Íroda: As Crônicas Dos Oito Reinos escrita por Dracul Lothbrok


Capítulo 5
Capitulo IV - O Novo Rei




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O grande salão de bronze estava montado, bandeiras vermelhas estavam levantadas a cima do trono, candelabros davam uma iluminação fraca para o salão, incensos e plantas eram queimadas como nas cerimonias para purificar o ambiente e uma cabra havia sido sacrificada em nome de Nuada para que este ajudasse na escolha do novo rei. Uma grande mesa de cedro envelhecido estava preparada para receber os representantes de todos os reinos de Iroda. Á cabeceira sentava o grande conselheiro de Ivernos, Niall Eresil, um mestiço de elfo e humano bastante astuto, quando Chettan se encontrava vivo, o conselheiro influenciava e todas as decisões que o rei tomara. Muitos o chamavam de Niall, o Manipulador de Reis. Na outra extremidade da mesa se sentava o alto sacerdote, aquele que falaria com os deuses para ajudar na decisão. Se a assembleia escolhesse um rei que os deuses não aprovassem uma nova escolha teria de ser tomada até que algum os agradasse. Todos sabiam que Lugh seria aclamado por todos, inclusive por Dagda, o deus supremo. Os jurados se encontravam em uma mesa redonda, onde seria discutido e decidido quem seria o rei mais adequado para Íroda dentre os que se oferecessem.

– Pois bem, diante dos homens, dos elfos e dos deuses dou inicio a esta assembleia. – falou alto o sacerdote – Que Dannan nos a assista e faça a justiça prevalecer.

Os convidados se levantaram para fazer seu juramento. As espadas foram sacadas de suas bainhas e colocadas à frente do rosto de cada um que se encontrava ali.

– Que Dagda julgue quem merecer, guie nossas escolhas, que a verdade plena prevaleça. Juro pelo aço de minha espada, pela vida que me foi concedida, por Dannan. Honrarei meu dever, com justiça e rigor. – rogaram todos.

Lugh passava os olhos pelo salão inteiro à procura de Cian, que deveria estar ali pontualmente já que seria o representante dele em Ivernos. Estava começando a ficar aflito e desapontado com o desaparecimento de seu amigo e agora de seu rei regente, se ele não aparecesse Lugh teria de indicar outro individuo presente na assembleia para tomar o lugar quando estivesse ausente.

– Escolham com convicção, pois o futuro de Ivernos e de Íroda está nas mãos de vós. – aconselhou Niall – Quem deseja e tem poder de aqui governar levante-se.

Lugh foi o primeiro a se por de pé, seguido por Dhagdan e por Mabbon, Rei de Dyfed. O resto se mantinha sentado, aqueles eram os únicos que poderiam e tinham pulso para ser responsável por dois reinos, à maioria deles já considerava um trabalho árduo demais liderar apenas um reino, tomar frente de dois era a perdição.

– Apenas os três desejam comandar Ivernos? – indagou Niall.

– Não! – exclamou Gybbra –Alguma coisa errada deve estar se passando pela minha cabeça. Sei que isto é loucura, mas, eu desejo isso.

Gybbra Oddshark era o senhor de Carnos, tinha por volta de seus 40 anos, mas ainda aparentava ser jovem. Seu irmão era Eyrian Oddshark, considerado o melhor guerreiro de Íroda junto de Éothain, pai de Lugh. Gybbra não era tão esplendoroso como seu irmão, nem tão inteligente ou bonito apesar de ter uma aparência razoável, mas seu irmão era muito bondoso e as pessoas se aproveitavam dessa virtude, ele felizmente não herdara essa característica que foi responsável por levar o irmão à ruína. Era bastante ambicioso, não costumava se aliar aos turianos apesar de pertencer ao sul, mas também não simpatizava com os elfos.

Quando Oddshark se levantou todos se mostravam surpresos, ele era a última pessoa daquela sala que teria a probabilidade de vencer essa assembleia, ali, todos eram cientes de que Lugh mantinha uma amizade forte e verdadeira com os Deuses e que era mais inteligente e veemente dentre todos os eleitos, seguido por Dhagdan.

– Pois bem, bebam e comam. Rezem para que os deuses lhes favoreçam, eu e nossos jurados nos retiraremos e decidiremos quem virá a ser o rei de Ivernos. –disse Niall – Alguém tem alguma indicação ou objeção a fazer?

– Sim Niall, eu tenho objeções a fazer que possam influenciar na decisão desta reunião. – disse Dhagdan em alto tom, querendo chamar a atenção de todos.

– Prossiga então.

– Bem, há um tempo o grande rei de Thuathan encontrou homens turianos em seu reino, brigando por terras que lhes pertenciam, afinal eles a compraram, mas como os elfos não gostam de nós turianos, ele decidiram então reaver as terras na base da violência. – enquanto dizia parecia entristecido e preocupado, algo que não convenciam muito os presentes – A questão foi levada á Lugh e ele resolveu então sacrifica-los para Nuada, querendo fartura nas colheitas e vitória nas guerras.

