River achava que estava preparada para esse momento. Ela realmente achava.

Sabia que seria doloroso, dificil. Sabia que seu coração se quebraria, e aceitou esse destino. Afinal, o que mais poderia fazer? Não é como se pudesse mudar aquilo. Estava além das suas forças.

Apesar disso não achou que seria... assim. Como se alguém estivesse rasgando seu coração em pequenas partes, a dor quase insuportável.

— Por favor, Doutor, me diga que você sabe quem eu sou. — Implorou, medo e antecipação tomando seu coração. Talvez, lá no fundo, já soubesse o que ele ia dizer em seguida, mas se agarrava à esperança como a fonte de sua sobrevivência, um bote salva-vidas.

— Quem é você? — Ele perguntou. A nova face do homem que amava era jovem e arrogante, incrível do jeito que só ele podia ser. Mas River não achava que gostava muito. Os olhos castanhos dele não mostravam nenhum tipo de reconhecimento nem brincadeira, somente uma curiosidade plana, um tanto indiferente. Não brilhavam com alegria genuína apesar de toda a tristeza escondida no fundo. Não era o seu Doutor.

Foram só três palavras, mas elas conseguiram tirar seu chão, e ela subitamente se sentia pequena, mais uma vez uma garotinha perdida num mundo muito grande para ela. Suas pernas tremeram, o coração acelerou. Talvez ela estivesse perto de chorar, mas não poderia ter certeza.

Era como se o vazio em seu peito nunca pudesse ser preenchido de novo. Porque River sabia o que aquilo significava. Esta era a primeira vez que o Doutor a via, e seria a última vez que ela o encontraria.

Eu nunca mais vou flertar com ele, ou correr de algum monstro, repetiu para si mesma, mas isso não fez soar menos irreal. Nunca mais vê-lo parecia tão impossível, tão errado. E, ainda assim, aqui estava ela, encarando um homem que não a conhecia mesmo clamando ser aquele que ela amava.

Subitamente, uma necessidade desesperada tomou conta de si, e ela desejou com cada uma de suas células que ele dissesse algo, desejou mais do que todas as coisas que ele negasse o que havia acabado de dizer. Que tudo fosse uma mentira, e ela ainda tivesse tempo.

Fale algo, ela pensou. Por favor, Doctor, se ainda me ama, fale algo.

Mas ele foi embora sem dizer nada. River fechou os olhos, deixando uma lágrima cair, e se perguntou se todas as despedidas doíam tanto assim.