia á eu assumir seu lugar de Soberana.

– Está no Jardim dos Perdidos, no Reino das Sombras – disse o homem – Precisamos que você assuma seu lugar entre nós como Soberana nas Sombras.

– Lamento moço, mas não sou uma rainha.

– O nome dele é Adila é o Rei da Natureza e ao seu lado está Hideko a Rainha da Luz.

E meu dia só piora. Não evitei olhar para eles com a mesma reverencia que um artista olharia para sua fonte de inspiração. Respeito e medo brigavam em meu intimo para dominar meus sentidos, realmente não sabia o que pensar ou sentir naquele momento além de... Uau! A rainha das trevas dizia alguma coisa da qual só me dei conta quando ela tocou meu braço.

– Perdão! Não ouvi.

– Disse que não tenho mais muito tempo, preciso que pare de rejeitar as sombras e se torne a rainha...

– Sinto muito Majestades, mas tomei minha decisão á muito tempo atrás, não posso ser uma bruxa das trevas.

– Não seja teimosa. Depois de tudo o que passou ainda pretende renegar sua herança mística?

– Vou – gritei sem querer – Cansei dessa coisa de ser rainha, me recuso á usar sua coroa e assumir para mim suas responsabilidades. Quero voltar á ser uma bruxa comum que esconde sua magia como todas as outras bruxas comuns. Existem milhares de bruxas das trevas por ai que irão adorar ser rainha, vá perturbá-las.

– Não diga isso criança tola. A rainha das sombras deve ser alguém que não sofra influências da escuridão, acha que nasce uma bruxa assim por dia?

É claro que não, infelizmente sei que é raro nascer alguém que não pode ser influenciado pelas trevas, mas não tenho culpa de ter nascido assim.

– Eu não me importo, não é problema meu.

E mais uma vez tudo desapareceu, sobrou apenas vazio.

...

Abri os olhos, estava quente tão quente. Uma vela bruxuleava no quarto por onde uma luz pálida do luar adentrava dando um ar espectral ao lugar. Estava em outro sonho? Este se passava em um quarto, não o que eu ocupava, tinha uma cama alta e grande demais para ser real onde estava sentado um casal abraçado, as paredes descascadas estavam cobertas por cortinas vermelhas que se agitavam como se estivessem estendida em um varal em dia de ventania, a curiosidade me atraia com imã para perto da cama, então percebi que o casal não estava abraçado, estavam se beijando. Tentei sair dali, mas não acordei – não podia ser uma criança sonhando que brincava com seu unicórnio falante? Sem outra opção fiquei de costas olhando as cortinas vermelhas, não ia ficar olhando aqueles dois se beijarem. Então ouvi uma voz que conhecia bem, ela dizia o nome do homem em tom sussurrante, me virei incrédula para eles, o homem era Dylan a mulher era eu.

Aquele sonho não era meu, de modo nenhum que eu sonharia aquilo, entretanto não consegui sair dele. Dylan deitou a outra eu na cama beijando seu pescoço enquanto ela arfava e sussurrava seu nome lhe fazendo promessas de amor, Dylan começou a despi-la e de repente seus olhos pretos brilharam como brasa-quente e ele não era mais humano, era uma criatura monstruosa que rosnava mostrando as presas sanguinárias e cravou as garras no meu outro eu arrancando fora seu coração, me virei para não ver aquilo, então vi que as cortinas vermelhas eram sangue que escorria pelas paredes, haviam pessoas caídas pelo chão, corpos banhados em sangue e aquele monstro bestial destroçando o que sobrara do corpo da Morticia que sequer teve chance de se defender...

Despertei assustada, sentia o estômago reviando e minhas mãos tremiam compulsivamente. Olhei ao redor, estava novamente em quarto desconhecido. Ia me levantar, mas Dylan que não demorou a entrar em meu campo de visão, pediu que continuasse deitada. Minha cabeça estava doendo e havia algo comprimindo minha barriga, toquei com cautela para saber o que era, senti um tecido áspero, tentei ver o que era, mas a dor foi insuportável então permaneci deitada olhando para o teto. Estava confusa, tinha sido tudo um sonho realista ou uma realidade estranha o bastante para parecer um pesadelo?

– Onde estou?

– Minha casa.

– Há quanto tempo estou dormindo?

Dylan tinha uma expressão cansada e preocupada, não gosto quando me olham com preocupação, me deixa nervosa como se fossem contar algo ruim e temesse minha reação.

– O que aconteceu comigo? – perguntei começando a me incomodar

– Não se lembra?