– Se me permite Rei, sacrifícios não são proibidos. – provocou Lugh – Está negando as leis de seus deuses agora?

– Não caro elfo, apenas dizendo que não lhes dera um julgamento justo e correto, se são cidadãos turianos deveriam ter sidos levados á um tribunal turiano e não executados em nome de Nuada pedindo fartura e vitórias em guerras. Diga-me grande rei, para qual guerra está se preparando, acredito que não há nenhuma ameaça externa contra Íroda, muito menos uma ameaça interna, ou será que você pretende causar uma?

Lugh ficou calado diante daquelas palavras, o velho afinal tinha argumentos fortes para provocar uma comoção na sala. Ele só pensava onde estaria Cian, o que poderia ter ocorrido para que ele faltasse. Que os deuses protejam aquele bastardo, que Ogma me ajude a calar este falastrão e que morra este velho maldito afogado em seu sangue.

– Não os executei, era um bando de pulhas violentos. – a voz de Lugh era tremula – Se os levasse a Turim que diferença faria? Pouparia-os? Eles não pagaram pela terra, prometeram e como são mentirosos não o fizeram, meus homens foram reavê-la, e seus turianos os assassinaram, a eles e seus filhos. Pouparia em seu reino assassinos de crianças?

– Teria os executado, como diz a lei dos homens.

– Então teria feito o mesmo que diz que fiz caro Dhagdan.

Dhagdan se calou diante de todo o salão e enfurecido sentou em sua cadeira, vencido. Fora fácil para o elfo faze-lo calar, o que deixava o clima e a relação entre turianos e thuathans cada vez mais pesada. O rei turiano só pensava agora em se vingar. Matarei aquele monstro que se deita com Lugh, aquele maldito. Matou meus homens, tenho direito de mata-lo também, e o farei.

– Alguém ainda tem alguma objeção a fazer? – perguntou Niall que foi respondido com o silêncio – Então me retirarei.

Assim que Niall e os jurados se retiraram do grande salão, serviçais trouxeram um grande banquete. Havia porco assado, cabra cozida com tomates, ensopado de costelas de carneiro, frutas e muito hidromel e cerveja preta. Todos comeram e beberam em respeito à tradição, era completamente desrespeitoso um hóspede negar comida e bebida. Lugh e Dhagdan se olhavam travando uma guerra em suas cabeças, os outros se encontravam constrangidos com a situação, o que mais parecia calmo e satisfeito era Gybbra, que comia e bebia alegremente enquanto contava histórias de seu irmão e de seu reino para uma jovem menina que enchia sua taça de tempos em tempos.

Lugh estava bastante satisfeito por ter feito seu odioso inimigo ter se calado, adorava fazer alguém submisso e humilhado, ainda mais quem o desejava mal. Havia se esquecido de Cian, que desaparecera sem dar alguma explicação a ele, estava bastante entretido em irritar Dhagdan com o olhar e em pensar em sua ascensão ao trono, se esquecera também de que teria que nomear um regente, o que queria pensar agora era em seu triunfo.

Muito tempo se passou, os homens comeram e beberam por muito tempo, depois que o banquete se esgotara, assistiram a bardos cantarem e narrarem histórias de heróis antigos e feitos dos deuses. Mabbon se encontrava bêbado e atirava gracejos às criadas, que se mostravam muito envergonhadas, tiveram que assistir por muito tempo ele se gabar de ter três esposas e contar como seus seios eram pequenos e perfeitos como os da deusa Macha e como eram flexíveis e habilidosas na cama, chegava a imitar o gemido de suas mulheres, mas soava como uma vaca.

Finalmente, após horas de espera e de histórias tediosas e nauseantes Niall entrou no salão, com seu semblante sério. Era um homem muito bonito, tinha longos cabelos ruivos trançados e presos com anéis de ouro, seu corpo era robusto e elegante e tinha uma postura que faria inveja até a Angus, o deus galanteador. Quando ele se pôs na cabeceira da mesa todos os homens se levantaram, Dhagdan rezava para que Lugh não fosse o escolhido, os outros pareciam mais curiosos do que aflitos e Gybbra só conseguia ostentar um sorriso sugestivo.

– A escolha foi feita, os deuses nos mostraram nos oghams o que desejam. Desejo sorte, glória, e vitórias para o novo rei de Ivernos. – Niall suspirou por um momento e fez uma pausa – O Senhor de Ivernos, que protegerá e manterá o reino é Gybbra Oddshark, que Dannan o favoreça.


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Notas finais do capítulo

Se achar algum erro, me avise. Estou com pouco tempo para procurar demais :/ Agradeço por lerem.