– Ou fomos para um povoado chamado Callesta onde matei o líder deles ou tive um sonho muito estranho – falei usando meu tom mais indiferente possível.

– Lamento informar que realmente fomos sugados para as proximidades de Callesta e você matou o que parecia ser um líder desprezível e lhes deu um líder justo.

Dylan disse que não nos mandou para o extremo sul da floresta sombria, ele tinha intenção de nos colocar nas proximidades da trilha dos iluminados onde poderíamos conversar tranquilamente, mas algo dera errado e fomos parar naquele lugar no território dos Callistos. Ele tentou nos tirar de lá, mas não foi capaz de usar magia, quando ativou uma armadilha e me pediu para espera-lo ele fora checar os limites de onde estávamos e acabou encontrando um rapaz á quem enfeitiçou, acabou sendo capturado pelos guardas da aldeia, enquanto ele fazia perguntas para eles eu apareci. Diferente do que eu me recordava Dylan disse que quando entramos na aldeia entrei em transe como se estivesse sendo manipulada, quando dei à ordem de tornar outra pessoa líder a maioria dos aldeões de Callesta acataram como se fossem meus servos, mas dentre algumas exceções alguém foi corajoso o suficiente para me atacar pelas costas. O novo líder deles, Elcio, nos liberou e mandou que nos levassem em segurança até os limites de Callesta para que ele pudesse usar sua magia e nos trazer de volta. Não sei se deveria ficar feliz por não estar imaginando coisas ou se entrava em pânico por ter sido manipulada por. Por quem?

– Se alguém estava bagunçando minha mente e me induzindo á fazer algo contra minha vontade, eu não devia ter percebido? Que ser tem poder para manipular uma bruxa?

– Qualquer bruxo ou bruxa mais forte que você, e também elfos, algumas espécies de fadas, sereias e alguns mortos vivos. E você dificilmente nota quando esta sendo compelido, á menos que tenha pleno controle sobre sua mente.

Não, aquele lugar estava sendo protegido contra fadas, duvido que consigam usar magia feérica dentro de Callesta. Sereias raramente se envolvem com bruxas, nos acham inferiores. Elfos... é mais fácil eu acordar e perceber que toda minha vida nos últimos quatro meses fora um pesadelo á um elfo gastar seu tempo controlando uma bruxa. Nunca cruzei o caminho de nenhum vampiro ou fantasma ou múmia na vida então os mortos vivos estavam fora de questão. Só me restavam as bruxas.

– Você por acaso não tentou invadir minha cabeça, tentou?

Dylan me lançou um olhar ofendido que quase me fez sentir-me mal por imaginar que ele pudesse ter entrado em minha mente, mas ele é maligno o bastante para fazer isso.

– Já me assusta saber como pensa por que iria querer saber o que você pensa? E não sou mais poderoso que você, só conheço mais feitiços perigoso.

Não havia sinal de deboche ou sarcasmo, ele estava falando sério.

– Gentileza sua dizer isso, mas dizer que sou mais poderosa que você não vai me fazer acreditar que não fez aquilo, você já possuiu inúmeros animais para fazer coisas em seu lugar, deve ter sido fácil me manipular.

– Não posso possuir seres humanos, é doloroso demais você teria morrido durante o processo e ainda que não fosse não faria isso com você, acredite não fui eu.

Por que de repente ele soava tão sincero?

– Acredito, mas se não foi você quem foi que me fez matar aquele homem e por quê?

– Andei pensando nisso, não há bruxos praticantes em aldeias como Callesta, os habitantes dessas aldeias são humanos sem magia que tiveram a infelicidade de nascer no Mundo Mágico, o máximo que eles conseguem é usar poções, nada poderoso bastante para ser perigoso.

– Claro, extrair veneno de ervas é impossível e nem um pouco perigoso – comentei sarcástica, até uma criança criada entre bruxos sabe manipular venenos naturais – O novo líder deles indicado por meu ‘mestre’, quem é?

– Elcio, um renegado com selo de proibição, nasceu bruxo, mas não pode usar magia. Provavelmente um criminoso.

– Tente não dizer criminoso como se fosse algo ruim, por que legalmente sou uma criminosa.

– Não se importe tanto com isso, seus crimes...

Parei de escuta-lo, “importar” essa era a resposta para minha pergunta, sabia o que havia acontecido comigo. Fui induzida por alguém mais poderoso que eu, alguém que podia passar pelas sombras que me protegem mesmo contra minha vontade. Não foi um acidente que Dylan, um bruxo das trevas habilidoso, nos levasse para um lugar onde não conseguiu usar magia negra, alguém além das sombras o impediu de me tirar de lá, queriam que a Rainha tomasse uma decisão á respeito do que estava acontecendo nas terras sombrias, como me recuso á “me importar” com meu reino, eles tomaram a decisão por mim.

– Quem é o Alto Regente de Risveglio? – perguntei interrompendo seja lá o que ele dizia

A testa dele se enrugou enquanto ele me encarava estranho.

– O conselheiro-mor, quem mais?

Fiquei tão surpresa com a informação que levei um tempo para reagir do choque inicial.

– O Alto Regente e o Conselheiro da Magia são a mesma pessoa?

– George Linnett III. Você não sabia disso?

– Eu nem sabia que havia um regente do Outro Lado, para mim eram apenas os conselheiros de magia que nos dizia o que devíamos ou não fazer. Afinal, para que serve um alto regente?

– O dever do Alto Regente de uma Zona Mágica é administrar a vida dos habitantes de uma região além de liderar o conselho de magia local, praticamente age como um rei cujo dever é tomar todas as decisões para ajudar seu povo ou algo parecido com isso.

– Um impostor regendo a magia de Risveglio, não me admira as fadas estarem saltando de um lado para o outro com tanta facilidade, ele está permitindo.

Dylan não disse nada por um tempo, me reservei a ficar em silêncio também. Quando mais pensava que sabia mais confusa ficava, se a atual rainha das sombras tinha poder para me manipular por que simplesmente não parava o que aquele impostor estava fazendo? Que estupidez da parte dela tentar me forçar a assumir seu lugar me fazendo agir contra minha vontade.

– Agora faz sentido ele querer te matar – disse Dylan me deixando confusa

– Não entendi quem quer me matar agora?

– O impostor-conselheiro, você o reconheceu por isso ele mandou que a matassem em vez de tirar seus poderes.

Concordei com a cabeça. Fazia algum sentido ele me querer morta por isso mesmo que algo me dissesse que não era esse o motivo por ele ter me classificado como “perigosa”.

– Quanto tempo vai levar até você encontrar o verdadeiro George? Preciso dele mais do que nunca, ele tem que parar isso tudo.

Dylan revirou os olhos e se afastou saindo do meu campo de visão.

– Não consigo te ver – falei – Dylan?

– Ainda estou aqui e não tenho ideia de onde encontrá-lo, tem algumas pessoas procurando por ele, mas o planeta é um pouco grande demais.

A gentileza dele desaparece tão rapidamente quando aparece, o que não é nada divertido.

– Me responde mais duas coisas?

– O que?

– O que está escondendo de mim e por quê?

Ele se demorou á responder e quando o fez tinha novamente o tom anormal de gentileza de antes:

– Não estou escondendo nada de você, Morticia.

– Fui controlada como se fosse um trapo de agulhas para matar um homem que nem conhecia, fui esfaqueada pelas costas, você parece exausto e não respondeu minha segunda pergunta. Dormi por quanto tempo?

Mais silêncio perturbador...

– Elcio e algumas pessoas gentis em Callesta fizeram o possível para parar o sangramento e te dar um pouco mais de tempo até que voltássemos para cá e você fosse devidamente tratada, isso foi há seis dias.

– Seis dias? Passei todo esse tempo, desacordada?

– Fique calma, você ainda está se recuperando não deve ficar agitada.

– Agitada? Estou dormindo á quase uma semana e quer que me sinta bem com isso?

Ele murmurou algo em irlandês, senti algo reconfortante e tão bom que por um instante pareceu que nada podia me fazer mal, por um breve instante me senti bem. Então parei o que ele estava fazendo, não queria e nem ia deixar que ele controlasse minhas emoções.

– Não se atreva á usar magia contra mim – falei o atacando por magia

Dylan se ajoelhou com as mãos na cabeça enquanto gritava de dor, parei e pedi para ficar sozinha. Levou alguns instantes para ele se levantar, disse que estava apenas tentando me manter viva e saiu zangado por tê-lo atacado. Quando ele fechou a porta tentei me sentar, precisava me curar logo.


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Notas finais do capítulo

1º - O primeiro sonho de Morticia foi uma visita ao seu subconsciente, ou seja, foi real.

2º - O segundo sonho dela foi um sonho mesmo, mas não era ela quem estava sonhando.

3º - Adila, o Rei da Natureza é humano com alguns privilégios de magia

4º - Hideko, a Rainha da Luz é uma lobisomem

5º - O mistério em torno de George está chegando ao fim, o que significa que logo Morticia terá problemas sérios envolvendo sua teimosia em não ser rainha...



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